quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Artigo: "O estupro da menina de 10 anos e o aborto assistido", por Ery Lopes


Conforme prometido, voltamos a falar sobre o caso polêmico que agitou o cenário midiático nacional em agosto deste 2020, envolvendo um processo de aborto assistido cuja grávida era uma menina de 10 anos que, segundo a apuração das autoridades, era vítima de abuso sexual já há pelo menos três anos, sendo o estuprador o próprio tio da menina, que aliás acabou preso (ver aqui o post anterior). A polêmica se deu exatamente em torno da discussão sobre a legitimidade ou não de se operar aí o aborto, que no caso foi efetivado em um hospital da rede pública do Estado de Pernambuco. Segundo o portal de notícias G1, "A menina precisou ir ao Recife para interromper a gravidez porque, no estado de origem [Espírito Santo], os médicos do hospital em que ela foi atendida afirmaram que não tinham capacidade técnica para fazer o procedimento." (ver reportagem).

A complicada ocorrência, que envolve dois elementos gravíssimos: estupro de vulnerável e aborto, muito lamentável inclusive, bem poderia ser peça de um debate aproveitável entre especialistas e autoridades no sentido de daí se extrair medidas práticas para evitar situações semelhantes, que toca essencialmente no âmbito da educação, mas sem ideologismos. Aconteceu, no entanto, que partidos diversos tomaram o drama emprestado como pano de fundo para ativismos irracionais e fanatizados, trazendo-o ora para o viés político, ora para o viés religioso, só que no mais baixo nível de Política e Religião  matérias honoráveis e não merecem tais comportamentos.

O primeiro post publicado aqui sobre este caso (ver aqui) também suscitou muitas críticas, embora, felizmente, bem mais sensatas do que as argumentações gerais que circulavam por aí, por exemplo, nas redes sociais. Diante disso, e como era previsível, preparamo-nos para melhores aprofundamentos das questões envolvidas, exatamente como foi prometido naquele post. Ei-las, sem a pretensão de fechar o caso e estabelecer a "verdade absoluta" e a "justa sentença", pois que estas escapas da esfera humana; apenas oferecemos nossas reflexões, para que se juntem às reflexões de todos e daí cada qual possa tirar suas conclusões. Norteamos nossas reflexões de acordo com nosso entendimento espírita, sem, contudo, pretendermos falar pelo Espiritismo, que também é de esfera superior.


Estupro de vulnerável

Se o atentado de violência por motivação sexual já é algo nojento demais, ainda mais grave se configura em se tratando de uma vítima nas condições observadas pela lei como "vulneráveis", figurado na Lei Federal 12.015 de agosto de 2009, do Código Penal Brasileiro (ver texto oficial), sendo no caso em questão flagrante, dado a vítima ter tão somente 10 anos de idade.

A propósito, a "preocupação" com a aplicação do aborto nesse episódio acabou ofuscando e muito o ato criminoso de que o drama resultou; na verdade, como o processo de justiça no nosso país é bastante falho em todos os sentidos, acaba que um ato abominável como esse passa quase desapercebido, banalizado, tal fosse uma contravenção comum, enquanto cada ato de estupro deveria ser severamente apurado e motivasse uma reação enérgica da sociedade na direção de erradicar – ou pelo menos minimizar – essa mal absurdo do nosso meio.

A persistência desse tipo de violência só demonstra o quão primitiva e materializada é a cultura geral de nossa gente; cultura essa que só pode ser combatida pela espiritualização do nosso povo, ou seja, pela fomentação da consciência dos valores espirituais, como a moral, a valorização da vida, a fraternidade, o bom uso das potencialidades do afeto e da sexualidade, etc. É preciso então despertar as pessoas do hipnotismo em que se vive, pela ilusão da matéria, do exagero dos gozos carnais, da libertinagem generalizada.

Tal tarefa não é fácil, certamente, mas é precisamente a meta da Doutrina Espírita: quebrar essa cultura materialista, da ilusão da vida material, tirar as pessoas da caverna – como diria Platão. E cabe a nós, espíritas, mais do que qualquer outros, porque temos recebido a mensagem espiritual esclarecedora e estimuladora. Se, passados 150 anos da Revelação Espírita, ainda o mundo é bastante materializado em sua cultura, vejamos se não estamos sendo omissos ou fracos demais; vejamos se não poderíamos fazer mais do que fazemos para mudar essa realidade perversa; vejamos se também nós não estamos sendo passivos demais ou até coniventes com as apelações sexuais via música, filmes e séries que consumimos. A cultura geral não inocenta os criminosos estupradores, mas alimenta a sua banalização. É muito provável que não estaríamos sujeitos ao estupro e a outras abominações se desses males estivéssemos totalmente depurados, pois, do contrário, poderíamos culpar a Deus pelos nossos sofrimentos.


Legitimidade ou não do aborto

Sendo ponto mais ou menos pacífico que o abuso sexual do referido caso deva ser tratado com rigor (e, de fato, a polícia foi diligente o bastante para prender o dito responsável), passemos a refletir sobre a questão do aborto dentro do referido episódio.

Mas atenção: a coisa é complexa, não tem respostas simples, e exige certo esforço racional e controle emocional para encarar as reflexões. Rogamos que o leitor conserve essa advertência.

