'Os nomes das casas espíritas e seu reflexo no Movimento Espírita Brasileiro', por Ivan Franzolim


Replicamos aqui o bom trabalho de pesquisa do nosso confrade espírita Ivan Franzolim, originalmente postado em seu blog Ideias e snotações.


Os Nomes das Casas Espíritas e seu Reflexo no Movimento Espírita Brasileiro


Introdução

Os nomes das instituições espíritas são muito mais do que simples designações formais: eles representam símbolos, escolhas culturais e mensagens sobre o que cada casa deseja transmitir à comunidade. Ao analisar quase dez mil denominações de centros espíritas brasileiros, é possível extrair um retrato do Movimento Espírita em sua dimensão histórica, regional, filosófica e social. Os nomes revelam influências do tempo, do lugar, de personagens e obras, bem como das prioridades de cada geração de trabalhadores.


Metodologia

Os estudos foram feitos em uma base de CNPJs de agosto de 2024 (dados públicos), obtidos junto à Receita Federal, com 9958 instituições. As colunas de interesse foram: nome da instituição, ano de criação e estado.

Essa base contém todas as instituições espíritas ativas e regulares. Existem adicionalmente, cerca de outras 4 mil com status de inapto, suspenso, baixado e nulo.

Foram feitas várias tabelas e submetidas à análise da IA (Inteligência Artificial) ChatGPT 5.0


O que motiva a criação de uma instituição espírita?

  • Assistência social: Muitos nomes remetem diretamente à caridade, amparo, fraternidade e obras sociais. Isso mostra que grande parte das casas nasce do impulso de ajudar os necessitados, dentro da tradição cristã-espírita brasileira.
    • Ex.: “Obras Sociais Bezerra de Menezes”, “Lar da Caridade”, “Casa da Sopa Chico Xavier”.
  • Educação e estudo: Uma parcela significativa coloca o ensino como base, destacando “Estudos”, “Educação”, “Estudo Sistematizado”. Revela motivação de formação doutrinária e intelectual.
    • Ex.: “Sociedade Limeirense de Estudos Espíritas”, “Centro de Estudos Espíritas Casa do Caminho”.
  • Identidade religiosa: Outro grande grupo tem nomes que evocam figuras cristãs (Maria, Francisco, Rita de Cássia, Santo Antônio) ou espíritas (Emmanuel, André Luiz, Eurípedes Barsanulfo). Aqui o que prevalece é o senso religioso e devocional, mais do que o filosófico ou científico.
  • Marcas culturais e históricas: Alguns nomes refletem contexto social ou identidades locais (“Os Inconfidentes”, “Princesa Isabel”), mostrando motivação ligada a pertencimento cultural.


Prevalece o senso religioso, filosófico ou científico?

  • Religioso → Predomina amplamente. A maioria dos nomes traz “Luz”, “Amor”, “Caridade”, “Jesus”, “Maria” etc. Isso revela que o espiritismo brasileiro se estruturou mais como religião prática e comunitária.
  • Filosófico → Menos visível nos nomes. Há raras referências a termos abstratos (ex.: “Sociedade de Estudos Espíritas Consolador Prometido”).
  • Científico → Muito pouco presente. Quase não aparecem palavras como “ciência”, “pesquisa” ou “laboratório”. Quando surge, é em sociedades médico-espíritas (“Associação Médico-Espírita do Vale do Paraíba”).

Conclusão: o religioso-assistencial prevalece fortemente sobre o científico-filosófico, ainda que o espiritismo teoricamente se apresente como tríplice aspecto uns considerando uma parte como sendo religiosa e outros como consequências morais.


O que os nomes sugerem sobre as casas espíritas?

