sábado, 29 de setembro de 2018

Lançamento da série Poesia Espírita


Caros confrades, estamos lançando mais uma série de vídeos: "Poesia Espírita", na esperança de inspirar a todos à salutar arte de apreciar poemas com valores espirituais, quem sabe, para depois, uma vez que se pegue o gosto por tal manifestação de beleza, quem sabe, também sirva de inspiração para novos poetas, entre nós, encarnados mesmo. Por que não?

Por que poesia? Quem hoje em dia se interessa mais por poemas?

Para a satisfação dessas questões, sugerimos o seminário em vídeo com o tema "Saúde Mental e Espiritismo", com a Dra. Anete Guimarães, que você acessa clicando aqui. Em suma, ela explica a razão de a extraordinária mediunidade de Chico Xavier ter se prestado, na maior parte do seu tempo, ao trabalho de psicografar versos de uma grande quantidade de poetas do Além — o que não se pode supor que tenha sido sem um justo e sábio propósito.

Cientes do valor dos versos espíritas, então começamos a série por uma belíssima poesia ditada pelo Espírito Casimiro Cunha, que foi um poeta fluminense, natural de Vassouras-RJ, que depois de uma vivência terrena cheia de tragédias, despertou no plano espiritual para contribuir com a arte espírita, em obras como Parnaso de Além-Túmulo, Cartilha da Natureza, Gostas de Luz etc. (saiba mais aqui)

A poesia selecionada foi "Supremacia da Caridade", extraído do clássico Parnaso de Além-Túmulo (baixe o ebook aqui), com a narração de nosso colaboradro Helmut Heidrich Filho.

Então, aprecie o vídeo:


Gostou da ideia? Quer participar?

Se você gosta de recitar poesias e gostaria de fazer uma narração para nossa série, então faça uma gravação e nos envie em arquivo mp3, através do nosso endereço de Email contato@luzespirita.org.br.

Sugestões de livros de poesia espírita:

Parnaso de Além-Túmulo (Espíritos diversos) Chico Xavier
À Luz da Poesia José Luiz da Luz
Coração e Vida (Maria Dolores) Chico Xavier

E vamos então espalhar poesia espírita na nossa vida!

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Edição especial: Programa Evangelho no Lar Online


Devido problemas técnicos, não foi possível fazer a transmissão do Programa Evangelho no Lar Online nesta última quinta-feira. Em contrapartida, a edição desta semana foi disponibilizada hoje e o seu vídeo já está no nosso canal no YouTube.

Confira pela janela adiante:



Nesta edição excepciona, Janete e Júnior discorrem sobre o capítulo 5, itens 12 e 13 de O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec.

Com a graça de Deus,esperamos que na próxima semana sigamos a programação regular, com mais uma edição na quinta-feira, às 20h.

Visite a página oficial do Evangelho no Lar Online e saiba mais sobre o programa.

Compartilhe e ajude a divulgar o Espiritismo.

"Qual o significado de reencarnar?" por Rogério Miguez


Para a reflexão de todos, segue mais um interessante artigo espírita, sobre uma questão capital para entender o Espiritismo: o significado de reencarnação. A autoria é do nosso colaborador, pesquisador e divulgador espírita Rogério Miguez, de São José dos Campos-SP.


Qual o significado de reencarnar?
Rogério Miguez
rogmig55@gmail.com

A palingenesia, ou crença na reencarnação, existe desde tempos imemoriais. Civilizações na Índia, Pérsia, Grécia, entre tantas pujantes culturas, já compreendiam ser inviável a proposta da unicidade da existência, que não satisfazia a razão, tampouco íntimos anseios diversos.

Palingenesia vem do grego, palavra formada pelo prefixo palin, significando repetição, e genes, nascimento; desta forma, o conjunto expressa repetição de nascimentos.

Embora aceita e ensinada em passado longínquo, o conceito original se perdeu através dos tempos, e hoje em dia, falar de vidas sucessivas cria de imediato certo desconforto, sugerindo uma proposta fantasiosa, destituída de qualquer razão, por muitos associada de pronto à antiga civilização egípcia, imaginando-se a ressurreição de múmias, faraós e quem sabe faranis.

Lei de Deus, das mais básicas, se imporá naturalmente às sociedades, quando a proposta da vida única se esgotar por força de sua própria fragilidade, aceitando-se então, como os Antigos: para resolver questões fundamentais, tais como – mortes prematuras, tendências inatas, precocidade de talentos, doenças congênitas, entre tantas outras situações enigmáticas –, só com a aceitação da palingenesia. Além destas, para bem entender a Justiça e Misericórdia de Deus, só por meio da lei das reencarnações.

A Doutrina dos Espíritos não inventou esta lei, pois, sendo princípio divino, ela existe de todos os tempos; a contribuição da Doutrina se verifica na recuperação do verdadeiro conceito, buscando torná-lo mais popular, desmistificando-o.

A necessidade ou mesmo a obrigatoriedade de reencarnar encontra o seu termo, quando o Espírito alcança o ápice de seu processo evolutivo, não precisando mais, a partir de então, passar por expiações e provas, alcançando a condição de só voltar a um corpo de carne em missão.

Apesar de a ideia original ter se perdido, vez por outra criam-se novas doutrinas ou propostas, baseadas no conceito verdadeiro, mas distanciadas do seu fundamento. É o caso da proposta de reencarnar no Plano Espiritual.

Como se denota na proposta da reencarnação, o nome já sugere, ressalta do termo; reencarnar, como visto, significa tomar um novo corpo “de carne”, material. É cristalino este significado, entretanto, alguns creem na possibilidade de reencarnações no Plano Espiritual.

A posição doutrinaria é direta, transparente, Espírito não gera Espírito, tampouco corpo de carne; não há matéria densa no Plano Espiritual, não há sexo material no Espaço, não existe sexualidade na erraticidade como a entendemos aqui na Terra. Ora, se isto é fato, como explicar a tese da reencarnação espiritual? Seria uma lei desconhecida de todos nós? Se assim fosse, já teria sido certamente pelo menos ventilada nas obras básicas. Allan Kardec, seguramente, teria recebido informações dos Espíritos neste sentido. Não se compreende que mecanismo tão relevante, caso fosse verdadeiro, tivesse sido deixado de lado, para ser descortinado no futuro, apenas por um ou outro médium.

