sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Projeto Cartas de Kardec: "A incrível sintonia entre Canuto Abreu e Chico Xavier"


Em um programa especial transmitido pela TV Mundo Maior sobre o Projeto Cartas de Kardec, Paulo Henrique de Figueiredo, o responsável direto pela condução do trabalho de resgate e catalogação do acervo espírita histórico do Dr. Canuto Abreu (saiba mais), dá importantes detalhes sobre importantes revelações que esse material propicia ao Movimento Espírita, dentre estas, a correspondência e a sintonia entre o Dr. Canuto — o pesquisador que recolheu o grosso do que sobrou dos originais de Allan Kardec — e o médium Chico Xavier  que, quando dos primeiros contatos com aquele, ainda era um desconhecido para o mundo.

O resumo dessas anotações está contido no vídeo, que a seguir dispomos aqui, produzido e nos enviando por Nuno Emanuel (ver perfil no facebook), confrade espírita português com estadia no Brasil e ativo colega de divulgação do Espiritismo.

Acompanhem:



Essas correspondências entre Canuto Abreu e Chico Xavier — que não teve acesso a esse acervo , agora desveladas, são evidências da grandiosidade da missão daquele médium e referenda a importância do material colhido por aquele pesquisador.

Certamente orientado por entidades nobres, especialmente Emmanuel e Bezerra de Menezes, e tutelado pelo próprio Cristo, Chico estava em alta sintonia com os desígnios que a espiritualidade providenciava para uma reformulação conceitual do Movimento Espírita, como relata Nuno: "Na década de 1980 Chico Xavier revelou a diversos amigos íntimos muitos pormenores do que aconteceu durante a época de Kardec e após o seu desencarne, os companheiros leais, os traidores (Leymarie & Roustaing), as fraudes, as adulterações, etc, etc que em breve todos saberemos... (por ex. Jarbas Leone Varanda, filho Leonel Varanda, Marlene Nobre, Adelino da Silveira, Geraldo Lemos Neto, Carlos Baccelli, Dirceu Abdala, entre vários outros)". Em um vídeo de 2013, Dra. Marlene Nobre antecipa as revelações, que ouvira de Chico Xavier, e que pesquisas posteriores comprovariam, sobre as deturpações ocorridas na continuação da Movimento Espírita francês logo após o desencarne do codificador espírita.

Agora, é esperar para ver o que esse formidável projeto de recuperação histórica trará de contribuição prática para promovermos a Doutrina Espírita e, por conseguinte, a espiritualização do nosso povo.

Saiba mais sobre o projeto Cartas de Kardec.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A religião dos futuros deputados federais e os sete cavalheiros espíritas


Em uma séria de matérias recentes, o G1 - Portal de Notícias da Globo retratou estatísticas sobre o perfil e comportamento dos deputados federais eleitos para o próximo mandato (2019-203), e, dentro dessa série, uma reportagem mostra o levantamento quanto a religião praticada ou definida por cada membro da futura composição da câmara, o que nos motiva uma reflexão.

Eis a seguir o quadro com o apurado da pesquisa, lembrando que a Câmara é formada por 513 representantes:


Detalhes sobre a produção da pesquisa no site do G1.

A reflexão que propomos é exatamente sobre a relevância de uma pesquisa como essa e, evidentemente, sobre os efeitos concretos das preferências religiosas dos excelentíssimos deputados eleitos, com um enfoque especial sobre possíveis cenários com um percentual mais favorável para o número de espíritas dentre aqueles que vão legislar e cuidar da fiscalização do Governo pelos próximos quatro anos.

Poderíamos pensar que não passa mera especulação ou curiosidade banal sabermos sobre o pensamento religioso dos políticos, uma vez que, pelo comodismo cultural, as pessoas muitas vezes se declaram desta ou daquela fé sem muita noção e responsabilidade de assumir um epíteto de "cristão" ou "ecumênica", mesmo dentre pessoas qualificadas como são — ou deveria ser — aquelas que ocuparão assentos tão importantes numa nação tão grande quanto o Brasil. Além disso, o fato de se dizer "desta religião" não gabarita o declarante a ser um fiel cumpridor dos preceitos morais da fé que declara. Muitos dos nomes sondados são de deputados reeleitos, os quais a população mais politizada já conhece bem, inclusive de escândalos de corrupção — prática essa que não encontra suporta em nenhuma denominação religiosa séria.

Contudo, é importante anotar que, se a grande maioria dos membros da Câmara são um tanto alheios à religião, alguns são ferozmente apegados às suas ideologias religiosas e até mesmo fizeram carreira política exatamente com o amparo desse quesito, e, uma vez eleitos, eles agem partidariamente para atuar em defesa do que eles julgam por interesses da fé. Desses, é saliente a chamada "bancada evangélica", sendo uma preocupação corriqueira dela o alargamento de privilégios da sua categoria, como bem sabemos — o que não deixa de ser um apelo sectarista e até com prejuízo para o todo. Isto é característico de um pensamento de que haja "povos eleitos", "gente santa" ("aqueles que professam a minha fé"), o que implica dizer que os demais ("os que não são da minha religião") sejam excluídos dos mesmos benefícios, uma vez que são uma espécie de "hereges".

É mesmo uma pena que a mentalidade política do nosso povo seja tão estreita e os "representantes do povo — todo o povo brasileiro" sejam algumas vezes tão mesquinhos.

E quais as relações desses números com o Espiritismo?