Primeiramente, vamos recobrar o postulado espírita sobre tal prática. Segundo a codificação kardequiana, a instrução dos Espíritos superiores é a de que o aborto só pode ser considerado legítimo conforme a Lei Natural instituída por Deus quando  e somente quando – a sobrevivência física da mãe está em risco (o que é legalmente amparado pelo nosso Código Penal, Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940). Isto está em sintonia com o princípio fundamental do primeiro dos direitos humanos: a vida, pelo que, "ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal" (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - questão 880). E no caso, a vida começa na concepção, quando os laços perispirituais do Espírito reencarnante começa a se ligar ao embrião. Estabelecida a gravidez, pode-se dizer que aí começa a reencarnação. O problema, no entanto, é que, para o entendimento comum da legislação humana, o indivíduo só existe após o parto: o cidadão só se constitui após nascer.

Mas, veja-se que as instruções espirituais são postas como normas gerais, portanto, considerando a generalidade das situações. Contudo, não se poderia admitir particularidades outras que escapem a essas regras gerais? Verifiquemos...

O fato é que a protagonista do episódio evidenciado estava grávida, quer dizer, já trazia em seu ventre um embrião, um projeto orgânico de um corpo humano. Logo, a violação fatal - acidental ou provocado desse organismo definitivamente caracterizaria o aborto físico; nos moldes da biologia, ali havia um ser vivo individualizado que então morreria.

Todavia, o aborto físico implica diretamente num aborto espiritual?

Noutras palavras: toda gravidez (dizemos da estrutura física) contém necessariamente um processo de reencarnação? Ou, ainda, todo embrião está diretamente ligado a um Espírito reencarnante?

Não. Por isso, não se pode dizer que todo aborto físico corresponde a um aborto espiritual. De acordo com a codificação espírita, há casos de gestação para cujo corpo em formação não está designado nenhum Espírito, havendo aí somente a "máquina orgânica", um órgão físico que obviamente resultará um natimorto, porque a vida está no Espírito e não no corpo físico (ver O Livro dos Espíritos, questões 356 e as duas seguintes). Daí pode-se indagar: qual o propósito dessa fecundação? E a resposta pode ser a mesma para os casos de aborto natural e acidental: provação e expiação para os envolvidos. Em todas essas adversidades há que se compreender as lições necessárias para a nossa evolução espiritual. Com isso, em se sabendo da impossibilidade de o corpo nascer, poder-se-ia considerar salutar interromper essa gravidez. Mas, que tem ciência para tanto?

Detalhe: pode ocorrer ainda de o próprio reencarnante provocar o aborto, dado que "(...) os laços que o prendem ao corpo são ainda muito fracos, rompem-se facilmente e podem se quebrar por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Porém, em tal caso a criança não nasce." (O Livro dos Espíritos - questão 345). Nesse caso, seria uma espécie de suicídio, cuja responsabilidade fica a cargo do Espírito.

Em todo o caso, preservemos então o entendimento que a gravidez daquela menina era passível de conter ali um Espírito reencarnante, um cidadão em potencial e a intervenção nesse processo implica na admissão de um aborto ilegal aos olhos das leis espirituais, salvo uma justificativa plausível.

Esta justificativa poderia ser o que os mentores da codificação do Espiritismo apontam na instrução geral: o risco da sobrevivência física da mãe. Neste caso, a equipe médica especializada poderia avaliar, especialmente considerando as condições de uma menina de só 10 anos de idade. E diante de um tal parecer profissional, isento de contestação profissional, só caberia a todos os juízes e comentaristas aceitarem. Porém, o fato é que, pelo que sabemos, tal parecer não foi emitido.

A gravidez de crianças é extremamente arriscada para a sobrevivência da mãe, especialistas apontam (ver BBC News), como parece óbvio. Mas, ainda assim, seria o caso de se dizer que todas as gestações de meninas de 10 anos de idade devam ser abortadas com base nessa justificativa? Pensamos que não, pois, concretamente falando, sabe-se de muitos partos bem sucedidos de crianças com idades até inferiores; há um caso registrado de uma criança de 5 anos que deu a luz a um bebê, e ambos cresceram saudáveis (ver no R7). Além disso, certos especialistas afirmam que o processo de aborto pode ser ainda mais perigoso que a própria gravidez precoce.

Mas a justificativa mais recorrente para os ativistas pró-abortistas no caso da nossa menina capixaba não era esse, de risco físico para a mãe, mas sim o da "integridade psicológica", visto que, segundo eles, a continuação da gestação seria "extremamente danosa" para a saúde mental da menina. Será?...

Em nossa humilde opinião, consideramos que o dano maior já estava concretizado: a violência sexual sofrida pela menina, um dano irreversível, inapagável para a biografia dos envolvidos. Desta maneira, no que o processo desse aborto poderia contribuir? Vamos analisar...

Felizmente, a operação foi concluída sem maiores danos físicos para a menina; ou seja, pelo que foi noticiado, a ela resistiu bem ao procedimento e estava sendo preparada para receber alta e retornar ao seu Estado de origem. Mas então, o que mudará na vida dela doravante? Ela esquecerá a violência sofrida pelo tio? Esquecerá que um dia foi paciente de um processo de aborto e pretexto para as discursões de extremistas e comentaristas ativistas de correntes ideológicas diversas? Efetivamente, no que esse aborto pode ter servido para ela?