Muitos seguidores desta tese, cremos, o fazem pela conhecida razão de não se aprofundarem no estudo e meditação dos postulados espíritas magnificamente delineados nas obras básicas. Leem uma ou outra obra, e mesmo assim, às vezes parcialmente e, desta forma, despreparados, se maravilham com a possibilidade de Espíritos desencarnados engravidando e promovendo nascimentos no plano etéreo, esquecidos ou mesmo ignorantes de que quem individualiza os Espíritos é Deus. Há incontáveis coordenadores e técnicos no Plano Espiritual, atuando na matéria para ligar Espíritos em novos corpos físicos toda vez que se faz necessário viabilizar uma nova reencarnação. Não se tem notícia da existência de Espíritos encarregados de promover reencarnações no Plano Espiritual, pelo menos em obras espíritas.

Entretanto, não nos alonguemos mais, não percamos tempo em levantar explicações e raciocínios quanto à possibilidade da “reencarnação” no plano etéreo. Em vez disso, lancemos mão da verdadeira literatura espírita para projetar luz, e luz intensa e suficiente, capaz de ofuscar esta teoria absurda.

No quarto livro do pentateuco espírita, O céu e o inferno (1), encontram-se em sua Segunda parte elucidativos depoimentos de Espíritos felizes, entre outros, o testemunho do Espírito Sanson, membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, desencarnado em 21 de abril de 1862. Prevendo a sua desencarnação próxima, roga que, após o seu desenlace, fosse evocado para dar informações sobre o Mundo dos Espíritos, ao qual seguramente todos voltarão.

Evocado em 25 de abril de 1862, apenas quatro dias após a sua morte, comparece pela segunda vez, pois já havia sido evocado no dia 23 de abril, e nesta segunda participação, entre outras respostas significativas, informa o seguinte:
Os Espíritos não têm sexo; entretanto, como até poucos dias atrás éreis um homem, desejamos saber se no vosso novo estado tendes mais da natureza masculina ou da feminina? E o mesmo que se dá convosco poder-se-á aplicar ao Espírito desencarnado há muito tempo?– R. Não temos motivo para ser de natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os criou como quis e, tendo que lhes dar a encarnação sobre a Terra, segundo seus maravilhosos desígnios, subordinou-os às leis de reprodução das espécies por meio das condições peculiares ao macho e à fêmea. Contudo, deveis sentir, mesmo sem maiores explicações, que os Espíritos não podem ter sexo(Grifo nosso).(2)
Mais claro impossível, como nos afirmou Sanson: os Espíritos não se reproduzem!

Para não deixarmos todo o peso desta impossibilidade nas mãos de Sanson, estudemos um pouco mais.

O relato desta evocação inserida em O céu e o infernopublicado em 1865, foi originalmente registrado na Revista Espírita de junho de 1862, (3) publicado na íntegra, com observação de Allan Kardec:
Sempre foi dito que os Espíritos não têm sexo; os sexos só são necessários para a reprodução dos corpos; como os Espíritos não se reproduzemo sexo seria inútil para eles. Nossa pergunta não visava constatar o fato, mas, por causa da morte muito recente do Sr. Sanson, queríamos saber se lhe restava uma impressão de seu estado terreno. [...] (Grifo nosso).
Temos assim a posição do sábio de Lyon, quando previamente já havia se posicionado sobre a questão. No entanto, será mesmo que estamos sossegados em nosso íntimo, convencidos da impropriedade da proposta da reencarnação no plano da vida verdadeira? Se não, avancemos um pouco mais, retrocedendo ainda no tempo, agora ao ano de 1866. Vejamos o que encontramos, sobre o assunto, na Revista Espírita de janeiro do citado ano: (4)
As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que os unem nada têm de carnal e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque fundadas numa simpatia real e não são subordinadas às vicissitudes da matéria. [...]Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos, sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão pela qual os sexos seriam inúteis no Mundo Espiritual. (Grifo nosso).
Constata-se assim, mais uma vez, a impossibilidade de haver reencarnação no Espaço, ou seja, geração de corpos materiais por Espíritos desencarnados, frisamos, analisando tão somente obras escritas por Allan Kardec.

REFERÊNCIAS:

1 - KARDEC, Allan. O céu e o infernoTrad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2016. cap. 2.
2 - ______. ______. it. 11.
3 - ______. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 5, n. 6, jun. 1862. Conversas familiares de Além-Túmulo – Sr. Sanson (Terceira conversa – 2 de maio de 1862). Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp. Brasília: FEB, 2009.
4 - ______. ______. ano 9, n. 1, jan. 1866. As mulheres tem alma?. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Brasília: FEB, 2009.


Fonte: Reformador, Agosto de 2018.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Calendário Histórico Espírita: Herculano Pires e Jorge Rizini


Hoje, 25 de setembro, dentro do Calendário Histórico Espírita, destacamos os aniversários de nascimento de Herculano Pires e de Jorge Rizzini.

José Herculano Pires (1914-1979) é um nome bastante lembrado no meio espírita, claro, fazendo jus à sua grande obra. (ver biografia na Enciclopédia Espírita Online). Foi um um jornalista, filósofo, educador, escritor, tradutor e um dos mais memoráveis estudiosos e ativistas do Espiritismo de seu tempo. Foi autor de diversos livros de teor doutrinário espírita e de traduções de obras de Allan Kardec. Por seu discernimento e fidelidade às ideias kardecistas, foi definido pelo Espírito Emmanuel (o mentor espiritual de Chico Xavier) como "o melhor metro que já mediu Kardec". Em seus escritos, um dos enfoques mais salientes é o de crítica ao Movimento Espírita, com relação aos desvios doutrinários.

Jorge Rizzini (1924-2008) foi escritor, jornalista, radialista, músico, pesquisador e médium espírita muito respeitado. No meio espírita, destacou-se especialmente pela recepção de músicas mediúnicas de grande reconhecida qualidade rítmica, harmônica e também pela força doutrinária contida nas letras.

Conheça outros eventos relevantes para a História do Espiritismo na página Calendário Histórico Espírita.


UM POUCO MAIS SOBRE HERCULANO PIRES

Herculano Pires legou aos estudiosos espíritas uma vasta literatura, sobre os mais variados temas, mas essencialmente focando o caráter filosófico prático da amada Doutrina Espírita.

