terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

As novidades do Projeto Allan Kardec da UFJF: Eric Pacheco entrevista Fabio Fortes

Temos acompanhado e divulgado aqui o desenvolvimento do Projeto Allan Kardec, que indubitavelmente é um extraordinário trabalho em favor da historiografia espírita e, conseguintemente, um benefício para a divulgação do Espiritismo. Lembrando que esta é uma iniciativa da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e tem por objetivo essencial coletar, organizar e disponibilizar registros históricos a partir de um tratamento científico, de forma a oferecer uma fonte o mais confiável possível para os estudiosos e, em geral, para todos os interessados em conhecer a Doutrina Espírita. Saiba mais sobre o projeto clicando aqui. E este mês tivemos uma importante novidade: o lançamento de um segundo lote de documentos, incluindo manuscritos originais de Allan Kardec e sua esposa Amélie Boudet.

Visite agora mesmo o portal do Projeto Allan Kardec.


Para falar mais sobre tudo isso, o canal Espiritismo Em Kardec, dirigido pelo nosso confrade Eric Pacheco, entrevistou Fábio Fortes, professor da UFJF e um dos coordenadores do Projeto Allan Kardec, além de pesquisador e divulgador espírita. Acompanhe pela janela abaixo o vídeo da entrevista e fique atento às novidades desta valorosa iniciativa:



Não deixe de visitar o portal do Projeto Allan Kardec.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Descoberta histórica: "A Edição Zero de O Livro dos Espíritos"


Mais um grande trabalho de pesquisa realizado, envolvendo a colaboração de vários estudiosos espíritas: a descoberta da "edição zero" de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, que, no caso, adotara outro pseudônimo: "Villarius", edição essa, aliás, que se poderia chamar de "clandestina", uma vez que dispensou das formalidades exigidas para o registro e comercialização de uma obra naquela França de meados do século XIX.

Acompanhe mais esse achado:

Quem foi Villarius?

Antes do Depósito Legal da 1ª edição de 1857 de O Livro dos Espíritos, cujo registro na "Bibliografie de la France" aconteceu em 30/05/1857 [1], já circulava um prospecto de uma versão anônima (ou com pseudônimo?), que estava sendo impressa e aparentemente poderia ser comprada na Casa “Villarius” na rua Jacob, 35 [2]. A nota no Journal du Magnétisme, tomo XVI, nº 4, 2ª série, é de 25 de fevereiro de 1857, e diz, em tradução livre:

“(1) Este elemento é denominado espírito em uma obra anônima que está sendo impressa sobre o assunto em Paris e cujo prospecto nos foi entregue. Esta obra é intitulada: Os Livros dos espíritos ou Princípios da doutrina espírita escritos sob o ditado e por ordem dos espíritos superiores. Um vol. in-8. Preço: 3 fr. Chez Villarius, rua Jacob, 35.”

Mas neste endereço tínhamos apenas uma tipografia de Pierre Bascle [3] [4]. Seria “Villarius” um outro pseudônimo de Rivail, usado para correspondência? Talvez, pois no jornal Le Dimanche de 15 de novembro de 1857 [5] é dito também em tradução livre (os colchetes são nossos):

“Sr. Girard de Caudemberg (do Spectateur, anteriormente Assemblée nationale), Sr. Henri Delaage (do Courrier de Paris), Sr. Allan Kardec (do l’Univers), Sr. O Conde de Our... (de eu não sei o quê) [de Ourches], não reconhecem nos fenômenos da mesa que sobe e se sustenta no ar, da mesa que canta, da mesa que fala, da mesa que designa a pessoa mais amorosa da sociedade, eles não reconhecem lá mais do que os efeitos do poder espiritual, como fala o autor do Livro dos Espíritos Allan Kardec, também conhecido como Valérius [talvez Villarius], também chamado R... [Rivail].”

A. S. Morin em "Un nouveau révélateur" no La pensée nouvelle de 9 de junho de 1867 [6] também afirma:

“É a uma revelação semelhante que o Sr. Kardec deve o seu nome atual, antes deu à luz a vários outros: foi Denizot (sic), Rivail, Villarius...”.

Tal texto já havia sido identificado por G. Cuchet no livro Les Voix d'outre-tombe - Tables tournantes, spiritisme et société de 2012 [7, cap. VIII].

