quarta-feira, 24 de abril de 2024

160 anos "O Evangelho segundo o Espiritismo", por Dora Carvalho



Prosseguindo com a nossa série pelos 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, trazemos a participação de mais uma admirável divulgadora do Espiritismo, colaboradora ativa da Luz Espírita, Dora Carvalho, direto de Recife - PE.

Nossa amiga então discorre sobre os fundamentos da obra, isto é, a essência da mensagem contida no livro, que é, em suma, a essência evangélica-cristã.

Confira abaixo!


A essência evangélica-cristã
Dora Carvalho



O Evangelho segundo o Espiritismo é a terceira obra da Codificação Espírita e quarto livro editado por Allan Kardec após a adição de seu pseudônimo.

Impresso pela primeira vez em abril de 1864, na França, completa 160 anos de lançamento em 15 de abril de 2024. Em síntese, Kardec a apresenta como “a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida”, refletindo a essência evangélica-cristã de suas páginas.

O Evangelho Segundo o Espiritismo tem considerável influência, não somente para o mundo religioso, que nele encontra as máximas que lhe são necessárias, como também a vida prática das nações que podem nele haurir instruções excelentes.  Com vinte e oito capítulos da mais excelsa moral, podemos dizer que feliz é o homem que, diante das dificuldades e peripécias da existência, tenha nas mãos e sob os olhos os luminosos textos dessa obra consoladora. Esse livro é um hífen de luz entre a filosofia e a ciência espíritas.

Nele se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo.

O Evangelho segundo o Espiritismo foi publicado, inicialmente, com o título de Imitação do Evangelho. Kardec explica o seguinte: “Mais tarde, por força das observações reiteradas do Sr. Didier e de outras pessoas, mudei-o para Evangelho Segundo o Espiritismo. Trata-se do desenvolvimento dos tópicos religiosos de O Livro dos Espíritos, e representa um manual de aplicação moral do Espiritismo.

Em comunicação a Kardec, a 14 de setembro de 1863, declaravam os Guias de Kardec: “Nossa ação, principalmente a do Espírito da Verdade, é constante ao teu redor, e de tal maneira, que não a podes negar. Assim, não entrarei em detalhes desnecessários, sobre plano da tua obra, que, segundo os meus conselhos ocultos, modificaste tão ampla e completamente”. E logo adiante acentuavam: “Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes, e já podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte”.

Mas foi em 1866, em sua terceira edição, que ficou definida e conhecida a estrutura atual do livro. Sempre com o auxílio e sugestão da espiritualidade, Kardec modificou as duas primeiras edições, suprimindo textos, acrescentando outros, alterando a redação de vários parágrafos e do próprio título. A primeira edição da obra foi publicada com o nome “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”

Composto por 28 capítulos com passagens evangélicas seguidas de instruções dos espíritos, a obra é dividida em cinco partes: os atos ordinários da vida de Jesus, os milagres, as predições, as palavras que serviram de base aos dogmas e os ensinamentos morais. Sendo finalizada com uma coletânea de preces espíritas para o fortalecimento da alma nos distintos momentos da vivência terrestre.

Encontramos, no prefácio do livro, a instrução transmitida pelo Espírito da Verdade, na qual ele anuncia que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos, além de convidar os homens a se unirem para fazer a vontade do Pai. Em nota, Allan Kardec afirma que esse é o objetivo do Evangelho segundo o Espiritismo e, também, o verdadeiro caráter do próprio Espiritismo.

É no Evangelho segundo o Espiritismo, em seu capítulo 17 – item 4, que o verdadeiro espírita é caracterizado.  É aquele que busca se transformar porque conhece a sua realidade espiritual e consegue compreender as consequências de seus atos diante de um contexto natural regulado pelas leis divinas.

Conforme afirma Kardec, os princípios doutrinários lhe fazem vibrar as fibras que nos outros permanecem mudas; em uma palavra: foi tocado no coração, e por isso a sua fé é inabalável. Assim, o verdadeiro espírita busca se transformar porque conhece a sua realidade espiritual e consegue compreender as consequências de seus atos diante de um contexto natural regulado pelas leis divinas.