Confira os livros de Herculano Pires dispostos na nossa Sala de Leitura:


Confira a sua biografia na Enciclopédia Espírita Online:


Herculano Pires por Dercio Conceição:

Herculano Pires (José Herculano Pires, 25 de Setembro de 1.914 - 9 de Março de 1.979) foi jornalista, filósofo, educador, escritor e tradutor.
Destacou-se como um dos mais ativos divulgadores do Espiritismo no Brasil. O grande jornalista espírita, cuidadoso zelador da Doutrina Espírita, ficou conhecido como O Apóstolo de Kardec.
Representando o que existe de melhor na compreensão da Doutrina Espírita na luta contra dos que queriam desvirtuar os postulados imortais do Mestre de Lion também foi chamado por muitos de “O melhor metro que mediu Kardec”.
Herculano Pires foi filho do farmacêutico José Pires Corrêa e de sua esposa, a pianista Bonina Amaral Simonetti Pires. Fez os seus primeiros estudos em Avaré, Itaí e Cerqueira César.
Desde cedo revelou vocação literária, e 9 anos de idade compôs seu primeiro soneto, um decassílabo sobre o Largo São João, da sua cidade natal. Aos 16 anos publicou o seu primeiro livro, Sonhos Azuis (contos) e, aos 18 anos, o segundo, Coração (poemas livres e sonetos).
Colaborou em jornais e revistas da época, tanto de São Paulo quanto do Rio de Janeiro. Teve vários contos publicados, com ilustrações, na Revista Artística do Interior, que promoveu dois concursos literários, um de poemas, pela sede, em Cerqueira César, e outro de contos, pela Seção de Sorocaba.
Em 1.940 transferiu-se para Marília, onde adquiriu o jornal Diário Paulista, que dirigiu por seis anos. Com José Geraldo Vieira, Zoroastro Gouveia, Osório Alves de Castro, Nichemja Sigal, Anthol Rosenfeld e outros amigos promoveu, através do jornal, um movimento literário na cidade e publicou Estradas e Ruas (poemas) que Érico Veríssimo e Sérgio Milliet comentaram favoravelmente.
Em 1.946 mudou-se para São Paulo, onde publicou seu primeiro romance, O Caminho do Meio, que mereceu críticas elogiosas de Afonso Schmidt, Geraldo Vieira e Wilson Martins.
Em sua carreira profissional foi repórter, redator, secretário de governo, cronista parlamentar e crítico literário dos Diários Associados, o gigantesco conglomerado de comunicações formado por jornais, emissoras de rádio e TV comandado pelo lendário Assis Chateaubriand, onde exerceu diversas funções por cerca de trinta anos.
Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, publicou uma tese existencial: O Ser e a Serenidade.
No livro Expoentes da Codificação Espírita vê-se que Herculano Pires é autor de oito dezenas de livros, distribuídos por filosofia, ensaios, histórias, psicologia, parapsicologia e Espiritismo, alguns em parceria com o médium Francisco Cândido Xavier, e é considerado um dos autores mais críticos dentro do Movimento Espírita.
A sua linha de pensamento era forte e racional, combatendo os desvios e mistificações, sendo a maior característica do conjunto de suas obras a luta por demonstrar a consistência do pensamento espírita, além de defender a valorização dos aspectos crítico e investigativo originalmente propostos por Kardec.
Em seus ensaios nota-se a preocupação em combater interpretações e traduções deturpadas das obras de Kardec, inclusive aquelas que surgiram no seio do Movimento Espírita brasileiro ao longo do Século XX.
Uma das deturpações combatidas por Herculano foi o Roustainguismo, que se materializava através de uma corrente de ideias embasadas na obra "Os Quatro Evangelhos", de Jean Baptiste Roustaing, advogado francês contemporâneo de Allan Kardec.
Tal obra foi criticada pelo codificador da Doutrina Espírita, mas é aceita por alguns espíritas, ainda que a maioria lhe seja indiferente e alguns outros lhe rejeitem. No Brasil o Roustainguismo provocou graves disputas, desavenças e conflitos, chegando mesmo a colocar em risco a união das lideranças espíritas em torno da Federação Espírita Brasileira.
Herculano defendia o conceito de pureza doutrinária, segundo o qual era preciso preservar a doutrina de todo tipo de influência mística e esotérica.
Em monografias filosóficas, a exemplo de Introdução à Filosofia Espírita, propõe-se a esclarecer a contribuição do Espiritismo para o desenvolvimento da Filosofia, em especial no tocante ao sentido da existência humana.
Contrapõe-se frontalmente ao existencialismo materialista e ao Niilismo, uma doutrina que tudo reduz ao nada, ao completo aniquilamento, à não existência, considerando que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência.
Atualmente a maioria das obras de Herculano é publicada pela Editora Paideia (da Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires), que ele mesmo fundou na Década de 1970 para publicar suas obras.
A sua tradução dos livros de Kardec tem sido editada por várias editoras, a exemplo da Livraria Allan Kardec Editora (LAKE), da Editora Argentina e da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP).
Assim proclamou Herculano Pires advertindo os leitores do futuro:
1. O Espiritismo é uma questão de bom-senso, como escreveu Kardec, mas as criaturas insensatas estão por toda parte. Precisamos manter constante vigilância em nossos estudos para não cairmos nas mistificações que nos levam a deturpar e aviltar a Doutrina Espírita. Bastaria um pouco de humildade para vermos, como ensina Kardec, a ponta da orelha do mistificador, que sempre aparece nos textos mentirosos ou ilusórios. A mistificação alimenta-se da vaidade e pretensão, desse orgulho infantil a que não escapam nem mesmo pessoas esclarecidas. Muitas vezes, pelo contrário, as pessoas lúcidas não passam de analfabetos ilustres, mais sujeitas, por sua vaidade pueril, à mistificação, do que as pessoas humildes, mas dotadas de bom-senso. Kardec tem razão ao afirmar que o bom-senso e a humildade são preservativos da mistificação. Nenhum espírito nos mistifica se nós mesmos já não estivermos nos mistificando por vontade própria. (Fonte: Curso Dinâmico de Espiritismo).
2. O Espiritismo aprofunda o conhecimento da Realidade Universal e não pretende modificar o Mundo em que vivemos através de mudanças superficiais de estruturas. Essa é a posição dos homens diante dos desequilíbrios e injustiças sociais. Mas o homem-espírita vê mais longe e mais fundo, buscando as causas dos efeitos visíveis. Se queremos apagar uma lâmpada elétrica não adianta assoprá-la, pois é necessário apertar a chave que detém o fluxo de eletricidade. Se queremos mudar a Sociedade, não adianta modificar a sua estrutura feita pelos homens, mas modificar os homens que modificam as estruturas sociais. O homem egoísta produz o mundo egoísta; já o homem altruísta produzirá o mundo generoso, bom e belo que todos desejamos. Não podemos fazer um bom plantio com más sementes. Temos de melhorar as sementes. (Fontes: Curso Dinâmico de Espiritismo).
3. O Espiritismo é uma doutrina de bom senso, de equilíbrio, de esclarecimento positivo dos problemas espirituais, e não de hipóteses sem base ou de suposições imaginosas. (Fonte: O Zelador da Doutrina Espírita).

