sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Novo verbete da Enciclopédia Espírita Online: "Pierre-Paul Didier"



Mais um notável personagem para a História do Espiritismo ganha um verbete em nossa Enciclopédia Espírita Online: Pierre-Paul Didier.

Veja a sinopse deste grande contribuinte para a Doutrina Espírita:

Pierre-Paul Didier (1800, Paris, França - 2 de dezembro de 1865, Paris, França) foi um editor, diretor da Livraria Didier, confrade espírita e amigo de Allan Kardec, membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Foi a sua conceituada Editora e Livraria Acadêmica Didier — a mesma que produziu tantos honoráveis trabalhos para a Academia de Ciências Francesa — também aquela que mais prestou serviços gráficos para a confecção das obras básicas da codificação do Espiritismo.

Conheça melhor a vida e a obra do livreiro-editor dos letrados de Paris em seu tempo que também se tornou grande propagador da doutrina kardecista. Descubra também como a sua morte serviu de pretexto para controvérsias acerca da sua convicção espírita, bem como para um desacordo de opinião entre Allan Kardec e Alfred Didier, o filho do antigo editor, quanto à sua evocação na Sociedade Espírita de Paris.

Confira agora mesmo o verbete Pierre-Paul Didier.


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

12° aniversário do nosso blog Espiritismo em Movimento

Nesta quinta-feira, 28 de outubro, comemoramos a primeira dúzia de anos de existência do nosso blog Espiritismo em Movimento, que é uma uma das mídias oficiais do Portal Luz Espírita. Então, há 12 anos atrás, publicamos em nossa primeira postagem a "novidade" (o lançamento deste canal) e desde aí o blog foi sendo desenvolvido com muita dedicação, angariando a confiança e a audiência, que aliás só cresce: chegando, em menos de uma década, à marca de 1 milhão de acesso, como notificamos num post de 16 de out. de 2017 (na presente data, estamos com 1,6 mi, caminhando acelerado para chegar ao segundo milhão).

Por toda a confiança depositada nesta enorme audiência, só temos que agradecer aos nossos confrades seguidores do blog, pedindo aos amigos espirituais que nos ilumine e fortaleça a continuação do trabalho, cujo objetivo máximo é a divulgação da nossa amada Doutrina Espírita, visando contribuir com o progressos evolutivo de todos nós. 

Gratos a todos!

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Projeto Allan Kardec: manuscrito "Prece de Allan Kardec - 02/12/1866"


Como nossos leitores bem sabem, temos acompanhado atentamente o desenvolvimento do Projeto Allan Kardec (veja aqui) da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, que já reúne o maior acervo documentado e público de cartas, manuscritos e obras em geral originais de autoria do Codificador do Espiritismo. À visto disso, cuidamos de analisar esses documentos, apresentando uma contextualização, de acordo com o conjunto de informações que vamos cruzando a partir de todos os elementos históricos de que podemos nos valer a fim de compreendermos melhor a História do Espiritismo e mesmo seu corpo doutrinário.

Para hoje, vamos destacar a o documento intitulado como "Prece de Allan Kardec - 02/12/1866", disponível no portal do Projeto. Lá você pode baixar a imagem do manuscrito original (ver imagem a seguir), sua transcrição (em francês) e a tradução, que reproduzimos aqui.


Segue o texto do manuscrito traduzido para o nosso português:

2 de dezembro de 1866.

Senhor Deus Todo-Poderoso,

Quanto mais medito sobre o objetivo final do espiritista, que é sua constituição em religião, mais eu sinto minhas ideias se aclararem e o plano se delinear, sem dúvida graças à assistência de vossos mensageiros; porém, mais também eu sinto quanto esse trabalho exige calma e <meditações> sérias.

Se me julgais digno, Senhor, de uma tal tarefa, fazei, peço-vos, que eu possa ter a tranquilidade necessária. Se as circunstâncias me obrigarem a me expatriar, peço que os bons Espíritos preparem os caminhos para que eu possa, em meu retiro, dedicar-me sem problemas a esses trabalhos. Dai-me sobretudo saúde, assim como a Amélie.

