segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Artigo "Esquecimento do passado não é apertar a tecla delete", por Paulo da Silva Neto Sobrinho



“O gênio […] é fruto de longa experiência em muitas vidas. Algumas almas são mais velhas do que outras e, por isso, sabem mais…”
Henry Ford

Equivocadamente algumas pessoas pensam que o esquecimento do passado seja algo como apertar a tecla delete do teclado do seu notebook. Às vezes, dizem que ao nascer o Espírito é “uma página em branco”; sim, é fato, mas não de um livro com todas as páginas em branco, mas já com milhares de páginas escritas, onde se encontram gravadas em sua memória integral, o inconsciente, toda a sua evolução intelectual e moral.

O notebook, que usamos como exemplo, tem duas memórias: ROM e RAM:

As memórias ROM (Read-Only Memory – Memória Somente de Leitura) recebem esse nome porque os dados são gravados nelas apenas uma vez. Depois disso, essas informações não podem ser apagadas ou alteradas, apenas lidas pelo computador, exceto por meio de procedimentos especiais. […].

As memórias RAM (Random-Access Memory – Memória de Acesso Aleatório) constituem uma das partes mais importantes dos computadores, pois são nelas que o processador armazena os dados com os quais está lidando. Esse tipo de memória tem um processo de gravação de dados extremamente rápido, se comparado aos vários tipos de memória ROM. […]. (1) (grifo nosso)

Podemos, por comparação, dizer que, semelhante ao notebook, o ser humano tem duas memórias: memória integral, que corresponderia à ROM, e a memória atual, relacionada a RAM.

Curioso é o que aparece nos relatos de Espíritos e nos de pessoas que passaram por uma EQM – Experiência de Quase Morte, que, em tempo muito curto, viram, como se fosse um filme, todos os atos de sua vida, tal e qual um programa de texto que o lê, antes de gravá-lo na memória ROM.

Em O Livro dos Espíritos, 2º Livro, cap. IV, tópico “Ideias inatas”, temos esclarecimento quanto aos conhecimentos inatos:

218. O Espírito encarnado conserva algum vestígio das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores?
“Resta-lhe uma vaga lembrança, que lhe dá o que se chama ideias inatas.”

218-a. A teoria das ideias inatas não é, portanto, uma quimera?
“Não; os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; liberto da matéria, o Espírito sempre se recorda. Durante a encarnação, pode esquecê-los em parte, momentaneamente; mas a intuição que deles guarda lhe auxilia o progresso, sem o que estaria sempre a recomeçar. Em cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se encontrava em sua existência anterior.” (2)

A prova de que os conhecimentos anteriores não se perdem, ao contrário se manifestam, vamos encontrar, especialmente, nas pessoas que vemos como homens de gênio.

Em A Gênese, cap. I, item 5, Allan Kardec (1804-1869) explica-nos:

"Mas quem são esses homens de gênio? Por que são gênios? De onde vieram? Como se tornaram? Notemos que a maioria deles possui, desde o nascimento, faculdades transcendentes e alguns conhecimentos inatos que, com pouco esforço, desenvolvem. De fato, eles pertencem à humanidade, pois nascem, vivem e morrem como nós. Pois, então, de onde adquiriram esses conhecimentos que não puderam aprender durante a vida? Pode-se dizer, como fazem os materialistas, ter o acaso dado a eles matéria cerebral em maior quantidade e de melhor qualidade? Neste caso, não teriam mais mérito que um legume maior e mais saboroso que os outros.

"Diremos, como certos espiritualistas, que Deus dotou os gênios de uma alma mais favorecida que a das pessoas comuns? Essa suposição é igualmente ilógica, pois qualificaria como parcial. A única solução racional desse problema está na preexistência da alma e na pluralidade das existências. O homem de gênio é um Espírito que, tendo vivido mais tempo, conquistou e progrediu mais do que os menos adiantados. Ao se encarnar, traz consigo o que sabe. Por saber mais que os outros, sem precisar aprender, é chamado de gênio. Contudo, seu saber é fruto de um trabalho anterior, e não resultado de um privilégio. Antes de renascer, já era um Espírito adiantado; reencarna para fazer os outros aproveitarem seu conhecimento, ou para progredir ainda mais." (3)

Retornando à obra O Livro dos Espíritos, destacamos, respectivamente, dois comentários de Allan Kardec sobre as respostas dos Espíritos superiores às questões 393 e 399:

"Embora em nossa vida corpórea não nos lembremos com exatidão do que fomos e do que fizemos de bem ou de mal nas existências anteriores, temos a intuição de tudo isso, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do nosso passado, tendências contra as quais a nossa consciência, que é o desejo que sentimos de não mais cometer as mesmas faltas, nos adverte para resistir." (4)

"Embora o homem não conheça os próprios atos que praticou em suas existências anteriores, sempre pode saber qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual era o caráter dominante. Basta estudar a si mesmo e julgar do que foi, não pelo que é, mas pelas suas tendências." (5)

Então, evidencia-se que, de fato, não somos uma página branca em um livro em branco, mas trazemos, via reminiscências, todo o nosso passado que deságua sobre a personalidade atual como tendências, às quais é impossível fugir. Devemos nos esforçar para eliminar as más, visando sobressair somente as boas.

Na Revista Espírita 1858, mês de fevereiro, Allan Kardec publica o artigo “Diferentes ordens de Espíritos” no qual apresenta a classificação dos Espíritos conforme a ordem a que pertencem. Vamos destacar os de segunda ordem – bons Espíritos:

"Caracteres gerais. – Predominância do Espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e o seu poder para fazerem o bem estão em razão do grau que alcançaram: uns têm a ciência, os outros a sabedoria e a bondade; os mais avançados unem o saber às qualidades morais. Não estando, ainda, completamente desmaterializados, conservam, mais ou menos, segundo sua classe, os traços da existência corporal, seja na forma da linguagem, seja em seus hábitos, onde se encontram mesmo algumas das suas manias; de outro modo, seriam Espíritos perfeitos." (6)

Importante a informação de que somente os Espíritos puros não conservam os traços da existência corporal, seja na forma da linguagem, seja em seus hábitos e algumas manias. O que vem significar que todos os Espíritos de segunda e terceira ordem trazem consigo tudo isso. Logo, quando reencarnam, apresentam todas essas características. Como? Na forma de reminiscências instintivas, ou seja, manifestam-se como tendências.