Herculano sofreu um infarto em sua casa na noite de 9 de Março de 1.979. Foi levado ao Hospital São Paulo, mas os médicos não conseguiram reanimá-lo, falecendo logo em seguida naquele local.

Trecho extraído de uma entrevista com sua esposa, Dona Maria Virgínia (texto completo disponível no link indicado abaixo):
"Quando Herculano desencarnou nós estávamos fazendo uma reunião mediúnica na garagem da nossa casa, e ele estava no quarto. Fui informada de que ele estava passando mal. Liguei para minha filha mais nova para vir até em casa e trazer seu vizinho, um amigo nosso que era médico.
O Herculano foi internado no hospital São e lá desencarnou. Porém, o pessoal do grupo que estava na reunião mediúnica não sabia que ele havia desencarnado.
Quando cheguei do hospital para apanhar algumas roupas dele, minha irmã me disse: Virgínia, o Herculano acabou de dar uma mensagem.
Eu fiquei louca da vida e respondi: Isso é um absurdo, ele nem bem morreu e já está dando mensagem. Jogue isso fora! (risos).
Depois de algumas semanas meu filho Herculaninho mostrou a mensagem que ele tinha recebido do pai naquela noite.
Assim dizia a mensagem: Sustentem em apoio vibratório a casa; amparem os livros da codificação, e eu em espírito e memória, com a ajuda dos amigos espirituais, estarei sempre com vocês no apostolado de pregar e servir a doutrina dos espíritos, como o mestre nos ensinou.
Depois falou um espírito que não deu o nome, mais adiante uma parte da mensagem que era para mim, e no final ele dizia: Menos choro e mais café"! (risos)
Nota de esclarecimento: A referência ao "mais café" se deve ao fato de que nas reuniões mediúnicas realizadas na garagem era comum os trabalhos estenderem-se até altas horas da madrugada. Havia um engenheiro de Santos que perdera o filho, e tinha uma sede enorme de conhecer o Espiritismo. Ele chegava às seis horas da tarde com a esposa, e só saía no dia seguinte, depois do café manhã.

Dicas de vídeos:

Herculano Pires - A Missão do Espiritismo - Palestra gravada em 1.956

Entrevista rara de Chico Xavier a Herculano Pires (1972)

Assista ao documentário:
Fatos sobre a vida de J. Herculano Pires

Fatos sobre a vida do professor José Herculano Pires, narrados por familiares e amigos. A organização dos depoimentos e narrativas do vídeo foi feita pelo grupo de colaboradores da Videoteca Espírita PAF de São Carlos (SP), e as gravações foram feitas no Centro Espírita Cairbar Schutel, de São Paulo (SP). Esse vídeo faz parte do acervo da Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires. Veja outros vídeos em http://www.herculanopires.org.br
Dércio Conceição


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Lançamento do projeto "Cartas de Kardec - resgatando a verdade ocultada por 150 anos"


A FEAL - Fundação Espírita André Luiz e o Instituto Canuto Abreu anunciam o projeto "Cartas de Kardec - resgatando a verdade ocultada por 150 anos" que diz respeito aos trabalhos de recuperação do acervo histórico espírita reunido pelo Dr. Canuto Abreu.

As primeiras novidades estão sendo divulgadas na fanpage do projeto no Facebook: clique aqui para visitar a página.

Na descrição da página, encontra-se o breviário:
"No dia 3 de outubro - aniversário do notável filósofo e pedagogo francês Allan Kardec, responsável pela codificação da Doutrina Espírita, que teve como ponto de partida a publicação de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, apresentando conceitos profundos sobre imortalidade da alma, vida após a morte, reencarnação, natureza dos espíritos, entre outros temas relevantes do ponto de vista espiritual - O projeto Cartas de Kardec irá trazer a tona a história ocultada por mais de 150 anos capaz de transformar e revolucionar a história do Espiritismo."
Portanto, há o anúncio de que no próximo 3 de outubro, aniversário de nascimento de Allan Kardec, a equipe trará a público grandes novidades desse animador projeto, cujo lançamento nós noticiamos aqui (reveja o post).

Também foi divulgado um vídeo com uma pontinha do que está sendo apurado, neste caso, comentando o desastre que foi, para o movimento espírita, a Guerra Franco-Prussiana em 1870, entre a França e a Prússia (atual Alemanha). Veja:


Bem, vamos aguardar as novidades que estão vindo por aí.

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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Novo verbete na Enciclopédia Espírita Online: "Evangelho"


Tem novidade na Enciclopédia Espírita Online: é o mais novo verbete incluído no sistema: Evangelho. Veja o resumo:

Evangelho é um gênero literário consagrado pela tradição cristã cujo teor é a exposição e apologia da vida e obra de Jesus, dito o Cristo, como síntese da "Boa Nova", isto é, as promessas de Deus para o futuro da humanidade. Dos livros que se tem escrito nesse estilo, convencionou-se dividir duas categorias de evangelhos: os canônicos, que compõem o Novo Testamento bíblico (as quatro versões de autoria atribuídas aos discípulos Mateus, Marcos, Lucas e João); os apócrifos, rejeitados pela Igreja Católica e demais correntes cristãs tradicionais (por exemplo, os evangelhos atribuídos a Tomé, Filipe,Pedro, Judas, Maria Madalena etc.). O Evangelho segundo o Espiritismo de Allan Kardec, não sendo propriamente dito uma nova versão do referido gênero, é uma releitura dos quatro evangelhos canônicos, interpretando os ensinamentos de Jesus sob a ótica do Espiritismo, adotados pelos espíritas como o código de conduta moral e modelo de perfeição para a humanidade.

Conheça também a etimologia desta palavra, quais são os Evangelhos canônicos, os apócrifos, os sinóticos e a significação da Boa Nova de Jesus para a Doutrina Espírita.

Acesse agora mesmo o verbete Evangelho na Enciclopédia Espírita Online.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Videopalestra "Vazio Existencial, Depressão e Suicídio" com Vítor Antenore


Dentro da campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio e valorização da vida, colocamos em pauta as análises propostas na videopalestra "Vazio Existencial, Depressão e Suicídio" com o psicólogo paulista Vítor Antenore.

Na sua exposição, Vitor discorre sobre a "construção" do ato fatal, a partir de vários fatores do cotidiano do suicida em potencial, desde a falta de atenção das pessoas mais próximas, o vazio existencial e as acomodações que cada qual cria em sua vida comum.

Vale a pena refletir sobre essas ideias, antes que seja tarde demais para evitar uma tragédia, que afeta a muita gente — o próprio suicida, familiares, amigos e toda a sociedade ao geral.