Bom, a primeira coisa que nos toca é ver o baixíssimo número de "espíritas" na referida composição: 7 deputados federais eleitos se declararam espíritas, o que representa 1,36% da casa — um pouco menos do percentual apontados pelo Censo 2010, que é de aproximadamente 2% de toda a população brasileira.

Como a reportagem não descrimina os declarantes — aliás, esta era uma das condições da pesquisa, justamente para não constranger nenhum entrevistado a assumir uma posição religiosa — nós desconhecemos quem sejam esses sete espíritas. Também não podemos sondar se por "espirita" eles consideraram apenas os ditos "espíritas kardecistas" ou se ajuntaram as chamadas crenças afins à prática da mediunidade, o que envolveria possivelmente aderentes à umbanda, candomblé etc.

Mesmo imaginando esses sete deputados como "autênticos e bons espíritas", como diria Kardec, ainda assim somos forçados a reconhecer que sua força será mínima na Câmara, onde os números fazem muita diferença, ainda que o poder de persuasão destes sete cavalheiros sejam extraordinárias e consiga arrebanhar outras colegas para uma mesma linha de pensamento quando das deliberações que o novo Congresso fará nos próximos anos.

E que diferença faz o percentual de espíritas na política?

Da mesma forma como já o fizemos em tantas oportunidades neste canal, defendemos que a Política é um campo essencial no qual os bons espíritas devem atuar cada vez com mais proatividade no intuito de promover as transformações da sociedade em vista dos planos espirituais de acelerar a evolução da Humanidade. E muito nos espanta que alguns pensadores espíritas consideram que o Espiritismo nada tem a ver com o campo político.

Partindo do nosso ponto de vista, um maior percentual de representantes políticos conscientes das responsabilidades espirituais — que a Doutrina Espírita inexoravelmente imprime nos seus adeptos — possibilitaria na elevação da qualidade das decisões da Câmara. Por menos sensível que seja um iniciado no Espiritismo, este é, de alguma forma, um iniciado nos conceitos espirituais no que consideramos as Leis Naturais, e por mais fraco que seja moralmente, o é menos fraco a partir de estar ciente dessas leis. Além disso, a quantidade também induz a qualidade. Portanto, quanto mais espíritas elegermos, maior a probabilidade de dentre estes certificarmos bons espíritas com um mandato político. E bons espíritas implica diretamente em bons políticos, para todo o povo, sem partidarismos, sem sectarismo.

Nossa posição não quer dizer que fazemos apologia a todo e qualquer candidato que se diga "espírita", e ainda menos aqueles que nisso veriam um filão a ser explorado, um trampolim para fazer carreira política. Estes, ao contrário, repudiamos veementemente — especialmente porque seria um péssimo exemplo para a imagem do Espiritismo e acabaria por inibir e frear o avanço dos espíritas na políticaTodavia, pessoalmente, reconhecendo num candidato um espírita de longa data, de clara postura quanto às deliberações mais sérias, em acordo com os preceitos elevados da espiritualidade, este se credencia a um voto de confiança, mais do que um outro candidato qualquer que desconheça esses anseios de que eu compartilho.

Nossa prece é que esses sete cavalheiros sejam e atuam nos seus mandatos como bons espíritas e lancem sementes para que outros tantos confrades ingressem e tenham êxito na Política, em favor do bem comum.

domingo, 25 de novembro de 2018

Artigo "Por que Geração Nova? - O réquiem de Rivail como o mapa de renovação moral da Humanidade" por Marcelo Henrique


Temos a satisfação de compartilhar com todos o seguinte artigo, gentilmente ofertado por Marcelo Henrique para a divulgação em nosso Portal, cuja temática nos remete ao capítulo das esperanças e consolações da codificação espírita e nos estimula a uma posição mais proativa diante de nossos compromissos e capacidades espirituais.


Marcelo Henrique é carioca, residente em Florianópolis-SC, mestre em Direito e atua como auditor fiscal do Tribunal de Contas de Santa Catarina. Divulgador espírita, é também diretor do Grupo Espiritismo com Kardec.

Vejamos o artigo, para nossa reflexão:



"Por que Geração Nova?"
O réquiem de Rivail como o mapa de renovação moral da Humanidade"

Ao findar sua última (e densa) obra, dentro das consideradas fundamentais, Allan Kardec encerra “A Gênese” com o título “A Geração Nova”, no capítulo “Os tempos são chegados”. O mais científico dos livros do professor francês, que descortina aspectos relacionados à origem do(s) mundo(s) e trabalha aspectos de fundamentação e crítica lógica sobre os “feitos” do homem Jesus de Nazaré, não deixa, assim, de tratar de questões que são objeto das religiões em geral, ainda que a interpretação dada por Rivail, com a participação seleta de Individualidades Superiores, alcance um viés bem diferente. 

De início, a expressão “Os tempos são chegados”, dita há praticamente dois mil anos, teve serventia e aplicação para os homens daquele tempo. E atravessou séculos, igualmente oportuna e prescritiva. Assim como, se bem entendida atualmente, nos oferece uma diretriz genuinamente espírita para o viver: a progressividade individual e coletiva, o rechaço à expressão destino programado (a não ser que entendamos “destino” como a felicidade, ou seja, o objetivo maior que alcançará, cada um, após as múltiplas existências) e a condição de artífice pessoal desta felicidade, por cada uma das ações humano-espirituais. Chegados são (e serão) os tempos para semear e colher, para usar o livre arbítrio, para raciocinar e decidir, considerando a não-retroação e a perspectiva, sempre aberta, de construção e reconstrução de si mesmo. 

