Mensagem Espírita: "Viver e Morrer"


Mensagem Espírita ditada pelo Espírito Irmão Matheus (Colônia Espiritual Maria de Nazaré), pela mediunidade de Lúcia, em 2 deste abril, 2014.



Viver e Morrer

Trazemos conosco versão muito limitada de "viver" e "morrer". Convencionamos, por aprendizado equivocado de milênios, que vida é sempre a alegria, o novo, o desabrochar, enquanto que morte é só dor, melancolia, saudade, o velho, o sucumbir.

Se neste momento pararmos e nos dedicarmos a compreender mais profundamente o que sejam esses conceitos, vamos descobrir que viver às vezes significa "morrer" e que outras tantas vezes morrer significa "viver". Viver é alegria, mas também esperança, imortalidade, oportunidade, responsabilidade, missão, comprometimento e Deus. Morrer nos remete a ruptura, mudança, aprendizado, maturidade, evolução, fé, comprometimento, e a Deus.

Portanto meus amigos, viver não é simplesmente manter o coração pulsando e o organismo fisiológico funcionando. É ter consciência de que novas e antigas oportunidades se descortinam a cada escolha, a cada vez que usamos o nosso livre arbítrio. Toda escolha exige responsabilidade, pois sabemos de nossa interligação com todo o Universo. Viver, portanto é optar todos os dias por conhecer e praticar a Lei do Amor contida no evangelho que o Mestre nos deixou. É assumir a missão enquanto filhos de Deus de nos colocarmos a serviço do Pai, sendo o Seu instrumento de serviço ao outro.

Assim questiono: quando realmente vivemos? Podemos nos considerar vivos? E morrer? Como compreender de maneira mais profunda esse verbo "pesado"? Morte nada mais é do que uma ruptura. Ruptura que pode se dar com o corpo físico ou com nossos sentimentos, as nossas imperfeições, nossas vibrações e emanações. Ainda podemos considerar a morte como a falta de esperança, a falta de fé e a ausência de Deus.

Neste momento abro um parêntese para explicar a ausência de Deus que consideramos morte, pois essa frase pode suscitar dúvidas e o entendimento errôneo de que estaríamos em contradição com outras mensagens enviadas, o que não procede. Sabemos que o "Eu Crístico" ou Centelha Divina é onde encontramos Deus de forma latente, dentro de nós; assim sendo, sempre presente e vivo. Mas, no estado de latência é como se estivesse ausente, pois fica impossibilitado de Se fazer presente em nosso dia a dia. Para que Ele aja é preciso nosso consentimento.

E é dentro deste contexto que comparamos a ausência de Deus com o morrer. Negando (ausentando) Sua presença nos permitimos ficar na ignorância, onde nosso orgulho e egoísmo controlam nossos atos, palavras e pensamentos, nos remetendo a profunda tristeza, melancolia e dor... exatamente como definimos o conceito de morte num
primeiro momento.

A morte se torna vida, quando guiados pelos espíritos de luz, através de nossa vontade, perseverança, estudo e prece, vamos lentamente deixando que morra os nossos vícios como inveja, imediatismo, egoísmo, orgulho e tantas outras imperfeições. Nesse momento estamos morrendo para viver, pois estamos processando a nossa reforma íntima nos tornando criaturas mais amadurecidas espiritualmente.

Assim a morte passa a significar celebração de Vida Plena com o Pai. Vivenciamos a vida e a morte a todo instante na sabedoria infinita da Lei natural que rege a tudo. Vejamos: é preciso que a flor morra para se transformar em fruto e depois esse fruto morra para se transformar em semente e assim uma nova vida seja gerada. Cada qual permanece o tempo necessário para desenvolver sua missão no breve espaço de tempo que lhe é concedido dentro do seu contexto de aprendizado para a evolução espiritual.

Jesus nos ensina que ninguém é tão pobre que nada possa oferecer e que ninguém é tão rico que nada possa receber. Em analogia a essas palavras construo o seguinte raciocínio: ninguém é tão "vivo" que não possa "morrer" e ninguém é tão "morto" que não possa "viver". Dentro de nós existe sempre algo que precisa renascer ou ser despertado, como também existe algo que precisamos deixar sucumbir para seguirmos em frente em nossa caminhada de evolução.

Sugiro que esta semana dediquemos alguns instantes de reflexão para elencarmos algo que existe dentro de nós e precisamos deixar "viver" e algo dentro de nós que precisamos deixar "morrer". Vida e morte, meus amigos, compõem o caminho que trilhamos em busca da felicidade.

Deixo-lhes com a paz do Mestre e a doçura e proteção de Maria de Nazaré.


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