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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Estudando o Espiritismo: "Coragem"


Estudo do livro Iluminação interior, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis e psicografado por Divaldo Franco, narração de Dora Carvalho.

Sinopse:
Ter coragem é não nos deixarmos comandar pelo medo; é idealizar nosso sonho e não desanimar até que ele se concretize, sem nos importarmos com os obstáculos. Corajosa é a pessoa que consegue ser feliz neste mundo de expiações e provas, que nos pede a evolução por meio do reajuste e o desgaste de nossas mazelas.

Clique aqui para ouvir o estudo em áudio.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

"Kardec e a divergência na forma de escrever o seu nome civil" por Paulo Neto


Os mais atentos estudiosos do Espiritismo já devem ter se deparado que, comparando diversos documentos e citações em variados livros, há diferentes versões para o nome civil da Allan Kardec. Aqui mesmo em nosso blog, já tratamos disso algumas vezes, por exemplo, no post "O nome oficial do Professor Rivail (Allan Kardec)", trouxemos um apurado feito pelo pesquisador espírita Paulo Neto.

Daí veio o livro O Legado de Allan Kardec de Simoni Privato Goidanich e uma informação adicional sobre o mesmo assunto: uma sentença judicial, quando das tratativas para levar a efeito o testamento de Kardec, definindo oficialmente seu nome de registro.

Depois disso, recebemos de Paulo Neto a reedição de sua pesquisa, que temos a satisfação de compartilhar com todos:



Kardec e a divergência na forma de escrever o seu nome civil
“[…] quem quer esclarecer-se não deve colher ensinos de uma só fonte, porque só pelo exame e pela comparação se pode firmar um juízo.” (KARDEC, O que é o Espiritismo)
Ao longo do tempo, vínhamos observando que o nome civil de Allan Kardec apresentava, para nossa surpresa, variações na ordem das palavras que o compõem. Até então, não havíamos nos preocupado muito com isso, entretanto, ao preparar a palestra Terceira Revelação – Espiritismo e Kardecpara ser apresentada no Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira, em Belo Horizonte, MG, voltamos a perceber essa divergência, daí resolvemos pesquisar para, se possível, conhecer as causas disso, porquanto intrigou-nos demais tal fato.

Estaremos apenas levantando a questão da ordem das palavras, portanto, não tentaremos buscar as informações sobre usar “z” ao invés de “s” em Denisard, um “p” ou dois “pp” e “i” ao invés de “y” em Hypolite, fatos que estamos registrando para que você leitor tome ciência disso.

Quando formos referenciar os documentos usaremos a numeração que colocamos em cada fonte, conforme constam nas Referências bibliográficas.


Vamos denominar de “Documentos oficiais”, aqueles produzidos por órgão público ou particular encarregado de algum tipo de registro e de “Documentos não oficiais” os provenientes de outras fontes, incluindo, aí algumas produzidas pelo próprio Kardec.

Nos documentos oficiais temos:


Então, aqui os termos “Denisard” e “Léon” não são mantidos na mesma ordem, sendo que o primeiro a variação dá-se na metade das ocorrências. Via de regra, dar-se-ia preferência ao que se utilizou na certidão de nascimento, caso na França seguisse, nesse particular, o que ocorre aqui no Brasil.

Mais à frente apresentaremos as imagens constante na obra, da qual foram tomados todas as ocorrências; porém, algo já nos chamou a atenção na certidão de nascimento: qual é a razão da vírgula depois de Denisard?

Novamente, apenas para registro, observe que na certidão de óbito de Kardec lê-se Denisart e não Denisard, ou seja, em lugar do “d”, apareceu-nos um “t”.

Vejamos agora como consta o nome de Kardec nos documentos não oficiais:


Nas três ocorrências, onde Kardec não assinou o nome todo, ele coloca as 3 iniciais exatamente na ordem que utilizou em seu testamento, que, por sua vez, é quase idêntica à que consta do Novo Dicionário Universal, publicado por Maurice Lachâtre (1814-1900), a não ser pela troca do “y” pelo “i” e o uso de dois “pp”.

Vejamos como alguns autores das fontes, que foram por nós utilizadas, tratam dessa questão.

Jorge Damas Martins (1957- ) e Stenio Monteiro de Barros (1945- ) se limitaram a apresentar o nome conforme consta da certidão de nascimento, da qual apresentam um fac-símile, que mostraremos mais à frente.

Przemyslaw Grzybowski (1968- ) também menciona a diferença na ordem e opta por aquela utilizada por Kardec, justifica dizendo que foi ela que o Codificador assinou em suas obras.