Na Revista Espírita 1859, mês de março, Allan Kardec diz que “[…] Estamos persuadidos de que devemos ter reminiscências de certas disposições morais anteriores; diremos até que é impossível que seja de outro modo, pois o progresso não se realiza senão gradualmente. […].” (7)

De O que é o Espiritismo, publicado em julho/1859, no tópico “Esquecimento do Passado”, destacamos este argumento de Allan Kardec:

"É assim que, reencarnando, o homem traz por intuição e como ideias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade. Digo em moralidade porque, se no curso de uma existência ele se melhorou, se soube tirar proveito das lições da experiência, se tornará melhor quando voltar; seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais firmeza; longe de ter de recomeçar tudo, ele possui um fundo que vai sempre crescendo e sobre o qual se apoia para fazer maiores conquistas." (8) (grifo nosso)

Allan Kardec, como se vê, mantém-se firme na mesma linha de raciocínio, certamente, calcada nos ensinamentos dos Espíritos superiores.

Em Obras Póstumas, no artigo “Minha missão”, buscando confirmação do que lhe fora dito antes, pergunta ao Espírito Hahnemann: “Outro dia, disseram-me os Espíritos que eu tinha uma importante missão a cumprir e me indicaram o seu objeto. Desejaria saber se confirmas isso.” Cuja resposta foi:

"– Sim e, se observares as tuas aspirações e tendências e o objeto quase constante das tuas meditações, não te surpreenderás com o que te foi dito. Tens que cumprir aquilo com que sonhas desde longo tempo. É preciso que nisso trabalhes ativamente, para estares pronto, pois mais próximo do que pensas vem o dia." (9)

Então, a missão de Allan Kardec de trazer à Humanidade a revelação espírita, entre vários fatores, tem relação direta com as suas aspirações e tendências, provando, portanto, que nossas experiências reencarnatórias são como tijolos na construção de um edifício.

Assim, como existiram (ou ainda existe?) os caçadores da arca perdida, semelhantemente, no meio espírita, encontramos os “caçadores de reencarnações de personalidades”. Esse fato em si, não é um grande problema, já que a reencarnação é um dos princípios basilares do Espiritismo, o que torna isso fora de propósito é quando não apresentam elementos de prova que possam ligar os todos os candidatos envolvidos pela semelhança de tendências de seus supostos personagens anteriores.

Isso demonstra, que, apesar de se apresentarem como profundos conhecedores da Doutrina Espírita, estão bem longe disso, pois apenas elaboram uma lista de personagens sem entretanto apresentar as tendências que possam ligá-los uns aos outros, obedecendo, obviamente, ao fato de que “A cada nova existência, o Espírito dá um passo adiante na estrada do progresso. […].” (10)


1) INFOWESTER, Memória RAM e ROM, disponível em: 

2 KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 136.

3 KARDEC, A Gênese, p. 44.

4 KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 203.

5 KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 206.

6 KARDEC, Revista Espírita 1858, p. 41.

7 KARDEC, Revista Espírita 1859, p. 70.

8 KARDEC, O Que é o Espiritismo, p. 115.

9 KARDEC, Obras Póstumas, p. 309.

10 KARDEC, O Livro dos Espíritos, p. 120


Paulo da Silva Neto Sobrinho
jul/2020.

Revisores:
Hugo Alvarenga Novaes
Rosana Netto Nunes Barroso.


Referências bibliográficas:

KARDEC, A. A Gênese. São Paulo: FEAL, 2018.

KARDEC, A. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Brasília: FEB 2013.

KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2001.

KARDEC, A. Revista Espírita 1858. Araras (SP): IDE, 2001.

KARDEC, A. Revista Espírita 1859. Araras (SP): IDE, 1993.



Teatro espírita online: "Memórias de um suicida"

 

Recebemos a indicação de um espetáculo teatral espírita, via transmissão pela internet, baseado no livro homônimo à peça: Memórias de um suicida, um clássico da literatura mediúnica, ditado pelo Espírito Camilo Cândido Botelho (pseudônimo para o célebre escritor português Camilo Castelo Branco) e psicografado pela extraordinária médium Yvonne do Amaral Pereira, livro esse, editado pela Editora FEB (Federação Espírita Brasileira).

A peça é escrita e dirigida por Alan Moraes e terá transmissão ao vivo nos sábados 12 e 19 de setembro, às 18h, acessível pela plataforma virtual Zoom (para celulares, tablets e PCs) mediante a aquisição de ingresso virtual.

O release do espetáculo que recebemos diz:

Neste espetáculo inédito baseado na grande obra de Yvonne A. Pereira, Camilo Cândido Botelho, pseudônimo de autor Camilo Castelo Branco, descreve a famosa médium Yvonne A. Pereira e sua dolorosa experiência pós-morte pelo suicídio. 

O espetáculo traz não somente um “apelo à valorização pela vida” mas também trata da grandeza da Misericórdia Divina para com os suicidas. Esta obra, que é uma das mais significativas obras sobre o tema, nos oferece a oportunidade de conhecer o Universo e a vida em sua plena concepção.

A imortalidade da alma e  a moral cristã são temas confortadores aos corações em sofrimentos, bem como outros temas relevantes estudados para a compreensão de que “nenhuma tentativa para o reerguimento moral será eficiente se continuarmos presos à ignorância de nós mesmos”.
A morte não é o fim e há um caminho de reconstrução para todos.

Um belíssimo espetáculo que proporcionará ao público uma imersão nos valores cristãos e nos ensinamentos da Caridade e o Amor.

UMA GRANDE HISTÓRIA, UMA LINDA MONTAGEM TEATRAL, DIRETO EM SUA CASA!

Clique aqui para adquirir ingresso virtual.


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Berthe Fropo na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas



Por ocasião da live especial sobre o histórico livro Muita Luz (Beaucoup de Lumière) de Berthe Fropo, do programa Resenha Espírita, com Allê de Paula entrevistando Ery Lopes, uma série de novidades veio a público envolvendo a biografia da referida escritora (confira o vídeo do programa pela janela do YouTube logo a seguir).