Quanto ao local do retiro, tenho em vista Locarno, que me parece reunir as melhores condições; sobre isso, porém, seguirei os conselhos dos Bons Espíritos. Parece-me útil, antes de partir, ter feito o volume da Gênese.

Peço aos Bons Espíritos que me assistam e me deem o tempo e as forças que me são indispensáveis.


CONTEXTUALIZAÇÃO

O primeiro ponto que aqui destacamos é que Kardec fazia uso contínuo da oração, tanto que chegava ao ponto de escrevê-las — muito provavelmente para deixar nos registros históricos do Espiritismo esse seu traço marcante, inclusive como estímulo aos confrades, para fortalecer a consciência, a fé e determinação nos projetos espíritas.

Em seguida, observamos como ele se dirigia solenemente a Deus, reconhecendo sem pesar sua submissão ao "Todo-Poderoso".

Logo mais, vemos o codificador espírita com a mente aberta — e não dogmática — meditando sobre o "objetivo final" da doutrina para a qual ele se predispôs trabalhar. Note-se: conforme o documento original, a frase é: "Quanto mais medito sobre o objetivo final do espiritista...", que pensamos querer dizer, na verdade, sobre o objetivo do espiritismo, podendo Kardec ter cometido um engano ao grafar a derradeira palavra ("espiritista" em vez de "espiritismo") — o que não é difícil (Kardec também se equivocava, às vezes, em seus escritos) e aliás, no francês, a diferença entre estes vocábulos é de uma só letra: "spiritiste" e "spiritisme". De qualquer forma, se assim não for, temos Kardec meditando sobre o rumo da prática espírita.

Ora, se ele ainda estava meditando sobre o objetivo da doutrina, significa que ele — embora já houvesse dedicado uma década aos estudos espíritas — ainda não havia fechado a questão nem tampouco estabelecido um dogma quanto à essência do Espiritismo. Portanto, a ideia continuava evoluindo.

Diz ele na prece que essa ideia caminhava ao encontro de uma concepção religiosa. Certamente, não no sentido de uma religião formalizada, nos moldes das crenças tradicionais, com suas liturgias sacramentadas, hierarquia de consagrados, dogmas e sacrifícios, etc., mas em tipo de religiosidade natural — a que é claramente identificada em toda a codificação: necessidade de adoração ao Criador (não de bajulação, de que Deus não precisa nem quer, mas como exercício de integração com as virtudes divinas e desenvolvimento da sensibilidade).

Evidentemente que naquele século (no qual qualquer ideia de religião era sinônimo de misticismo, ignorância, anticiência) admitir-se religioso era um ato desafiador; considerar a face religiosa do Espiritismo custaria muito caro, tanto que Kardec, na referida prece, vai até mesmo considerar a possibilidade de exilar-se de seu amado país, França, já cogitando um local para se retirar: Locarno, na Suíça, divisa com a Itália; esta preferência se explica pelo objetivo: melhores condições para dar continuidade aos projetos espíritas, ou seja, tranquilidade para seguir o rumo doutrinário que se devia tomar, pelo que ele vai apelar, nesta prece, o auxílio dos bons Espíritos.

Finalmente, vemos Kardec compenetrado na tarefa de compor aquele que seria seu livro derradeiro nesta encarnação: A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, que seria lançado dois anos depois desta prece; livro este que trata em pontos cruciais da doutrina, mergulhando em questões religiosas, inclusive em controvérsias clássicas, por exemplo, os milagres de Jesus e profecias, trazendo então, com ricos detalhes, a predição da transição planetária  de nosso orbe, cuja culminância o advento do Espiritismo vem marcar seu início (capítulo XVIII: "Os tempos são chegados").

Para saber mais sobre a relação entre Espiritismo e religião, ver o livro Religião e Espiritismo - análise de novas fontes de documentos, disponível na nossa Sala de Leitura.


