quarta-feira, 2 de junho de 2010

JORNAL FRANCÊS DESTACA CHICO XAVIER


LeMonde.fr


O jornal francês "Le Monde" publica crônica sobre Chico Xavier. Veja a tradução, feita por Rodrigo Félix da Cruz:


CRÍTICA – UM HOMEM INSIGNIFICANTE

Os brasileiros o consideram o maior expoente de seu país. Ele não deve sua fama à política, música ou futebol. Chico Xavier (1910-2002) foi a personalidade mais surpreendente do século XX. De acordo com uma pesquisa realizada em 2006 pela popular Revista Época, ele ocupa o primeiro lugar, com o dobro de votos do segundo lugar da pesquisa, o 1º da Fórmula 1, Ayrton Senna, morto em uma corrida em 1994.

Chico Xavier nasceu há cem anos. Por isso recebe neste ano uma série de homenagens pelo seu aniversário. O filme biográfico que leva seu nome foi produzido pelo Cineasta Daniel Filho e conquistou um novo recorde de bilheterias entre os filmes brasileiros. Quatro outros filmes espíritas seguirão em 2010.

De aparência singela, pobre demais para obter educação acadêmica, sobrecarregado com cataratas e uma calvície prematura crônica, que o obrigou a usar óculos escuros e uma peruca, Chico Xavier se tornou um ídolo, objeto do culto popular.

Graças aos seus dons misteriosos promoveu um verdadeiro apostolado do Espiritismo brasileiro. Também por causa de sua vida exemplar, de um homem puro, honesto, trabalhador, altruísta incansável e profundamente humano foi visto por seus compatriotas como uma santidade.

Chico Xavier nasceu em uma família de nove filhos em Pedro Leopoldo, Estado de Minas Gerais. Sua mãe era lavadeira, o pai vendedor de bilhetes de loteria. Analfabeto, aos 4 anos, ele ouvia vozes e “recebeu” suas primeiras aparições. Logo após ele perdeu sua mãe, e viveu por dois anos com uma madrinha que o maltratava alegando que ele tinha "o diabo".

Devolvido a seu pai que se casou novamente, Chico se levantava durante a noite para conversar com espíritos, e na parte da manhã dava notícias de parentes mortos para sua família que não acreditava em tais relatos. Ele consolava-se com a oração no título de sua mãe com quem ele teve muitos diálogos. Aos 9 anos de idade, ele começou a trabalhar como tecelão à noite para durante o dia frequentar a escola primária.

Aos 12 anos, ele escreveu um ensaio perfeito e disse ao professor ter sido ditado por um "homem de outro mundo". Cinco anos mais tarde, ele teve a experiência de ver um espiritualista curar sua irmã com um delírio obsessivo. Ele começou a estudar a doutrina estabelecida pelo espiritualista francês Allan Kardec (1804-1869), passa a ser por setenta e cinco anos um propagador incansável. Uma noite, ele descobre a psicografia. Ele escreveu um ditado de um espírito de dezessete páginas em plena velocidade, sem hesitação ou supressões. A partir de então passou a ser quem ele foi: um intercessor entre dois mundos, o porta-voz dos espíritos na Terra, o embaixador da vida após a morte.

Em 1931, o jovem "viu" Emmanuel, seu mentor espiritual, o amigo invisível que o aconselhava e o guiava durante sua vida. Em 1932 ele publicou seu primeiro livro, “PARNASO DE ALÉM-TÚMULO”, uma coletânea de 59 poemas de escritores de qualidade atribuído a 14 mortos, causando interesse e surpresa.

A escrita passou a ser sua parceira. Em seu célebro erudito incessante emerge 451 livros, incluindo 39 publicado após sua morte. Resultando 50 milhões de cópias vendidas no Brasil. Chico Xavier negou a autoria dessas obras. Cada um destes títulos combina o nome do espírito que guiou a sua mão.

Ele doou os direitos autorais de suas obras à centenas de organizações de caridade que patrocinou, vivendo com seu escasso salário de funcionário do Ministério da Agricultura, fiel aos princípios monásticos: pobreza, obediência e castidade. Praticou a autodepreciação, autodescrevendo-se com "menos do que nada", um homem de "absoluta insignificância", criado "simples" de seus benfeitores espirituais. O inverso de um visionário ou um profeta.

A partir da década de 1960, ele "recebe" mais e mais "cartas" enviadas pelos espíritos para seus familiares. Cerca de dez mil cartas no total. Sua autoridade foi tal que em 1979, um dessas "mensagens pessoais" no processo de um caso criminal, pode inocentar um jovem acusado de matar seu melhor amigo. O falecido tinha dito que sua morte foi acidental.

Em 1971, Chico Xavier foi entrevistado em um popular programa de TV com audiência recordista. Em 1981, o Brasil estão se mobilizou para indicá-lo ao Prêmio Nobel da paz. Em vão. Sob os auspícios do meio, o Brasil se tornou o lar adotivo do Espiritismo, sua terceira religião: 20 milhões de simpatizantes e 2,3 milhões de praticantes.

Cansado do assédio durante décadas por especialistas, músicos, jornalistas e veios cicos, depois mudou-se para Pedro Leopoldo, em Uberaba, onde viveu a partir de 1959, para observar, ouvir, ou tentar expor sua doutrina. Tais especialistas e curiosos ficavam confusos, chateados, ou convertidos. No entanto, todos concordavam sobre a humanidade extrema desta personagem.

Chico Xavier viveu seus últimos anos em reclusão. Seus discípulos iam à sua porta para pegar sua energia positiva. Ele dizia aos seus amigos seu desejo que se tornou realidade: ele morre, ou melhor, desencarnada em 30 de junho de 2002, enquanto o Brasil comemorava o seu título de campeão mundial de futebol.

Jean-Pierre Langellier


Ler o original em francês



Um comentário:

  1. Se em algum dia, entre este século e os dois últimos, um espírito encarnado apresentou tamanha evolução, ninguém há de negar que isso acontecera no Brasil.
    Chico Xavier foi o encarnado mais próximo dos Espíritos que pudemos conhecer.
    Conhecê-lo é conhecer o significado da expressão máxima da Humanidade: a Caridade.
    Obs: Escrito por um ateu.

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