Nesse sentido, Kardec é pontual: “A maneira pela qual se opera a transformação é muito simples e, como se vê, ela é toda moral e se mantém entre as leis da natureza”. O Codificador, sempre atento, assim, desmistifica e naturaliza os processos de progressividade espiritual, afastando qualquer condição distintiva entre os seres, que não seja o da própria individualidade e o mérito em ter se adiantado, por seu esforço, em relação aos demais. A naturalidade do processo, deste modo, está na submissão permanente do ser às Leis Espirituais (Divinas, Universais) e a impossibilidade de lograr qualquer vantagem ou proveito que não esteja enquadrado nestas leis, ao contrário dos “jeitinhos” e das “farsas” tão comuns ao mundo material, em que as congêneres normas humanas não são, ainda, aperfeiçoadas e não refletem, portanto, a harmonia que vige no Universo. 

É o próprio mestre lionês quem conceitua a “geração nova”, valendo-se do conjunto de informações que, naqueles quase doze anos de produção espírita (e quase quinze de contato com a fenomenologia espiritual), foram sistematicamente apresentados à Humanidade (do seu e dos tempos vindouros). Sim, aquilatamos “A Gênese” como o valoroso réquiem de Rivail, em uma maturidade espiritual e espírita acentuada e flagrante, com um conjunto de informações e vivências que o permitiu manter, sempre, a lógica racional e o bom senso – suas marcas indeléveis – no trato de quaisquer questões, à frente de seu tempo, contrapondo-se à fé cega vigente entre muitos de seus pares e ainda visível em muitos dos que se dizem espíritas, posto que aferrados e apegados à “letra que mata” e não ao “espírito que vivifica”. 

Para Karcec, “A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, somadas ao sentimento INATO do bem e das crenças espiritualistas. É o sinal incontestável de um certo grau de adiantamento ANTERIOR. Não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, tendo já progredido, estão dispostos a assimilar todas as ideias progressivas e aptos a secundar o movimento regenerador”. 

Nota-se, desde logo, a necessidade de dois requisitos fundamentais para os artífices da GERAÇÃO NOVA: inteligência e razão. Ou seja, luzes espirituais para entender a dinâmica das leis, afastar-se da dogmática interpretativa (que se mistura e considera informações e “crenças” generalizadas, as quais estão distanciadas da chamada lógica espírita e que, portanto, encontram “fáceis explicações” baseadas na fé e nas interpretações pessoais, baseadas nas vivências e nos conceitos desenvolvidos encarnações afora), assim como, para situações novas, isto é, aquelas que não tenham constado dos livros da Filosofia Espírita (1857-1869), podem ser entendidas “à luz do Espiritismo” desde que, e somente se, forem utilizados os princípios e os fundamentos espíritas para seu descortino. 

Meu querido e inesquecível amigo Jaci Régis, em um de seus maravilhosos textos, provocativos em essência e que ainda motivam a perspicácia interpretativa dos espíritas da “Geração Nova”, certa feita afirmou: “apenas 5% dos espíritas pensam, refletem e contribuem intelectualmente para o crescimento doutrinário”, quando disserta sobre a alegação da existência de um “tríplice aspecto da Doutrina Espírita”, já que neste cálculo jaciano, 4% se dedicaria à filosofia e 1% à ciência, ficando os 95% restantes envolvidos em “questões religiosas” ou de estrita religiosidade. E conclui, ele: “o religioso por supor que as verdades já foram todas reveladas, não exercita a pesquisa, nem a dúvida, fonte de questionamentos e progresso” (REGIS, Jaci. O terceiro aspecto. NOVAS IDEIAS: Textos reescritos. Santos: ICKS, 2007). 

Esta dogmatização do Espiritismo, que se centra em Kardec e não permite novas incursões em pesquisas, experimentos e raciocínios é, em si, contraditória, porque, ao impedir que sejam “discutidos” ou, até, “contestados” os textos kardecianos, tomando-os como uma “bíblia” ou “a palavra dos Espíritos Superiores”, ao mesmo tempo, inclui como obras “subsidiárias” ou “complementares” – estes dois termos transitam com alguma naturalidade entre instituições, federações, médiuns e destacados dirigentes – as produções mediúnicas brasileiras, sobretudo aquelas ditadas por meio dos mais produtivos médiuns em nosso país, desde a década de 20, mas também inclui manifestações de “oradores consagrados”, os quais, além das participações em seletos eventos, alguns para multidões passivas, ainda recebem o acréscimo da reprodução de palestras ou entrevistas, por vídeos disseminados à vontade nas redes sociais. 

O “velho” e bom Herculano Pires, nossa sempiterna referência após Kardec, já teria, antes de 1979, ano de seu desencarne, afirmado: “FALA-SE MUITO EM ESPIRITISMO, MAS QUASE NADA SE SABE A SEU RESPEITO. Kardec afirma que a força do espiritismo não está nos fenômenos, como geralmente se pensa, mas na sua filosofia, o que vale dizer na sua mundividência, na sua concepção da realidade. [...] Os adversários do espiritismo desconhecem tudo a respeito e fazem tremenda confusão. Os próprios espíritas, por sua vez, na sua esmagadora maioria, estão na mesma situação. [...] Os adversários partem do preconceito e agem por precipitação. Os espíritas, em geral, fazem o mesmo: FORMULARAM UMA IDEIA PESSOAL DA DOUTRINA, um estereótipo mental a que se apegaram. A maioria, dos dois lados, se esquece desta coisa importante: o espiritismo é uma doutrina que existe nos livros e precisa ser estudada (PIRES, Herculano. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA ESPÍRITA. Capítulo 2. Filosofia e Espiritismo. São Paulo: Paidéia, 2005. Nossas as marcações). 