Num esforço colaborativo, finalmente foi confirmado os dados de nascimento e morte de Berthe Fropo: 4 de outubro de 1821, em Sarreguemines, Nordeste da França - 9 de novembro de 1898, em Paris, capital francesa. Carlos Seth, o CSI do Espiritismo, localizou o registro de óbito de Fropo (ver página 24 do livro de registros Paris Archives, n° 1683), conforme mostra a imagem abaixo:

Registro de óbito de Berthe Fropo

Seth encontrou ainda a certidão de casamento de Berthe e Augustin Fropo, em 1 de setembro de 1846 (fonte Paris Archives, pág. 26), cuja imagem reproduzimos adiante:

Certidão de casamento de Berthe e Augustin-Joseph Fropo

Por sua vez, Wanderlei dos Santos, do site Autores Espíritas Clássicos, deu-nos a conhecer que a nossa Femme Forte não foi esquecida pelos "espíritas sinceros" em seu retorno à pátria espiritual, já que o periódico Le Progrès Spirite (Progresso Espírita), editado pelo bravo kardecista Laurence de Faget (outro personagem que carece ser melhor apreciado pela Historiografia Espírita), cuidou de registrar as devidas honrarias, dizendo: "A sua firmeza de alma não excluía a bondade: quantos infelizes foram consolados, amparados, ajudados por ela, material e moralmente!" (Le Progrès Spirite, novembro de 1898, pág. 175), conforme se pode ver pela próxima fotocópia:


E para fechar com chave do ouro, Adair Ribeiro, do site Allan Kardec Online (AKOL) confirmou o que até então era uma suposição, de que Berthe Fropo realmente participava da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o centro espírita fundado por Allan Kardec, confirmação essa obtida através de manuscritos históricos agora públicos, conforme a postagem na fanpage da AKOL, que aqui replicamos com satisfação:


Manuscritos comprovam que Berthe Fropo frequentava a SPEE

Após a excelente “live” do nosso querido amigo Ery Lopes, realizada na noite de ontem, no bate papo “Resenha Espírita #46” com Allê De Paula - https://www.facebook.com/watch/?v=2384391778524339&extid=TxRY5hddRmCxrtHk, onde o principal tema discutido foi o opúsculo “Beaucoup de Lumière” (Muita Luz) de Berthe Fropo, gostaríamos de apresentar de forma inédita alguns manuscritos que tratam deste assunto.

Mas antes, vamos trazer algumas informações dos tradutores desta obra sobre a senhora Fropo (vide foto):

“Tão desconhecida de nós quanto Beaucoup de Lumière era a sua autora, a Madame Berthe Fropo. Corrijamos isso, fazendo jus a sua contribuição ao Espiritismo.

"O que é de se lamentar, temos poucas informações sobre esta femme forte, como a qualificou o escritor Adriano Calsone.

"O que apuramos até o momento é que ela nasceu Berthe Victoire Thierry de Maugras e herdou o último sobrenome ao casar-se com Augustin-Joseph Fropo (1820-1885) (vide foto a seguir).


"Seu esposo era um condecorado médico e cirurgião militar, além de bacharel em letras e ciências psíquicas, com relevante papel durante dois grandes eventos históricos na França: durante a Guerra Franco-Prussiana de 1871, foi nomeado médico-chefe do Hospital militar de Versailles; e durante a Comuna de Paris agiu corajosamente em favor dos prisioneiros insurgentes. Tudo indica que eles não tiveram filhos, já que seus herdeiros foram dois sobrinhos.

"No mais, sabemos o que encontramos na sua própria brochura. Fropo era uma espírita atuante, fiel aos ideais de Allan Kardec e, além de vizinha, a sustentação diária de Améllie Boudet depois da desencarnação do codificador do Espiritismo. Aliás, foi através de Beaucoup de Lumière que tomamos nota dos detalhes do acidente fatal que resultou no desencarne de Madame Kardec.

"Como desdobramento de sua atuação na pugna às invigilâncias de Leymarie na direção do movimento espírita francês, Madame Berthe Fropo assumiu a vice-presidência da União Espírita Francesa, cuja fundação, em 24 de dezembro de 1882, foi instigada por mensagens mediúnicas conferidas ao Espírito Allan Kardec, através de subsequentes sessões mediúnicas realizadas na residência da viúva do codificador, em Villa Ségur.

"Com a concordância de Améllie Boudet, Gabriel Delanne e Berthe Fropo é lançado um plano doutrinário, marcando a revitalização dos projetos para a continuação das obras de Kardec, que, nesta altura, haviam sido adulterados por Leymarie, que jazia sob o guante da influência de ideologias imponderadas, como a do Roustainguismo e — ainda mais intimamente — a da emblemática seita teosófica de Madame Blavatsky e do Coronel Olcott.


"Madame Berthe Fropo (vide foto acima) ficaria viúva um ano após o lançamento de seu colossal opúsculo. Sem filhos ou outra atribuição que se conheça, não lhe restaria senão empregar todas as suas energias à causa da sociedade da qual era diretora e ao seu órgão oficial de imprensa, o jornal O Espiritismo. E pela pujança com que a identificamos em Beaucoup de Lumière, ela seguramente o fez com ousadia e muita disposição.

"Assim sendo, reiteramos o valor desta publicação e almejamos que nosso esforço em traduzi-la atenda aos ditames do apreço dos confrades espíritas a todos aqueles que tanto carinho e dedicação devotaram ao Espiritismo, motivando-nos a dar continuidade à superlativa obra codificada por Allan Kardec.

"A seguir, portanto, a primeira parte, contendo a nossa tradução de Beaucoup de Lumière, em seguida a transcrição do texto original em francês e, finalmente, um epílogo de nossa autoria.”

Para baixar o pdf do livro: 


Na entrevista de ontem, Ery Lopes declarou que faltavam fontes necessárias para comprovar que Berthe Fropo realmente havia frequentado a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

A informação que constava no livro Beaucoup de Lumière, lançado em 1884 onde a senhora Fropo escreve que - “Havia quinze anos eu não ia a qualquer reunião espírita, eu vivia completamente alheia” - não seria suficiente para atestar qualquer relação da autora do livro com a SPEE.


Apresentamos, de forma a agregar informações às pesquisas até aqui efetuadas, o livro de presença da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – SPEE (imagem acima) do período de 3/6/1864 a 28/7/1865, pertencente ao acervo do museu virtual AKOL – AllanKardec.online, que traz a resposta e a comprovação necessária que o pesquisador Ery Lopes buscava.

Localizamos a presença da senhora Fropo em pelo menos quatros sessões da Sociedade Parisiense (vide fotos), a saber: 10 de fevereiro de 1865; 28 de abril de 1865; 26 de maio de 1865 e 9 de junho de 1865.





Esperamos, com isso, poder ter ajudado e agregado mais um tijolinho na construção das pesquisas desenvolvidas por outros pesquisadores. Esta é a função e o objetivo de tornar público os acervos existentes: Resgatar a historiografia do Espiritismo fundamentada em fontes primárias.

Agradecimentos ao CSI do Espiritismo por haver indicado estas informações.