Portanto temos aí algumas provas circunstanciais que O Livro dos Espíritos poderia eventualmente ter circulado antes de 18 de abril de 1857, e de que Allan Kardec poderia ter usado nele o pseudônimo de Villarius. Fato é que parte já estava pronta em 11 de setembro de 1856, conforme se lê em Obras Póstumas em casa do Sr. Baudin: “Depois que procedi à leitura de alguns capítulos de O Livro dos Espíritos, relativos às leis morais, a médium escreveu espontaneamente (...)”.

Curioso também que o título no plural ("Os Livros dos Espíritos") só aparece nos Prolegômenos da 1ª edição conhecida de 1857. Juntando a Introdução a eles, temos 32 páginas, ou seja, exatamente dois cadernos de 16 páginas no formato in-8, que talvez, poderiam ter sido distribuídos antes.


O artigo no Le Dimanche, escrito por “Sábado” e enviado para “Domingo”, menciona “espiritismo”, “magnetismo”, “32 casas em que diariamente 15 a 20 pessoas fazem as mesas levitarem, falarem e cantarem”, “Frédéric Soulié” [8] [9], Sra. (sic) Japh... [Japhet] [10] [11], etc. Os editores-chefes do jornal eram G. Gérard e Émile Solié.

Agradecemos ao colega Wanderlei Santos dos Autores Espíritas Clássicos, pelas pesquisas nas diversas edições do Journal du magnétisme, e ao AKOL e OdK pela revisão.

Referências:



Esta descoberta tem uma imensa importância para a História do Espiritismo. Primeiro, podemos considerar a "ousadia" do codificador do Espiritismo em editar um livro sem passar pelos ditames burocráticos, algo impensável para alguns estudiosos espíritas da atualidade, que se têm se utilizado dessa concepção para deslegitimar a 5ª edição "revisada, corrigida e aumentada de A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, publicada em 1869, pelo fato de não se ter encontrado o Depósito Legal desta edição  apesar de já sabermos que dezenas de outras publicações de Kardec não terem satisfeito todas as exigências legais da Lei vigente para a imprensa e literatura em geral (ver O caso A Gênese).

Temos também aí uma nova forma de Kardec se apresentar ao público. Antes de assumir o cognome definitivo, sabemos bem, a pessoa em questão era o Professor Rivail, cujo registro de nascimento o nomina "Denisard Hypolite Léon Rivail", mais tarde, em seu testamento, renomeado para "Hypolite Léon Denizard Rivail" (que é a que adotamos, em razão de ser a escolha pessoal dele); enquanto profissional da educação, ele assinava suas obras como "H.L.D. Rivail"; no seu empreendimento comercial em sociedade com Maurice Lachâtre (um banco para promoção de negócios), era o Sr. Rivail; já nas suas atividades contábeis do teatro Délassements Comiques, ele destacava o sobrenome "Denizard"; eis que, como pensávamos até então, ele assumiria uma nova alcunha para tocar a obra espírita: "Allan Kardec". Ocorre que agora temos mais um apelido incluído nesta listagem: "Villarius".

Sobre a variedade dos nomes de Kardec, ver De Rivail a Kardec, de Carlos Seth).

Fazendo um estudo etimológico da palavra "Villarius", encontramos uma menção na toponímia da comuna francesa de Villard, no departamento de Haute-Savoie (normalmente aportuguesada para Alta Savoia) na Wikipédia em francês (veja aqui) que diz: "Le toponyme Villard dérive probablement du mot bas latin villarius, avec le suffixe -ard, signifiant « du domaine rural »". Ou seja, o nome daquela comuna deriva provavelmente da palavra "villarius", do latim vulgar, acrescida do sufixo "ard" correspondente a "de propriedade rural". É da mesma raiz de que foi extraída o termo "vila" do nosso português, significando um conjunto de casas agrupadas. Curioso é que "vilão" vem daí: alguém que vem na vila, cujo preconceito consagrou a ideia de que gente que vem de tal lugar seja de caráter baixo, algo do tipo ignorante, delinquente. Nosso confrade Charles Kempf nos apontou uma coisa bem curiosa a respeito dessa inscrição VILLARIUS: a aproximação de suas letras com o sobrenome RIVAIL; não forma um anagrama perfeito (estão sobrando as letras U, S e o L repetido), mas talvez o professor quisesse de alguma forma sinalizar uma reorganização dos caracteres do seu principal sobrenome.
OBS: Toponímiaestudo da origem dos nomes próprios de lugares; Comuna mais ou menos equivalente a "Município" no Brasil; Departamento = mais ou menos equivalente a "Estado" no Brasil; Latim vulgar = a língua falada pelo povão, um pouco diferente do latim falado pela elite; Anagrama = espécie de jogo de palavras criado com a reorganização das letras de uma palavra ou expressão para produzir outras palavras ou expressões, utilizando todas as letras originais exatamente uma vez.