Zêus Wantuil (1924-2011) e Francisco Thiesen (1927-1990), em nota explicativa sobre primeiro livro de Kardec – Cours Pratique e Theórique d'Arithmétique, d'apres la méthode de Pestalozzi, informam:
Tanto nesta quanto em todas as demais obras pedagógicas do mesmo autor, seu nome está sempre estampado abreviadamente, como se segue: H. L. D. Rivail, o que vem patentear, a olhos vistos, a maneira por que ele dispunha o seu nome, ou seja: Hippolyte Léon Denizard Rivail, fato para o qual o Dr. Canuto Abreu, ilustre espírita brasileiro, já chamava a atenção na revista “Metapsíquica” de 1936, p. 112, dizendo que Hippolyte aparecia ainda como prenome nos registros de batismo e de casamento, bem assim nos documentos públicos em que ele lançava o seu nome por extenso ou abreviado. (WANTUIL e THIESEN, vol. I, 2004, p. 96)
E mais à frente, no capítulo “Kardec e o seu nome civil”, apresentam várias considerações pelas quais justificam optar por Hippolyte Léon Denizard Rivail, que será bem interessante ao presente estudo, porquanto elenca a lista, objeto de sua consulta, razão pela qual transcrevemos o seguinte trecho:
[…] importa fazer algumas observações preliminares: 
a) Tanto a certidão de nascimento (sic) quanto o registro de batismo do futuro Allan Kardec inscrevem Denizard(124) e cremos que também assim o faz o contrato de casamento(125). 
b) Por ocasião do passamento de Kardec, a "Revue Spirite" de 1869 publicou a páginas 130 um artigo da Redação intitulado -"Biographie de M. Allan Kardec", Aí aparece escrito, em grifo - Léon-Hippolyte-Denizart Rivail. 
Dois grandes discípulos de Kardec - Camilo Flammarion e Léon Denis - escreveram de maneira diferente o nome do mestre lionês. 
O primeiro, no seu “Discours prononcé sur la tombe d'Allan Kardec”, brochura editorada em 1869, apôs, em nota, ao pé da pág. 7: “Léon-Hippolyte-Denisart-Rivail”. 
O segundo, no “Prefácio” da 4ª edição da obra de Henri Sausse citada na nota (1), escreveu este período, à p. 8: Remarquons que mon nom est enchâssé dans celui d'Allan Kardec qui s'appelait en réalité: Hippolyte, Léon, Denisard Rivail”. 
c) A velha, mas sempre consultada obra de J.-M. Quérard - “La France Littéraire ou Dictionnaire Bibliographique (...)”, Paris, tomo VIII (1836), p. 58, registou: “Rivail (H. L. D.)”; o tomo XII (1859-64), p. 450, escreveu: “RIVAIL (Hippolyte-Léon Deriízart)”.
d) o famoso "Dictionnaire Universel des Contemporains, contenant toutes les personnes notables de la France et des pays étrangers”. de G. Vapereau, Paris, regista em sua 3ª edição (1865), inteiramente refundida e consideravelmente aumentada, pp. 31/2, e na 4ª edição (1870), p. 30: “Allan-Kardec (Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, dit)”... 
O pseudônimo Allan-Kardec, conforme se lê no Prefácio datado de 1/12/1861, só entrou para o Dicionário de Vapereau a partir de sua 2ª edição, dada a público provavelmente entre 1861 e 1863. 
A quinta edição desta obra (1880) não inscreveu o nome Allan Kardec, mas a sexta edição (1893) traz, no pé da p. 26, a mesma grafia que demos acima para o nome de Kardec. 
e) O “Catalogue Général de la Librairie Française”, redigido por Otto Lorenz, Livreiro, escreve no tomo I, Paris, 1867, p. 27: “Allan Kardec, nom fantastique adopté par M. H.L.D. Rivail”; no tomo IV, Paris, 1871, p. 240: RIVAIL (Léon Hippolyte Denisart); no tomo V (tome premier du Catalogue de 1866-1875), Paris, 1876, p. 15: ALLAN KARDEC. Pseudonyme de H. L. D. Rivail. 
f) “Les Supercheries Littéraires dévoilécs”, par J. M. Quérard, segunda edição, consideravelmente aumentada, publicada pelos Srs. Guslave Brunet e Pierre Jannet, seguida (…), assim regista no tomo I, primeira parte (1869), a pp. 266: “Allan Kardec (Hipp.-Léon Denizart RIVAIL), ancien chef d'institution, à Paris (…)” 
g) O “Nouveau Dictionnaire Universel”, por Maurice Lachâtre, s. d.126, Paris, tomo primeiro, p. 199, regista: “Allan Kardec (Hippolyte-Leon-Denizard Rivail)”, fazendo a seguir longa biografia do Codificador. 
h) O “Orand Dictiormaire Universel du XIXe Siecle”, por M. Pierre Larousse, Paris, tomo nono (1873), regista: "Kardec (Hippolyte-Léon-Denizard Rivailplus connu sous le pseudonyme d'Allan)”... 
i) Faz exatamente o mesmo o “Nouveau Larousse Illustré” (1897-1904), publicado sob a direção de Claude Augé, tom V. 
j) O “Dictionnaire Biographique et Bibliographique”, por Alfredo Dantès, Paris, 1875, p. 26, escreve: “Allan Kardec (Hipp. Léon Denizard Rivail)... 
k) O “Manuel Bibliographique des Sciences Psychiques ou Occultcs”, por Albert L. Caillet L C., Paris, 1912, regista: 
Tomo I, p. 28: “RIVAIL (Hippolyte-Léon-Denizard)”... 
Tomo II, p. 487: “Hippolyte Léon Denizard Rivail”... 
Tomo III, p. 407: “RIVAIL (Hippolyte-Léon-Denizard) dit Allan Kardec”...
l) O “Dictionnaire de Biographie Française", Paris, inclui no tomo segundo (Alíénor-Antlup), 1936. sob a direção de J. Balteau (Agrégé d'Htstoire), de M. Barroux (Archiviste paléographe, directeur honoraire des Architves de la Seine) e M. Prevost (Archiviste paléographe. conservateur adjoint à la Bibliotheque Nationale), com o concurso de numerosos e cultos colaboradores, inclui, como dissemos, na p. 98, o pseudônimo Allan Kardec, escrevendo-lhe assim o nome, de acordo com o registro de nascimento: “Denizard, Hippolyte, Léon Rivail”... 
m) O “Nouveau Dictionnaire Encyclopédique Universel Illustré”, sob a direção de Jules Trousset (3º vol.), escreve: "KARDEC (Hippolyle-Léon-Denizard RIVAIL)”...
n) “La Grande Encyclopédie”, por uma "Société de Savants et de Gens de Lettres" (1885-1902), escreve no volume 28: "RIVAIL. (Hippolyte-LéonDenizard)”... 
o) O tomo II (1900), coluna 319, do "Cataloque Général des livres imprimés de la Bibliothèque Nationale”, Paris, regista assim o nome de Allan Kardec: Hippolyte-Léon-Denizard Rivail. Nas colunas seguintes, o mesmo "Catálogo", ao relacionar-lhe as obras pedagógicas, põe sempre: H.-L.-D. Rivail. 
Apenas por essa amostra, incompleta. podem os leitores verificar haver uma quase unanimidade na maneira de se grafar a palavra principal em estudo. 
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(124) Henri Sausse - “Biographie d'Allan Kardec” (Nouvelle Édition), 1910, p. 12; 4me édition (1927), pp. 18 e 19.
(125) idem, ibidem, p. 14; id. ib., p. 22. 
(126) O Dicionário não traz a data de publicação, nem no primeiro nem no segundo e último tomo. Ramiz Galvão coloca-lhe o aparecimento em 1865-1870. 
(WANTUIL e THIESEN, vol. I, 2004, p. 228-231) (grifo nosso).

O escritor Jorge Rizzini (1924-2008), mantém-se firme na escolha do nome que consta da certidão de nascimento, alegando que é esse que vale, por originar de documento oficial. Além disso, ele tece as seguintes considerações sobre a pesquisa de Wantuil:
Quer Zeus Wantuil que o nome civil de Kardec seja “Hippolyte León Denizard Rivail”. Entre seus argumentos destaca o registro de batismo e o de casamento. O primeiro nada representa, afirmemos logo. A certidão de nascimento, sim, pois é expedida pelas autoridades do país. Ninguém pode provar a filiação e a autenticidade de seu nome senão através da certidão de nascimento; com ela é que se obtêm os demais documentos. 
Resta a certidão de casamento, na qual, muito estranhamente, se apoia Zeus Wantuil – estranhamente, repetimos, porque ninguém, que no Brasil quer no estrangeiro, divulgou-a. Mas, é óbvio, Allan Kardec não poderia casar-se no civil sem antes apresentar sua certidão de nascimento; mesmo que se casasse na igreja teria que fazê-lo. Assim, na certidão de casamento de Kardec há de constar, também, seu verdadeiro nome: Denizard Hippolyte León Rivail. (RIZZINI, 1995, p. 11).

