terça-feira, 28 de dezembro de 2021

"Natal e a diferença entre Jesus e Deus" por Daniel Strutenskey de Macedo


Temos recebido um grande volume de mensagens dos nossos confrades, simpatizantes do Espiritismo e até de pessoas declaradamente "antipáticas" à nossa causa espírita. São desde pedidos de oração (especialmente para o  nosso programa Evangelho no Lar Online), sugestões e críticas sobre nossas publicações, perguntas doutrinárias, suporte para se inscrever na nossa plataforma de cursos online (PEADE) etc.

Infelizmente, não temos colaboradores suficientes para responder a todos imediatamente, mas procuramos não deixar ninguém sem um mínimo retorno. Por essa razão, esta também é uma oportunidade para pedirmos desculpas àqueles que nos escrevem, sobretudo tratando de questões mais urgentes.

Além disso, faz bem esclarecermos que não desprezamos nenhuma correspondência, mesmo que sejam críticas, as mais duras inclusive: elas são igualmente dignas de apreciação, posto sermos todos aprendizes da Boa Nova.

Em meio a essa diversidade, temos a grata satisfação de recebermos também ótimos textos, no estilo de artigos, crônicas, poemas etc. Apenas para ilustrar a qualidade dessas letras a nós ofertadas, compartilhamos aqui o ensaio a seguir, que julgamos válido para a reflexão de todos. (Destaques em negrito por nossa conta)



Natal e a diferença entre Jesus e Deus

Na época em que Jesus nasceu a religião não era somente um caminho e uma esperança, um sentimento de fé, mas era a Lei que determinava a ordem estabelecida na nação, no reino físico da referida nação. Os países não tinham uma constituição, não possuíam leis civis que organizassem a vida em sociedade, não havia uma justiça civil organizada. Era o rei que definia tudo e que mandava em tudo. E o rei de Israel era ao mesmo tempo o chefe supremo da igreja. Não era sem motivo que os judeus consideravam o seu Deus, Jeová, o Deus dos Exércitos. Quer dizer, dos exércitos deles, do povo judeu.

Pelos motivos expostos acima, ninguém poderia mudar as leis e alterar a ordem das coisas sem mudar as Leis Divinas trazidas pelos profetas. As leis escritas pelos profetas é que determinavam o que era certo e o que era errado, o que era bom e o que deixava de ser, o que era crime e o que não era. Enfim, era ela que determinava os costumes e a justiça da época. Davi, o divino poeta, autor de salmos maravilhosos, casou-se com a filha do rei depois de atender ao pedido do futuro sogro. Seu sogro lhe pediu que Davi trouxesse setenta órgãos masculinos (pênis e saco escrotal) e Davi matou setenta guerreiros inimigos para atender a exigência do Rei. Esta era a realidade da época. Matar os inimigos de Israel era da vontade de Jeová, pois Jeová era o rei deles, exclusivo, era o rei da nação judaica e não dos outros povos.

O Deus de Jesus é universal e orienta as pessoas a perdoar os inimigos. É um Deus de fraternidade.

Na época e nos séculos anteriores aos da disputa de poder entre os judeus, eram as leis das sagradas escrituras que determinavam tudo. Por isto, para mudar alguma coisa os políticos da época buscavam textos sagrados que fossem de encontro àquilo que eles pretendiam. E quando não achavam, inventavam. Criavam textos e faziam de conta que os tinham encontrado em antigos pergaminhos escritos por Jeremias, Isaias e outros profetas admirados. Era assim que davam validade sagrada aos seus argumentos. Nesta época não tínhamos conhecimentos científicos e técnicos para testar os documentos e saber se eram originais ou não. A validade era dada pelos interessados que tivessem mais poder no momento. Quem ler o velho testamento verá que são as palavras dos profetas que defendem ou atacam um rei e que é a partir delas que um rei permanece ou outro assume o trono.

A causa de Jesus e do grupo que o apoiava era de provocar uma mudança de costumes, de princípios, de crenças e de valores. E assim como os demais, o grupo cristão também utiliza a palavra de profetas anteriores, a palavra sagrada de que viria um novo Messias, o qual mudaria tudo. O grupo cristão precisava da palavra sagrada para ter legitimidade, para ser acreditado pelo povo. Jesus precisava ser o Messias. Como sabemos, ele foi perseguido pelos judeus que tinham o poder e pelos seus aliados romanos. Nesta época, Israel tinha Herodes como rei, o qual tinha um acordo com os romanos e pagava impostos a eles para se manter no poder. O povo pagava os impostos triplamente: para o rei Herodes, para a igreja judaica e para os romanos.