Confira outras contextualizações feitas:
  • Manuscrito "Evocação", datado de 1860 - Acessar.
  • "Rascunho de carta para o senhor Edoux - 15/04/1864", em que Kardec comenta as zombarias feitas do Espiritismo - Acessar.
  • Carta "O retorno da fé em Deus do Sr. H. Georges", evidenciando o valor da nossa doutrina contra o materialismo - Acessar.
Não deixe de visitar o portal do Projeto Allan Kardec.

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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

O Baile das Loucas: um filme que faz apologia ao Espiritismo

Este é um daqueles filmes que se vê e não se esquece jamais: O Baile das Loucas, produção original da Prime Video), baseado no aclamado romance homônimo  (Le Bal des Folles, no original em francês) escrito por Victoria Mas (ver no Google Books) lançado em agosto de 2019 e logo mais consagrado um best-seller, sucesso essa sendo acompanhado pela versão cinematográfica exibida com destaque no catálogo de streaming da Amazon.

Primeiramente, como filme, a produção é excelente, tanto pelo roteiro como pelas interpretações, figurino, fotografia etc. Há cenas de nudez  que poderiam ser evitadas  embora sem qualquer exploração sensualista, usadas como recurso chocante para mostrar a cabível crueza da mensagem que a obra encerra. Só por isto, poder-se-ia recomendar o filme, como entretenimento. Porém, especialmente para nós espíritas, o enredo (uma história fictícia, mas dentro de um contexto real) é interessantíssimo: é praticamente uma apologia ao Espiritismo e uma crítica ao cientificismo relacionado com as experimentações da nascente ciência psicológica.


Enredo

A personagem principal Eugénie (fictícia) é uma mocinha de uma típica família abastada da Paris da segunda metade do século XIX; educada para se "comportar bem" socialmente e arranjar um "bom casamento" (leia-se "economicamente vantajoso"). Como se não lhe bastasse o desejo comum de liberdade e cede por conhecimento, ela também é uma sensitiva. Bastou uma escapulida de casa e ela vai se achar numa cafeteria, aonde jovens iam para ler, fumar e trocar ideias; então ela se interessa por um livro que um rapaz carregava e este acaba lhe emprestando a obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

Eugénie lendo O Livro dos Espíritos de Allan Kardec

De volta ao lar, Eugénie devora o livro, especialmente identificando-se com a descrição dos médiuns e a conscientização de que os Espíritos que se comunicam nada mais são do que pessoas ora desencarnadas. Ela passa a compreender melhor sua mediunidade, mas as manifestações acabam por condená-la: seu pai, impiedosamente, interna-a no manicômio dirigido pelo doutor Charcot (Jean-Martin Charcot, 1825-1893), dito o mais respeitado cientista francês de seu tempo (à propósito, Sigmund Freud foi seu aluno) e diretor do Hospital da Salpêtrière, que serviu ao mesmo tempo de manicômio, prisão para prostitutas, além de "depósito" de mulheres indesejadas pela família.


Os experimentos do dr. Charcot

Espiritualidade tratada como loucura e passível de cruéis terapias

Assim como as demais infelizes internas na Salpêtriêre, Eugénie vira instrumento de cruéis experimentos dos cientistas, como o Dr. Charcot, materialista convicto, que obviamente ignorava o fenômeno espiritual. Todavia, ela vai encontrar uma saída na mesma causa que a levou ao internato naquele manicômio: por causa de seus recursos mediúnicos, ela angaria a simpatia e a ajuda de Geneviève, a chefe das enfermeiras, cujo drama pessoal maior é o de lidar com a perda de uma irmã querida; mediando o intercâmbio confortador entre esse Espírito e Geneviève, Eugénie então vai encontrar a solução (liberdade) para todas elas.