  • “Centro Espírita O Poder da Fé” → Sugere uma casa de forte ênfase na confiança espiritual, menos voltada ao estudo sistemático, mais próxima de práticas de fortalecimento religioso.
  • “Sociedade Limeirense de Estudos Espíritas” → Sinal claro de foco didático, provavelmente atuando como núcleo de estudo e formação.
  • “Recanto da Prece Eurípedes Barsanulfo” → Linguagem acolhedora e devocional, combinando oração e referência a um grande educador espírita.
  • “Centro Espírita União, Paz e Caridade” → provavelmente mais voltado à convivência comunitária e assistência.
  • “Centro de Estudo Espírita Casa do Caminho” → revela ênfase doutrinária e formativa.
  • “Lar Espírita” → sugere instituição de acolhimento, frequentemente associada a abrigo de crianças ou idosos.
  • “Obras Sociais Bezerra de Menezes” → remete diretamente à beneficência e filantropia.
  • “Fraternidade Espírita” → transmite ambiente de amizade e irmandade espiritual.
  • “Nosso Lar” sugere ênfase em acolhimento fraterno e explicação da vida espiritual organizada.
  • “Caminho da Luz” transmite sentido universalista, doutrinário e mais ligado à evolução coletiva.
  • “Paulo e Estêvão” aponta a inspiração no testemunho, perseverança e fidelidade.
  • “O Consolador” e “Fonte Viva” → mostram inclinação ao estudo de Emmanuel e das obras de cunho mais filosófico/doutrinário.

 

Proporção de “Estudo” e “Educação”

  • Instituições com “Estudo(s)” ou “Educação” → cerca de 7% a 9% do total.
    • Ex.: “Sociedade Limeirense de Estudos Espíritas”, “Centro de Estudos Espíritas Casa do Caminho”, “Centro Guarapuavano de Estudos e Práticas Espíritas”.
  • Instituições com ênfase assistencial (“Caridade”, “Obras Sociais”, “Lar”, “Beneficente”, “Assistencial”) → cerca de 25% a 30%.
    • Ex.: “Lar da Caridade”, “Obras Sociais Bezerra de Menezes”, “Associação Espírita Beneficente Caminheiros do Bem”.

Comparação: para cada casa focada em estudo/educação, há em média 3 ou 4 voltadas à assistência social. Isso confirma a predominância do viés religioso-assistencial sobre o educativo-doutrinário.


O vocabulário central

Cinco palavras dominam o imaginário espírita institucional: Luz, Amor, Caridade, Fraternidade e Jesus, presentes em quase 40% de todos os nomes. Esse núcleo lexical mostra a ênfase do espiritismo brasileiro em seu aspecto religioso-assistencial, marcado por acolhimento, fé e prática da caridade.

Por outro lado, termos ligados a Estudo, Educação e Cultura aparecem em menos de 5% das instituições, revelando que a dimensão formativa e filosófica ainda é minoritária, enquanto referências à ciência praticamente não aparecem.


A influência do tempo

  • Décadas de 1940–1960 → predominam nomes mais sóbrios e institucionais (Sociedade Espírita Amor e Fraternidade, Liga Espírita do Estado de São Paulo). Época de formalização, em sintonia com a busca de reconhecimento social e jurídico.
  • Décadas de 1970–1980 → aumento das referências à caridade e à fraternidade, refletindo maior ênfase na ação assistencial das casas.
  • Décadas de 1990–2000 → explosão de nomes criativos, poéticos e acolhedores (Rancho de Luz, Recanto da Prece, Cruzada para a Luz), sinalizando diversidade e influência cultural do período de expansão comunitária e abertura ao simbólico.
  • Atualidade → aumento da presença de nomes ligados a educação, psicologia e estudos (Centro de Estudos, Educandário, Núcleo Educacional), em parte pela influência de movimentos como o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) e pela necessidade de formação doutrinária mais estruturada.

 

A influência do espaço

  • Sudeste (SP, MG, RJ) → grande diversidade: de nomes institucionais (Sociedade, Instituto) a expressões criativas (Seara, Recanto).
  • Sul (RS, SC, PR) → forte presença de termos como Caridade e Fraternidade, associando o espiritismo ao papel de rede social de apoio.
  • Nordeste (BA, CE, RN, PE) → maior frequência de nomes devocionais (Jesus, Maria, Francisco), sinal da herança católica popular.
  • Norte e Centro-Oeste → mais espaço para nomes sincréticos, evocando entidades afro-brasileiras ou do Santo Daime, revelando diálogo com tradições locais.

Certas regiões favorecem nomes ligados a caridade e paz (GO, RS), enquanto SP apresenta forte diversidade temática (institucional, doutrinária, histórica, poética).


Personagens, espíritos e livros

  • Allan Kardec e Bezerra de Menezes lideram as homenagens, equilibrando o aspecto doutrinário com o assistencial.
  • Chico Xavier e Francisco de Assis confirmam o ideal de humildade e serviço.
  • André Luiz é o espírito mais lembrado, consolidando o impacto da série Nosso Lar.
  • Scheilla e outros espíritos ligados à saúde revelam vocação assistencial.
  • Nomes de livros como Nosso Lar e A Caminho da Luz são muito populares, mostrando como a literatura mediúnica molda a identidade institucional.