Jesus não poderia dizer que era um homem que desejava justiça e fraternidade, que todos fossem iguais, que não mais houvesse escravidão. Ele não seria ouvido. Era preciso que ele fosse o novo Messias, que ele tivesse origem divina como previu o profeta Isaias. Este é o motivo e a razão pela qual Jesus se declara filho de Deus. Era necessário. E como filho de Deus ele muda a concepção de Deus. O Deus cristão não é mais o Deus dos Exércitos, não é mais um deus exclusivo do povo judeu, mas torna-se pai, pois o verdadeiro pai protege, perdoa, auxilia. E torna-se um deus pai universal, de todos os povos. Leiam a carta de Paulo onde ele diz aos Hebreus. Antes era a Lei (a lei judaica) e com a lei havia o pecado (pecado significava delito e quem cometesse um delito era castigado), mas agora o justo viverá de fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Com esta carta, Paulo aboliu a lei anterior e disse ao povo que almejava por justiça que agora ele viveria sob uma nova ordem, uma nova lei, uma lei justa.

Sabemos através da História que o cristianismo não vingou completamente, mas ele foi um novo fermento de princípios, crenças e valores que alimentou as gerações futuras e foi, aos poucos, transformando o mundo. E ainda transforma!

O que é Deus? Deus para a ciência é a causa da existência do Universo. Para as pessoas de fé é uma esperança, uma promessa, uma vida eterna no futuro. Como Jesus e os seus profetas falavam com Deus? Através do Espírito Santo. Qual seja, através de espíritos que falavam através deles e traziam as palavras da nova ordem, da nova Lei, que era a Lei de Justiça e Fraternidade de Jesus, de João Batista e de outras pessoas envolvidas na mesma causa. Se considerarmos a vida espiritual e o contato estreito de Jesus e dos apóstolos com os espíritos será lógico admitirmos a vida eterna e assim considerá-la uma vida real, uma vida maior, uma vida divina. Por este ângulo, todos somos filhos de Deus. Não foi á toa que Jesus disse que éramos todos irmãos! Como Jesus, somos todos filhos de Deus!

Ainda hoje é complicado separarmos Jesus de Deus, pois a maioria das pessoas ainda está presa às ideias antigas, do velho testamento, que é de um tempo em que vigorava a injustiça e a escravidão. Os textos bíblicos são confusos, são complexos, são contraditórios, são escritos em linguagens simbólicas, são difíceis de serem compreendidos. Então, por isto, a gente deixa que Jesus e Deus continue sendo a mesma pessoa.

Daniel Strutenskey de Macedo


Apenas uma palavrinha sobre o texto do nosso confrade Daniel: enquanto muitos (os religiosistas) prendem-se na supervalorização literal dos chamados textos sagrados (isso vale tanto para a Bíblia quanto para o Alcorão e todos os demais manuais de fé, inclusos os livros didáticos das ciências), outros acabam por desprezar toda e qualquer obra similar; se não for o caso de total desprezo, pelo menos este segundo grupo tende a menosprezar tais obras, seja porque elas sejam confusas, contraditórias, enigmáticas etc. Assim, nos pareceu tender o texto acima, ao que, por nossa vez, no mínimo, pensamos ser mais prudente colocar essa "sabedoria das antigas" na conta dos mistérios, os quais talvez não estejam tão longe de serem melhor compreendidos. Quiçá tudo o que nos parece místico hoje, por exemplo a numerologia e a simbologia de que as ditas escrituras sagradas estão impregnadas, não tenha mesmo um significado concreto, inclusive solidarizando todas as grandes obras do gênero (Bíblia, Alcorão, Vedas, Mahabharata etc.)! Apesar disso, a mensagem central do artigo aqui transcrito consagra uma ideia que claramente está alinhada com a Revelação Espírita: a distinção entre Jesus e Deus, bem como o papel de cada um, bem definido pela Boa Nova trazida pelo Cristo (o Messias).