Para ponderarmos sobre essas questões, devemos levar em conta não apenas os desdobramentos da vida física, mas também as consequências vistas sob o ponto de vista espiritual - que, obviamente, quem não tem o conhecimento espírita sobre as leis espirituais será incapaz de assimilar. Por isso, é justo que eles indaguem, com braveza: "por que Deus permitiu que essa inocente fosse violentada e dessa barbárie fecundasse um projeto de vida?"

Os espíritas mais conscientes sabem da nossa necessidade de evoluir, para o que as diversas existências terrenas são absolutamente necessárias a fim de adquirirmos a experiência de vida, também a fim de pormos à prova nossas aquisições e assim fortalecer as virtudes, bem como ensejos de ajustes reencarnatórios, ditos expiações das faltas cometidas. Mediante isso, estar na Terra nas condições do nosso progresso atual significa nos sujeitarmos às mais diversas ocorrências - inclusive o do estupro. Em suma, seja por prova, expiação ou missão (oportunidade de enfrentar um desafio para servir de bom exemplo para os semelhantes), qualquer um de nós na Terra está sob o risco de ser, pessoalmente ou ter alguém muito próximo, "vítima" de uma violência dessa natureza. A partir daí, cabe o exercício de cada qual se colocar no lugar daquela menina de 10 anos, ou no lugar da sua avó, que foi quem teve que tomar a decisão de abortar a gravidez, igualmente sopesando as circunstâncias dessa vida carnal atual frente as circunstâncias espirituais futuras, porque nem sempre o que se apresenta ser conveniente agora se verifica a melhor escolha.

Se é para pensarmos na saúde mental da menina capixaba, teremos que pensar qual o impacto psicológico que ele poderá sentir, ainda nesta encarnação, se lhe vier à consciência que ela interrompeu o advento neste mundo de uma alma? Tal remorso, sem data de validade, não lhe poderá ser muito mais nocivo do que o sacrifício de completar a gestação e, quem sabe, doar o bebê para alguém criá-lo (procedimento legalmente estabelecido)? Claro, não foi ela quem tomou essa decisão, mas sua avó. Mas ela também terá condições psicológicas para distinguir isso?

Afinal, qual teria sido a programação reencarnatória dessa menina? Dessa avó, que assumiu a responsabilidade da decisão? A decisão tomada, levando em conta os interesses imediatos,  estará ajustada com as pretensões traçadas?

Ignoramos. Porém, se antes havia um drama no caso: o atentado sexual, hoje há dois: aquele e a decisão do aborto.


As lições que ficam

Usamos o caso para daí tirar reflexões, mas é bom não nos determos no exemplo particular, senão para vibrarmos positivamente para todos os envolvidos, sem julgamentos condenatórios.

Por outro lado, sabemos que o caso foi amplamente explorado pelas ideologias, dentre as quais uma verdadeira indústria interessada na legalização do aborto e, pior, com o patrocínio do Estado. Essa indústria não tem os olhos voltados para a problemática envolvendo as pessoas, mas os interesses comerciais dessa prática. Donde todos nós temos que estar atentos às artimanhas para justificar essa campanha. É patente que uma sociedade que esforça-se para erradicar o aborto, o suicídio, a eutanásia, o estupro e a violência, esta caminha para o progresso e a prosperidade, ao passo que aquela que ignora, negligencia ou até facilita tais práticas, esta fica mais distante do bem comum.

O que queremos dizer, finalmente, é que não devemos nos prender nas ocorrências particulares, de que nosso entendimento é mínimo em face de tantos detalhes que não estão ao nosso alcance, mas no exame aprofundado das questões inerentes a esses dramas. Ao invés de ficarmos opinando sobre ocorrências e julgamentos de determinadas pessoas, devemos cuidar de estudar os princípios e, feitas as conclusões, efetivamente contribuir para uma melhor conduta geral, para erradicarmos da nossa sociedade os males como a ilusão da matéria, a violência e a exploração da sexualidade, semeando as virtudes espirituais.

Esta a finalidade da Revelação Espírita.

Ery Lopes


P. S. Sugestão de leitura: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

"O suicídio e o 5o Mandamento" por Rogério Miguez


No ensejo da Campanha Setembro Amarelo (saiba mais), compartilhamos com todos mais um excelente artigo do nosso confrade Rogério Miguez, também reproduzido pela revista Reformador, da Federação Espírita Brasileira, edição deste setembro de 2020, Ano 138, N° 2.298.


O suicídio e o 5° Mandamento
por Rogério Miguez

Oferecido ao conhecimento da Humanidade há mais de três milênios, o conjunto dos Dez Mandamentos permanece como guia para o homem conduzir-se com relativa segurança no âmbito das sociedades de que participa, norteando a sua conduta por excelentes princípios morais e éticos.

Contudo, o alcance destes postulados divinos é limitado; sabemos que há outros, bastando considerar o significado de pecado sugerido pela Doutrina Espírita para dar-se conta desta realidade. Em resumo: o pecado é qualquer transgressão a qualquer princípio divino, não se limitando apenas aos atos contrários ao ordenamento divino (fazer), mas também incluindo o deixar de fazer, porquanto quem não faz todo o bem possível, comete igualmente um ato mau; e mais: abrange as palavras e pensamentos distanciados do bem.