A mediunidade unindo Eugénie e Geniviève

Veja pela janela abaixo o trailer do filme:

Além de citar explicitamente O Livro dos Espíritos — conquanto o nome do autor (Allan Kardec) não seja mencionado — o filme O Baile das Loucas é deixa evidente a realidade do intercâmbio mediúnico e toca diretamente nas suas consequências mais fundamentais, quais sejam: a imortalidade da alma, a existência do mundo espiritual e o valor da mediunidade, deixando, ao final, uma mensagem forte de esperança para os sofredores deste mundo, com vistas num ordenamento maior, conforme as leis de Deus, a partir do refazimento moral das almas. É igualmente um alerta quanto aos perigos do cientificismo, da crueza do materialismo e a maldade ocasionada pela ignorância dos valores espirituais.

Sem dúvidas, um filme belíssimo, que vai despertar muitas e necessárias reflexões em quem assisti-lo com atenção. E, enfim, mais uma obra de arte em defesa dos conceitos espíritas.

Link do filme para a plataforma da Amazon Prime Video.


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Em breve: novo curso da PEADE: "Vivenciando a Prática Espírita"

Sou espírita: mas, então, o que fazer com o Espiritismo? Como praticar a doutrina nos moldes da codificação kardequiana?

Este é o enfoque central do novo estudo que será lançado em breve na PEADEintitulado "VPE - Vivenciando a Prática Espírita", sob coordenação da equipe Luz Espírita e o Grupo Marcos.

Para quem ainda não conhece a PEADE, ou seja, Plataforma de Estudos Avançados da Doutrina Espirita, é, exatamente como o nome diz, uma central de estudos em um ambiente virtual, online, pelo qual os interessados poderão estudar, pesquisar e se confraternizar, através da internet, a partir dos vários cursos lá já oferecidos e outros que estão por vir, como este que acabamos de anunciar.

Lembrando que é tudo absolutamente gratuito.

Visite a página oficial da PEADE, inscreva-se e experimente os cursos que já estão à disposição de todos.


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

"Auto de Fé de Barcelona: Há 160 anos a Inquisição tentou conter a marcha do Espiritismo", por Rogério Miguez


No século XIX, o periódico parisiense Le Siècle – O Século -, um jornal intitulado político, literário e de economia social, na sua Seção Política, assim registrou, na edição de segunda-feira, 14 de outubro de 1861, fato insólito acontecido em uma praça da cidade de Barcelona, alguns dias atrás: [1]
[…]
A Igreja da Espanha iniciou uma grande cruzada contra os espíritos; o tempo não está bom para eles na Península: espíritos batedores, espíritos girantes, simples espíritos, estão sendo caçados como merecem. Enquanto se esperava que ela os apreendesse fisicamente, o que parece bastante difícil, a inquisição fez com que os jornais, livros e revistas espíritas ou espiritistas que circulavam na Espanha fossem apreendidos e queimados.
No dia 9 de outubro de 1861, às dez e meia da manhã, na esplanada da cidade, no local onde são executados os criminosos condenados à morte pelo torniquete, foram queimados, por ordem do Bispo de Barcelona,​​trezentos volumes ou brochuras apreendidas na casa de um livreiro mais ou menos infestado de espiritismo.
O auto-de-fé era presidido por um sacerdote vestido com vestes sacerdotais, carregando a cruz numa das mãos e a tocha na outra. Um notário e seu escrivão, responsáveis​​pela redação do processo verbal; um alto funcionário da alfândega ficou ao lado do padre, enquanto três moços mantinham a fogueira acesa.
Quando os trezentos volumes foram consumidos, o sacerdote e seus acólitos retiraram-se em meio aos gritos da inumerável multidão que cobria a praça, e, enquanto o povo clamava com todas as suas forças: Abaixo a inquisição! o livreiro apreendido conseguiu aproximar-se da fogueira e recolheu alguns fragmentos das cinzas deste burlesco auto-de-fé. Isso é tudo que lhe restou de seus trezentos volumes.
Há muitos livros queimados; agora é sobre aqueles que os leram; como a inquisição lidará com eles? Sem dúvida não os queimaremos: os tempos, Ah...! não o permitem mais; mas cuidado com a reparação honorável! [2] Em qualquer caso, neste momento, não somos nós que nos divertiremos fazendo as mesas girarem na Espanha.
[…]
Considerando mais este infame ato, se denota como a História está repleta de episódios praticados por Espíritos retrógrados visando interromper a marcha evolutiva do planeta.