A reprodução deste texto também é exemplar para dizermos que nem sempre vamos estar de acordo com absolutamente tudo de um texto ou uma tese qualquer apresentada, mas isso não implica que em tudo essa ideia seja desprezada e que nós podemos conviver pacificamente com as diferenças, crescendo juntos, através dessa dialética, pelo estudo, pesquisa e diálogo, à caminho do melhor entendimento das coisas.

Este é o espírito da coisa para nós: nós é sobre perfeccionismo, mas progresso contínuo.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Feliz Ano Novo!

 

A Fraternidade Luz Espírita deseja a todos um feliz ano novo!

Que 2022 seja repleto de realizações espirituais, pela graça de Deus!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Feliz Natal de Jesus!

A Fraternidade Luz Espírita deseja a todos um Feliz Natal, enfatizando que esta é uma celebração essencialmente cristã, no sentido de que sua motivação maior é  e não pode ser outra — precisamente a renovação dos nossos compromissos espirituais com Jesus, o aniversariante do dia, o guia e modelo para a humanidade terrena; ele que veio à Terra para nos ensinar e nos encorajar a seguir os valores espirituais, as virtudes eternas: caridade, humildade, paciência, perdão etc.

Que nesta celebração natalina, esses tesouros dos céus se materializem em nossos corações e nos inspirem a uma melhor conduta para a sequência de nossos dias aqui neste mundo de expiações e de provações.

Muita luz para todos nós!


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

"Obsessão" - novo verbete da Enciclopédia Espírita Online

 

A nossa Enciclopédia Espírita Online recebeu hoje mais um acréscimo importante: o verbete "Obsessão", tratando do mal espiritual colocado na primeira linha dentre as preocupações e cuidados especiais para a prática mediúnica, se bem o processo obsessivo seja um fenômeno de todos os tempos, dentro e fora da mediunidade e do Espiritismo. Por isso, a importância de se conhecer seu mecanismo e se precaver das más influências espirituais.

Veja a sinopse do verbete:

Obsessão, conforme a Doutrina Espírita, é a influência negativa que um Espírito exerce persistentemente sobre outra pessoa, de variadas maneiras de atuação, desde um simples desvirtuamento da moral até a perturbação completa das faculdades mentais e controle do organismo físico, cujos efeitos podem alcançar diversos graus do constrangimento e até enfermidades físicas. Allan Kardec classificou a obsessão em três tipos básicos: obsessão simples, fascinação e subjugação, acrescentando aí o caso especial de determinado tipo de possessão, em que o organismo físico da presa fica temporariamente dominado pelo Espírito agressor. O agente dessa má influência (o obsessor) demonstra, por essa prática, ser sempre de uma natureza inferior, própria dos Espíritos muito imperfeitos, movidos por interesses variados, por exemplo: sentimento de inveja, vingança, mero desejo de fazer o mal (aleatoriamente ou contra uma causa comum) ou ainda para usufruir de gozos materiais (fumo, bebida, droga, sexo etc.) que, neste caso, é comumente especificado como Vampirismo. O obsediado (ou obsidiado, obsedado) é a presa do processo obsessivo, e aí evidencia também sua inferioridade moral, seja pela suscetibilidade de ser perturbado ou mal influenciado, seja pela sua predisposição em gozar dos prazeres inferiores a que é arrastado. Em razão dos médiuns estarem naturalmente mais expostos ao contato dos Espíritos, a obsessão é então colocada como um perigo de primeira ordem para a prática da mediunidade, que, por sua vez, apresenta-se como poderoso auxílio no tratamento contra a obsessão (desobsessão), especialmente por revelar a ação oculta de obsessores e por propiciar um diálogo regenerador entre os envolvidos e intermediários motivados pela boa vontade. Além de ter sido a primeira doutrina a evidenciar sistematicamente o processo obsessivo, o Espiritismo faz-se o melhor meio para tratá-lo e prevenir a ação de Espíritos obsessores, cujos procedimentos básicos são: oração e aperfeiçoamento moral dos indivíduos envolvidos.

Saiba em detalhes o que é, quais os tipos e efeitos das obsessões, o que caracteriza o vampirismo, a possessão, a auto-obsessão, além de como tratar e se prevenir do assédios de Espíritos obsessores.