Depreende-se deste entendimento estarem os Dez Mandamentos contidos nesta proposta espírita, pois ela alcança inúmeras outras situações e condutas. Nada obstante, para aquela época, a abrangência das propostas de Moisés era perfeitamente adequada ao grau de entendimento do povo. Muito ainda havia por ser revelado, no entanto, a verdade deve ser dita ou revelada de acordo com o grau de compreensão do aprendiz, proporcionalmente à capacidade de percepção do educando.

Um destes mandamentos, em particular o 5°, recebe dos menos atentos, entendimento muito restrito quando consideram a sua literal aplicação, contemplando o “Não matar” apenas o seu semelhante. Interessante observar, porém, que mesmo dentro desta limitada compreensão, muitos já vêm pecando sistematicamente ao aniquilar seus ditos inimigos e desafetos “justificando-se” inclusive por bandeiras religiosas. Um verdadeiro contrassenso.

Entretanto, o “Não matar” elencado nos princípios mosaicos não se aplica apenas ao próximo e aos irracionais, mas também a si próprio, ou seja, abrange igualmente a questão do suicídio, que grassa silenciosamente no seio das comunidades, não escolhendo etnia, cultura, idade, sexo, hora ou local.

Sobre este peculiar momento que atravessa a Terra, Allan Kardec já havia registrado o surgimento da recrudescência do suicídio, isto há mais de século e meio, quando discorreu sobre a “Regeneração da Humanidade”: “[...] os suicídios se multiplicarão em proporções inauditas, até entre as crianças [...]”. [1]

De fato, é o que se observa: sociedades fartas de tanta imoralidade, vazias e desprovidas de nobres metas, desnorteadas pela avalanche de condutas reprocháveis, desgostosas pela falta de perspectivas futuras, encharcadas de um materialismo e sensualismo dissolventes, principalmente por não se darem ao trabalho de conhecer uma filosofia que lhes possa dar sentido à vida; desesperadas, desconsideram o 5° postulado de Moisés e subtraem-se da vida antes do tempo esperado, incorrendo em grave pecado contra esta Lei de Deus.

Quem lesse os escritos de Allan Kardec à época em que aquelas profecias foram dadas ao conhecimento humano, com quase toda certeza se surpreenderia com a citação e dificilmente concordaria com a tese de que os suicídios alcançariam em profusão as crianças e, como sabemos hoje, também a juventude. E o raciocínio seria muito simples para justificar a surpresa e a discordância: crianças e jovens não sofrem as angústias e tensões que, segundo os que assim acreditam, instalar-se-iam apenas em mentes amadurecidas e mais experientes, capazes de perceber situações conflitantes de variada ordem, o que não alcançaria o entendimento infantil e juvenil.

Contudo, o mundo mudou significativamente. É comum na atualidade que os pequenos e aqueles ainda não chegados à idade adulta, a nossa juventude, sofram e se desestabilizem pelas muitas questões sociais e familiares que aparentemente não os alcançavam. Vivendo estas pressões, muitos deles, sem sustentação da família, desprotegidos da educação moral que deveriam ter recebido dos pais, sucumbem diante de cenários e situações desconcertantes que lhes são impostos pelas sociedades modernas, estas, sem exceção, altamente distanciadas dos princípios cristãos.

Tome-se como exemplo o desemprego. Imaginemos as preocupações de um adolescente iniciando sua vida social, estudando com afinco e preparando-se para os desafios futuros, que certamente existirão, convivendo com a nossa realidade, quando milhões de adultos não possuem emprego regular? Quando outras dezenas de milhões trabalham na informalidade? Quando tantas criaturas estão sitiadas na faixa da miséria? Quando o número de boas vagas nas escolas públicas é limitado? Mesmo aqueles que conseguem penetrar no “sistema”, sabem que irão iniciar a respectiva atividade profissional percebendo salários baixíssimos e sem grandes perspectivas de crescimento profissional, em sua grande maioria. Certamente é um cenário aterrorizante. E qual seria a causa principal destas distorções? – O egoísmo.

Para as crianças, os desafios não são menores, pois a concorrência exagerada nas escolas, desde as fases iniciais, nem sempre é salutar para mentes ainda em formação; há o cruel e amedrontador bullying, atingindo-as de forma sistemática dentro do ambiente escolar, nos clubes, mesmo nas ruas; a falta regular de recursos financeiros por parte dos pais é percebida pelos pequenos, embora não muito bem entendida; o ambiente familiar nem sempre é o mais equilibrado, deixando a infância desamparada, entregue à mídia alucinada que, de modo geral, nada mais faz do que atemorizar a todos com seu noticiário apocalíptico; a fuga do contato físico com seus pares, por conta do uso excessivo dos telefones celulares, também contribui fortemente para desajustar a mente infantil.

Tais situações, quando reunidas, algumas mesmo isoladas, assumem força quase incontrolável e são capazes de conduzir, pouco a pouco, tanto os pequenos quanto os mais jovens, a profundos conflitos internos. Quando estas pressões não são apropriadamente cuidadas, seja por profissionais, seja pela família, estará sedimentada a base para um possível suicídio, ocorrência que sempre choca a opinião pública, a qual, no entanto, alardeará o trágico fato, mas seguirá em frente em sua corrida alucinada rumo ao nada, repetindo antigos padrões de conduta, distanciados todos dos modelos cristãos.