Referências:
1. Lista de presença dos Ouvintes da SPEE – 3/6/1864 a 28/7/1865 – pertencente ao acervo do museu AKOL – AllanKardec.online;



Para mais detalhes sobre a biografia de Berthe Fropo, ver seu verbete na Enciclopédia Espírita Online, que brevemente receberá uma edição para registrar essas novidades.

Acompanhe-nos pelo Twitter (https://twitter.com/LuzEspirita) e fique bem informado sobre notas e notícias do movimento espírita.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Lançamento do Projeto Allan Kardec da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG


Uma notícia extraordinária veio para agitar o movimento espírita: o lançamento do Projeto Allan Kardec da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora, do Estado de Minas Gerais, projeto esse que está reunindo um grande acervo de documentos originais diretamente ligados à Doutrina Espírita, dentre os quais manuscritos de Allan Kardec e suas correspondências, recuperados, traduzidos e devidamente contextualizados, para ser disponibilizado livremente a todo o público, constituindo assim o que será a maior e melhor fonte de pesquisa historiográfica do Espiritismo, amparada pelo critério científico.

Para marcar esse lançamento histórico e especial para todos nós, espíritas, os profissionais responsáveis pelo projeto vão fazer uma transmissão ao vivo, pelo canal TV NUPES no YouTube, na próxima terça-feira, 1 de setembro, às 19h.

Vejamos o release do projeto que recebemos:

UFJF lança portal com manuscritos de Allan Kardec A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lança, na próxima terça-feira (1º de setembro), em evento virtual, às 19 horas, o portal do Projeto Allan Kardec, que reúne manuscritos originais de Allan Kardec (1804-1869), pensador francês que desenvolveu investigações sobre fenômenos psíquicos/espirituais e fundou uma filosofia espiritualista à qual deu o nome de Espiritismo. O evento de lançamento poderá ser acompanhado ao vivo pela TV NUPES no YouTube, em: https://youtu.be/fVpFmp9hdc4.

Apesar da grande influência de Kardec no Brasil, as pesquisas acadêmicas sobre ele e sua obra têm uma significativa limitação: a quase total ausência de fontes primárias de estudo, afora as obras que ele publicou. Agora, mais de 150 anos após sua morte, serão tornados públicos muitos de seus manuscritos originais.

“O portal reúne cartas escritas e/ou recebidas por Kardec, além de material de trabalho, como textos reflexivos e preces que ele escrevia de próprio punho”, informa o professor Klaus Chaves Alberto, um dos coordenadores do Projeto Allan Kardec, que reúne 13 pesquisadores, da UFJF, do ITA, da Unicamp e do IF Sudeste MG, e mais de 20 colaboradores.

Segundo o professor Klaus, em seu lançamento, o portal disponibilizará 50 manuscritos coletados na França, pelo pesquisador brasileiro Silvino Canuto de Abreu (1892-1980), em meados do século XX. Atualmente, esse material está conservado no Centro de Documentação e Obras Raras da Fundação Espírita André Luiz (Guarulhos-SP).

Para cada manuscrito, será apresentada versão digitalizada do original, bem como sua transcrição em francês e a tradução para o português. O site será constantemente atualizado. Serão disponibilizadas centenas de manuscritos à medida que a universidade for recebendo novos materiais de instituições ou de indivíduos que detenham algum documento relevante.

“A função do portal é reunir, traduzir e divulgar gratuitamente manuscritos e documentos originais de Allan Kardec. Já estamos em negociação com o Museu AKOL – Museu Allan Kardec Online –, que também detém um grande número de manuscritos. Eles já estão sendodigitalizados e serão disponibilizados em breve para consulta. Com o apoio de todos, deveremos levar ao público, em breve, centenas de documentos inéditos”, garante o professor.

Além dos manuscritos, o portal trará informações que ajudarão a contextualizar a leitura desse material. “Está em processo a criação de minibiografias das pessoas citadas nas cartas e com as quais Kardec mantinha contato. É um material muito importante para os investigadores que trabalham com esse período histórico.” 

Segundo Klaus, o portal também listará trabalhos científicos publicados sobre Allan Kardec e tem como meta se tornar referência para pesquisas em todo o mundo sobre o tema.


Francês mais lido no Brasil

A filosofia espiritualista concebida por Allan Kardec se disseminou no Brasil, predominantemente, como um sistema religioso.

Atualmente, os espíritas representam o terceiro maior grupo religioso do Brasil, e Allan Kardec se tornou um dos pensadores franceses de maior influência entre os brasileiros. Milhões de exemplares de seus livros já foram impressos no país; ele é provavelmente o autor francês mais lido no Brasil.

“Kardec é muito conhecido no Brasil por esse viés religioso. Existe um crescente número de estudos acadêmicos no Brasil e no exterior, em diversas áreas do conhecimento, que abordam sua vida, suas obras ou mesmo o contexto de suas investigações no século XIX.”

O professor Klaus acredita no impacto acadêmico do portal do Projeto Allan Kardec, da UFJF, que é inspirado em outros dois projetos bem-sucedidos: o “The Newton Project”, da Universidade de Oxford, que, além de textos científicos, disponibiliza dezenas de conteúdos religiosos escritos por Isaac Newton; e o “Darwin Correspondence Project”, da Universidade de Cambridge, que apresenta a correspondência de Charles Darwin, além de textos sobre diversos estudos e temas, incluindo muitos sobre ciência e religião.

“O portal permitirá o acesso público a centenas de manuscritos originais de Allan Kardec nunca publicados e se tornará a principal fonte primária para estudos sobre o fundador da filosofia espírita”, diz Klaus.


Evento contará com pesquisadores do Brasil e França

O evento de lançamento do portal do Projeto Allan Kardec contará com a apresentação de estudos acadêmicos sobre o pensador francês, sua obra e seu impacto. Também serão apresentados o site e suas funcionalidades. Ao término do evento, o portal ficará disponível ao público.

Abaixo, temas e pesquisadores do evento de lançamento:

Allan Kardec – perfil e legado

Pesquisadora do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), Paris, França. Autora de mais de 100 artigos e três livros, entre eles, La table, le livre et les esprits. Paris: Éditions Jean-Claude Lattès, 1990.
Breves notas sobre a recepção e o estudo acadêmico da obra de Kardec no Brasil

Professor Titular do Departamento de Ciência da Religião e do seu Programa de Pós-Graduação na UFJF. É pesquisador bolsista de produtividade do CNPq. Pesquisa o fenômeno religioso do Espiritismo no Brasil há cerca de 20 anos.
De professor cético a codificador da doutrina espírita: o que transformou o professor Rivail em Allan Kardec?