Clique aqui para acessar o verbete na íntegra.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Bezerra de Menezes inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria


O nome de Bezerra de Menezes foi aprovado, nesta quarta-feira (15), pelo Plenário do Senado, para ser incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. É o segundo personagem espírita a ser homenageado neste mesmo nível: em setembro deste 2021, nós anunciamos aqui a inclusão de Chico Xavier nesta seleta lista (veja aqui). A proposta que consagra "O Kardec brasileiro" (PL 4.323/2021) é do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) e segue para a Câmara. A votação foi simbólica.

— A cultura da paz a gente tem que sempre celebrar — disse Girão.

Senador Eduardo Girão

O relator foi o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), mas seu relatório foi apresentado pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), como relator ad hoc. No documento, Rodrigo Cunha afirma que a homenagem é justa e reconhece a “dedicação ao próximo” do homenageado.

“Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, mais tarde conhecido como o Médico dos Pobres, nasceu, em 29 de agosto de 1831, no atual município de Jaguaretama, no Estado do Ceará. Ao longo de sua trajetória, Bezerra de Menezes demonstrou inúmeras vezes sua opção em ajudar os mais necessitados. Para ele, o verdadeiro médico é aquele que se doa completamente à função de salvar vidas e amenizar dores. Considerando, em vista do exposto, a relevância da atuação do Doutor Bezerra de Menezes e de seu legado para a difusão da doutrina espírita no Brasil e no mundo, não há dúvida de que o projeto sob exame é meritório”, diz o relatório.

Bezerra de Menezes

Bezerra de Menezes (1831- 1900), conhecido como Bezerra de Menezes, foi um médico, jornalista, político, filantropo e expoente da doutrina espírita. Após a perda do pai, Bezerra de Menezes foi para o Rio de Janeiro, para seguir a carreira de médico.

De acordo com o senador Girão, quando Bezerra de Menezes atuava como médico, já demonstrava o grande coração e caridade que iria semear, sobretudo entre os mais pobres. O respeito e o reconhecimento de numerosos amigos o levaram à política. Elegeu-se vereador para Câmara Municipal do Rio de Janeiro em 1860, pelo Partido Liberal. 

Em 1867, foi eleito deputado pelo Rio de Janeiro. Após se dedicar por 30 anos à atividade parlamentar, em 1885, Bezerra de Menezes encerra as atividades políticas e passa a se dedicar ao espiritismo.  

“Bezerra de Menezes sintetiza virtudes grandiosas sem perder os traços de uma comovente humanidade e ainda hoje seu nome inspira obras de caridade no Brasil e no mundo”, destaca Eduardo Girão.

O senador mencionou ainda a trajetória de Bezerra Menezes e a sua importante atuação no movimento espírita. Uma das passagens da vida de Bezerra de Menezes mais emblemáticas foi quando, já não dispondo de nenhum recurso material, entrega seu próprio anel de formatura em medicina para que uma mãe aflita pudesse comprar os remédios para seu filho muito doente, disse Girão.

“Não resta dúvida acerca da homenagem que se pretende prestar a Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, o Doutor Bezerra de Menezes, em devido reconhecimento ao papel de relevância que teve e que continua, em espírito, desempenhando”, conclui o senador Girão. 

Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves é um memorial cívico destinado a homenagear heróis e heroínas nacionais que, de algum modo, serviram para o engrandecimento da nação brasileira. Além de contar com a exposição permanente do Livro de Aço, no qual estão entronizados os heróis, o espaço cultural pertencente ao Centro Cultural Três Poderes, celebra os ideais de democracia e liberdade, reverenciando, em especial as figuras de Tiradentes e Tancredo Neves.

Painel da Inconfidência Mineira e o Livro de Aço com os nomes homenageados

No primeiro pavimento estão expostos registros sobre a importante figura política Tancredo Neves no período de redemocratização do país pós ditadura militar. No andar superior encontra-se o grande painel da Inconfidência Mineira que retrata historicamente o movimento que visava libertação e o Livro de Aço com os nomes homenageados. O nome de Chico Xavier se juntará a outras nobres personalidades, dentre os quais Dom Pedro I, José de Anchieta, Rui Barbosa, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Luiz Gama, Maria Felipa de Oliveira, Maestro Carlos Gomes, Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Ulysses Guimarães etc.