Assim sendo, seja na “vida real”, isto é as vivências cotidianas em instituições espíritas, mormente nos grupos de estudo e nas reuniões públicas (palestras), tem-se um sem-número de neófitos espíritas, que sequer conhecem o conjunto das obras, grande parte deles “erigido” à condição de palestrante, divulgador ou “facilitador” de um grupo de estudos em face da (aparente) erudição que apresentam ou ainda porque, em suas falas, permeiam afirmações pessoais intercaladas por expressões atribuídas ou ditas (escritas) por Kardec, pelos Espíritos Superiores ou por algum escritor de renome, ou, também, com a expressão (fácil) que “coloca na boca” de alguém algo que ele jamais disse ou escreveu. Fala-se, por exemplo, que “fulano disse isso”, “beltrano escreveu aquilo”, ou que a “última mensagem dada pelo espírito X, por meio do médium Y, afirma tal ou qual”. 

Assim como nas redes sociais é muito comum vermos belos banners ou cartazes com frases interessantes e oportunas, e a assinatura deste ou daquele vulto histórico ou personagem da Humanidade e, depois, alguém informar que aquela personalidade jamais disse ou escreveu tal pensamento e que o mesmo teria sido dito por outro, não tão expoente assim, tem-se um sem número de frases atribuídas a Kardec, a Chico Xavier, aos espíritos da mediunidade brasileira e ao próprio professor Herculano. 

E a massa vai aceitando e repetindo, assimilando e reproduzindo, distanciando-se, assim, do chamado “método kardeciano” de investigação lógica e raciocínio aplicado, para se transformar, meramente, em reprodutores de máximas e axiomas ou, para nos valermos de outra formidável expressão herculanista, comportando-nos como “papagaios de tribuna” que apenas repetem frases de efeito e citações – até sem sinergia e pertinência, entre si. 

Por vezes, eu – e, penso, você também – está “cansado” do padrão “exposição doutrinária” tradicional das instituições espíritas. Voltando a Jaci (obra citada), repicamos: “A massa que procura um centro raramente pensa na Doutrina Espírita, quer receber um alívio, real ou hipotético, desvendar mistérios, receber uma comunicação de um ente querido ou orientação para suas vidas, vindas do além” e “vão a centros que, praticamente, foram criados para atender a esses desejos. Para isso, toleram, quando existem, as palestras RÁPIDAS e DE ESTRUTURA MORALISTA”. 

Então, são muito raras, diz Regis, as instituições que se centram nos estudos e na dinâmica compreensão da Doutrina, os quais atraem os que querem, de fato, conhecer o Espiritismo e esclarecer as (muitas) dúvidas que decorrem das leituras individuais. Este público – que vem aumentando, é só perceber nas discussões das redes sociais, por exemplo, ou nos depoimentos de pessoas que deixaram de frequentar as instituições tradicionais, calcadas neste modelo acima descrito – está cansado de “centros prestadores de serviços”. Esse padrão religioso, de “templo”, “casa de oração e caridade”, “igreja” ou “entidade religiosa” é majoritário e predominante em nosso país porque – inspirando-nos em conhecida e repetida propaganda de uma das maiores indústrias de biscoitos do país – “é melhor porque atrai mais gente e atrai mais gente porque é melhor”, num padrão de consolo rápido e instantâneo, “ensinando” as pessoas a se conformarem com suas vidas (e as agruras que nelas existem). Jesus não foi um conformado com o status quo. Kardec não se conformou com o padrão de interpretação de mensagens espirituais. Herculano não quedou em conformidade com os absurdos e as adulterações de livros e a imposição de elementos estranhos à filosofia espírita. Jaci não ficou impassível diante do extremo e excessivo padrão de religiosismo imposto às instituições pelos organismos federativos. E querem que os espíritas sejam apenas “brandos e pacíficos” e conformados à mentalidade de rebanho. 

Por fim, como incentivo para esta “Geração Nova” que aí está e que tem nos surpreendido pela dinâmica e pelo entusiasmo em MUDAR o que está aí, a décadas ou mais de século, posto, em termos de “padrão” de organização e desempenho institucional, inclusive em homenagem ao grupo “Espiritismo COM Kardec”, que já se aproxima, um ano e meio depois de sua criação, ao sétimo milhar de participantes, gosto sempre de repetir a advertência fraternal dos Espíritos Superiores a Kardec (e a nós), acerca da necessidade de influenciação no Progresso, a partir do despertamento individual para alcançar o coletivo (e considere-se, com pertinência, um dos principais “coletivos” em que estamos inseridos, a casa espírita ou o próprio movimento espírita que é o somatório das casas individuadas), aposta na resposta ao item 932, de “O livro dos espíritos”: “Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos”. Veja-se que a tonalidade de “mal” (os maus) pode alcançar infinitas contexturas. Aqui, em nosso artigo, o mal está associado à secularização e instituicionalização religiosa do Espiritismo, freando a marcha progressiva e impedindo que o mesmo seja entendido e praticado por aqueles que não se conformam ao pensamento de crença. Mas os Espíritos Superiores não vaticinam qualquer resultado final, pelo contrário, no que prescrevem, finalizando tal resposta: “Estes [os bons, os interessados, os despertos], quando o quiserem, assumirão a preponderância”. 