Qual teria a pretensão de o Prof. Rivail publicar esta "edição zero", e de forma a preservar seu nome? — A hipótese que arriscamos é a de que ele faria com isso uma primeira sondagem à respeito da recepção do público em relação ao seu trabalho.

E quanto à substituição do pseudônimo (de Villarius para Allan Kardec)? — Pensamos que ele quis fazer um certo "agrado" aos amigos espirituais que lhe revelaram sua vida passada entre os celtas, quando teria sido um sacerdote druida justamente com o nome "Allan Kardec".

Mais adiante apresentaremos aqui um apanhado histórico sobre a repercussão desta "edição zero", especialmente entre os magnetistas e neoespiritualistas de Paris, que estavam firmando seus experimentos acerca das Mesas Girantes e outras sessões mediúnicas.

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A Gênese revisada: cap. XVIII, item 20 suprimido - "Papel regenerador do Espiritismo


Para uma melhor compreensão desta postagem, ver o sumário Análise comparativa das alterações no livro A Gênese.

Vamos analisar aqui, dentro do livro A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, o item 20 do capítulo XVIII ("São chegados os tempos") presente na versão original da obra (da 1ª à 4ª edição) e excluído na edição revisada (desde a 5ª edição).

A supressão deste trecho tem sido uma das modificações apontadas como justificativa para negar a autenticidade da edição dita 'revisada, corrigida e aumentada", pois, conforme o entendimento dos que seguem essa ideia, trata-se de "um texto da mais alta importância doutrinária sobre o considerável papel do espiritismo na regeneração da humanidade:", como se lê no livro O Legado de Allan Kardec, de Simoni Privato Goidanich (ver cap. 11). Nesse sentido, viu-se aí um "grande prejuízo", pela lógica de que a sua exclusão representaria a anulação de seu enunciado; noutras palavras: a retirada desse item indicaria que seu conteúdo não era válido, como se agora o autor estivesse negando o que havia ali, como se o que estava contido no item 20 deixaria de ter validade. Por tal forma de pensar, a exclusão desse item, portanto, empobreceria esta nova edição ao ponto de se negar que ela seja aceita como obra de Kardec.

Mas então, vejamos o que consta nesse item suprimido:

N​esse grande movimento regenerador, o Espiritismo tem um papel considerável, não o Espiritismo ridículo inventado por uma crítica zombeteira, mas o Espiritismo filosófico, tal que o compreende qualquer um que dê o trabalho de procurar o miolo sob a casca.

Pelas provas que ele oferece das verdades fundamentais, ele preenche o vazio que a descrença gerou nas ideias e nas crenças; pela certeza que ele dá de um futuro conforme a justiça de Deus, e que a mais severa razão pode admitir, ele ameniza as amarguras da vida e previne os funestos efeitos da desesperança.

Ao promover as novas leis da natureza, ele dá a chave de fenômenos incompreensíveis e de fenômenos insolúveis até agora, e, através da fé, ele revoga a incredulidade e a superstição. Para ele, não há nem o sobrenatural e nem o fantasioso; tudo se efetua no mundo em virtude das leis imutáveis.

Longe de substituir um exclusivismo por outro, ele se coloca em defesa absoluta da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as formas e o arranca pela raiz ao proclamar a salvação para todos os homens de bem, e, para os mais imperfeitos — mediante seus esforços, através da expiação e da reparação — a possibilidade de chegar à perfeição que unicamente conduz à suprema felicidade. Ao invés de desencorajar o fraco, ele o encoraja ao lhe mostrar o porto ao qual pode chegar.

Ele não diz ​Fora do Espiritismo não há salvação​, mas diz, como o Cristo: ​Fora da Caridade não há salvação​, princípio de união, de tolerância, que reunirá os homens em um sentimento comum de fraternidade, em vez de dividi-los em seitas inimigas.

Por este outro princípio ​Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade​, ele destrói o império da fé cega que anula a razão, da obediência passiva que embrutece; ele emancipa a inteligência do homem e eleva sua moral.