 Praça dos Três Poderes em Brasília, DF; 2) Congresso Nacional; 3) Palácio do Planalto. 4( Supremo Tribunal Federal; 4) Panteão da Pátria e da Liberdade

O espaço que está localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e é administrado pela Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, fica aberto, assim como os outros equipamentos que compõem o Centro Cultural Três Poderes, de terça a domingo — inclusive feriados — das 9h às 18h.

Fonte: Agência Senado


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

O extraordinário acervo espírita do CCDPE-ECM


Convidamos nossos confrades a conhecerem, através deste pequeno filme, um pouco sobre o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro - CCDPE-ECM, com sede em São Paulo, Capital. O vídeo conta rapidamente as origens deste Centro, o seu acervo e o trabalho lá desenvolvido por dedicados voluntários, dentre os quais grandes pesquisadores da Doutrina Espírita.

Confira o vídeo:


Lembrando que o CCDPE-ECM fica na Alameda dos Guaiases, n° 16, bairro Indianópolis, São Paulo, Capital.

Site oficial:

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

"A morte segundo Cairbar Schutel", por Rogério Miguez

Neste ano de 2021, ainda bastante castigado pela pandemia do Covid-19, a morte assombrou muitos lares, ceifando vidas de quem se guardava muitas expectativas, e em muitos casos fazendo as vezes de uma grande tragédia familiar. Isso porque, obviamente, é praxe a falta de uma educação sobre este fenômeno natural. Apesar da evidência mais do que patente de que da morte ninguém escapa, poucos se prestam a refletir sobre tal ocorrência, além do que há uma cultura mística que mais deseduca do que prepara as pessoas para morrer. E é neste campo que vemos um trunfo do Espiritismo, inigualável: a capacidade de nos instruir sobre esta fatalidade reservada a todos. Por tal razão, acolhemos de bom grado a sugestão do artigo que segue, como mais um subsídio para refletirmos sobre a passagem desta vida material para a pátria espiritual.


A morte segundo Cairbar Schutel

A ideia da perpetuidade da vida foi muito clara para ele e ficou registrada inconteste em seus livros

Rogério Miguez | rogmig55@gmail.com

Anossa História já bem regis- trou informes sobre muitos beneméritos da humanidade. Espíritos sábios que souberam aproveitar a célere oportunidade de uma vida, exemplificando por atos e palavras a convicção absoluta na existência de Deus e no insuperável testemunho de Jesus. Um desses certamente foi Cairbar de Souza Schutel. Espírito lúcido e cônscio de suas tarefas e compromissos, marcou a Pátria amada, durante sua trajetória pela terra adorada, com indeléveis e inesquecíveis lições e textos, os últimos reunidos em um dos maiores legados por ele deixados: seus livros.

A problemática da morte, seguramente, foi uma questão com a qual se preocupou. Afinal, quem não tem interesse em melhor entender este inexorável desfecho, a alcançar-nos, mais hoje, mais amanhã. Motivado pelas inúmeras e oportunas abordagens do Bandeirante do Espiritismo sobre o tema, recolhemos algumas delas em uma pesquisa não exaustiva, disseminadas ao longo da sua valiosa herança escrita:

1. Espiritismo e Protestantismo (1911)

“O estacionamento é a morte e nós espíritas cremos na vida eterna.” (cap. XIII – A crença por decreto)

2. Histeria e Fenômenos Psíquicos (1911)

“Ora, o nosso corpo sobrevive à morte terrestre com todas as suas faculdades (...)” (cap. IV – Teoria mecânica e espírita)

3. O Diabo e a Igreja (1914)

“Pelo que vê o leitor, nosso fim é despertar, em todos, o raciocínio e o sentimento da Imortalidade – convidar os trôpegos, os estropiados e os humildes – aqueles que não querem adquirir o Reino do Mundo, mas querem possuir o Reino dos Céus, que é o reinado da Paz, do Amor, da Sabedoria, colunas indestrutíveis e portentosas em que se acha assentado o Templo da Verdade!” (Prefácio)

4. Espiritismo para crianças (1918)

“O que é Religião?

