"Espíritas na Política" em uma nova polêmica
Na última terça-feira realizou-se em São Paulo uma reunião de ativistas espíritas para discutir o tema "Espíritas na Política", tendo em vista ações positivas para uma conscientização do cidadão, especialmente levando em conta o nosso entendimento quanto às responsabilidades de nosso papel na construção de uma sociedade mais justa e produtiva.
Acontece que a tal reunião gerou especulações negativas, incluindo acusações de que esse grupo de espíritas estaria se movimentando para fazer campanha política para determinados candidatos, em face desta reunião ter contado com a participação de políticos.
Para entendermos a polêmica toda, vamos começar publicando uma nota sobre o anúncio de realização da reunião, que foi emitida por um dos seus articuladores, Antonio Cesar Perri de Carvalho (ex-presidente da Federação Espírita Brasileira), e que recebemos por E-mail:
Espíritas na Política
Na noite de 22 de maio de 2018, ocorreu uma reunião para se tratar do tema "Espíritas na Política", realizada no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo (CCDPE), em São Paulo. Mediaram a reunião Júlia Nezu e Paulo Francisco, ambos do CCDPE, que destacaram "a grande responsabilidade espiritual do homem público - e a necessidade dessa conscientização". Ficou claro que o espírita como cidadão – pessoa física -, pode contribuir para a solução dos problemas políticos e sociais vivenciados na atualidade, sem necessariamente comprometer-se com legendas ou organizações partidárias, mas ciente de que esse é também um direito que cabe a cada um. Também concluiu-se que deve ocorrer um esclarecimento amplo para que o espírita apoie candidatos que sejam coerentes e concordantes com os princípios do Espiritismo. Definiu-se a realização de uma mesa redonda no dia 28 de julho, em São Paulo, e depois a divulgação de relação de candidatos espíritas a cargos legislativos.
Além dos mediadores citados, estavam presentes: Antonio Cesar Perri de Carvalho, Afonso Moreira Júnior, Miguel de Jesus Sardano, Terezinha Sardano, André Marouço, Aparecido Onofre Belvedere, José Luiz A. Marchesan, Ademir Mendes, Jorge Reis, Rui Luiz Barboza, Benedito Figueiredo, Rodrigo Gonçalves da Costa, Augusto José D Moreira, Luciano Daniel Melidoni, Ana Paula Calvo, Daniane Postal e Arthur Luiz Caramel; e os políticos Dario Arantes, Fernando Petiti, Edson Sardano, Rubens Calvo e Marcos Papa (à distância).
Daí, surgiram as especulações negativas, pelo que o grupo participante da tal reunião achou por bem responder, como o fez nos seguintes termos, contendo a assinatura de Júlia Nezu (atual presidente da USE-SP - União das Sociedades Espíritas de São Paulo):
Estimados amigos,
Saúde e paz!
Segue a nota oficial solicitada ao Cesar Perri, durante a reunião, para ser distribuída nas redes sociais e aos comunicadores/divulgadores em geral.
Como todos sabem o movimento espírita é conservador e precisaremos ter cautela nas divulgações que fazemos, sobretudo quando estamos iniciando um projeto novo e teremos que vencer barreiras daqueles que tem aversão aos políticos e pelas politicas partidárias, sob pena desse nosso projeto que não pretende ser sazonal para a próxima eleição, mas um trabalho permanente para mudança de paradigma a respeito da participação de espíritas na política, sua importância e atuação na sociedade.
A reunião de terça-feira não foi para meramente apoiar os nomes dos pré-candidatos, que naturalmente serão beneficiados com as ações que estão sendo programadas, ou seja, levará a isso, mas estamos pensando numa ação permanente e mais ampla. Para isso será necessário haver coesão entre nós e pensarmos em equipe.
Como saiu informação no Facebook que a reunião foi para apoio as candidaturas de políticos espíritas como Fernando Petiti, no CCDPE já estamos sendo questionados. É verdade que a intenção é de dar visibilidade aos candidatos que são espíritas mas antes deveremos apresentar uma exposição de motivos e fundamentação doutrinária, nessa página do Facebook e realizar a já aprovada por todos, mesa redonda, no dia 28/7/2018 (sábado), às 15 horas.
