Os curiosos casos de lugares mal-assombrados e expiação espiritual
Praticamente todo mundo tem uma história pra contar de algum lugar assustador: uma casa, um escritória, um prédio abandonado etc. É evidente que há muitas "estórias" em todas as "histórias" contadas, mas será mesmo o caso de dizermos que tudo não passa de lenda? Não é exato que muitas pessoas plenamente sãs de consciência, dignas de fé e pouco suscetíveis a sensacionalismo têm dado testemunho de ter presenciado fenômenos espirituais, repetidas vezes?
Pois bem, essa coisa de lugares assombrados foi tema de estudo sério e aprofundado para Allan Kardec, no seu trabalho de codificação do Espiritismo, especialmente na composição da obra especialmente dedicada ao assunto mediunidade: O Livro dos Médiuns.
Exatamente no capítulo IX da 2ª parte da obra, o autor trata desse tema e inclusive intitula o referido capítulo de "Lugares assombrados", cuja sua maior do conteúdo a transcrição de um diálogo mediúnico; o nome do Espírito não está registrado, mas é muito provável que seja Erasto, já que no começo do livro, Kardec anota: "A teoria do fenômeno dos transportes e das manifestações físicas em geral se acha resumida de uma maneira notável na seguinte dissertação, por um Espírito cujas todas as comunicações contêm um cunho incontestável de profundidade e lógica. Encontraremos várias delas no curso desta obra. Ele se apresentou pelo nome de Erasto, discípulo de são Paulo, e como protetor do médium que lhe serviu de intérprete" (Item 98)
Saiba mais sobre Erasto na Enciclopédia Espírita Online.
O entrevistado invisível então confirma que realmente há casos em que determinados Espíritos por vezes "fazem domicílio" em certos lugares. e aponta três situações possíveis para explicar essa estadia temporária:
- Simpatia pelas pessoas do recinto: é o caso dos Espíritos guardiões e familiares, que vêm voluntariamente inspirar seus protegidos ao bem. Por esse exemplo, não há razão para duvidarmos de que nossos lares estão sendo o tempo todo assistidos pelos nossos amigos invisíveis, e quanto eles forem “santificados” pelos nossos bons atos, mais protegido será o nosso lar.
- Desejo de vingança: Espíritos rancorosos podem se fixar num lar para pôr em expiação os que ali habitam, quando os benfeitores lhes concedem tal permissão. E por que os anjos guardiões assim permite que aconteça? Ora, porque o jogo da obsessão também faz parte do programa de provações espirituais pelas quais as pessoas precisam passar a fim de se aperfeiçoarem: o sofrimento às vezes é a única solução para tirar certos indivíduos do comodismo e para lhes despertar os valores espirituais.
- Punição: Espíritos criminosos precisam se conscientizar do mal que fizeram e para tanto eles são confinados ao local do crime, a título de reeducação moral, ao verem o sofrimento que causaram àquele lar.
Os dois primeiros "pretextos" até que são bem previsíveis, não? Mas o terceiro motivo é bem curioso — uma expliação — e não dá ensejo a várias reflexões:
A primeira delas é a justeza da punição, tendo em vista o refazimento moral de um Espírito criminoso, que então precisará sentir a dor dos outros, a todos a quem fez sofrer com seu crime. Podemos imaginar, por exemplo, um assassino sendo forçado a testemunhar o sofrimento de várias gerações (filhos, netos, bisnetos) da família cujo patriarca ele tirou a vida e os deixou órfãos, talvez até passando muitas necessidades materiais para sobreviver. Noutro exemplo clássico, talvez a "assombração" seja a de um Espírito suicida obrigado a assistir à dor que causou aos seus parentes, que, além da saudade e de possíveis prejuízos materiais, sofrem a decepção de ter um parente suicida, "um covarde" que fugiu dos compromissos carnais.
A segunda reflexão é sobre esse processo de expiação: vemos, pois, que há inúmeras formas de constrangimento no plano espiritual; há, portanto, uma ordem, uma organização, contra o que os Espíritos inferiores não conseguem resistir ao comando dos seres superiores (Ver O Livro dos Espíritos - questões 274 e 274-a), sendo que essa superioridade se dá por conta da estatura moral de cada indívíduo, o que assegura que aqueles que estão numa melhor posição na hierarquia espiritual sempre usarão de suas prerrogativas para fazer o bem, e jamais para denegrir os que lhe estão abaixo e são seus subordinados naturais.
Sobre expiação, ver seu verbete correspondente na Enciclopédia Espírita Online.
Bem, vale a pena estudar esse capítulo completo com muito cuidado e aprender mais sobre lugares assombrados.
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