“É a ciência que nos conduz a Deus, tornando-nos conhecedores dos nossos deveres e dos nossos destinos depois da morte.” (Religião)

“Sendo a religião uma ciência que nos ensina os nossos destinos depois da morte, qual é a natureza intima do homem? O homem é apenas corpo?” (O Homem e a Imortalidade)

“Não, o corpo humano não é mais do que o instrumento de que o Espírito se serve neste mundo para trabalhar pelo seu adiantamento. Por ocasião da morte, o ‘homem espiritual’ abandona o corpo como nós fazemos à roupa velha.” (O Homem e a Imortalidade)

5. Interpretação Sintética do Apocalipse (1918)

“A ideia religiosa traz, como consequência, a sobrevivência do Espírito à morte do corpo, e deste axioma derivam as condições físicas e morais do homem depois da morte.” (Deduções filosóficas da religião)

6. Cartas a Esmo (1918)

“Com esse intuito é que Deus permite as manifestações espíritas, provas irrefragáveis da existência da alma e sua sobrevivência à morte do corpo.” (cap. III – A Crença Cega e a Crença Raciocinada)

7. Médiuns e Mediunidades (1923)

“O Espírito tinha a sua individualidade antes de se encarnar e conserva a sua individualidade depois da morte do corpo.” (cap. XXXVI – Resumo dos ensinos dos espíritos)

“Por toda a parte está a vida, e até na própria morte ela se manifesta, porque a morte não é mais que um movimento de renovação, de transformismo para a perfeição.” (cap. XXXVIII – A vida e a morte)

8. Gênese da Alma (1924)

“As manifestações póstumas dos animais deixam ver claramente que eles são dotados de um corpo imponderável que sobrevive à morte do corpo carnal.” (cap. XXXI – Demonstração positiva da alma dos animais)

“O nada não existe: trevas, morte, sepulcros, não são mais que berços que acalentam as variadas formas da Vida para entregá-las à Eternidade.” (Súmula)

“Que deus é esse que cria seres [animais] que sentem e que amam, em quem se verificam os mesmos cinco sentidos que caracterizam o bípede humano, fá-los passar por uma série longa de sofrimentos e por fim aniquila-os para sempre, extingue-os na noite tenebrosa da morte!” (cap. III – As tábuas do Sinai)

9. Espiritismo e Materialismo (1925)

“Para ter certeza se a alma sobrevive à morte do corpo, o meio mais seguro é procurarmos estabelecer relações com essas almas nossas amigas que já se despojaram do seu corpo material.” (cap. III – Estudo experimental)

“Seria mesmo impossível conceber uma alma sem corpo, pois é lógico que a alma existindo deve forçosamente ter um corpo imperecível que a acompanha antes e depois da morte.” (cap. IV – A alma revestida do seu corpo fluídico)

10. Fatos Espíritas e as Forças X... (1926)

“Desça o homem do pedestal em que falsamente se colocou, e reconhecerá as suas aptidões, compreenderá a sua existência independente do corpo carnal e sua sobrevivência à morte desse corpo, instrumento que é da sua manifestação na Terra.” (cap. VII – Espírito – força e matéria)

11. Parábolas e Ensinos de Jesus (1928)

“Mas a morte foi vencida, e não teve outro resultado senão demonstrar a Vida!” (Preâmbulo)

“Há alma morta em corpo vivo, porque, assim como o corpo sem alma é morto, o Espírito sem a Fé que vivifica e felicita é um ser inerte como um cadáver.” (As duas mortes)

“A cruz, emblema da morte, vai cair, para dar lugar ao Espírito, personificação da ressurreição...” (Cruz e cruzes)

“O Espírito vive, insistamos, e a morte não é mais que uma transformação para um estado melhor.” (Cristianismo e imortalidade)

12. O Espírito do Cristianismo (1930)

“De fato, o que nos valem os ensinos de Jesus, os exemplos que nos legou de uma vida de pureza, as maravilhas que produziu, se não temos a crença na Imortalidade, se julgamos que tudo se finda com a morte, se o nosso Saduceísmo vai ao ponto de crer que Deus é só para esta existência!” (As manifestações póstumas)

13. A Vida no Outro Mundo (1932)

“Para saber o que se passa no momento da morte, como se desenrola esse fenômeno, podemos recorrer à descrição de muitos clarividentes que observaram a crise da morte, assistindo a moribundos.” (cap. XI – O mistério da morte)

14. Vida e Atos dos Apóstolos – 1933

“Paulo viu a Jesus depois de os judeus O haverem crucificado e matado; e eles achavam que isso era impossível. Para essa gente a morte era a destruição de tudo, mas para Paulo assim não era, pois tinha não só o testemunho pessoal de que Jesus vivia, como também o testemunho alheio que corroborava o seu testemunho.” (A Exposição de Festo ao Rei Agripa)