Jornalista e escritor, autor de 10 livros, entre eles as biografias de Chico Xavier e de Allan Kardec, adaptadas para o cinema. Roteirista e diretor da Rede Globo, é cocriador de programas de sucesso como “Profissão Repórter”, com Caco Barcellos, e “Na Moral”, com Pedro Bial.
A proposta de Kardec para pesquisa da dimensão espiritual

Graduação em História pela Uerj, Mestrado em Saúde pelo Nupes-UFJF e Doutorado em História pela Uerj. Professor de História do Colégio Naval.


Projeto Allan Kardec/UFJF

Link para o evento de lançamento do portal do Projeto Allan Kardec: 

O portal poderá ser acessado a partir do final do evento de lançamento, pelo endereço:

NUPES - Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da UFJF :


Então, já temos um compromisso para a próxima terça-feira, 1 de setembro, às 19h: transmissão do lançamento do projeto Allan Kardec, via YouTube (link direto para o evento).

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Evento especial "Amigo Espírita Chico Xavier"

"AMIGO ESPIRITA CHICO XAVIER"
Realização:  Rede Amigo Espírita – RAETV / Apoio: Zook Comunicação


NÃO PERCA!!!

Nos dias 22 e 23 de agosto de 2020, o MEGA EVENTO ESPIRITAon line, em homenagem aos 110 anos de nascimento de “CHICO XAVIER.”

Reunimos alguns de seus amigos, pessoas que se inspiram na sua vida e obra, e que estão levando a sua mensagem para a literatura, a arte, a ciência, o cinema, o teatro e a música. 

Pela primeira vez, no segmento Espírita, um evento on line, no formato de lives, com 24 horas de duração, intercala palestras, bate papo e música, reunindo convidados especiais e com transmissão simultânea em diversos canais. 

Com mais esse evento, o movimento espírita no Brasil, reconhece a importância da maravilhosa obra do médium Chico Xavier, estendendo a compreensão e os ensinamentos da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec.

Serão momentos marcantes, nesse megaevento, com a participação de convidados especiais e destaques da música Brasileira, entre eles, o cantor e compositor Fábio Júnior, emocionando a todos com a canção que fez para o Chico, e será lembrada nesse dia. Chico receberá de todos que acompanharem o evento, vibrações de profunda gratidão. 

Convidamos você e sua família, e todos os simpatizantes do Espiritismo, para celebrarmos juntos a memória do 'Cisco de Luz', o nosso Chico, que está gravada em nossos corações. 

Convide também seus amigos e familiares, e vamos, juntos, formar essa corrente de amor e participar desse lindo momento de celebração!

Esperamos você lá no canal do Youtube da Rede Amigo Espírita.

Veja a programação completa:

Programação do dia 22 de agosto (imagem encerramento)
 
 CHICO E SUA NOBRE VIDA
Tema: “Chico Xavier árdua ascensão”.
Palestrante:  Carlos Alberto Braga
Horário: 08h30 às 09h30
 
ATRAÇÃO MUSICAL
Cantora: Cacá Resende
Horário: 09h30 às 10h00
 
CHICO E SUA OBRA
Tema: “Chico Xavier e a educação do Ser”.
Bate Papo Fraterno com: Rossandro Klinjey, Jaime Ribeiro, Rafael Papa e Gustavo Gandolfi 
Horário: 10h00 às 11h30
 
ATRAÇÃO MUSICAL
Cantora: Anatasha Mekena
Horário: 14h00 às 14h30
 
CHICO E O EVANGELHO 
Tema: “Chico e o Evangelho”.
Palestrante: Simão Pedro
Horário: 14h30 às 15h30
 
CHICO E A LITERATURA 
Tema: “As Vidas de Chico Xavier”.
Palestrante: Marcel Souto Maior
Horário: 15h30 às 16h30
 
CHICO E O CONSOLADOR 
Tema:  "A obra e a vida de Chico Xavier e o Consolador prometido".
Palestrante: Saulo César
Horário: 17h00 às 18h00
 
CHICO E O CINEMA 
Tema: “Chico e o Cinema”.
Bate papo Fraterno com: Marcel Souto Maior, Wagner de Assis, Renato Pietro e Magali Bischoff
Horário: 18h00 às 19h00
  
CHICO E A PSICOGRAFIA 
Tema: “Cartas familiares”.
Palestrante: Célia Diniz
Horário: 19h00 às 20h00
 
CHICO E A MEDIUNIDADE
Tema: “O médium Chico Xavier”.
Palestrante:  Wagner Paixão 
Horário: 20h00 às 21h30
 
ATRAÇÃO MUSICAL ESPECIAL– ENCERRAMENTO (SÁBADO)
Convidado Especial: Fábio Júnior
Depoimento e Música: “Chico Xavier”
Horário: 21h30 às 22h00
 
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PROGRAMAÇÃO DIA 23 AGOSTO – DOMINGO

CHICO E A TAREFA COM EMMANUEL 
Tema: “Emmanuel trajetória espiritual e atuação com Chico Xavier”.
Palestrante:  Antônio César Perri de Carvalho  
Horário: 9h00 às 10h00

CHICO E A PSICOGRAFIA  
Tema: “Cartas Consoladoras”.
Palestrante: Alberto Almeida  
Horário: 11h30 às 12h30

ATRAÇÃO MUSICAL 
Cantora: Evandro Olivah
Horário: 13h00 às 14h00 

CHICO E A CIÊNCIA  
Tema: “Aspectos científicos das obras de Chico Xavier “.
Palestrante:  Décio Iandoli Jr.
Horário: 14h00 às 15h30

CHICO E EMMANUEL 
Tema: “Emmanuel e Chico – Um vínculo de luz”.
Palestrante:  Suely Caldas Schubert  
Horário: 15h30 às 16h30

RECORDAÇÕES DE CHICO   
Tema: “Recordações de Chico Xavier “.
Bate papo Fraterno com: Heloísa Pires, Eliana Barbosa, Quincas Veloso e Antônio César Perri de Carvalho
Horário: 16h30 às 18h00

CHICO E O EVANGELHO  
Tema: "Chico Xavier em Uberaba: Um Evangelho vivo"
Palestrante:  Aluízio Elias 
Horário: 18h00 às 19h00

CHICO E A ECOLOGIA  
Tema: "Ecologia na obra de Chico Xavier".
Palestrante:  André Trigueiro
Horário: 19h00 às 20h30

ATRAÇÃO MUSICAL ESPECIAL– ENCERRAMENTO (DOMINGO)
Convidado Especial: Plínio Oliveira –Sinfonia do Amor
Música: "Um Cisco”
Horário: 20h30 às 21h00 

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Realização e transmissão do evento: Rede Amigo Espirita/RAETV


Evento 100% gratuito
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Informações e artes do evento: magalibischoff@gmail.com 
Contato: (11) 98912-9798
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Fonte: Zook eventos


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

"O aborto numa visão espírita", via revista Reformador


A polêmica dos dias correntes no cenário nacional é a questão do aborto, trazida mais uma vez à tona em decorrência do caso de uma menina de dez anos, do Estado do Espírito Santo, que foi submetida ao procedimento abortivo depois de ficar grávida, vítima de violência sexual do próprio tio, que confessou tê-la estuprado (veja reportagem do portal de notícias G1). Diante disso, convém, mais uma vez, trazer a todos reflexões espíritas a respeito do aborto.