Após esta breve reflexão sobre os mais novos, voltemos a nossa atenção para os adultos, a passarem por muitas pressões e conflitos, geralmente não percebidos pelas crianças e jovens. Por força destes desajustes o suicídio, no universo adulto, vem aumentando também a passos largos, com consequências penosas para todos os que incorrem nesta prática, bem como para os aturdidos familiares, que permanecem na retaguarda.

Um dos aspectos que têm chamado a atenção é que muitos suicidas são religiosos, crentes nas máximas mosaicas; entretanto, não se atêm ao fato de que, ao abreviarem a existência, estão indo de encontro ao 5° Mandamento da Lei de Deus. Como bem esclarece a Doutrina dos Imortais, os suicidas se defrontarão com situações lamentáveis no Além, quase inenarráveis, levando tempo para se recuperarem do mal que a si mesmos se impuseram.

Quando o Espírito interrompe a sua possibilidade de aprendizado, reduzindo o seu tempo de expectativa de vida, previsto antes de seu reingresso na carne, dificulta o andamento de seu processo de evolução; terá, portanto, que recuperar o tempo perdido nas reencarnações futuras, nem sempre nas mesmas condições da vida anterior, atrasando sobremaneira a sua redenção espiritual.

Em reencarnações posteriores o Espírito do suicida tende a repetir a conduta nefasta, caso se defronte novamente com conflitos íntimos, que ele julgue insuperáveis. É muito preocupante este ciclo; um dos exemplos marcantes desta sequência de suicídios ocorreu com a médium fluminense Yvonne do Amaral Pereira.

Quando aqui esteve conosco em sua última reencarnação, psicografou vários livros. Os três primeiros descrevem três existências suas, em que, ao final de todas elas, vencida por si mesma, deserta da vida material antes do tempo, pela porta enganosa do suicídio. Estas três obras, romances de raro valor doutrinário, intitulam-se: Nas voragens do pecado, O cavaleiro de NumiersO drama da Bretanha. São testemunhos oportunos para dissuadir todos os que cogitam do autocídio como “solução” para os seus problemas.

Fortaleçamo-nos, pois, meus amigos, pelo estudo das Leis Divinas; construamos a fortaleza interior capaz de enfrentar as vicissitudes da vida; edifiquemos a fé verdadeira agindo conforme os princípios de Deus.

Como reflexão, transcrevemos alguns versos da poetisa Francisca Júlia da Silva:

A aflição sem revolta é paz que
[nos redime.
Não olvideis na cruz redentora
[e sublime
Que a fuga para a morte é um
[salto para a treva. [2]


REFERÊNCIAS:

[1] KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 41. ed. 1. imp. (Edição Histórica). Brasília: FEB, 2019. 2ª pt., A minha primeira iniciação no Espiritismo, it. Regeneração da Humanidade (Paris, 25 de abril de 1866).

[2] XAVIER, Francisco C. Vozes do grande além. Diversos Espíritos. Org. Arnaldo Rocha. 6. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 18 – Apontamentos de amigo, poesia: Lutai!.

Fonte: Reformador


terça-feira, 22 de setembro de 2020

Projeto Allan Kardec: "Rascunho de carta para o senhor Edoux - 15/04/1864"


Prosseguindo nossos estudos sobre os manuscritos que estão sendo publicados pelo Projeto Allan Kardec (saiba mais aqui), estudos esses que iniciamos analisando o documento "Evocação - 1860" (ver aqui) e que agora destaca o "Rascunho de carta para o senhor Edoux", datado de 15 de abril de 1864, oriundo do acervo particular do Dr. Canuto Abreu, que foi entregue à FEAL e agora foi disponibilizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, estando acessível no site oficial do referido projeto.

Vamos contextualizar o documento com a ajuda dos metadados de Carlos Seth da fanpage CSI do Espiritismo.

Como o próprio título evidencia, trata-se de um rascunho, escrito por Allan Kardec, de uma correspondência para o Sr. Edoux, ressaltando que era uma prática do codificador espírita guardar em seus arquivos uma cópia das cartas que ele remetia, claro, para fins de controle pessoa e para servir de fontes de pesquisas futuras, no intuito de se compreender o contexto daquilo que se estava tratando ali.

O correspondente de Kardec, Evariste Edoux era médium e diretor do jornal La Vérité, de que temos algumas referências na Revista Espírita (ver aqui). Ver também mais alguns detalhes sobre ele na página 75 do Almanach spirite pour 1865 (disponível online aqui). O periódico que ele dirigia, em Lyon, cuja coleção está disponível no site da Gallica e também no portal IAPSOP, teve sua estreia em 22 de fevereiro de 1863, publicado semanalmente e custava 15 centavos. Mais tarde mudou seu título para La Tribune Universelle, journal de la libre conscience et de la libre pensée. conforme nota de Kardec na Revista Espírita de Abril de 1867 (conferir aqui).


Vamos então ao manuscrito:


A transcrição do documento, em francês:

Paris 15 avril 1864.