Depois desses passos os candidatos serão apresentados, aqueles que estiverem de acordo com a carta de princípios que será redigida pelo grupo sob a coordenação do Cesar Perri (será submetida a apreciação de todos). A mesa redonda será transmitida na rede social, youtube, por diversos canais, com ampla divulgação antes, durante e pós evento. A equipe do Vivência Espírita, o André Marouço da FEAL, o Afonso e outros são especialistas em comunicação.
A nota oficial abaixo foi publicada para conhecimento do movimento espírita nacional e internacional pelo informativo de Ismael Gobbo (http://www.noticiasespiritas.com.br/2018/MAIO/24-05-2018.htm) e enviaremos para os mailings dos espíritas, em nome do grupo Espíritas na Política (ou outro nome para o grupo..) formalizando, assim, o registro da 1ª reunião para não haver especulação indevida. A nota poderá ser publicada na página de espiritasnapolitica e ser amplamente divulgada, com a foto anexa.
Copiamos no cabeçalho em aberto os e-mails de todos os participantes que compareceram no último dia 22/5/2018, na 1ª reunião do projeto Espíritas na Política.
Favor confirmarem o recebimento deste e-mail para certificarmos que o endereço está correto.
Estamos abrindo um grupo no WA para que a nossa comunicação seja ágil e eficaz. Se alguém não desejar participar do grupo do WA favor nos informar.
Rogando o amparo de Jesus para que o projeto Espíritas na Política atinja os objetivos traçados, subscrevemo-nos,
Fraternalmente,
Julia
Diante dessa polêmica, nós da Fraternidade Luz Espírita oferecemos nossas reflexões sobre as questões envolvidas.
Para começar, não podemos nos responsabilizar pelos atos do grupo participante dessa reunião, embora é justo dizermos que não conhecemos nada que desabone a honradez dessas pessoas. Temos visto, ao contrário, importantes ações de várias delas em prol da Doutrina Espírita.
Com efeito, diretamente sobre o tema da reunião e, por conseguinte, do intento levantando nesse projeto, consideramos da maior valia para o Espiritismo e para toda a nossa sociedade. A Luz Espírita já por muitas vezes tem abordado o assunto Política e defendido a necessidade de um maior engajamento do Movimento Espírita nas questões inerentes, especialmente nesses tempos críticos que vive o nosso país. (ver "O Espiritismo e os protestos atuais"; "Divaldo Franco fala sobre Política e Espiritismo"; "Movimento Espírita em sintonia com o movimento popular atual"; "O Espiritismo se mete em Política?" e "Política e Espiritismo"). O que não fazemos é compactuar com politicagens, tais quais improbidade administrativa, políticas meramente assistencialistas, ideologias sectaristas e ações populistas que visem interesses particulares com prejuízos para a coletividade. Se este grupo ou qualquer outro que use o epíteto "espírita" se levantar para usar do Espiritismo para despropósitos tais ou semelhantes aos citados, não hesitaremos de nos declarar apartados dele.
Aliás, as trevas que cobrem com bastante densidade a condução da administração pública — em todas as esferas do poder do nosso Brasil — é um sinal muito evidente da falta que faz a luz da Doutrina Espírita para a resolução, ou, pelo menos, a atenuação dos problemas sociais, políticos e econômicos que assola nosso povo. Fossem os conceitos espíritas mais bem difundidos e tivessem os espíritas mais diligência em se educar e educar os seus filhos em matéria de Política, o Brasil poderia mesmo já ser figurado, na prática, como o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho, farol da Nova Era para a Humanidade. A negligência do Movimento Espírita nesse sentido é, portanto, uma omissão grave, a cujas consequências todos nós estamos sujeitos.
Esperamos que esse grupo firme-se nos propósitos maiores das virtudes espirituais e inspire a esse justo propósito muitos outros grupos espíritas Brasil a dentro.