Chegou o tempo (Jesus) de eles (nós) assumirmos a preponderância, como membros que desejamos ser desta “Geração Nova”!
Marcelo Henrique

Marcelo Henrique é carioca, residente em Florianópolis-SC, mestre em Direito e atua como auditor fiscal do Tribunal de Contas de Santa Catarina. Divulgador espírita, é também diretor do Grupo Espiritismo com Kardec.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Novo verbete na Enciclopédia Espírita Online: "Agênere"


Você já ouviu falar de um agênere? Você sabe que é? Sabe como ele se manifesta? Sabe quais as suas características básicas? E ainda mais: você acha que Jesus era um agênere?

Bem, se você já ouviu falar, certamente vai querer saber melhor sobre isso; se ainda não ouviu falar disso, também vai se interessar, pois a qualquer momento você pode se deparar com esse assunto instigante.

Por isso, trazemos a todos o novo verbete da Enciclopédia Espírita Online: "Agênere". Veja a seguir uma síntese do verbete:

Agênere é a denominação do estado temporário em que um Espírito se apresenta materializado, revestindo a forma humana, num grau tal de realismo que produz a ilusão de ser uma pessoa encarnada. Na Codificação Espírita, há alguns relatos desse tipo de fenômeno e uma apreciação teórica sobre suas condições e o seu caráter, de modo a estabelecer certos critérios sobre os agêneres. Pela sua complexidade, é uma modalidade raríssimo de aparição tangível.

Sir William Crookes e a materialização do Espírito Katie King

Acesse agora mesmo o verbete "Agênere" na Enciclopédia Espírita Online.


E não deixe de compartilhar!

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Sala de Leitura: lançamento da Revista Espírita - coleção de 1866


Mais uma acréscimo considerável para nossa Sala de Leitura: Revista Espírita - coleção de 1866, de Allan Kardec.

A Revista Espírita, ou o Jornal de Estudos Psicológicos, foi periódico mensal lançado pelo codificador espírita em 1858, portanto, um ano após a publicação original de O Livro dos Espíritos, que é o marco inaugural da Doutrina Espírita. Através dessa revista, entre outras coisas, Kardec noticiava eventos da época relacionados com o Espiritismo, reproduzia matérias da imprensa francesa e do exterior, dava nota das atividades da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, expunha ensaios de teorias sobre os fenômenos mediúnicos e trocava experiências com correspondentes espíritas de toda parte do mundo. Era, enfim, o principal órgão de divulgação mensal para o movimento espírita.

Em nosso acervo, já dispúnhamos das coleções dos anos 1858 a 1865; agora, ofertamos a todos a tradução das edições da Revista correspondentes aos jornais de janeiro a dezembro de 1866.

Entre outras matérias preciosas deste anuário, destacamos:
  • a nota bibliográfica feita por Allan Kardec sobre o livro Os Quatro Evangelhos de Jean-Baptiste Roustaing (saiba mais...), na edição de junho daquele ano;
  • Um artigo interessantíssimo analisando a concepção vigente por alguns contemporâneos de que a mulher não teria alma (janeiro de 1866);
  • Uma reflexão mais lúcida sobre Maomé e o islamismo (agosto e novembro de 1866).

Imperdível essa coleção de 1866, pela qual podemos acompanhar o desenvolvimento progressista do movimento espírita daquela época.


Clique aqui e baixe agora mesmo a Revista Espírita - coleção de 1866.

sábado, 17 de novembro de 2018

"Louise, filha adotiva de Kardec e Amélie", por Charles Kempf


Reproduzimos a seguir um artigo da autoria de Charles Kempf (ver perfil no Facebook), grande estudioso e divulgador espírita francês.

Charles Kempf é natural de Thann, França, reside atualmente em Belfort, em seu país, mas há muito tem forte ligação com o movimento espírita brasileiro, especialmente desde que participou do CEI - Conselho Espírita Internacional, que mantinha ligação direta com a FEB - Federação Espírita Brasileira. Hoje, ele é presidente da FSF - Fédération Spirite Française (Federação Espírita Francesa).

Contextualizando algumas correspondências envolvendo o casal Amélie Boudet e Rivail (que mais tarde se tornaria Allan Kardec, o célebre codificador do Espiritismo), Charles Kempf nos dá a conhecer a história da pequena Louise, que o pesquisador denomina "filha adotiva" daquele casal, que não teve filhos naturais (quem sabe, por uma providência da espiritualidade, tendo em vista as ocupações que Rivail e Amélie teriam com a nova doutrina que abraçariam como missão maior de sua encarnação), mas que amorosamente se ocuparam dos cuidados paternais para com a menina, pelo que vemos nas preocupações que demonstravam com a educação da pequenina.

Charles Kempf

Como ocorreu os primeiros envolvimentos do casal Kardec com a petite Louise e como findou essa história? Acompanhemos a surpreendente narrativa de Kempf:


A pequena Louise, filha adotiva de Hyppolite Léon Denizard Rivail e de Amélie Boudet

Houve muitas especulações sobre a questão: porque Hyppolite Léon Denizard Rivail e Amélie Boudet não tiveram filhos? Até mesmo a afirmação de que teriam concluído um pacto de abstinência...