Mon cher Monsieur <Edoux>,

J’ai lu avec beaucoup d’intérêt les derniers n.os de La Vérité, et celui surtout où vous réfutez l’abbé Barricand. En vous remerciant bien sincèrement de ce que vous y dites à mon sujet, je vous félicite de la modération que vous avez apportée dans votre polémique, et ne saurais trop vous engager à persévérer dans cette voie ; c’est celle qui contrarie évidemment le plus nos adversaires, car ils voudraient nous voir sortir des bornes et font tout ce qu’ils peuvent pour nous entraîner sur leur terrain. C’est à nous de ne pas nous laisser prendre au piège. Comme vous le dites avec <avec> beaucoup de justesse, en discutant le Spiritisme au point de vue exclusivement doctrinal, M. l’abbé Barricand <il> est dans son droit, et puisqu’il prend à partie La Vérité, il est permis de lui répondre ; il est du devoir surtout de relever les erreurs volontaires ou involontaires qu’il pourrait commettre, tout en restant dans la limite des convenances, lors même qu’il s’en écarterait ; c’est le meilleur moyen de mettre le bon droit de votre côté.

J’ai adressé à Lyon par le courrier d’hier un certain nombre d’exemplaires de mon nouvel ouvrage : L’Imitation de l’Évangile. Il y en a un pour vous qui vous sera remis par M.r Villon auquel j’ai adressé le paquet. Vous y trouverez je pense des éléments pour réfuter M.r Barricand.

Des inadvertances de l’imprimeur ont nécessité la réimpression de certaines parties, ce qui a causé un retard imprévu dans la mise en vente.

Courage, mon cher Monsieur, et croyez à mon bien sincère dévoûment,

A.K.


A tradução para o nosso português:

Paris, 15 de abril de 1864.

Meu caro senhor <Edoux>,

Li com muito interesse os últimos números de La Vérité, e principalmente aquele em que o senhor refuta o abade Barricand. Agradecendo-lhe muito sinceramente o que nele o senhor disse a meu respeito, felicito-o pela moderação que imprimiu à sua polêmica, e não poderia insistir demais em pedir-lhe para perseverar nesse caminho. É assim que se mais contraria os nossos adversários, pois eles gostariam de nos ver sair dos nossos limites, e fazem tudo o que podem para nos arrastar ao terreno deles. Cabe a nós não nos deixarmos cair na armadilha. Como o senhor disse com muita justeza, o senhor abade Barricand, ao discutir o Espiritismo do ponto de vista exclusivamente doutrinário, está no seu direito e, visto como se refere à La Vérité, é permitido lhe responder. É sobretudo um dever mostrar os erros voluntários ou involuntários que ele possa ter cometido, tudo dentro do limite das conveniências, mesmo quando ele delas se afaste; é o melhor meio para ter a razão do seu lado.

Remeti a Lyon, pelo correio de ontem, um certo número de exemplares de nossa obra mais recente: A Imitação do Evangelho. Um deles é para o senhor e lhe será entregue pelo senhor Villon, a quem enviei o pacote. Penso que o senhor encontrará nela elementos para refutar o senhor Barricand.

Alguns descuidos do impressor exigiram a reimpressão de certas partes, o que causou uma demora imprevista para o lançamento da obra.

Coragem, meu caro, e acredite no meu sincero devotamento,

Allan Kardec

Clique aqui para ver o manuscrito no Portal Allan Kardec.

O fato é que Kardec lê, "com muito interesse", os últimos números do jornal editado pelo Sr. Edoux, e principalmente aquele em que este refuta o abade Barricand. Este assunto foi comentado na Revista Espírita de maio de 1864, em "Cursos públicos de Espiritismo em Lyon e Bordeaux" (ver aqui). Eis um trecho do artigo de Kardec, que também nos introduz um pouco da personalidade sacerdotal citada:
O Padre Barricand, professor na Faculdade de Teologia de Lyon, começou no Petit-Collège uma série de lições públicas sobre, ou melhor, contra o magnetismo e o Espiritismo. O jornal la Vérité, em seu número de 10 de abril de 1864, analisa uma sessão consagrada ao Espiritismo e levanta várias asserções do orador. Promete manter os leitores ao corrente da continuação, ao mesmo tempo em que se encarrega de refutá-las, o que, não temos dúvida, fará maravilhosamente, a julgar por seu começo. O decoro e a moderação de que deu provas até hoje em sua polêmica nos dão a certeza de que não mudará nesta circunstância, mesmo que o seu contraditor mude,
Ou seja, temos em Lyon um clérigo (Pe. Barricand) lecionando um curso antiespírita e antimagnetismo e o jornal La Vérité, do Sr. Edoux, em defesa do Espiritismo e do Magnetismo, de forma tão amigável que, antes de qualquer crítica, cuidou de dialogar diretamente com o sacerdote, tal como ele explica:
“À saída do curso, tivemos ligeira conversa com o Padre Barricand que, aliás, nos recebeu de maneira muito cortês. Nosso objetivo era oferecer-lhe uma coleção do Vérité, para facilitar-lhe meios de falar dele à vontade.”
Como se poderia esperar, o debate doutrinário não teve continuidade e o Pe. Barricand passou a ser ainda mais feroz em suas pregações contra a Doutrina Espírita. Daí é que Allan Kardec vai escrever parabenizando o empenho do confrade na refutação ao mesmo tempo em que o estimula à perseverança na defesa dos postulados espíritas, ressaltando a moderação nesse intento e anotando que os seus adversários ficam muito contrariados, "pois eles gostariam de nos ver sair dos nossos limites, e fazem tudo o que podem para nos arrastar ao terreno deles", diz Kardec, acrescentando que "não podemos nos deixar cair na armadilha" deles.