15. Preces espíritas (1936)

“Deixastes o grosseiro invólucro sujeito às vicissitudes e à morte; conservais somente o invólucro etéreo, imortal e inacessível aos sofrimentos.” (34 – Por alguém que acaba de morrer)

16. Conferências Radiofônicas (1937)

“É assim que se explica a indissolubilidade do Amor contra a qual a morte não tem poder; é assim que se explica o brado de São Paulo, nos combates do espírito contra a morte e seu definitivo triunfo da vida: – ‘Ó morte, onde está o teu aguilhão! – ó túmulo, onde está a tua vitória!’” (O Espiritismo através dos livros sagrados)

“Felizmente, graças às experiências espíritas, a morte está perdendo o seu caráter aniquilador.” (A morte reformada)

17. Com relação às três obras: questão religiosa, Liberdade e progresso e Pureza doutrinária, infelizmente não pudemos realizar a pesquisa por falta de cópias dos livros, fossem elas físicas ou mesmo em arquivos digitais.

18. O Batismo – 1941

O Batismo, como se sabe, não foi propriamente um livro escrito por Cairbar, mas consiste numa consolidação realizada pelos editores, ao reunirem textos escritos de sua autoria, na época esparsos e ainda não publicados, que foram encontrados após seu desencarne. No livro, não há menção explícita sobre a morte, mas, se desejarmos, podemos ver a mão de Cairbar oferecendo mais um legado à posteridade, quando, mesmo já não estando entre os “vivos”, pode ter sugerido a elaboração desta obra, em mais uma demonstração da inexistência da morte. Além disso, o batismo pode ser visto simbolicamente como o momento do nascimento da criança perante a comunidade, ou seja, mais uma vez a vida prevalecendo.

Destas poucas citações selecionadas, pois que há muitas outras, percebe-se o quão distante da morte viveu o Apóstolo de Matão. Certamente aqueles que tiveram o privilégio de desfrutar de seu convívio devem ter sentido esta pujança de vida ao longo da existência de tão singular Espírito.

A ideia da perpetuidade da vida foi muito clara para Cairbar, porquanto, poucas horas depois de sua desencarnação, em mais um atestado eloquente da imortalidade, reapareceu e pela mediunidade de Urbano de Assis Xavier nos deixou outra inolvidável pérola: “Vivi, vivo e viverei, porque sou imortal.”

Rogério Miguez

Engenheiro, articulista e expositor,
atuando no movimento espírita em São José dos Campos-SP.



Artigo originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo,
edição de setembro-2018

Saiba mais sobre Cairbar Schutel pela
Enciclopédia Espírita Online.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Videopalestra "Natal simbólico", com Artur Valadares


Recebemos a sugestão da seguinte palestra e, então, temos a alegria de compartilhar com os nossos amigos as reflexões oferecidas pelo nosso confrade espírita Artur Valadares sobre o "Natal simbólico", em evento realizado na Sociedade Espírita Allan Kardec de Ibaté - SP, no dia 12/12/2018.

Confira a exposição pela janela adiante:

A referida palestra, portanto, está em sintonia com a nossa campanha Natal com Jesus, à qual convidamos a todos a participar, por exemplo, compartilhando com familiares e amigos as ideias que propomos para as comemorações de mais um aniversário de Jesus, relembrando e redescobrindo o significado de sua passagem na Terra com a missão de nos trazer a Boa Nova, o Evangelho, além de profetizar o advento da Doutrina Espírita.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Campanha Natal com Jesus

 


Portal Luz Espírita está levantando a campanha para a promoção do verdadeiro significado das festividades natalinas, que é exatamente a comemoração do nascimento de Jesus de Nazaré e Cristo, Messias enviado por Deus para renovar a Humanidade.

Não é, portanto, nenhuma inovação, mas um resgate, uma vez que o sentido desta data tão sublime tem sido deturpada, redirecionando seu significado para propósitos materialistas, ornados com símbolos e slogans totalmente desconexos com esse maravilhoso momento de excelsitude espiritualista.

Ajude-nos a divulgar essa ideia compartilhando com a hashtag

#NatalComJesus

Saiba mais clicando aqui