Neste caso em exame, a Igreja Católica Apostólica Romana, tentou sem sucesso, mais uma vez, através de uma prática – a Inquisição -, que, certamente, impôs pesadas expiações aos seus atores, atrapalhar os anseios do povo em se libertar das condutas medievais, que vigoraram durante o milênio em que a Terra esteve mergulhada nos abismos da superstição, da ignorância e mesmo da crueldade, e que ainda insistiam em se fazer presentes no século XIX, tentando manter pela força e o terror, suas estruturas caducas e desgastadas por tantas iniquidades perpetradas.

Em parte, a Idade Média se estabeleceu devido ao afastamento gradual da vivência na essência dos ensinos Crísticos, quando interesses materiais e a ânsia pelo domínio territorial, instigaram o egoísmo de desorientados religiosos a trabalhar espontânea e alegremente em nome das forças das trevas, em lugar de aplicar o amai-vos uns aos outros às suas próprias vidas e a dos seus partidários, máxima tão bem divulgada e, principalmente, exemplificada pelo Meigo Rabi da Galileia.

Este período é considerado como a Idade das Trevas e, uma das práticas de controle da “fé” adotadas pela religião dominante no mundo ocidental, era a morte ou o suplício de todos que não comungassem com os seus deturpados interesses, pois este seguimento religioso representado pela Igreja Católica Apostólica Romana, fez de tudo para destruir os ensinos de Jesus, culminando com a indecorosa venda das indulgências, uma das causas motivadoras do nascimento da Reforma.

Não há dúvida, enfrentamos tempos tenebrosos e, o Espiritismo, nascido em 18 de abril de 1857, embora já distante da nociva influência das práticas medievais, não escapou dos ataques de religiosos atormentados para, mais uma vez, tentar frear o progresso moral da Terra.

Como se denota na descrição do periódico O Século, o povo, cansado de tantas iniquidades perpetradas pela Igreja, mas ainda impotente para dar um basta a tanta ignominia, fez o que estava ao seu alcance, e, espontaneamente, vaiou o ato inquisitório, pedindo o fim da famigerada Inquisição, o tribunal eclesiástico instituído pela Igreja católica no começo do século XIII visando investigar e julgar sumariamente supostos hereges e feiticeiros, e, os médiuns estavam incluídos neste rol de infortunados, acusados de crimes variados contra a chamada crença católica.

É interessante destacar como a espiritualidade superior age com sabedoria. Os esclarecidos Espíritos poderiam ter impedido mais este ato tresloucado de fanáticos religiosos compromissados com o mal, contudo, nada fizeram, se limitaram a assistir, pois sabiam que a queima das 300 obras espíritas em praça pública provocaria o efeito contrário ao esperado e, ardentemente desejado pela Igreja. O ser humano é curioso, é da sua natureza, e, diante de demonstração tão extemporânea como aquela, mais uma tentativa vã de proibir o acesso a um tipo específico de literatura pela força e não pela dissuasão e o raciocínio, acabou provocando o interesse geral, e, em consequência, houve uma procura mais acentuada por obras espíritas. Fez-se presente o conhecido ditado popular: deram um tiro no pé, aliás, 300 tiros!

Há uma curiosidade interessante no artigo do periódico no que tange a nomenclatura dos adeptos da Doutrina dos Espíritos. O autor do texto demonstrou conhecer a opção dos seguidores de Allan Kardec se dizerem espíritas ou espiritistas [3], possibilidade que nem todos conhecem, entretanto, vale destacar que o Codificador ainda sugeriu outra palavra, esta então conhecida por pouquíssimos, para designar os partidários do Espiritismo: espiritain [4], que significa espiritano.