Como subsídio para nossas reflexões, reproduzimos aqui um artigo publicado na revista Reformador, publicação da Federação Espírita Brasileira, edição de fevereiro de 2000, páginas 30 a 33, disponível em versão online. Esse artigo é intitulado "O aborto na visão espírita", com suporte do lema "Campanha "Amor à vida! Aborto, não!". Para o título de nossa postagem, no entanto, renomeamos o título para "O aborto numa visão espírita", pois, ninguém sendo autorizado a falar direta e oficialmente pela Doutrina Espírita, por mais correta seja a explanação, a opinião de alguém, de uma revista ou qualquer outra mídia não terá mais que o valor de uma opinião, em meio a tantas outras. Em todo o caso, consideramos o referido texto uma boa referência para o debate.

Antes, porém, acrescentamos que o caso específico da menina capixaba envolve outra questão igualmente grave, que é o crime de estupro, que merece também uma análise apurada, o que faremos em outro momento. Contudo, de maneira geral, o presente artigo contempla as principais indagações a esse respeito, por exemplo, no que diz respeito à preocupação com a mãe, vítima do abuso sexual, ao que o texto sintetiza: "O direito à vida está, naturalmente, acima do ilusório conforto psicológico da mulher.".

Consideramos ainda evocar o bom senso de todos frente a estas questões; temos vivido tempos intensos, de muita exposição, especialmente em função das facilidades abertas pela internet, e com isso, infelizmente, vemos bastante aflorados os ânimos e descuido com a racionalidade. Então, enfatizando, busquemos nos instruir, sempre com a mente aberta, e motivados pelo espírito de caridade para com todos, porque, afinal, somos todos irmãos da fraternidade universal criada por Deus, todos passivos de erros, mas repletos de capacidades evolutivas rumo à perfeição, que por sua vez é uma determinação divina válida para todos, sem exceção.

Segue o artigo do Reformador:


O Aborto na visão Espírita

A Doutrina Espírita trata clara e objetivamente a respeito do abortamento, na questão 358 de sua obra básica O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

Pergunta – Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

Resposta – “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”.

Sobre os direitos do ser humano, foi categórica a resposta dos Espíritos Superiores a Allan Kardec na questão 880 de O Livro dos Espíritos:

Pergunta – Qual o primeiro de todos os direito naturais do homem?

Resposta – “O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”.


Início da Vida Humana

Para a Doutrina Espírita, está claramente definida a ocasião em que o ser espiritual se insere na estrutura celular, iniciando a vida biológica com todas as suas conseqüências. Na questão 344 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos Espíritos Superiores:

Pergunta – Em que momento a alma se uns ao corpo?

Resposta – “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

As ciências contemporâneas, por meio de diversas contribuições, vêm confirmando a visão espírita acerca do momento em que a vida humana se inicia. A Doutrina Espírita firma essa certeza definitiva, estabelecendo uma ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual, quando oferece registros de que o ser é preexistente à morte biológica.

A tese da reencarnação, que o Espiritismo apresenta como eixo fundamental para se compreender a vida e o homem em tua sua amplitude, hoje é objeto de estudo de outras disciplinas do conhecimento humano que, através de evidências científicas, confirmam a síntese filosófica do Espiritismo: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei.”

Assim, não se pode conceber o estudo do abortamento sem considerar o princípio da reencarnação, que a Parapsicologia também aborda ao analisar a memória extracerebral, ou seja, a capacidade que algumas pessoas têm de lembrar, espontaneamente, de fatos com elas ocorridos, antes de seu nascimento. Dentro da lei dos renascimentos se estrutura, ainda, a terapia regressiva a vivências passadas, que a Psicologia e a Psiquiatria utilizam no tratamento de traumas psicológicos originários de outras existências, inclusive em pacientes que estiveram envolvidos na prática do aborto.


Aborto Terapêutico

O procedimento abortivo é moral somente numa circunstância, segundo O Livro dos Espíritos, na questão 359, respondida pelos Espíritos Superiores:

Pergunta – Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mão dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

Resposta – “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.’
(Os Espíritos referem-se, aqui, ao ser encarnado, após o nascimento.)

Com o avanço da Medicina, torna-se cada vez mais escassa a indicação desse tipo de abortamento. Essa indicação de aborto, todavia, com as angústias que provoca, mostra-se como situação de prova e resgate para pais e filhos, que experimentam a dor educativa em situação limite, propiciando, desse modo, a reparação e o aprendizado necessários.


Aborto por Estupro

Justo é se perguntar, se foi a criança que cometeu o crime. Por que imputar-lhe responsabilidade por um delito no qual ela não tomou parte?

Portanto, mesmo quando uma gestação decorre de uma violência, como o estupro, a posição espírita é absolutamente contrária à proposta do aborto, ainda que haja respaldo na legislação humana.

No caso de estupro, quando a mulher não se sinta com estrutura psicológica para criar o filho, cabe à sociedade e aos órgãos governamentais facilitar e estimular a adoção da criança nascida, ao invés de promover a sua morte legal. O direito à vida está, naturalmente, acima do ilusório conforto psicológico da mulher.


Aborto “Eugênico” ou “Piedoso”

A questão 372 de O Livro dos Espíritos é elucidativa:

Pergunta – Que objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os idiotas? [entenda-se aqui a definição de "cretinos" e "idiotas" como deficientes físicos, limitação cerebral, nada tendo a ver com intelecto ou comportamento moral]

Resposta – “Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.”

Fica evidente, desse modo, que, mesmo na possibilidade de o feto ser portador de lesões graves e irreversíveis, físicas ou mentais, o corpo é o instrumento de que o Espírito necessita para sua evolução, pois que somente na experiência reencarnatória terá condições de reorganizar a sua estrutura desequilibrada por ações que praticou em desacordo com a Lei Divina. Dá-se, também, que ele renasça em um lar cujos pais, na grande maioria das vezes, estão comprometidos com o problema e precisam igualmente passar por essa experiência reeducativa.


