Diferença entre Espiritismo e Espiritualismo e considerações sobre os "trabalhos de macumba"
Muitos irmãos de ideal espírita sentem certo constrangimento em se declararem espíritas. Este constrangimento acontece pelas dúvidas e necessidade de estudar este maravilhosa doutrina, pois a conhecendo melhor, o Espírita compreenderá a separar o joio do trigo, tornando-se um esclarecedor para muitos que se encontram imantados de preconceitos e ignorância.
Este desconhecimento do público gera a confusão que muitas pessoas fazem entre a Doutrina Espírita e outras religiões onde também existem manifestações espirituais. Por isso, muitas comparações errôneas acontecem comumente em telejornais, novelas, revistas, etc. Os termos espiritualismo, espiritismo, macumba, candomblé, umbanda são usados comumente como sendo a mesma coisa.
Para que diferenciemos o Espiritismo de outras correntes, é necessário inicialmente entender o conceito básico de espiritualismo. Para dirimir dúvidas dos termos que seriam utilizados nas obras espiritistas, o codificador do Espiritismo esclarece na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, item I, constante de "O Livro dos Espíritos":
Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos. As palavras espirituais, espiritualista, espiritualismo tem uma significação bem definida; dar-lhes outra, para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas já tão numerosas de anfibologia (ambigüidade). Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; mas não se segue daí que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível.
Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo empregaremos, para designar esta última crença, as palavras espírita e Espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que por isso mesmo tem a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando para espiritualismo a sua significação própria. Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.
Como especialidade O Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual representa uma das fases. Essa a razão porque traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista.
Ora, se o espiritualismo acredita em algo que não seja matéria o espiritismo vai além, demonstrando que existem relações do mundo material com o espiritual. O Catolicismo, as religiões protestantes, o Islamismo, o Judaísmo, o Espiritismo, a Umbanda, o Candomblé, por exemplo, são todas crenças espiritualistas.
Assim, não é correto afirmar que crenças como o candomblé, a macumba, a umbanda sejam "ramificações" do Espiritismo. A Doutrina Espírita não possui ramificações ou subdivisões. Seu corpo doutrinário está contido nas Obras Básicas organizadas por Allan Kardec. Estas outras crenças possuem origens bastante distintas do Espiritismo, embora compartilhem alguns conceitos que são comuns às várias correntes espiritualistas. Não podemos, no entanto, confundir umas com as outras.
Diferenciamos agora o Espiritismo e a Macumba. “A Doutrina Espírita é uma corrente de pensamento — nascida em meados do século XIX — que se estruturou a partir de diálogos estabelecidos entre o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail e os que ele e muitos pesquisadores da época defendiam tratar-se de espíritos de pessoas falecidas, a manifestar-se através de diversos médiuns.
Caracteriza-se pelo ideal de compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas consideradas clássicas de conhecimento, que seriam a científica, a filosófica e a religiosa. Segundo Allan Kardec, cada uma delas, se tomada isoladamente, tenderia a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre elas, visando à obtenção de uma forma original, que a um só tempo fosse mais abrangente e profunda, de compreender a realidade” (Wikipédia).
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações. Pode-se defini-lo assim: 'O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal'.
Já a Macumba, de acordo com o Dicionário Aurélio, é definida como a ‘cerimônia fetichista (no sentido de feitiço) de fundo negro com influência cristã, acompanhada de danças e cantos ao som de tambor (sinônimo: candomblé, terreiro e xangô)’.
Outra definição para o termo Macumba é de ‘antigo instrumento musical de percussão de origem africana, que dá um som de rapa, rascante; parecido com um reco-reco’. Também é muito utilizada popularmente e de modo genérico para designar os cultos afro-brasileiros resultantes da cultura dos povos africanos que vieram para o Brasil.
Numa compreensão mais ampla, o termo Macumba se refere à mistura de vários cultos afro-brasileiros com outras religiões que se originaram no sudeste brasileiro. Acredita-se que a Macumba tenha surgido no Rio de Janeiro, onde a população de ex-escravos, agrupada de acordo com suas nações de origem, era em sua maioria do Congo, da Angola e de Moçambique. Entre as várias vertentes religiosas que influenciaram a Macumba, destaca-se o Candomblé, o culto aos Caboclos e o Espiritismo. Com a Macumba apareceram dois arquétipos diferentes: o Caboclo (o índio brasileiro) e o Preto Velho (um espírito de escravo). Mais tarde, ambos assumirão grande importância na fundação da Umbanda.