Os documentos originais encontrados recentemente lançaram luz sobre essa questão.

Em primeiro lugar, o casamento deles data de quinta-feira, 9 de fevereiro de 1832. Naquele dia, Hyppolite tinha 27 anos e Amélie 36 anos, o que era muito para a época. Também, na época de seu casamento, Hyppolite era "soldado do 61º Regimento de Infantaria de Linha, guarnecido em Rouen, Departamento do Sena Inferior".

Seu contrato de casamento não menciona nenhum pacto de abstinência.

Representação gráfica do casal Amélie e Rivail (Allan Kardec)

Em uma carta de Hyppolite dirigida a Amélie, datada de 20 de agosto de 1834, depois de uma viagem de carruagem de Paris a Lyon,onde Hyppolite ia visitar sua tia paterna Reine Matthevot (nascida Rivail), ele fala “das comodidades da viagem": "Na maior parte do caminho, tive o prazer de ter a companhia de uma criança de um ano no carro que, por seus gritos e cheiros, nos ofereceu uma pequena repetição da tarefa e me fez desfrutar antecipadamente dos encantos da paternidade."

Não há dúvida de que Hyppolite e Amélie consideraram a paternidade, mas a natureza provavelmente não lhes permitiu ter um filho natural.

Mas em outra carta de Hyppolite a Amélie, datada de 23 de agosto de 1841, quando Hyppolite estava novamente em Lyon para o funeral de sua tia Reine Matthevot, ele escreveu: "Abrace bem a minha pequena Louise, cuja escrita me fez muito prazer."

Em uma carta de 9 de outubro de 1841, de Paris a Château du Loir (lar dos pais de Amélie, onde Hyppolite e Amélie costumavam ficar de veraneio), Hyppolite escreve: "Beije minha pequena Louise por mim."

Carta do pai de Amélie na desencarnação de Louise

Em outra de 12 de outubro de 1841, Hyppolite escreveu mais especificamente: "Eu queria consultar Mariette esta manhã para saber o que se deveria fazer por Louise em caso de dificuldade, mas ela não retornou há dois dias; eu sei onde ela está, mas é um pouco longe; e seria difícil não dizer impossível vê-la a tempo. Se, no entanto, alguma coisa acontecesse, escreva-me logo enviando-me cabelos e eu a consultarei. No intervalo, penso que se deve cuidar para que ela não tome chuva; como você sabe, seria prejudicial para ela."

Esta carta é notável, porque mostra que Hyppolite e Amélie consultavam em Paris uma "sonâmbula" chamada Mariette, especialmente em caso de problemas de saúde, e que utilizavam até cabelos, enviados por carta, para ajudar a sonâmbula na psicometria. Entendemos melhor porque Allan Kardec escreveu mais tarde que o Magnetismo abriu o caminho para o Espiritismo. Além disso, esta carta indica uma saúde frágil da pequena Louise.

Carta de 15-08-1843 de Aachen para Château du Loir

Finalmente, numa carta de 15 de agosto de 1842, de Aachen a Château du Loir, Hyppolite é muito mais específico: "Aprendi com prazer que Louise trabalha bem à medida que avança na leitura e na escrita. Fiquei muito feliz com a sua pequena carta. Espero que ela possa ler a minha sozinha. Quanto ao cálculo, não deve ser negligenciado; mas na ausência do aritmômetro, é necessário usar fichas; você deve ter certamente nas caixas de jogos. Um exercício excelente e que ela deve começar a ser capaz, é de atribuir às fichas aos cartões de uma determinada cor um valor de 10 ou de 100. Assim, para fazer 345, precisa colocar 3 fichas de 100, 4 de 10 e 5 de 1. Ou seja, como segue + + + 0 0 0 0 1 1 1 1 1. Deve exercê-la ou a ler os números assim compostos, ou a compor outros ela mesma. Mas é claro que precisa começar com números pequenos e aumentar apenas gradualmente. Quando ela estiver bem familiarizada com este exercício, será preciso utilizar os algarismos, e fazê-la entender que os algarismos da primeira coluna a direita valem tantas unidades, os da segunda valem tantas dezenas ou fichas de 10 etc. Será necessário exercê-la, vendo um número escrito em algarismos, a compô-lo com fichas, e vice-versa."

Nós vemos claramente o "professor" aplicando os métodos de ensino de Pestalozzi que ele melhorou e completou!

Em 22 de outubro de 1843, Hyppolite menciona numa carta à Amélie, de Paris para Château du Loir: “Anexo está uma cartinha para Louise”. Infelizmente não temos o original desta cartinha que foi entregue por Amélie a Louise. Em 6 de novembro de 1843, Hyppolite escreveu para Amélie, de Paris para Château du Loir: "Beije minha querida Louise por mim e diga a ela que fiquei muito feliz com sua carta; mostrei-a a várias pessoas que ficaram muito satisfeitas."

Há outros elementos em uma carta de 16 de setembro de 1844, de Paris para Château du Loir, onde Hyppolite que fala da cama de Louise em sua residência em Paris, onde ele escreve: “Quanto a Louise, acho que ela aproveita bastante. Peço-lhe que cumprimente suas galinhas, as quais abraço de todo coração, e ela também.” Pode-se imaginar a menina vivaz no campo em Château du Loir, cuidando do galinheiro dos pais de Amélie. Em 27 de setembro de 1844, Hyppolite escreve: "Adeus, minha querida, abraça por mim minha boa pequena Louise, que, penso, se diverte de todo o coração."