Em seus vinte e oito capítulos, encontramos no Evangelho segundo o Espiritismo a orientação ética e moral para o maior objetivo do ser humano: a própria evolução espiritual. O desvendar da realidade do ser e sua relação com o Criador, de suas potencialidades individuais e de suas responsabilidades perante si e para com o próximo é de um valor inestimável, que não somente responde as questões existenciais que sempre angustiaram o homem (quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo?), assim como oferece um roteiro seguro sobre o que devemos fazer para alcançar a tão sonhada felicidade, pelo amor e pela instrução.

Dando especial ênfase aos ditos e aos feitos do Senhor Jesus, o que quer dizer ao ensino moral, erige-se como regra de conduta, que abraça todas as circunstâncias da vida, particular ou pública, o princípio de todas as relações sociais, baseadas na mais rigorosa justiça. Enfim, é a rota infalível da felicidade futura.

Essa obra é para uso de todos. Cada um pode aí colher os meios de conformar sua conduta à moral do Cristo, nosso Modelo e Guia. Os espíritas aí encontram as aplicações que mais especialmente lhes concernem. As instruções dos Espíritos, as vozes do céu, que vêm esclarecer os homens e os convidar à imitação do Evangelho.

Nele encontram as almas aflitas o consolo e a explicação para as suas dores, o sermão das bem-aventuranças ganha um novo e especial colorido, sob a meridiana luz do esclarecimento espírita. Parece-nos ouvir de novo a voz do Suave Pastor: “Vinde a mim vós que estais sobrecarregados e aflitos, e eu vos aliviarei...”

Os versos de rara poesia das aves do céu, dos lírios do campo que não semeiam, nem fiam... Toda a beleza das palavras de Jesus numa linguagem acessível, inteligível. Explicado de forma racional porque fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

É nele também que se encontram explicadas as promessas do Cristo, na célebre noite da derradeira ceia com os Apóstolos, acerca do Consolador que viria depois. O Consolador Prometido, que viria quando o mundo estivesse maduro para o compreender; Consolador que o Pai enviaria para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo havia dito.

E o Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo. Preside ao Seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da Lei: ensina todas as coisas, fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias. Vem, enfim, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.

Jesus, que nunca se apartara dos homens, aproxima-Se ainda mais e volta a falar como outrora, chamando e conduzindo. A Boa Nova é o roteiro e a mensagem espírita o consolo. À medida que o entendimento humano progride na direção desse conhecimento, encontramos mais sentido nas Suas lições e exemplos. Embora nada tenha escrito, Seus discípulos, para não perderem Seus ensinamentos passaram a registrar Seus ditos e Seus feitos.

O Evangelho segundo o Espiritismo vem corporificar no mundo a palavra imperecível de Jesus, o excelso enviado do Pai. É Ele mesmo de retorno, tomando os filhos e as filhas da dor nos Seus braços para os conduzir para a luz gloriosa da verdade. O Evangelho não é um livro simplesmente. É um templo de ideias infinitas.  Miraculosa escola das almas estabelecendo a nova Humanidade.

O Evangelho segundo o Espiritismo surge como Divina luz, iluminando a Terra e lecionando o findar das guerras, implantando a paz. É a suprema força, que ergue o doente, que se alegra ao sentir as energias renovadas. É o roteiro amigo, que mostra o caminho, muitas vezes áspero, mas que nos conduz no rumo da felicidade autêntica... Essa preciosa obra acorda os homens que não creem na vida, que vivem na lida terrena, sem maiores objetivos... É um ninho de amor que aconchega a alma. É o despertador, que acorda o ser, e o faz compreender sua verdadeira finalidade no planeta azul.

Bendito seja o Evangelho de Jesus!


*  *  *  *  *  *

Lembrando que a obra O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec está disponível livremente disponível para download na nossa Sala de Leitura.


Veja aqui os artigos anteriores da série especial 160 anos do lançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo.
Continue conosco e acompanhe os próximos artigos da série.

Nenhum comentário:

Postar um comentário