Jorge Rizzini restringiu demais a base de Zêus Wantuil, que, como vimos logo acima, é bem mais extensa do que aquela que nos quer fazer crer Rizzini, inclusive, nela se vê que a grande maioria das fontes citadas por Wantuil utiliza 6 Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Quanto à certidão de casamento, que Rizzini alega que nela deve constar o nome da certidão de nascimento, que supõe que teria sido apresentada, parece-nos que se deu justamente o contrário, pois observa-se que, na certidão de casamento, consta exatamente a grafa não aceita por Rizzini; mas aquela defendida por Wantuil, ou seja, Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Oportuno, também, ressaltar que não é só Wantuil que cita a certidão de casamento, podemos encontrá-la em Jorge Damas e Stenio Monteiro, que, inclusive, apresentam um fac-símile dela (MARTINS e BARROS, 1999, encarte entre as páginas 50 e 51).

Na revista Reformador encontramos o texto “Allan Kardec e o seu Nome Civil” (p. 24-28) de autoria de Washington Luiz Nogueira Fernandes (?-), do qual transcreveremos e, conforme o caso, comentar alguns trechos:
Nossa visão destes assuntos sempre foi mais documental, e não literária.
Assim, de posse de cópias dos documentos civis e certidões, isto é, de Fontes Primárias de informação, tudo seria esclarecido, não importando debates linguísticos, ou o que consta em livros de terceiros, que já seriam Fontes Secundárias, portanto, de valor menor, no tocante a esse assunto. (FERNANDES, 2000, p. 24).
Concordamos plenamente com o autor, e reconhecemos a nossa dificuldade em não ter as fontes originais. Entretanto, a coisa não é tão tranquila assim, pois mesmo naqueles que dizem ter as essas fontes, encontramos problemas como ver-se-á mais à frente ao apresentarmos fac-símile da certidão de nascimento de Kardec.
Com relação ao nome civil, positivamente, o que vale é o registro de nascimento, que justamente atribui nome e personalidade civil a alguém. O Código Napoleônico francês (1804) somente fez breves referências a esta matéria, sendo depois completada pelos textos das leis intermediárias e pela jurisprudência. 
Se, por acaso, o nome no registro de nascimento fosse feito com algum erro linguístico, semântico, etc., o seu dono teria que carregar este nome até o fim da vida, em qualquer lugar do mundo, ressalvado o caso de alterá-lo. 
Foi o Ato de Nascimento que atribuiu existência civil a Rivail, e através do qual ele recebeu um nome e identidade. Citações em dicionários, enciclopédias e catálogos referentes a este nome, ainda que publicados no decorrer da vida de Rivail, valeriam apenas como um registro cultural ou filológico, sem nenhum alcance para o registro civil. (FERNANDES, 2000, p. 25).
Está coberto de razão, porém, devemos conhecer melhor certos detalhes que podem mudar aquilo que julgamos ser correto. No caso da certidão de nascimento, inclusive, o próprio autor constata isso neste texto, após Denizard há uma vírgula, e esse pequeno sinal gráfico não poderia mudar tudo? Sobre esse detalhe, argumenta Washington Luiz, em sua conclusão:
— Definitivamente, o verdadeiro nome, e o registro civil de Allan Kardec é: 
Denisard Hypolite Léon Rivail; observamos que a vírgula após o prenome Denisard é um procedimento usado ainda hoje nas certidões de nascimento francesas, que colocam, aliás, vírgula após cada termo do nome; se ele nascesse hoje, seria registrado como Denisard, Hypolite, Léon, Rivail, aparecendo uma vírgula após cada termo; não podemos confundir isto com citações bibliográficas, que colocam primeiro o sobrenome e depois a vírgula (Ex: Kardec, Allan), porque são coisas totalmente diferentes. Portanto, para efeito de saber o nome correto de alguém, à vista de sua certidão de nascimento francesa, pode-se ignorar a vírgula em sua certidão; (FERNANDES, 2000, p. 27, grifo nosso).
Estaria tudo certo não fosse o que nos traz Júlio Abreu Filho (1893-1971), quanto à questão da vírgula:
Há entre os espíritas uma certa confusão quanto ao nome do Codificador, por falta de acomodação entre o sistema francês e o nosso de citar o nome das pessoas. Para uns o menino em questão era Léon, para outros Denizard e, ainda para um terceiro grupo, Hippolyte. É que, de um modo geral, nós ignoramos que:
I – na França é comum acrescentar-se ao prenome do menino o de um ou dois avós; 
II – nas famílias nobres esse acréscimo se torna abusivo; 
III – por vezes adiciona-se ao prenome do ascendente masculino o do padrinho; 
IV – nos documentos oficiais é praxe escrever em primeiro lugar o nome da família e depois os prenomes. 
Assim, no caso vertente, o prenome é Hippolyte; os prenomes adicionais, Léon e Denizard e o nome de família, Rivail. Comumente se escreve Hippolyte-LéonDenizard Rivail, enquanto que nos documentos oficiais escrever-se-ia Rivail Hippolyte-Léon-Denizard. 
E, escrevendo certo, justo é se exija a pronúncia correta. 
Perdoem-nos os espíritas a exigência: é que não compreendemos não se saiba grafar e, menos ainda, pronunciar nome tão respeitável e que nos é sobremaneira caro. Seria uma falta de respeito. (ABREU FILHO, 1995, p. 9-10, grifo nosso).
Nota-se que não são concordantes as opiniões de Washington Luiz e Júlio Abreu, quanto à questão da vírgula, embora, a deste último ter uma aparência de mais coerente, apesar de a forma proposta não ser exatamente a que consta da certidão de nascimento.

Um pouco atrás falamos da dificuldade dos que se lançam a pesquisar os fatos em ter em mãos as fontes originais, o que hoje já não se justifca, porquanto, com todos os recursos de informática disponíveis, esses documentos já deveriam estar disponibilizados em algum site de alguma das Instituições que dizem representar o Movimento Espírita.

