quinta-feira, 23 de agosto de 2018

"Pesquisas espíritas e o efeito placebo" por Ivan Franzolim


Pesquisas espíritas precisam considerar o efeito placebo

Os espíritas precisam ser os primeiros críticos de todo fenômeno espírita.


Estudos recentes mostram que o placebo pode eliminar dores, sensações ruins e até diminuir a depressão. Esse efeito pode ser real, não apenas psicológico.

O simples ato de consultar um médico pode causar um efeito placebo, tanto positivo quanto negativo. Isto é, dependendo da atenção do médico e da impressão que ele causou, a pessoa pode melhorar ou piorar, independentemente do que tomou.

Placebo é a substância sem propriedades farmacológicas, administrada a grupo de pessoas como se tivesse propriedades terapêuticas, com a finalidade de se comparar os resultados obtidos com outro grupo que realmente tomou o medicamento testado.

Aqueles que são submetidos às cirurgias ditas espirituais recebem um forte impacto, como se fosse uma grande dose de placebo. Isso ocorre pela fama do médium, pelos relatos das curas realizadas, pelos rituais e orações e pela atenção de médiuns, espíritos e assistentes.

Boa parte de quem se submete a essas cirurgias melhora pelo efeito placebo, não pela ação de nenhum espírito! Por isso, uma pesquisa séria tem a obrigação de separar em dois grupos e comparar as melhoras estatisticamente, o que geralmente não é feito.

Os espíritas deveriam ser os primeiros a investigar e a testar quaisquer práticas baseadas em princípios e conceitos da sua doutrina.

Deve-se ter o cuidado de não submeter algum grupo a um nível maior de atenção pelas pessoas envolvidas, pois o simples fato de olhar nos olhos, tocar, sorrir e chamar pelo nome influenciam fortemente as reações e mascaram qualquer resultado.

A atenção é tão potente que testes efetuados em grupos avisados previamente que estavam tomando placebo, deu melhor resultado que no grupo que não tiveram esse aviso.

A melhor técnica para aplicação do placebo é aquela em que nem quem administra o medicamento ou a intervenção sabe qual é o placebo, pois ter esse conhecimento interfere nos resultados.

Isso pode causar bastante dificuldade para algumas pesquisas espíritas. Como separar grupo que receberá um passe verdadeiro de outro que receberia um passe falso?

Todavia, pesquisa com o uso de água fluidificada como medicamento ou como fluido acelerador da germinação de sementes, poderiam ser feitas com facilidade por qualquer Centro Espírita.

Mesmo no caso da germinação, quem manipula as sementes e a água não devem saber qual água foi realmente fluidificada.

Estamos no tempo das fake news e devemos evitar comunicar que médiuns e espíritos estariam curando tudo, de um simples cisto até câncer e AIDS.

Apesar de ser possível a intervenção dos espíritos junto a médiuns de efeitos físicos, com a utilização do fluido especial que permite manipulação por ambos os mundos material e espiritual (ectoplasma), nem sempre eles terão as condições, nem a autorização necessária para produzirem mudanças significativas.

A maioria das vezes atua apenas a sugestão, a atenção e o efeito placebo. Essa mesma habilidade poderia ser utilizada para retirar dinheiro de qualquer cofre bancário, ouro e pedras preciosas de joalherias, mas isso não acontece.

Espíritos ignorantes poderiam ser levados a utilizarem uma pequena gota de ectoplasma e, com ela, obstruírem uma artéria ou levarem qualquer cirurgia a óbito.

Isso também não acontece, pois há governo, há controle, há leis naturais que garantem o funcionamento da vida.

Crer e propagar toda notícia de curas e cirurgias espirituais é uma propaganda negativa para o espiritismo. Induz as pessoas a pensarem que os espíritas são deslumbrados, que acreditam em qualquer coisa e isso não é verdade, pois baseamos nossa fé no raciocínio lógico e em conhecimentos bem estruturados e encadeados.

Ivan Franzolim
Escritor e pesquisador espírita.

3 comentários:

  1. Ivan, no centro de cura da Elayne, elrs dizrm que não fazem milagre

    ResponderExcluir
  2. Verdade! Devemos sempre estar atentos a todos os detalhes quando desejamos fazer um estudo sério e eficaz, sobre qualquer assunto, principalmente aqueles que podem causar polêmica como o mencionado nessa narrativa.

    ResponderExcluir
  3. Com relação a curas, independente de estarem ligadas à práticas espíritas, sugiro a leitura do livro: Paz, Amor e Cura", de Bernie Siegel, nele o oncologista narra curas surpreendentes ocorridas em seu hospital, nos Estados Unidos, em pacientes terminais "descobriram" como positivar o pensamento e chegar à cura de estados terminais. Muitos casos narrados nesse livro são citados por Divaldo Franco. Leitura muito interessante! Abraços

    ResponderExcluir