Carta de 20/08/1834 sobre a paternidade

Essas cartas não deixam nenhuma dúvida sobre o fato que Hyppolite Léon Denizard Rivail e Amélie Boudet criaram e educaram uma menina chamada Louise, provavelmente adotiva, e a quem tinham dado o segundo nome de Jeanne Louise Rivail (nascida Duhamel), mãe de Hyppolite.

Mas essa alegria seria de curta duração. Em 29 de setembro de 1845, de Paris para Château du Loir, Hyppolite escreveu para Amélie: "Como você me dizia que se você não escrevesse para mim, seria porque Louise iria continuar melhorando, então espero que a melhora se confirmou: concebo tudo o que isso deve lhe causar tormento e fadiga, porquanto você precisava muito de repouso.” Os problemas de saúde da pequena Louise pareciam estar piorando.

 Carta de 15/08/1843, sobre aritmética.

Amélie retornou depois a Paris com a pequena Louise, e é numa carta do pai de Amélie (que desencarnou em 6 de julho de 1847 aos 79 anos) para Amélie, datada de 6 de dezembro de 1845, que apreendemos a morte da pequena Louise: "Eu não demorei para lamentar, minha querida Amélie, o evento infeliz que você anuncia na sua última carta; com o que você tinha escrito para nós e o que Mad. Gendron havia nos dito, eu esperava todos os dias receber essa má notícia: é muito triste e muito lamentável deixar a vida quando estamos apenas começando a aproveitá-la, enquanto outros que tiveram uma longa carreira poderiam terminá-la sem se arrepender tanto: como você me diz, não é da natureza do homem ser perfeitamente feliz, devemos nos contentar com a porção que nos é distribuída. Percebo o quanto isso deve ter afetado o Sr. Rivail, desejo que ele se recupere."

Consultamos os arquivos online do estado civil reconstituído de Paris, mas com a classificação pelo nome, não encontrei nenhuma Louise Rivail, nem Duhamel, nem Boudet, que morreu naquele período. Uma busca por data é necessária, e talvez possível nos microfilmes. Isso permitiria esclarecer qual era o nome dessa menininha, provavelmente adotiva.

Este episódio lança luz sobre o caminho difícil de Hyppolite Léon Denizard Rivail e Amélie Boudet no período antes da observação do fenômeno de mesas girantes, em maio 1855, que o fez declarar na Obras Póstumas: "Foi aí que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas ideias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo."

Os espíritas sabem o que se seguiu: o trabalho magistral da Codificação Espírita, de Allan Kardec, que hoje desfruta, depois de mais de um século e meio, dezenas de milhões de admiradores em todo o mundo, e que, ao mesmo tempo, abriu todo um campo de pesquisa científica sobre o mundo espiritual e consolou tantos corações feridos.

Muito obrigado Allan Kardec, muito obrigado Amélie Boudet!

Charles Kempf


sexta-feira, 16 de novembro de 2018

"150 anos de Ciência ao alcance do povo" por Rogério Miguez


Já desponta no horizonte os sinais do crepúsculo deste 2018, ano jubilar para o Espiritismo, em razão do 150° aniversário de lançamento de A Gênese, o quinto livro fundamental da codificação espírita, da autoria de Allan Kardec.

E como nunca é demais acentuarmos a importância dessa obra, relembremos um artigo a propósito, publicada na revista Reformador (FEB Editora), edição de janeiro deste ano, assinado pelo respeitado pesquisador espírita e nosso colaborador Rogério Miguez (São José dos Campos-SP):


150 anos de Ciência ao alcance do povo

A Gênese - os milagres e as predições segundo o Espiritismo, última obra do Pentateuco espírita, longe de ser vista como a de menor valor, materializou-se no mundo no ano de 1868, trazendo intensa e esclarecedora luz a todos os ávidos de entendimento das eternas questões mais próximas à Ciência.

Sim, a Filosofia e a Religião espíritas ganhavam a derradeira conotação fundamental, pois sem a contribuição da Ciência jamais se chegaria à fé raciocinada, condição tão pouco entendida pelas correntes do conhecimento religioso e filosófico de então, e porque não dizer de agora também.


Jamais se ajuizou que esta virtude teologal, a Fé, as outras sendo a Esperança e Caridade, pudesse ter a sua real sustentação em posições e explicações científicas, pois os dois ramos do conhecimento humano: Religião e Ciência, que vinham se digladiando ao longo dos séculos, e ainda o fazem, sugeriam ser inconciliáveis; água e óleo, se podemos nos expressar desta forma, jamais se misturariam, muito menos se entenderiam, afirmavam categóricos os mais eruditos.

O Codificador, auxiliado pelas inteligências do Universo, na figura de Espíritos superiores, todos coordenados por Jesus, consolida nesta obra conceitos científicos sobre a Gênese, os Milagres e as Profecias, isto em pleno século XIX, no âmago da cultura francesa, a mais intelectualizada da época.

Lança naquele caldeirão do saber a sua contribuição sobre Ciência analisada sob o ponto de vista da Doutrina dos Espíritos. O professor de matérias básicas de ensino na França, diretor de educandário, apresenta ao Mundo uma nova concepção de temas tão antigos quanto a nossa própria História, mas que permaneciam quase estagnados, prisioneiros pelo interminável duelo de forças polarizadas entre a Igreja e a Cátedra. Que desafio! Que coragem! Que confiança!