As posições políticas são individuais. Seguem a cultura, a vivência e a experiência da pessoa. Os grupos se formam em torno de pessoas com a mesma cultura e os mesmos propósitos. Portanto, natural que no movimento espírita existam diferentes grupos e com diferentes orientações. Os espíritas não interpretam as obras espíritas da mesma forma. São livres para interpretarem. São livres para a exercerem na prática. Esta pluralidade precisa ser respeitada. Nos centros onde existem "donos" e lideranças absolutistas reúnem se pessoas que aceitam a forma como o centro é dirigido. Minha experiência política revelou que os centros que conheci são, de fato, conservadores. Apoiam os candidatos amigos e da confiança do dirigente. Não tive a oportunidade ver centros discutindo política de forma aberta, permitindo posições contrárias às dos "donos" ou lideranças que o dirigem. A meu ver nós espíritas não estamos preparados para discutir temas políticos com abertura e respeito aos que pensam de forma diferente.
ResponderExcluirO Espiritismo tem grande responsabilidade no momento atual , permanecer omisso e portanto responsável por todo o sofrimento causado por esta omissão é um grande equívoco, como se dizer Cristãos e não seguirmos o Cristo, como podemos calar diante da fome e miséria daqueles que deveríamos socorrer, como se omitir diante da morte das crianças que deveríamos acolher, como calar diante do abandono dos idosos sem o amparo do governo, como calar diante da epidemia das drogas, como calar enquanto milhares gritam pedindo socorro?. A Doutrina Espírita é o consolador que não consola a dor da fome? Do abandono? Das ruas ? Qual o papel do eapirita na sociedade senão o de melhorar esta sociedade, não podemos calar diante da volta do autoritarismo e da volta do Brasil ao mapa da fome e da miseria, e nisto o movimento espírita tem colaborado com o seu silêncio e o que é pior, assumindo posição contrárias a do Cristo.
ResponderExcluirO movimento espírita já tem a sua parcela de responsabilidade por seu silencio diante do grito de fome do povo.
Não sei quantas casas espíritas os amigos conhecem para generalizar o Movimento Espírita. Das que eu tenho um contato maior, que são umas 10 na região leste de São Paulo, todas tem trabalhos com doação de cestas básicas, distribuição de comida a moradores de rua, recolhimento e distribuição de agasalhos. No meu entendimento, os Espiritismo nos cobra o que fazemos ou deixamos de fazer, nãoo que cobramos dos outros. O Movimento Espírita não é uma personalidade, é um conceito, eu, o Sr Wyllton, o Sr Daniel e todos os espíritas o formamos. Se divulgarmos o que fizemos em prol de alguma causa justa, o benefício será muito maior do que apenas nos juntarmos à maioria que apenas atiram pedras.
ResponderExcluirA caridade tão pregada no espiritismo necessita ser vista com olhares mais abrangentes. Deixar de ser apenas uma prática que visa iniciar novos adeptos do espiristismo em se despojarem do egoísmo na espera pessoal, e passar a abranger uma esfera mais social e ampla, com apoio a projetos em que os nossos representantes politicos contemplem aos que mais necessitam, isto em várias esferas, material, psicologica, espiritual...
ResponderExcluirPolítica independe de religião e doutrina. Precisamos apenas de pessoas honestas como representantes públicos. Benedito Siqueira Junior. Itajubá MG
ResponderExcluirLuz e paz
Espero que essa iniciativa não venha transformar os Centros Espíritas em palanque de políticos.
ResponderExcluirBezerra de Menezes foi um político que se tornou espírita, e não um espírita que se tornou político. Usar o Espiritismo como bandeira política demonstra de imediato a falta de bom senso que deveria ser uma das principais virtudes do espírita.
ResponderExcluirVou dar meu pitaco: Freitas Nobre foi um político (honrado) que era espírita. Cairbar Schutel é outro. A atuação do espírita nessa área é de estar sempre do lado da ética, portar-se de forma digna, filiando-se a qualquer partido. O movimento espírita pode disponibiliza r o perfil e não tomar partido por qualquer que seja. Esse portal, sendo meramente informativo, será de grande utilidade para o Movimento espírita. Precisamos aprofundar a questão. Outro auxílio é explicar cada ideologia e cada pensador para os espíritas em geral. Aí, se terá feito um grande serviço para o Movimento espírita como um todo.
ResponderExcluirEspírita ou não, não podemos ficarpassivos e ou omissos.
ResponderExcluirUsando o bom senso podemos fazer e muito.
Vamos começar por nos livrar do preconceito que há neste quesito: política.