Poderíamos aproveitar este inesquecível ato e tecer alguns comentários, fazendo um paralelo entre o ocorrido há 160 anos, e a verdadeira enxurrada de obras, surgindo aqui e ali, insistindo em se dizer espíritas, contudo, jamais o serão.

No passado, como sabemos, a Igreja se sentindo ameaçada pela novel Doutrina dos Imortais, ajuizou que, acendendo o fogo do destempero, destruindo algumas centenas de livros versando sobre o Espiritismo, poderia infligir sérios danos à caminhada, nas plagas europeias, da nova Filosofia Espiritualista, recém-nascida na França, o coração da Europa.

Há bom tempo, o movimento espírita brasileiro vem sendo atacado, fustigado, invadido frontalmente por obras pseudoespíritas, ou mesmo, totalmente dissociadas dos postulados espíritas. São duas grandes correntes de mistificadores e perturbados médiuns que se associam para produzir uma literatura apócrifa, contudo, têm sido empregadas largamente pelos espiritistas, provocando disputas doutrinárias intermináveis e “ensinando” aos novatos conceitos errôneos sobre o Espiritismo.

A nossa atitude jamais será queimar tais obras, e, podemos acrescentar que, se fossemos agir como os celerados de então, a fogueira alcançaria as alturas, não, esta nunca será a conduta espírita. A melhor postura espírita para manter a Doutrina sem possíveis indesejadas interferências, é estudar as obras de Allan Kardec, não só as cinco obras fundamentais, mas todo o conjunto de livros escritos pelo mestre de Lyon.

Além disso, buscar informações sabidamente irretocáveis sob o ponto de vista doutrinário, as ditas obras complementares, tais como: todo o conjunto de livros psicografados por Francisco Cândido Xavier, igualmente pela obra de Divaldo Pereira Franco, ou mesmo de Raul Teixeira. Lembramos também da literatura produzida pelas médiuns Ivone do Amaral Pereira e Zilda Gama. Isto só para citar cinco médiuns.

As obras de Allan Kardec, somadas as destes cinco médiuns, já somam várias centenas de livros, oferecendo material para se estudar até o final desta existência.

Entretanto, há outros autores médiuns ou não que também escreveram obras irretocáveis: Waldo Vieira quando esteve militando nas fileiras espíritas, José Herculano Pires, Cairbar Schutel, Abel Glaser, Carlos Imbassahy, Hermínio Miranda, Terezinha Oliveira, Wallace Leal Rodrigues, José Jorge, Rodolfo Calligaris, Bezerra de Menezes, Alírio Cerqueira Leite, Vinícius.

Não esquecer os autores clássicos, tais como: Léon Denis, Gabriel Delanne, Camille Flammarion, Alexander Aksakof, Ernesto Bozzano, Paul Gibier e William Crookes.

E, não são todos, há incontáveis nobres e sérios escritores que dignificam e engrandecem todo o esforço coordenado pelo Protetor da Terra - Jesus o Cristo -, em trazer à Humanidade o Consolador Prometido.

Mas, para facilitar o sincero aprendiz, sugerimos também consultar este portal O Consolador e o e-book: Livros que, propositadamente ou não, denigrem o Espiritismo.[5] Neste trabalho, de autoria do criterioso José Passini, cita-se uma série de autores, com suas respectivas obras ditas espíritas, livros estes indignos de compor qualquer biblioteca, livraria ou feira espíritas.

Como se denota, não há necessidade de preparar fogueiras para impedir que as doutrinas apócrifas atentem contra a Doutrina, basta que os espiritanos não comprem e não divulguem os autores sabidamente desvirtuados da excelente Doutrina dos Imortais.

Honremos a memória de Allan Kardec, não queimando seus ensinos nas fogueiras da vaidade, orgulho e destempero. A chama da intemperança não deverá continuar acesa em nossas vidas, pois, por nós acesa no passado, já arde há bom tempo em nosso íntimo, em todas as nossas anteriores existências distanciadas do amor puro do Criador. Contudo, já é hora de zelarmos por manter a flama doutrinária imaculada, como tantos outros já o fizeram no passado, alguns, à custa de suas próprias vidas. Desta forma, façamos, hoje, este serviço em favor, e pela libertadora, consoladora e inigualável Doutrina dos Espíritos.