Consequente consigo mesmo, ele não se impõe mais; ele diz o que é, o que quer o que oferece e espera que venhamos a ele livre e voluntariamente; quer ser aceito pela razão e não pela força. Ele respeita todas as crenças sinceras e combate apenas a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia — que são as chagas da sociedade e os mais sérios obstáculos ao progresso moral; porém, ele não lança maldição a ninguém, nem mesmo aos seus inimigos, pois está convencido de que o caminho do bem está aberto até para os mais imperfeitos, e que cedo ou tarde eles tomarão esse caminho.

Sem dúvidas, é um belo texto, em cujas entrelinhas desenvolvem-se uma gama de conceitos extraordinários que só encontramos na Doutrina Espírita, fazendo desta a via mais certa e segura para efetivarmos nosso projeto evolutivo.

Desta maneira, por que pensar que Kardec o excluiria numa revisão de seu livro?

Vamos sondar possibilidades...


KARDEC EDITANDO A GÊNESE

Uma das ideias do autor de A Gênese era, para uma edição desta obra, apresentar novas ideias doutrinárias sob a condição de não avolumar demais o livro, que já era (na publicação original) de considerável tamanho. Como fazer isso, então? — "Eliminando repetições, ora essa!". Foi isso que lhe disseram os Espíritos amigos, consultados justamente sobre tal propósito (saiba mais clicando aqui).

Em suma: seria preciso suprimir alguns trechos para abrir espaço para conteúdo novo. Mas o que suprimir do livro original? Tudo o que ali continha era tão preciso, importante e didaticamente elaborado para enriquecer o contexto de seu capítulo...! Qualquer trecho que dele se tirasse certamente seria, a rigor, um corte na pele!

O item 20 é, enfatizamos, uma bela composição: valoriza a doutrina, proclama sua justeza racional e excluí a ideia do sobrenatural...! Beleza! Mas já tudo isso é algo que já está tão intrínseco no conjunto da obra de Kardec que não é concebível imaginar Espiritismo de outra maneira. O dizer "Fora da Caridade não há salvação", inserido neste item, está tão consagrado no plano da Codificação Espírita que é considerado um lema, um bordão do Espiritismo (saiba mais aqui); está presente em vários artigos da Revista Espírita, está estampado em O que é o Espiritismo, no opúsculo Viagem Espírita em 1862 e figura o título de todo um capítulo em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XV).

O outro bordão "Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade" é também uma repetição comum dentro da obra do mestre lionês; é uma proclamação do caráter racional da doutrina e, por conseguinte, a eliminação de qualquer hipótese mística, como, aliás, todo o conteúdo de A Gênese o é, em especial, porque foi elaborada justamente para isso. A exclusão desse item 20, porventura, desfaz o que se acha no restante da obra?

Pegue-se o último parágrafo deste item eliminado e poderemos ver como seria prejudicial se suas belas definições não tivessem jamais sido ditas por Kardec...! Mas, felizmente, toda a sua obra é o desenvolvimento dessas mesmas ideias, de modo que este breve resumo, sacrificado numa edição revisada, não faz desparecer algo tão cristalizado no entendimento de um bom espírita, entendedor dessa essência doutrinária.

Diz o autor, na Introdução do livro, que "Esta obra é, portanto, como já o dissemos, um complemento das aplicações do Espiritismo..." Isso quer dizer que, para quem realmente deseja inteirar-se da doutrina, faz-se necessário o estudo aprofundado de todo o conjunto da Codificação, não cabendo a um único livro a pretensão de esgotar todos os conceitos doutrinários. Logo, o que alguém sentir falta em A Gênese, especialmente na edição revisada, poderá ser encontrado facilmente nos demais livros, opúsculos e revistas da bibliografia kardecista, com o apelo para a compreensão que esta nova edição precisava ser um pouco enxugada para permitir conteúdos novos, conforme pretendia o autor.

Por acaso, é minimamente lúcido ponderar que a supressão deste item 20 signifique colocar sob suspeita estas definições tão claras na codificação kardequiana? Espiritismo deixa de ser regenerador devido essa exclusão?

Pensamos francamente que não.


