domingo, 5 de novembro de 2017

Engenharia genética - por Divaldo Franco


Reproduzimos a seguir um interessante artigo, publicado na revista Reformador, fruto de uma mensagem psicografada por Divaldo Franco, em reunião de 14 de julho de 1997, em San Juan, Porto Rico. O texto trata dos recursos positivos de que a Ciência tem se valido ao mesmo tempo em que nos remete a um reflexão sobre os limites éticos das experimentações humanas.



Engenharia Genética

O desenvolvimento científico, que se vem apresentando nos mais diferentes campos do conhecimento, demonstra que o ser humano progride e diminui a carga dos próprios sofrimentos, que são por ele mesmo programados como resultado da incúria ou da inépcia para lidar com os necessários desafios existenciais.

A busca da superação da dor e de todos os sequazes que a acompanham tem sido constante, desde os audaciosos sonhos da conquista da pedra filosofal, na Idade Média, até as ambições que se podem transformar em tristes pesadelos, quais as que dizem respeito à incursão na intimidade do DNA para clonagem de seres como outros tantos delírios antiéticos do momento.

Não obstante, a Divindade tem facultado que as aflições mais rudes, em razão do progresso que a criatura tem conseguido, particularmente na área moral, embora o muito que ainda lhe falta alcançar, venham diminuindo a pouco e pouco, abrindo espaços no seu processo orgânico e psíquico para mais saúde, mais bem-estar e mais alegria de viver.

Desde quando foram descobertos o éter, o clorofórmio e outros fármacos, como também os analgésicos, inúmeros sofrimentos hebetadores foram abrandados expressivamente, assim como o concurso das cirurgias e microcirurgias, que facultaram melhores meios para continuar no corpo sem as injunções penosas e deformadoras que eram habituais.

Certamente, ainda há muito para fazer nessa área e, por isso mesmo, os avanços tecnológicos não cessam, surgindo cada dia com mais amplos e abençoados recursos terapêuticos.

Na genética, por exemplo, desde a descoberta dos genes e cromossomas por G. Mendel, que experimentou reproche e desconsideração dos seus coevos, os logros são catalogados com cuidado, de forma a melhor entender-se os mecanismos da vida nas suas origens, facultando mais amplas possibilidades de auxílio ao ser em formação como posteriormente às resultantes do seu comportamento.

Graças às quase infinitas possibilidades de penetração nas organizações moleculares através dos microscópios eletrônicos e dos estudos acurados dos genes, os cientistas empenham-se em bem definir as ocorrências da vida física e mental, descobrindo como surgem os fenômenos biológicos, a aparência humana e os seus detalhes, desde a configuração até a cor dos olhos, a dos cabelos, examinando as estruturas íntimas do DNA e estabelecendo normas para corrigir algumas das anomalias que se apresentam.

O desconhecimento dos mecanismos superiores da Vida, por parte desses nobres pesquisadores, leva alguns a sonhos fantásticos, pelo menos para o momento, tais o de evitar futuras enfermidades degenerativas como o câncer, a AIDS, trabalhando nos códigos genéticos que tragam deficiências propiciatórias à sua instalação ou surgimento.

Ao lado dessa busca respeitável, sem dúvida, mas que foge ao programa da reencarnação de muitos Espíritos endividados que, se liberados da injunção aflitiva, incidirão em outros mecanismos depuradores, apresentam-se alguns entusiastas da engenharia genética pensando na possibilidade de trabalharem a complexidade desses microcomputadores orgânicos, para alterarem, por exemplo, o sexo do zigoto, ou mais tarde do feto, mesmo que este já se encontre em processo de formação física.

O corpo, sob qualquer condição em que se expresse, é resultado da conduta anterior do Espírito, que programa as suas necessidades na forma, a fim de crescer e evoluir, transformando conflitos em paz, débitos em créditos, mazelas em esperanças. Sem duvidarmos da ingerência do ser humano no projeto, recordaremos que ao abuso do conhecimento em qualquer área sempre correspondem danos equivalentes.