A propósito, nRevista Espírita de julho de 1864 publica uma carta do Abade Barricand, a seu pedido, queixando-se de que o Sr. Edoux teria "fantasiado e desfigurado" o tal Cursos públicos de Espiritismo em Lyon e Bordeaux, do sacerdote. Por sua vez, o editor de La Vérité vai responder a essa crítica na mesma Revista Espírita, agora na edição de agosto de 1864, em "Correspondência" (ver aqui), 

Em suma, o documento que veio à lume agora com o Projeto Allan Kardec é mais uma peça de ensinamento para todos nós espíritas, frequentemente alvos de zombarias e provocações: para que tenhamos moderação em face dessas situações, jamais descendo ao nível baixo ao qual o fazem muitos dos contestadores da nossa doutrina.

* * *

Fora isso, temos uma nota na carta de Kardec informando o Sr. Edoux do atraso no lançamento do livro mais recente, Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, que mais tarde seria renomeada e reconhecida como uma das obras básicas da codificação espírita como O Evangelho segundo o Espiritismo"Alguns descuidos do impressor exigiram a reimpressão de certas partes, o que causou uma demora imprevista para o lançamento da obra", diz Kardec, o que provocou a reflexão do nosso colega pesquisador Carlos Seth: "Se alguns descuidos exigiam a reimpressão, imaginemos mais de 1.500 alterações de A Gênese...; mesmo que fossem só algumas, depois de iniciada a impressão definitiva em fevereiro de 1869, seria necessário reimprimir grande parte da obra devido à reformatação das páginas!". Para entender melhor essa reflexão, vide O caso A Gênese.

* * *

Por fim, o documento em pauta cita ainda um terceiro personagem: o Sr. Villon, destinatário de uma remessa do livro Imitação do Evangelho e então encarregado de entregar um exemplar dessa obra ao Sr. Edoux.

Villon é mencionado na Revista Espírita de fevereiro de 1862, artigo "Resposta à mensagem de ano novo dos Espíritas lioneses", no qual Kardec, impossibilitado de estar presente em Lyon, referencia Villon naquela cidade como sendo um representante seu, "cujo zelo e devotamento — diz Kardec — são do vosso conhecimento, tanto quanto a pureza de seus sentimentos", também aditando: "Além disso, sua posição independente lhe dá mais folga para a tarefa de que se quer encarregar. É tarefa dura, mas ele não recuará. O grupo por ele formado em sua casa o foi sob os meus auspícios e conforme as minhas instruções, quando de minha última viagem. Ali encontrareis excelentes conselhos e salutares exemplos. É com viva satisfação que verei todos os que me honram com sua confiança a ele se ligarem, como a um centro comum." (ver aqui)

Revista Espírita de maio de 1862 reproduz a bela dissertação espírita "As duas lágrimas", recebida no grupo familiar do Sr. Villon, através da médium Sra. Boulland e assinada pelo Espírito denominado Cárita (ver aqui).

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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Instagram do Portal Luz Espírita


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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Lançamento na Sala de Leitura: "Primeiro Congresso Internacional Espírita"


Trazemos para a Sala de Leitura do Portal Luz Espírita um importante resgate histórico do desenvolvimento do Espiritismo pós-Kardec: a obra da Federação Espírita Espanhola com os registros oficiais do Primeiro Congresso Internacional Espírita, realizado em 1888, na cidade de Barcelona, Espanha. É, portanto, um livro interessantíssimo para compreendermos o que a segunda geração de espíritas fizeram para promover a sua doutrina.

O livro principia com uma pomposa apresentação do Espiritismo e, assinada por Visconde de Torres-Solanot, o notável escudeiro de Allan Kardec em terras espanholas e presidente do referido Congresso. Segue registrando os discursos, mensagens e requerimentos trazidos à conferência, que durou três dias: 8, 9 e 10 de setembro de 1888.

O Congresso reuniu delegados de várias partes do globo representando grande variedade de entidades espíritas.

Confira mais esse resgate histórico já disponível em PDF, sendo uma coprodução do Portal Luz Espírita e o site Autores Espíritas Clássicos.

Baixe agora mesmo Primeiro Congresso Internacional Espírita.


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Atalhos para a nossa plataforma de estudos - PEADE

Salve em seu computador, seu celular ou seu tablet um ícone de atalho direto para a PEADE – Plataforma de Estudos Avançados da Doutrina Espírita. Assim, você não precisa ficar digitando o endereço toda vez que quiser entrar na nossa plataforma. É muito simples e prático!

Veja como, pelo vídeo ou descrição a seguir:



Computador com o Google Chrome:

1. Primeiro, abra a página da PEADE - http://luzespirita.org.br/peade/ - pelo seu navegador;
2. Com a página já aberta, abra o menu de configurações do navegador em forma de três pontinhos, no canto superior direito da tela.
3. No menu que aparece, procure a opção “Mais ferramentas” e depois “Criar atalho...”
4. Simplifique o nome para PEADE e clique em “Criar”.

Pronto! O atalho vai aparecer na área de trabalho e quando precisar ir direto pra plataforma, é só dá dois cliques no ícone que a página vai ser carregada. 