"Estudos e Pesquisas Espíritas em 2020" com Alexandre Fonseca

Temos a satisfação de compartilhar com os nossos confrades o seguinte vídeo com a gravação de uma live promovida pela USE - União das Sociedades Espíritas de São Paulo e apresentada por Alexandre Fontes da Fonseca, assessor do Departamento de Ciência e Pesquisa Espírita daquela entidade, justamente tratando dessa área. Nesta live, "Estudos e Pesquisas Espíritas em 2020", nosso confrade faz um rápido apanhado do período anual passado sobre os trabalhos do meio formal (profissional e acadêmico) e informal (pesquisa livre, individual, de entidades espíritas, etc.), ao mesmo tempo em que oferece algumas noções básicas sobre metodologia científica e como aplicá-la em proveito doutrinário do Espiritismo.

Ao final da live, que foi realizada em 6 deste fevereiro, Alexandre, que é professor de Física da Unicamp, a Universidade de Campinas - SP, também falou da ideia de formatação de um curso para ajudar aos interessados em realizar pesquisas espíritas e criar um meio mais acessível de intercâmbio entre os pesquisadores.

Não deixe de conferir esta exposição tão interessante:

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Artigo "O Movimento Espírita repete a história do movimento cristão?", por Carlos Luiz


Apresentamos a seguir o artigo cujo título traz uma indagação pertinente: "O Movimento Espírita repete a história do movimento cristão?", assinado pelo sociólogo e estudioso espírita, nosso confrade
Carlos Luiz, de Fortaleza - Ceará, em complemento ao texto da postagem "Um fato singular", aqui postado em 15 do último janeiro.

Em pauta, a forçosa tese de adulteração das obras de Allan Kardec (ver O caso A Gênese), a responsabilidade dos envolvidos e um recorte histórico ilustrativo que bem serve de elemento comparativo para analisarmos os efeitos de tais campanhas: o episódio de uma estranha tradução feita para o livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Kardec, que mobilizou uma resposta até de certo modo enérgica de personagens respaldados no Movimento Espírita, tais quais o médium Chico Xavier e o filósofo José Herculano Pires.

Segue o artigo para a reflexão de todos:


O Movimento Espírita repete a história do movimento cristão?

"Guardai-vos dos falsos profetas, que se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, e por dentro são lobos ferozes."
(Mateus, 7:15) [1]


O Espiritismo e o Cristianismo sofreram ataques desde o início

A história do Cristianismo é marcada por ataques bombásticos e sutis. Destruição física, devastação teórica e moral, nada disso é novo. Allan Kardec ensina que o Espiritismo é o Consolador, o continuador do Cristianismo e, por isso, deve passar pelas mesmas dificuldades e ataques que este passou.

No final de sua vida, o codificador aponta para uma interessante repetição histórica: a desfiguração da Doutrina Espírita, de forma semelhante a que ocorreu com o cristianismo primitivo, pelo docetismo. O objetivo central era idêntico: desmoralizar Jesus de Nazaré, o Cristo.

Não por acaso, Kardec classifica o roustainguismo de docetismo. Ambos, o docetismo e o roustainguismo não eram uma religião ou seita, mas uma corrente de pensamento que buscava se infiltrar: a primeira no cristianismo primitivo; a segunda no Consolador.

Apesar dos avisos de Kardec, na França, e de Cairbar Schutel e José Herculano Pires, no Brasil, o roustainguismo acabou se infiltrando no movimento espírita brasileiro, principalmente quando a Federação Espírita Brasileira tornara-se extraordinária divulgadora dessa corrente de pensamento anticristã.


Assim como o Cristianismo, o Espiritismo se institucionalizou

história se desenrola e como era de se esperar novos ataques surgem. Como ocorreu na Idade Média com o Cristianismo, o Espiritismo institucionalizou-se. Na época medieval, forma-se a Igreja romana; na atualidade, temos as grandes instituições espíritas que competem por legitimidade entre os milhões de espíritas brasileiros. Querem ser católicas, universais.

São instituições socialmente poderosas: possuem imenso patrimônio, milhares de colaboradores e associados e vultosos investimentos, portanto, significativos interesses financeiros.


O que dizem as instituições: precisamos salvar o Espiritismo!

Tudo se repete de forma acelerada. Instituições com poderosos interesses, associadas à líderes propagandísticos  que se intitulam "intelectuais" da doutrina, e em alguns casos também médiuns  que com afirmações às vezes sutis, outras vezes ostensivas. Apresentam-se como "iluminados" com a prerrogativa de  ao mesmo tempo em que ensinam Espiritismo às massas — corrigir o entendimento da doutrina de Kardec. Tão absorvidos estão na autoilusão, que para eles é natural desqualificar Kardec e seus mais legítimos continuadores. Claro, assim agem para nos salvar. Isso também não é novo, mas revela a fase que vivemos no movimento espírita: a fase inquisitorial.