 

Tendências para o futuro

A análise sugere algumas tendências para os próximos anos:

  • Crescimento de nomes ligados a educação e estudo, acompanhando a expansão do ESDE e a busca de formação mais sólida.
  • Aumento de referências a psicologia e autoconhecimento, influenciadas pelas obras de Joanna de Ângelis.
  • Possível surgimento de nomes com foco em universalismo e ecologia espiritual, refletindo preocupações contemporâneas.
  • Redução de nomes com forte sincretismo, em favor de maior clareza doutrinária e identidade kardecista.

 

Que tipo de pessoas essas casas atraem?

  • Casas com “Luz, Amor, Caridade” → atraem frequentadores em busca de acolhimento, passes e auxílio material/moral.
  • Casas com “Estudo” e “Educação” → atraem perfis mais escolarizados e interessados em formação doutrinária.
  • Casas com nomes devocionais (Jesus, Maria, Francisco) → atraem públicos de perfil religioso tradicional, muitas vezes vindos do catolicismo popular.
  • Casas com nomes de espíritos ou obras → atraem leitores e simpatizantes de linhas específicas (ex.: André Luiz, Joanna de Ângelis).
  • Casas institucionais (Sociedade, Associação, Instituto) → tendem a atrair dirigentes e pessoas com perfil organizacional.


Estatísticas Preliminares

(números arredondados)

  • Menções à “Luz”: ~23% das casas.
  • Menções a “Amor/Caridade/Fraternidade”: ~19%.
  • Nomes de Espíritos Orientadores (Emmanuel, Bezerra, Sheila, etc.): ~14%.
  • Nomes de Médiuns (Chico Xavier, Eurípedes, Cairbar, Inácio Ferreira, etc.): ~8%.
  • Obras doutrinárias (Nosso Lar, Paulo e Estêvão, Fonte Viva, etc.): ~7%.
  • Figuras cristãs: ~6%.
  • Histórico/social: <2%.
  • Assistencial/beneficente: ~12%.
  • Influências de matriz africana / sincretismo espiritualista: ~2 a 3%.

 

Palavras-chave indicativas de sincretismo

  • Pai → “Divino Pai Eterno”, “Pai Antônio”, “Pai Jacob” etc. (muito comum em umbanda/catolicismo popular).
  • Santo / Santa / São → “Santo Agostinho”, “Santa Rita de Cássia”, “São Francisco”, “São Lázaro” etc.
  • Virgem → “Centro Espírita Virgem de Nazaré” (referência mariana; presença em diferentes UFs)
  • Servos → “Sociedade Espírita Servos de Jesus” (modelo de humildade e devoção, comum em catolicismo popular)


Os formatos mais comuns

  • Centro Espírita (36,6%) → mais de um terço das instituições usam este formato. É o nome “clássico”, consolidado, que transmite formalidade e legitimidade.
  • Grupo Espírita (12,1%) → segunda forma mais popular, normalmente ligada a iniciativas menores, informais ou de origem comunitária.
  • Associação Espírita (7,5%) e Sociedade Espírita (7,0%) → mostram um desejo de institucionalização civil, com vínculos jurídicos e reconhecimento oficial.

Somados, esses quatro modelos abrangem 63% do total — ou seja, dois terços dos nomes seguem fórmulas consagradas.


Personalidades mais citadas

  • Bezerra de Menezes (4,0%) e Allan Kardec (3,9%) → são os dois mais homenageados, praticamente empatados.
    • Bezerra simboliza caridade, assistência social e liderança espírita no Brasil.
    • Kardec simboliza a doutrina, codificação e racionalidade espírita. Esse equilíbrio mostra que as casas oscilam entre religiosidade prática (Bezerra) e doutrina filosófica (Kardec).
  • Francisco de Assis (2,3%) e Chico Xavier (2,2%) → dois “Franciscos”, um católico medieval e outro médium brasileiro moderno. Ambos expressam humildade e serviço ao próximo.
  • Eurípedes Barsanulfo (1,8%) → grande educador espírita, figura que remete à educação moral e formação escolar.
  • Maria de Nazaré (1,4%) → devoção mariana dentro do espiritismo, mostrando forte presença do imaginário católico popular.