Aborto Econômico

Esse aspecto é abordado em O Livro dos Espíritos, na questão 687:

Pergunta – Indo sempre a população na progressão crescente que vemos, chegará tempo em que seja excessiva na Terra?

Resposta – “Não, Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Ele coisa alguma inútil faz. O homem, que apenas vê um canto do quadro da Natureza, não pode julgar da harmonia do conjunto.”

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXV, a afirmativa de Allan Kardec é esclarecedora: “A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo, os bens que ela dá. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o momentânea supérfluo de um suprirá a momentânea insuficiência de outro; e cada um terá o necessário.”

Convém destacar, ainda, que o homem não é apenas um consumidor, mas também um produtor, um agente multiplicador dos recursos naturais, dominando, nesse trabalho, uma tecnologia cada vez mais aprimorada.


O Direito da Mulher

Invoca-se o direito da mulher sobre o seu próprio corpo como argumento para a descriminalização do aborto, entendendo que o filho é propriedade da mãe, não tem identidade própria e é ela quem decide se ele deve viver ou morrer.

Não há dúvida quanto ao direito de escolha da mulher em ser ou não ser mãe. Esse direito ela o exerce, com todos os recursos que os avanços da ciência têm proporcionado, antes da concepção, quando passa a existir, também, o direito de um outro ser, que é o do nascituro, o direito à vida, que se sobrepõe ao outro.

Estudos científicos recentes demonstram o que já se sabia há muito tempo: o feto é uma personalidade independente que apenas se hospeda no organismo materno. O embrião é um ser tão distinto da mãe que, para manter-se vivo dentro do útero, necessita emitir substâncias apropriadas pelo organismo da hospedeira como o objetivo de expulsá-lo como corpo estranho.


Consequências do Aborto

Após o abortamento, mesmo quando acobertado pela legislação humana, o Espírito rejeitado pode voltar-se contra a mãe e todos aqueles que se envolveram na interrupção da gravidez. Daí dizer Emmanuel (Vida e Sexo, psicografado por Francisco C. Xavier, cap. 17, ed. FEB): “Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões”.

Mulher e homem acumpliciados nas ocorrências do aborto criminoso desajustam as energias psicossomáticas com intenso desequilíbrio, sobretudo, do centro genésico, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que surgirão a tempo certo, o que ocorre não só porque o remorso se lhes estranha no ser mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero, de revolta e vingança dos Espíritos que a lei lhes reservava para filhos.

Por isso compreendem-se as patologias que poderão emergir no corpo físico, especialmente na área reprodutora, como o desaguar das energias perispirituais desestruturadas, convidando o protagonista do aborto a rearmonizar-se com a própria consciência.


No Reajuste

Ante a queda moral pela prática do aborto não se busca condenar ninguém. O que se pretende é evitar a execução de um grave erro, de consequências nefastas, tanto individual como socialmente, como também sua legalização. Como asseverou Jesus: “Eu também não te condeno; vai e não tornes a pecar.” (João, 8:11.)

A proposta de recuperação e reajuste que o Espiritismo oferece é de abandonar o culto ao remorso imobilizador, a culpa autodestrutiva e a ilusória busca de amparo na legislação humana, procurando a reparação, mediante reelaboração do conteúdo traumático e novo direcionamento na ação comportamental, o que promoverá a liberação da consciência, através do trabalho no bem, da prática da caridade e da dedicação ao próximo necessitado, capazes de edificar a vida em todas as suas dimensões.

Proteger e dignificar a vida, seja do embrião, seja da mulher, é compromisso de todos os que despertaram para a compreensão maior da existência do ser.

Agindo assim, evitam-se todas as conseqüências infelizes que o aborto desencadeia, mesmo acobertado por uma legalização ilusória. “O amor cobre a multidão de pecados”, nos ensina o apóstolo Pedro (I Epístola, 4:8).


II – Considerações Legais e Jurídicas

Alteração do Código Penal

Tramita no Congresso Nacional Projeto de Lei que altera o Código Penal Brasileiro, nos seus artigos 124 a 128, elaborado por uma comissão especialmente criada com esse fim, e que já recebeu a acolhida do Ministério da Justiça e da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

O Código vigente, Decreto-Lei 2.848, de 7-12-1940, pune o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124), o aborto provocado por terceiro (art. 125), o aborto provocado com o consentimento da gestante (art. 126), e prevê formas qualificadas em caso de superveniência de lesões graves ou morte da gestante (art. 127). No art. 128, expressa não ser punível o aborto praticado por médico: “(…) II – Se a gravidez resultante de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”, além, claro, daquele autorizado para salvar a vida da gestante (inciso I).

O anteprojeto de alteração do Código Penal Brasileiro vai além, em especial no seu artigo 128, com a ampliação de sua área de abrangência, ou seja, permitindo a prática do aborto: a) não só quando houver perigo de vida à gestante, mas também para, em caráter amplo, “preservar a saúde” da mulher (inciso I), ou b) não só em razão da gravidez originada de estupro, mas também quando a gravidez for resultado da “violação da liberdade sexual ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida” (inciso II) e c) quando houver fundada probabilidade de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais, mediante constatação e atestado afirmado por dois médicos (inciso III).

Dada a gravidade da questão, eis que as alterações propostas ampliam a descriminalização do aborto e implicam o poder de decidir sobre a vida de um ser humano já existente e em desenvolvimento no ventre materno, oferecendo à gestante inúmeras alternativas legais, não há como permanecer em silêncio, sob a pena de conivência com um possível procedimento que, frontalmente, fere o direito à vida, cuja inviolabilidade tem garantia constitucional. À vista dessas propostas, é necessário que se dê ênfase à responsabilidade assumida por todos quantos participem da perpetração do ato criminoso, desde a atividade legislativa e sua promulgação, convertendo em lei o leque abrangente da prática do abortamento, até quem o autoriza, com ele consente e o executa.

Vale notar que existem outros projetos de lei no Congresso sob o mesmo enfoque e, recentemente, o Sr. Ministro da Saúde, através de Norma Técnica, procurou antecipar a prática de procedimentos abortivos no sistema SUS.


O Direito À Vida

O direito à vida é amplo, irrestrito, sagrado em si e consagrado mundialmente. No que tange ao direito brasileiro, a “inviolabilidade do direito à vida” acha-se prevista na Constituição Federal (artigo 5º “caput”), o primeiro entre os direitos individuais, quando essa lei básica, com ênfase, dispõe sobre os direitos e garantias fundamentais.