Discorre sobre as leis divinas, explicando-as, esmiuçando-as, investigando-as, traduzindo-as ao entendimento do povo, trazendo a lume aspectos jamais imaginados destas leis que existiram, existiam e sempre existirão unindo os dois campos até então inconciliáveis: Religião e Ciência.

Espírito e matéria encontram uma utilidade recíproca, um auxiliando o outro, nada se perdendo na grandiosidade das leis divinas, no grande laboratório do Universo. Tudo se encadeando e mutuamente se apoiando. Uma nova visão do antigo mundo a nos cercar se apresentou e quantas dúvidas elucidou? Como ampliou o estreito horizonte do pensamento de então!

A Gênese do mundo foi debatida, bem como a espiritual e a orgânica. Nós, Espíritos imortais, ganhamos conhecimento sobre nós mesmos, pudemos melhor entender o nosso corpo físico, que tanto nos ajuda na promoção de nossa própria evolução, e com este conhecimento temos novo enfoque sobre o mesmo, respeitando-o como insuperável empréstimo de Deus para, trabalhando com ele, alcançar a relativa perfeição, meta fatal a que chegaremos, mais hoje, mais amanhã.

Os milagres tão propalados da Antiguidade que fundamentavam e ainda lastreiam várias teorias obtusas e distanciadas da plena razão, usados para dominação das massas, foram desmistificados, desmaterializados, se podemos nos expressar desta forma, particularmente os chamados milagres produzidos pelo Meigo Carpinteiro.


O incrível e o deslumbrante se apagaram, dando lugar às explicações científicas, às razões da Ciência, comprovadas em grande número, posteriormente, por notáveis pesquisadores que se seguiram a Kardec, na esteira do Mestre. O Codificador havia aplainado o terreno, fornecendo as informações básicas e mostrando os caminhos por onde os cientistas da época, seguramente enviados de Deus, deveriam seguir para bem embasar as teses espíritas.

A reviravolta foi tamanha que nós pudemos nos reconhecer também como “Deuses”, capazes de realizar feitos “milagrosos”, o mais humilde de todos se viu como uma Divindade, pois aqueles tão divulgados prodígios nada mais representavam do que o resultado da atuação de leis divinas até então desconhecidas, e percebeu-se que estas, quando compreendidas e dominadas, facultam a qualquer Espírito sincero e confiante em Deus, a realização também dos seus particulares “milagres”. E muitos de nós os temos feito há bom tempo.


O Enviado de Nazaré não foi mais visto como um mágico vulgar, um prestidigitador comum, um embusteiro, como tantos já vistos e ainda presentes explorando as muitas misérias do povo. Jesus passou a ser visto na condição de um Espírito imortal como todos nós, contudo, já havia há bom tempo adquirido ciência dos mecanismos que regem a vida, sabia como manipulá-los em nome do Pai Excelso. Mostrou-nos Kardec que os cegos que passaram a ver, os paralíticos que passaram a andar e os leprosos que deixaram as deformidades de seus corpos no passado haviam sido curados por meio de providências naturais, atos de bondade e compaixão, sem que qualquer das imutáveis leis de Deus houvesse sido derrogada.

Por outro lado, as apavorantes profecias, que nos amedrontaram e continuam a amedrontar os que se recusam a estudar e aprender as leis do Eterno, perderam o seu caráter misterioso, assustador. Percebeu-se que com o conhecimento espírita qualquer um pode profetizar, ou seja, dizer o que acontecerá no futuro em grandes aspectos, pois já entende ser a semeadura de agora determinante para a colheita do amanhã. E isto não é a essência da profecia?


A gênese, este tratado de lições eternas, manancial de explicações e esclarecimentos, elucidador de variadas questões, está ao nosso alcance, das nossas mãos. Honremos estes 150 anos de sua existência e, simultaneamente, glorifiquemos o seu autor, lendo, estudando, esquadrinhando cada parágrafo, cada frase, cada palavra, retirando a seiva duradoura destes escritos, libertemos os seus ensinos, ainda prisioneiros e desconhecidos das grandes massas.

Neste ano em que se completa mais um aniversário do lançamento desta obra imortal, reverenciemos o esforço do Mestre Lionês, não deixando para amanhã, tampouco para a próxima reencarnação, o estudo deste extraordinário livro: A gênese.
Rogério Miguez

Fonte: Reformador, janeiro de 2018.

Baixe gratuitamente o ebook (PDF e ePUB) de A Gênese - Numa Linguagem Simplificada, tradução de Louis Neilmoris, na nossa Sala de Leitura.


terça-feira, 13 de novembro de 2018

Videopalestra: "Anjos Guardiões" com Cosme Massi


Nesta exposição, do conceituado divulgador espírita do Paraná Cosme Massi, encontramos bons subsídios para reflexão no entorno de um tema de grande interesse para nós, caminheiros do curso evolutivo: o papel dos "Anjos Guardiões", de que Allan Kardec tratou em O Livro dos Espíritos, capítulo IX, especialmente a partir da questão 489.

Então, desfrutemos das ideias de Cosme Massi e ampliemos nossos estudos sobre o tema proposto:


Agora é com você: ajude na divulgação do Espiritismo compartilhando esse post com seus familiares e amigos!