 

Faixas intermediárias (0,5% – 1%) 

  • Paulo de Tarso (0,8%) → símbolo de transformação espiritual, perseverança e divulgação.
  • Meimei (0,7%) → popular sobretudo em trabalhos com infância e evangelização.
  • Ismael (0,6%) → designado como protetor espiritual do Brasil, lembrado por lares e fraternidades.
  • Jesus de Nazaré (0,6%) → aparece pouco, indicando que o espiritismo prefere não nomear diretamente “Jesus”.
  • Joana D’Arc (0,5%) → influência mística e inspiracional, mais rara.

 

Figuras literárias e intelectuais espíritas 

  • Humberto de Campos (0,3%), Cairbar Schutel (0,3%), León Denis (0,3%), Herculano Pires (0,2%) → nomes ligados ao estudo e à divulgação doutrinária. Mostram preocupação intelectual, mas em menor proporção que os assistenciais e devocionais.


4. Nomes mais raros com uma ou duas menções 

  • Divaldo Franco (desencarnado em 13 de maio de 2025)
  • Rivail → nome civil de Kardec.
  • Camille Flammarion
  • Gabriel Delanne
  • Pietro Ubaldi
  • Deolindo Amorim → presença discreta de intelectuais e pensadores ligados ao espiritismo.
  • Anjo Gabriel → mais ligado ao imaginário católico, reforçando certo sincretismo.

 

Leitura dos nomes sobre o perfil da casa 

  • “Centro Espírita Bezerra de Menezes” → provavelmente com forte atuação em obras sociais.
  • “Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo” → pode indicar foco em evangelização infantil e juventude.
  • “Centro Espírita Humberto de Campos” → possivelmente ligado ao estudo e literatura doutrinária.
  • “Centro Espírita Maria de Nazaré” → sugere ambiente mais devocional, com ressonância mariana.
  • “Centro Espírita Allan Kardec” → transmite caráter doutrinário, com pretensão de fidelidade à codificação.

 

Espíritos mais citados 

  • André Luiz (2,1%) → é o mais presente nos nomes de instituições. Isso confirma o enorme impacto da série psicográfica por Chico Xavier. O nome sugere valorização do estudo da vida no além, prática doutrinária com viés católico-religioso.
  • Joanna de Ângelis (1,1%) → associada a formação psicológica e educacional. Muitas casas ligadas à juventude, ao estudo e ao movimento de Divaldo Franco.
  • Emmanuel (0,8%) → mentor de Chico Xavier, seu nome inspira seriedade moral com viés católico-religioso.

 

Faixa intermediária 

  • Scheilla (0,6%) → lembrada como espírito protetor de trabalhos assistenciais e de saúde. Sua presença nos nomes de centros sugere acolhimento fraterno e assistência espiritual/mediúnica.
  • Ramatis (0,5%) → figura polêmica, associada ao espiritualismo universalista. O uso de seu nome em instituições mostra linhas mais abertas, ecumênicas e por vezes fora do padrão kardecista tradicional.

 

Casos raros 

  • Dr. Fritz (0,1%), Joseph Gleber (0,0%) → espíritos médicos, muito associados a trabalhos de cura espiritual e cirurgias mediúnicas de efeitos físicos.
  • Padre Zabeu (0,1%) → espírito que reforça vínculo com a tradição católica, ligado à mediunidade de efeitos físicos.
  • Luiz Sérgio (0,1%) → autor espiritual de obras voltadas a jovens e juventude espírita, com foco em temas mais atuais.
  • José Grosso (0,1%) → lembrado em algumas casas de cura espiritual e mediunidade de efeitos físicos.

 

Palavras mais usadas

  • Luz (13,1%) → é, de longe, a mais utilizada. Representa iluminação espiritual, esperança, clareza, transcendência. Mostra que a casa espírita quer ser vista como farol e guia.
  • Amor (7,1%), Fraternidade (6,9%) e Caridade (6,8%) → formam o “tríplice vocabulário moral” do espiritismo brasileiro. Valores ético-religiosos aparecem mais do que termos filosóficos ou científicos.
  • Jesus (4,7%) → aparece em quase 500 instituições, sinal da centralidade da figura do Cristo, mesmo em uma doutrina que se diz também científica e filosófica.

Juntas, essas cinco palavras (Luz, Amor, Fraternidade, Caridade e Jesus) estão presentes em quase 40% de todos os nomes.