O ser humano, como sujeito de direito no ordenamento jurídico brasileiro, existe desde a sua concepção, ainda no ventre materno. Essa afirmativa é válida porque a ciência e a prática médica, hoje, não têm dúvida alguma de que a criança existe desde quando fecundado o óvulo pelo espermatozoide, iniciando-se, aí, o seu desenvolvimento físico. Tanto correta é essa afirmativa que, no ordenamento jurídico brasileiro, há a previsão legal de que “a personalidade
civil do homem começa pelo nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” (artigo 4º do Código Civil – grifou-se). Entre esses direitos está, além daqueles que ostentem caráter meramente econômico ou financeiro, o primeiro e o mais importante deles, vale dizer, o direito à vida.

Surge, aqui, uma conclusão: a de que a determinação de respeito aos direitos do nascituro acentua a necessidade legal, ética e moral de existir maior e quase absoluta limitação da prática do abortamento. Uma exceção, apenas, há: quando for constado, efetivamente, risco de vida à gestante.

Essa limitação quase absoluta da permissibilidade do abortamento, com a exclusão da responsabilidade tão-somente no caso do inciso I do artigo 128 do atual Código Penal (risco de vida à gestante), afasta, moralmente, a possibilidade do abortamento em virtude do estupro (constrangimento da mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça), embora permitido no inciso II do dispositivo legal em tela. Isso porque, analisando-se o fato à luz da razão e deixando de lado, por ora, os reflexos do ato, na gestante, estar-se-ia executando autêntica pena de morte em um ser inocente, condenado sem que tivesse praticado qualquer crime e – o que se afigura pior e cruel -, sem que se lhe facultasse o direito de defender-se, direito esse conferido,legalmente e com justiça, até àqueles acusados dos crimes os mais hediondos.

Eis a razão do grito de repúdio ás propostas de alteração do Código Penal pátrio e, conseqüentemente, do alerta em defesa da vida, já que, no caso do abortamento, o destinatário do direito a ela se acha impossibilitado de exercê-lo. E mais: penalizam-se duas vítimas, a mãe que se submeterá ao abortamento, cuja prática pode gerar conseqüências físicas indesejáveis, além das de ordem psicológica, e o filho, cuja vida é interrompida, enquanto que o agressor, muitas vezes, remanesce impune, dadas as dificuldades que ocorrem, geralmente, na apuração da autoria do crime cometido.

Diante dessa situação, deve ser preservada a vida da criança como dádiva divina que é não obstante as circunstâncias que envolveram a sua concepção. Se, contudo, a mãe não se sentir com estrutura psicológica para aceitar um filho resultante de um ato sexual indesejado, a atitude que se afigura correta e justa é que se promova sua adoção por outrem, oferecendo-se a ele um lar onde possa ser criado e educado, enquanto é desenvolvido trabalho para reequilíbrio da mãe, com a superação (ainda que lenta e dolorosamente, mas saudável para seu crescimento moral, social e espiritual) dos efeitos nocivos do crime de que foi vítima. Não será, evidentemente, o sacrifício de um ser sem culpa, que desabrocha para a vida, que resolverá eventuais traumas da infeliz mãe, sem falar na possibilidade de sofrer ela as conseqüências físicas e psicológicas já referidas, além do reflexo negativo de natureza espiritual.

Há necessidade urgente de que se tenha consciência do crime que se pratica quando se interrompe o curso da vida de um ser. Não importa se, como no caso, esse curso esteja em sua fase inicial. Não se pode, conscientemente, acobertá-lo com o manto de questionável “legalidade”,

Cabe a cada um de nós amar a vida e dignificá-la, tanto quanto cabe aos homens públicos e, principalmente, aos legisladores e governantes criar as condições necessárias para que o respeito à vida e aos direitos humanos (inclusive do nascituro), a solidariedade e a ajuda recíproca sejam não só enunciados, mas praticados efetivamente, certos, todos, de que, independentemente da convicção religiosa ou doutrinária de cada um, não há dúvida de que somos seres criados por Deus, cujas Leis, entre elas, a maior, a Lei do Amor, regem nossos destinos.

Espera-se que, como resultado deste alerta que o quadro social está a sugerir, possa ser vislumbrada a gravidade contida nas alterações legislativas propostas. É urgente e necessário que todas as consciências responsáveis visualizem, compreendam e valorizem o cerne do problema em questão – o direito à vida -, somando-se, em conseqüência, àqueles muitos que, em todos os segmentos da sociedade, o defendem intransigentemente.

A análise e as conclusões aqui expostas, como decorrência lógica do pensamento espírita-cristão sobre o aborto, representam contribuição à ética, à moral e ao direito do ser humano à vida. Não há, no contexto desta mensagem, a pretensão de que todos que a lerem aceitem os princípios do Espiritismo. Espera-se, todavia, confiantemente, que haja maior reflexão sobre tão importante assunto, notadamente ante a observação de que conquistas científicas e médicas atuais, comprovando de forma irrefutável a existência de um ser desde a concepção com direito à vida, oferecem esclarecimentos e razões que orientam para que se evite qualquer ação, cujo significado leve à agressão à vida do ser em formação no útero materno. Afigura-se, assim, de suma importância qualquer manifestação de repúdio aos propósitos da alteração legislativa referida. Esse o objetivo desta mensagem.

Enquanto nós, os homens, cidadãos e governantes, não aprendermos a demonstrar amor sincero e acolhimento digno aos seres que, de forma inocente e pura, buscam integrar o quadro social da Humanidade, construindo, com este gesto de amor, desde o início, as bases de um relacionamento realmente fraternal, não há como se pretender a criação de um ambiente de paz e solidariedade tão ansiosamente esperado em nosso mundo.

Não há como se pretender que crianças, jovens e adultos não sejam agressivos, se nós os ensinamos com o nosso comportamento, logo de início, e até legalmente, a serem tratados com desamor e com violência.


Amor à Vida! Aborto, não!

(Este texto – O aborto na visão espírita – aprovado pelo Conselho Federativo Nacional em sua Reunião Ordinária de 13 a 15 de novembro de 1999, em Brasília, constitui o documento que a FEB está levando, como esclarecimento, à consideração das autoridades do Governo Federal, do Congresso Nacional e do Poder Judiciário. As Entidades Federativas estaduais, por sua vez, realizam o mesmo trabalho junto aos Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores, outras autoridades e ao público em geral, em seus Estados.)

Revista Reformador, Nº 2051, Fevereiro de 2000.