Apenas um estudo minucioso da mente inquisitorial tornará compreensível o que hoje vivenciamos: a desfiguração da obra do codificador e da dignidade de seus continuadores sob o pretexto de servir a verdade. Nesse artigo, iniciamos essa análise.


As unhas do lobo

O primeiro ataque à codificação com elevadíssimo poder de destruição, quase tão destrutivo como o que estamos acompanhando hoje, aconteceu em São Paulo patrocinado por importante instituição desse estado: Federação Espírita do Estado de São Paulo - FEESP, apoiados pela Fundação Espírita André Luiz - FEAL, que, a título de reprimenda dos que contestaram a adulteração de O Evangelho Segundo o Espiritismo, acabou, por exemplo, com o programa de rádio de Jorge Rizzini  "Um passo no Além". Concomitantemente, o Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do Campo, afastou abruptamente Herculano Pires da direção do programa "No Limiar do Amanhã", da Rádio Mulher. [2]

Outra instituição que compactuou com a adulteração foi a USE - União Espírita do Estado de São Paulo, que, segundo o depoimento de José Herculano Pires, permaneceu em estranho silêncio sobre a adulteração até que todos os trinta mil exemplares do Evangelho adulterado fossem vendidos. Indaga Herculano: que forças impediram o pronunciamento que ficou engavetado durante três meses? [3]

É preciso entender que as investidas contra a Codificação existem desde a época do Mestre lionês, o que tornou o ataque do ano de 1974 perigosíssimo foi o apoio de importantes instituições que utilizaram, como acontece hoje, seus vastos recursos sociais, midiáticos e financeiros para a promoção da deformação da obra de Kardec.

Tudo está descrito no livro Na Hora do Testemunho, de autoria conjunta de Herculano Pires e Chico Xavier, com a participação do Espírito Emmanuel. Explica o livro: em 1974, já lidávamos com cardeais e bispos, reencarnados no movimento espírita, que revivem suas práticas de interpretação deturpada do Novo Testamento e que têm por objetivo, agora, o Consolador.

Em poema de aguda inteligência, intitulado A Ceia dos Cardeais, somos alertados:

A Codificação esquartejada e frita
exalava esse odor que ao estômago excita.
Velhos cardeais de outrora e bispos reencarnados,
trazendo inda por dentro as vestes purpuradas
mantinham cautamente as mãos entrecruzadas
à espreita do manjar, os olhos espichados.

─ Este é um raro petisco, um albatroz glorioso!
(exclamava um bispinho esquálido e faminto)
Com dois copos ou três de um belo vinho tinto
dá-nos o que nos falta, o êxtase do gozo!
Um fradeco rotundo, envolto em seu burel,
que de bispo fingia, iludindo os videntes,
agitava-se inquieto e dizia entre dentes:
─ Ave do Paraíso, um presente do céu!

─ Passe-me o coração, esse é o melhor pedaço!
(gritava antigo frei de convento da Espanha
que perdera o burel mas não perdera a manha)
Por causa dele fui internado no Espaço! [4]

O poema é por demais claro, prescinde de comentário.


A mentalidade inquisitorial da Era cristã

Para entendermos os atordoantes acontecimentos que presenciamos no movimento espírita, é imprescindível compreender como pensam e agem os bispos e cardeais que atuaram no domínio das populações medievais e nos subsequentes sistemas totalitários. Como afirma Jesus, é preciso muito cuidado com o fermento dos fariseus, de forma ainda mais explícita, alerta: são lobos vorazes com aparente mansidão e bondade.

A mentalidade inquisitorial foi forjada na arrogância e no abuso do poder. Defensores do Cristo, podiam anular as palavras do Mestre com suas teorias e, ao mesmo tempo, punir os que não os obedecessem.


Os ataques em nome da doutrina

Hoje, para espanto das pessoas sensatas, após a derrota no caso da adulteração de Evangelho Segundo o Espiritismo, condena-se a quinta edição de A Gênese e calunia-se os seguidores de Kardec, buscando impor interpretações esdrúxulas e desmoralizantes em nome da verdade sem nenhuma prova séria. Devem sentir imensa falta das fogueiras. Porém, mesmo sem possuí-las, permanecem muito destrutivos.