Vejamos, por exemplo, o que vem ocorrendo no ecossistema. O desrespeito à Natureza, por ignorância inicial e por interesses mesquinhos e argentários no momento, tem produzido diversos efeitos graves para a própria existência humana. A destruição da camada de ozônio vem ampliando o número de portadores de câncer da pele de forma assustadora; o abuso dos adubos químicos no solo tem gerado problemas orgânicos lamentáveis; a aplicação de hormônio nas aves e nos animais de abatimento vem facultando doenças desconhecidas no ser humano; a diminuição do volume de água ameaça regiões onde a vida se encontra e começa a perecer; a presença do mercúrio nos rios enseja-lhes o envenenamento, destruindo a flora e a fauna, como as populações ribeirinhas; o aumento das áreas desérticas e o degelo dos polos constituem ameaças que estão preocupando alguns governos e nações do planeta que temem pelo futuro, momentaneamente sombreado por angústias…

A vida é trabalhada por um princípio de ética divina, que não pode ser manipulada ao prazer da insensatez, sem que disso decorram consequências imprevisíveis para os seus infratores.

Fascinados pelas possibilidades teóricas que a engenharia genética lhes propicia, muitos pesquisadores pensam em burlar as Leis Universais, tornando-se pequenos deuses com possibilidades inimagináveis, o que é, aliás, compreensível, dentro dos seus devaneios materialistas pelos quais pensam em tudo reduzir ao nada do princípio em que se apoiam.

Parece a esses investigadores dos emaranhados segredos da existência planetária que lhes é facultado brincar de Deus, alterando os códigos genéticos e criando aberrações para atendimento do seu luxo criativo. Compreende-se que o ser humano ainda não saiba sequer brincar de homem, desde que, na maioria das vezes, quando o intenta, seu jogo se transforma em conflito de guerra com destruição à vista.

A partir de 1990 vários países, compreendendo as possibilidades imensas que lhes estavam ao alcance, reuniram em um projeto ousado inúmeros cientistas do mundo, objetivando decodificar os quase três bilhões de caracteres que se encontram nas células humanas como decorrência do seu código genético.

Trata-se de um nobre trabalho que tem por meta essencialmente compreender a estrutura molecular do ser humano, e mesmo curar as enfermidades afligentes que se instalam devorando vidas. Foi denominado Projeto Genoma Humano que, entre outras descobertas, confirma que o homem se originou na África, de onde emigrou para toda a Terra através dos tempos. Entre outras conquistas maravilhosas se está conseguindo demonstrar que não existem raças superiores nem inferiores, já que as variações nos grupos étnicos são infinitamente maiores do que se pensava a princípio, a tal ponto que indivíduos da mesma raça se apresentam geneticamente muito diferentes entre si. Outrossim, confirmou-se que a epiderme negra tem sua origem em região onde o Sol é muito forte, responsabilizando-se pela pigmentação escura que lhe serve de defesa e proteção, clareando à medida que diminui o calor, tornando-a clara a fim de sintetizar a vitamina D indispensável ao desenvolvimento dos músculos e ossos…

Prosseguindo nessa linha de observações será inevitável a constatação de que todo esse mecanismo providencial à vida humana organizada tem os seus moldes nos campos energéticos do perispírito, esse envoltório delicado do Espírito, que é o agente real da vida.

Simultaneamente se apresenta como necessidade inadiável a presença de uma ética estribada nos limites que devem ser impostos à pesquisa, a fim de que os governos arbitrários e as pessoas alucinadas não se utilizem do conhecimento genético para experiências macabras, quais aquelas muitas ocorridas em tempos próximos passados nos campos de concentração, em que milhões de vidas pereceram longe de qualquer dignidade ou compaixão, ou mesmo sentimento de humanidade, sob as mãos de cientistas loucos que pretendiam criar uma raça superior, na vã presunção de submeter aqueloutras que consideravam inferiores.

A inexorável marcha do tempo, ou passagem do ser pelo rio infinito das horas presentes, vem demonstrando que somente as conquistas que objetivam o bom, o belo, o nobre, o dignificante, permanecem enquanto as utopias da loucura se diluem como brumas espessas de um momento que o calor do dia termina por desfazer.

A engenharia genética será, naturalmente, um instrumento para a dignificação do ser humano e entendimento da vida nas suas mais profundas expressões, jamais recurso para submetê-lo às paixões e desmandos de outros que dela planejam utilizar-se para tais nefandos fins.

Fonte Reformador

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