Outras palavras (2% – 3%) 

  • Estudos (3,2%) → mostra que uma parte importante das casas se define pela ênfase educativa. Ainda minoritária, mas significativa.
  • Paz (3,0%) e Cristã (3,0%) → reforçam identidade de religiosidade, acolhimento e vinculação explícita ao cristianismo.
  • Fé (2,8%) → ainda menos que “Estudos”, mas mostra a presença da dimensão devocional.
  • Irmão/Irmã/Irmãos (cerca de 5% somados) → linguagem de fraternidade e proximidade comunitária.

 

Valores e conceitos doutrinários presentes 

  • Verdade (1,4%) e Cristo (1,4%) → menos frequentes, mas de forte carga doutrinária.
  • Kardecista (1,0%) → relativamente pouco usado, embora marcasse identidade em décadas passadas.
  • Deus (1,0%) e Divino/Divina (0,7%) → aparecem, mas não dominam, indicando que os centros preferem termos como Luz e Amor.

 

Menções raras ou curiosas 

  • Humildade (0,5%) → valor moral, mas pouco usado como marca.
  • Apóstolo, Discípulos, Senhor, Mestre → ecos bíblicos, em geral minoritários.
  • Samaritano (0,4%) → ligado a obras de assistência.
  • Apometria (0,1%) → termo técnico não kardecista, que mostra tentativas de novas práticas.
  • Alegria (0,1%) e Felicidade (0,0%) → surpreendentemente pouco utilizados, o que sugere que o espiritismo se apresenta mais como espaço de seriedade e esforço moral do que de júbilo.

 

Síntese interpretativa 

O léxico mais frequente confirma que a identidade institucional espírita no Brasil é predominantemente religiosa-assistencial, com ênfase em valores morais (Amor, Caridade, Fraternidade) e simbologia luminosa (Luz).

A dimensão educativa está presente, mas ainda é minoritária.

O aspecto científico do espiritismo praticamente não aparece nos nomes.

O uso de termos católicos (Jesus, Cristo, Apóstolo, Discípulos, Senhor) reforça a proximidade histórica com o cristianismo popular.


Tendências Futuras nos Nomes 

  • Educação e estudos → tendência de crescimento, refletindo a busca por mais base doutrinária (Centro de Estudos, Educandário Espírita, Núcleo Educacional).
  • Psicologia e autoconhecimento → influência da obra de Joanna de Ângelis e do diálogo com a psicologia espírita.
  • Temas universais → nomes ligados a ecologia espiritual, paz mundial, consciência planetária podem crescer.
  • Identidade comunitária → nomes mais acolhedores, como Recanto, Lar, Casa, devem continuar.
  • Redução do sincretismo nominal → com maior consolidação da identidade kardecista, nomes ligados a santos católicos ou entidades de matriz africana tendem a diminuir.

 

Conclusão 

O estudo dos nomes das casas espíritas no Brasil revela um movimento plural, fortemente marcado pela dimensão religiosa e assistencial, mas que também preserva núcleos de fidelidade doutrinária e formação educativa. A predominância da palavra “Luz” mostra que o espiritismo se apresenta como farol de esperança e renovação.

A maioria das instituições espíritas nasce de impulsos religiosos e assistenciais, expressos na caridade e devoção, mais do que da motivação filosófica ou científica.

Os nomes são janelas para o perfil de cada casa: enquanto alguns revelam acolhimento devocional, outros explicitam vocação educacional ou mesmo sincretismo religioso. Há oportunidade para ajustes em nomes que possam causar confusão doutrinária.

Historicamente, os nomes acompanharam as necessidades do tempo: institucionalização no início, obras sociais em expansão a partir da segunda metade do século XX, linguagem poética e acolhedora nos anos 1990, e hoje um movimento gradual em direção ao ensino e à psicologia espiritual.

As diferenças regionais reforçam a capacidade de adaptação do espiritismo à cultura brasileira, absorvendo elementos católicos, afro-brasileiros e populares. As tendências futuras indicam maior clareza doutrinária e valorização do estudo, sem perder o caráter de religião viva, acolhedora e voltada à caridade.

Assim, os nomes das instituições espíritas são mais do que placas nas fachadas: são espelhos da história, das identidades regionais e das vocações espirituais que moldam o movimento no Brasil.

Resumo das tabelas utilizadas



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