É preciso falar francamente, explicar como chegamos ao ponto inimaginável poucas décadas atrás: vemos espíritas, supostamente conhecedores da Doutrina Espírita, darem as mãos à instituições espíritas poderosas para deturpar a obra Kardequiana.


O ataque à 5ª edição de A Gênese e a convenção de Berna

O Espiritismo vive a sua hora mais escura. Depois que todas as fraquíssimas evidências históricas contra A Gênese e os continuadores de Kardec caíram por terra, esperava-se que a lucidez fosse reestabelecida. Mas, surge uma nova “prova”: a convenção de Berna. É inacreditável, mas verdadeiro, os espíritas usaram uma convenção de 1886 para justificar suas condenações à obra de Kardec. Não entrarei no mérito da apelação jurídica que deram a essa convenção, que é, inclusive, posterior, à referida publicação. Apenas indago: é justo utilizar-se de uma convenção do direito internacional para desqualificar Amelie Boudet ou diminuir o valor da obra do pioneiro espírita?


A condenação dos continuadores de Kardec

Ocupemo-nos, hoje, com a seguinte questão: por quê?

Uma característica da mente inquisitorial foi expressa por um inquisidor franciscano ao rei Felipe IV da França, no início dos anos 1300, disse ele que se os santos Pedro e Paulo tivessem comparecido perante seu tribunal, ele não teria dúvidas de que as técnicas que empregava seriam capazes de assegurar as condenações dos apóstolos. Essa é a explicação do aparentemente inexplicável: Kardec e seus continuadores sempre serão condenados. Os pretextos podem mudar, mas os inquisidores acreditam-se infalíveis. [5]

Continuaremos.


Referências:

[1] Bíblia do Peregrino, Editora Paulus, 2018.

[2] Na Hora do Testemunho, Francisco Cândido Xavier e José Herculano Pires, Item 'Na Hora do Testemunho'.

[3] Idem, Item 'A Trama da Adulteração'.

[4] Idem, Item 'A Ceia dos Cardeais'.

[5] O Júri de Deus: a formação do mundo moderno (God's Jury: The Inquisition and the Making of the Modern World), Cullen Murohy. Item 'A inquisição deles – e nossa' (Their Inquisition—and Ours).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Em breve: "LR- Lei de Reencarnação", novo curso da PEADE

Mais um curso está sendo preparado para compor a PEADE, a nossa Plataforma de Estudos Avançados da Doutrina Espírita, parceria da Luz Espírita com o Grupo Marcos. No novo estudo que breve estará disponível para todos, o tema central é exatamente o que corresponde ao título do curso: "Lei de Reencarnação", cujo programa engloba questões como; a necessidade de reencarnar, a justiça divina presente nessa lei natural, as condições gerais e, claro, como podemos aproveitar melhor as oportunidades que nos são oferecidas em nossa reencarnação atual.

Enquanto este novo curso está sendo organizado para publicação, a PEADE já dispõe de uma série de cursos também muito interessantes, desde um programa de introdução à Doutrina Espírita até estudos mais aprofundados sobre a psicologia do Cristo, Anjos Guardiões e princípios do Magnetismo.

Se você ainda não fez sua inscrição para a nossa plataforma, clique aqui para se cadastrar e fazer parte da nossa comunidade de estudos online.

Se precisar de ajuda para efetuar seu cadastro na PEADE, acompanhe o tutorial pelo vídeo a seguir:

Lembrando que é tudo absolutamente gratuito: nós não cobramos assinatura, não vendemos produtos, não pedimos doação, enfim, não envolvemos dinheiro em nossas atividades.

Inscreva-se agora mesmo na PEADE.

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Pesquisa Nacional Espírita 2021

Acaba de ser lançada a Pesquisa Nacional Espírita 2021, chegando à 7ª edição desse interessante trabalho estatístico idealizado pelo nosso confrade Ivan Franzolin, de São Paulo.

Se você ainda não conhece esse trabalho, confira esta nossa postagem com uma entrevista em vídeo com Franzolim.

O formulário da enquete deste 2021 já está disponível neste link e você completa o questionário de maneira fácil e rápida, ajudando assim a traçar um melhor panorama sobre como o Espiritismo é entendido e praticado no nosso meio.

A fase de pesquisa desta edição fica disponível até o próximo 31 de março e o resultado de dados será publicado logo mais.

Clique aqui e participe desta pesquisa.