Seja a nossa Cruzada diversa daquela ocorrida há tempos longínquos, pois o Rabi da Galileia aguarda há milênios, pacientemente, que os nossos atos e palavras carreguem apenas o fogo da verdade e do amor.

Rogério Miguez


Referências:

1 Acesso em 19/09/2021: Link-1

2 Acesso em 19/09/2021: Link-2
Reparação honorável é, na França, e sob o Ancien Régime – Regime antigo, nos termos da lei, uma penalidade infame, mais grave do que a reprimenda, mas menos do que a exposição pública, o chicote, a mutilação, as galés, o banimento.

3 KARDEC, Allan. Instruções práticas sobre as manifestações espíritas. Tradução Wallace Leal V. Rodrigues. 5ª ed. Editora: O Clarim, 1978. Vocabulário espírita.

4 ___. O Livro dos Espíritos. 1ª edição de 18 de abril de 1857 com 501 perguntas. Introdução.

5 Acesso em 19/09/2021: Link-3

Publicação original: O Consolador.

Saiba mais sobre o Auto de Fé de Barcelona na Enciclopédia Espírita Online

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Relançamento do acervo digital da revista Reformador


A Federação Espírita Brasileira relança, em moderna ferramenta com tecnologia digital, o acervo histórico completo da revista Reformador, desde seu primeiro número, em janeiro de 1883, até a última edição de 2019.

O Reformador é indispensável recurso de pesquisa doutrinária e histórica. São milhares e milhares de artigos escritos por centenas de colaboradores que se sucedem, inspirados nos diversos aspectos da Doutrina dos Espíritos. Nesta ferramenta de pesquisa você encontrará, em suas pastas, um tutorial que auxiliará passo a passo a uma pesquisa objetiva e precisa.

Esperamos que este acervo histórico digital seja útil aos pesquisadores e estudiosos, mas que, principalmente, seja importante recurso de divulgação do Espiritismo. Acesse aqui!

Dica: para selecionar um determinado exemplar, clique no ícone de uma pasta na barra lateral esquerda. A coleção está organizada em subpastas ordenadas pelo ano e meses respectivos.


Fonte: site oficial da FEB.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Entrevista com Ery Lopes sobre "Sincretismo e Ecumenismo diante do Espiritismo"


Entrevista com Ery Lopes (diretor do Portal Luz Espírita) para o Canal Espiritismo Em Kardec, sob a direção de Eric Pacheco, tratando do tema "Sincretismo e Ecumenismo" diante do Espiritismo. Em paralelo com essas duas linhas de ação, temos a questão da ortodoxia dentro do meio espírita, também relevante para traçar os parâmetros mínimos de conservação dos conceitos fundamentais da doutrina, de modo a não deixar que ela seja corrompida pela injeção de ideias estranhas. Tudo isso, então, é abordado neste programa, que foi transmitido pelo YouTube no último dia 21 e que permanece disponível online para os internautas.

Confira na janela a seguir o vídeo da entrevista:

A propósito, saiba mais sobre Ecumenismo na Enciclopédia Espírita Online.


domingo, 3 de outubro de 2021

217° aniversário de nascimento de Allan Kardec


Comemoramos neste 3 de outubro de 2021 o 217° aniversário de nascimento de um dos maiores personagens da História da Humanidade terrena:

Hypolite-Léon Denizard Rivail, pedagogo francês que abraçou a extraordinária missão de ser o codificador da Doutrina Espírita, missão essa muito bem executada, para a qual assinou com o pseudônimo Allan Kardec, a quem nós só podemos dizer de melhor um "muito obrigado".

Saiba mais sobre Allan Kardec na Enciclopédia Espírita Online.