Computador com o navegador Microsoft Edge

1. Carregue a página da plataforma http://luzespirita.org.br/peade/ - pelo navegador;
2. Abra o menu de configurações no cantinho superior direito;
3. Selecione a opção “Mais ferramentas” e depois “Fixar na barra de tarefas”;
4. Assim, o atalho vai aparecer no menu do Windows. Daí você também pode arrastar o ícone para a área de trabalho e por qualquer uma dessas opções de atalho abrir a página facilmente.

Se você usa outro navegador ou sistema de operacional para computador, o processo deve ser parecido com esse. 


Para telefone celular e tablet:

Vamos demonstrar usando o sistema Android, mas se você usa o sistema do iPhone ou outro, os procedimentos são bem parecidos. Veja só como é fácil: 

1. Carregue a página da PEADE http://luzespirita.org.br/peade/ pelo navegador do seu sistema;
2. Abra o menu de configurações clicando nos três pontinhos do canto superior direito;
3. Selecione no menu até a opção “Adicionar à tela principal”;
4. Simplifique o nome para PEADE e “Adicionar”.

Pronto! Agora o atalho já está disponível na tela do seu smartphone e você pode usá-lo para ir rapidinho para a nossa plataforma. 

Bons estudos e não deixe de compartilhar com seus familiares e amigos os cursos oferecidos pela PEADE.

sábado, 12 de setembro de 2020

Projeto Allan Kardec: manuscrito "Evocação"


Conforme já anunciamos, o portal do Projeto Allan Kardec (veja aqui) da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF já está no ar contendo um acervo inicial com cinquenta manuscritos originais do Codificador do Espiritismo, documentos esses provindos da coleção do Dr. Canuto Abreu (saiba mais).

Percorrendo então essas preciosidades, encontramos o manuscrito intitulado "Evocação", datado de 1860 (ver aqui), pelo qual temos a transcrição de Allan Kardec exatamente da evocação que ele fez ao Espírito denominado Georges, agradecendo-lhe a comunicação anterior, ditada à médium Sra. Lescot (que usava como pseudônimo um anagrama: Sra. Costel), e lhe dirigindo alguns questionamentos.

Veja abaixo a imagem do manuscrito original:

A transcrição, em francês, é esta:

Au nom de Dieu Tout Puissant je prie l’Esprit de Georges de vouloir bien venir. 
Je vous remercie en mon nom de la belle et sublime communication que vous avez dictée à Mad. Lescot et qu’elle m’a transmise. C’est un chef d’œuvre de profondeur, de vérité et d’éloquence. 
Veuillez n’en pas rester là et soyez assez bon pour lui en donner d’autres, car elles ne peuvent que faire une profonde impression sur ceux qui les liront. Je désirerais notamment avoir la contrepartie de la situation du méchant c’est le tableau du bonheur du juste. Puis une explication satisfaisante touchant l’âme des animaux et le principe vital des plantes. Ce sera compléter l’œuvre magnifique que vous venez de commencer, et je vous en remercie d’avance.

E aqui está a tradução para o nosso português:

Em nome de Deus Todo-Poderoso, eu peço que o Espírito de Georges aceite comparecer.
Eu lhe agradeço, em meu nome, a bela e sublime comunicação que o senhor ditou à senhora Lescot e que ela me transmitiu. É uma obra-prima de profundidade, de verdade e de eloquência. 
Queira não parar por aí, e seja bom o suficiente para enviar-lhe outras, pois as comunicações só podem causar uma profunda impressão naqueles que as lerão. Eu gostaria notadamente de ter a contrapartida da situação dos maus: é o quadro da felicidade do justo. Depois uma explicação satisfatória sobre a alma dos animais e o princípio vital das plantas. Isso será completar a magnífica obra que o senhor acabou de começar, e eu desde já lhe agradeço por isso.

Para saber mais sobre o Espírito aqui evocado, Georges, e também sobre a Sra.
Lescot, ver a monografia feito pelo CSI: Espiritsimo
Aliás nosso confrade Carlos Seth também já discorreu sobre este manuscrito (veja aqui), em que anota: "Allan Kardec investigava assuntos q seriam desenvolvidos até a sua última obra fundamental (A Gênese, de 1869. Note-se que em 1865, Kardec comenta sobre os animais: 'vê-se que a questão ainda está pouco adiantada, e não se deve forçar a sua solução' (ver aqui). E em A Gênese temos a evolução do conceito do fluido para o do princípio vital (ver aqui)."

As primeiras observações que fazemos desse documento são:

  • É mais um exemplo concreto de que Kardec evocava determinados Espíritos diretamente pelo nome, uma prática por vezes criticada por confrades contemporâneos nossos;
  • Vê-se o cuidado de Kardec em envolver a evocação na proteção divina ("Em nome de Deus...") ao mesmo tempo reconhecendo a onipotência divina ("Todo-Poderoso...");
  • Vemos também que não lhe falta a gentileza de ser grato aos amigos espirituais pelas mensagens;
  • Kardec não hesitava em pedir aos Espíritos amigos opiniões sobre assuntos importantes. É claro que daí, analisando em conjunto com outras opiniões, ele passava a filtrar as respostas mais lógicas e satisfatórias aos questionamentos de interesse da Doutrina Espirita. Não se tratava, portanto, de oraculismo, consultas despropositadas.

Visite o portal do Projeto Allan Kardec.

E você? Que mais observa desse documento?

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