Para se ter uma boa ideia, dessa dificuldade, vejamos, por exemplo, a certidão de nascimento de Kardec. Conseguimos três fac-símiles; dois nas obras que utilizamos e um na Internet [ver aqui], aqui estão:


Embora os autores de Allan Kardec – Análise de Documentos Biográficos,  Martins e Barros, não tenham mencionada a fonte da qual tomaram essa imagem, ao que descobrimos por gentil informação de um amigo, ela corresponde a arquivada nos Archives Municipales de Lyon (nota 1), apenas apresentam os caracteres mais “fortes”, provavelmente, por edição da imagem original, conforme se poderá ver no fac-símile, um pouco mais à frente.


[1]    http://www.fondsenligne.archives-lyon.fr/ac69v2/genealogie.php?mode=1
Em Allan Kardec – o educador e o codificador, vol. I, em “Adendo Esclarecedor (Novos detalhes históricos)”, os autores Wantuil e Thiesen, que a fonte utilizada foi a pesquisa realizada pela Srª Teresinha Rey, de Genebra Suíça.

Comparando-se as duas imagens, vemos claramente que a fonte não pode ter sido a mesma, pois há diferença entre elas, especialmente, quanto à letra, que, embora seja muito semelhante não é a mesma. Fora a questão do local onde consta os selos. Fato que você, caro leitor, poderá pessoalmente constatar.

O problema é que todos são utilizados como se fossem o original, o que nos fez lembrarmos da frase atribuída a S. Jerônimo: “A verdade não pode existir em coisas que divergem”.

Apenas para que se possa comparar com o documento arquivado no Archives Municipales de Lyon, e aqui aproveitamos para agradecer ao amigo Carlos Seth Bastos, de Jacareí, SP, que nos informou sobre ele, trazemos o fac-símile dessa fonte (nota 2). A página com a Certidão de Nascimento de Allan Kardec é a da sua direita:


Certamente, que nem temos condições técnicas para apontar qual é a ordem correta; porém, mesmo assim arriscaríamos em dizer que, em princípio, seria a ordem utilizada pelo próprio Kardec no seu testamento, por razões, bem simples, não acreditamos que escrevesse seu nome errado, porquanto, portador de uma considerável cultura, isso, segundo pensamos, o impediria de utilizar uma ordem diferente da real, porém… Ah!, sempre aparece um porém, o que apresentaremos a seguir demostrará, exatamente, o contrário.

No apagar das luzes do ano de 2017, encontramos algo importante relacionado ao assunto, pois ele vem, inapelavelmente, definir qual o verdadeiro nome civil de Kardec que devemos utilizar

Simoni Privato Goidanich (1969- ), escritora e oradora espírita, publicou a obra El legado de Allan Kardec, em espanhol (nota 3), que informa ter sido resultado de pesquisa na Biblioteca Nacional da França, nos Arquivos Nacionais da França, na Confederação Espiritista Argentina e na Associação Espiritista Constância, de Buenos Aires.

Em 3 de outubro, Simoni Privato realizou a apresentação do livro na Confederação Espiritista da Argentina, cujo vídeo se encontra disponível no site do YouTube (9). A partir dos 39’’, ela aborda a questão do nome civil de Kardec, informando que a divergência na forma de escrevê-lo, resultou num processo judicial, no qual, após batida do malhete, definiu-se como: Denisard Hippolyte Léon Rivail. Isso pode ser muito bem ser confirmado nesta imagem apresentada pela Simoni Privato (9) na sua palestra:


Observamos que essa forma de escrever seu nome civil é bem próxima da que consta da Certidão de Nascimento, mas que ainda permaneceu a divergência no segundo nome, que aqui é grafado “Hippolyte” e na certidão como “Hypolite”, portanto, estavam “quase” certos todos os confrades que citamos que defendiam ser esse o documento que deveria decidir a questão.

E, para finalizar, gostaríamos de agradecer aos amigos que nos indicaram essa obra. Parece-nos que será, oportunamente, publicada em português.

Nosso objetivo ao tratar do tema não foi o de contestar ninguém que já tenha escrito algo sobre esse assunto, estamos apenas juntando o resultado de várias pesquisas realizadas, para que o leitor, ávido de conhecimento, possa tê-las reunidas num só lugar.

Paulo da Silva Neto Sobrinho
Mar/2012.
(revisado dez/2017)


Notas:

1) http://www.fondsenligne.archives-lyon.fr/ac69v2/genealogie.php?mode=1

2) Passo a passo: Entrar no link: http://www.fondsenligne.archives-lyon.fr/ac69v2/genealogie.php?mode=1; Preencher formulário: Commune: Lyon; Type d’acte: Baptêmes ou Naîssances; Registre ou table: Registre; Année/Période: 1804 à 1804. Na janela que abrir, escolha o último registro: “Lyon – Division du Midi – Naissance – Registre – 1 vendémiaire an XIII (23/09/1804)-5è jour complémentaire an XIII (22/09/1805) – 2E110”, depois de aberta escolha a página 9.

3) Em São Paulo, a 04.03.2018, no Seminário “150 anos de A Gênese – o resgate histórico” promovido pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE-SP), em parceria com o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro, Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE) e Site Autores Clássicos Espíritas foi lançada a versão em português da obra (GOIDANICH, S. P. O Legado de Allan Kardec. São Paulo: Edição U.S.E./CCDP-ECM, 2018). Esse tema é tratado no capítulo 8, “A sucessão e a questão do nome civil de Allan Kardec”, p. 115-123.


Referência bibliográfica:


(1) ABREU FILHO, J. O principiante espírita. São Paulo: Pensamento, 1995.
(2) FERNANDES, W. L. N. Allan Kardec e o seu nome civil. in. Reformador, ano 118, nº 2052. Rio de Janeiro: FEB, março 2000, p. 24-28.
(3) INCONTRI, D. e GRZYBOWSKI, P. (org) Kardec Educador. Bragança Paulista, SP: Ed. 12 Comenius, 2005.
(4) LACHÂTRE, M. Allan Kardec in. COSTA NUNES, B. H et al. Em torno do Rivail. Bragança Paulista, SP: Lachâtre, 2004.
(5) MARTINS, J. D. e BARROS, S. M. Allan Kardec: análise de documentos biográficos. São Paulo: Lachâtre, 1999.
(6) RIZZINI, J. Kardec, irmãs Fox e outros. Capivari, SP: EME, 1995.
(7) WANTUIL, Z. e THIESEN, F. Allan Kardec: o educador e o codifcador, vol. I. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
(8) WANTUIL, Z. e THIESEN, F. Allan Kardec: o educador e o codifcador, vol. II. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
(9) GOIDANICH, S. P. El legado de Allan Kardec – presentación en la Confederación Espiritista Argentina, https://www.youtube.com/watch?v=SddznxO66zE&t=823s. Acesso em 20 dez. 2017.

Fonte: Site Paulo Neto]