Consideremos ainda o pretenso poder dos "trabalhos de macumba". De acordo com a Doutrina Espírita, este poder é em sua maior parte pura crendice. A influência que tal iniciativa pode exercer sobre o indivíduo está relacionada aos princípios de magnetismo espiritual, de afinidades, até mesmo de intervenção de espíritos pouco evoluídos, mas não simplesmente à eficiência dessas técnicas.
Nada escapa ao controle da lei de causa e efeito. O "feitiço", a "bruxaria" ou "macumba" representam o mau uso das faculdades mediúnicas inerentes a todo ser e existem porque estamos em um mundo imperfeito, em evolução. Deus permite isso, como permite que façamos mau uso da ciência ou da arte, porque errando aprendemos. Na questão 466 do "Livro dos Espíritos", a falange de mensageiros do além explica que nós mesmos atraímos as influências más que atuam sobre nós, "porquanto os Espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo".
Contudo, logo em seguida, na questão 467, lembram que podemos nos eximir dos Espíritos que procuram nos prejudicar, "visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem".
Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: "Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal." (Questão 469 de "O Livro dos Espíritos").
Enviado por Jorge Luiz de Oliveira Barbosa
Gosto muito do Espiritismo. Aprendi muito através da leitura da literatura essencial de Kardec e do saudoso Chico Xavier, além de dezenas de livros e romances espíritas. Na verdade, somos necessariamente obrigados a reler seu conteúdo várias vezes ao longo da vida pois há uma grande distância entre teoria e prática. Não obstante, a herança cultural oriental e posteriormente o domínio da língua inglesa e mais tarde com o advento da internet me abriram as portas para o importantíssimo aprendizado do Budismo e do Hinduísmo que projetam luzes e perspectivas singulares sobre a natureza espiritual do ser humano. Posteriormente, comecei, à feição de muitas pessoas devotadas ao estudo do Espiritismo, a proceder a pesquisa e a leitura espiritualista internacional o que acrescentou importantíssimos conhecimentos e explanações sobre a natureza espiritual de seres humanos e das emanações de vida sobre a Terra e mesmo em vários outros orbes. É uma evolução natural de todas as almas empenhadas em uma sincera, nobre, saudável, honesta e inteligente ampliação de sua compreensão da vida estudar e vivenciar a multiplicidade de expressões intelectuais de uma dada área do saber. Com o passar das décadas, infelizmente, à medida em que o estudo e a vivência foram me conduzindo por outros plagas no aprendizado espiritualista, eis que as pessoas espíritas que ia conhecendo começaram a se colocar de uma forma mais rígida e doutrinária e menos argumentativa e flexível. Notei claramente que tais pessoas liam bem menos que meus contemporâneos, todo tipo de literatura, inclusive a nobre literatura Espírita, o que reduzia consideralvelmente a envergadura cultural, argumentativa e psicológica dessas pessoas. Hoje em dia, eu que me considero Espírita como uma semente mas acrescido da carne saborosa e que dá corpo, forma, cor, sabor, aroma, identidade e nutrição do fruto do estudo do espiritualismo, sou execrado pelos seus defensores ferrenhos e ensandecidos de uma Doutrina que não é o que o Espiritismo esposa.A Doutrina Kardecista e os livros do nosso eminente Chico Xavier nos convidam solicitamente a aprofundarmos o nosso estudo em outras fontes que não ela própria. O Verdadeiro Kardecismo não é egoísta e nem se avoca como arrogante divulgador da Verdade. A Doutrina Espírita Kardecista é em toda a sua extensão absolutamente humilde. Como o mar, ela é sábia em se permitir agregar e receber de todos os rios de conhecimento espiritualista do mundo. Com isso, torna-se imensa, um oceano de sabedoria, soberana, tudo porque se colocou humildemente abaixo de todas as outras religiões do mundo. É com muito pesar que hoje eu sou um genuíno Espírita e que por ser justamente e verdadeiramente Espírita, também me tornei por contigüidade instigatória e inspiratória, um aprendiz Budista, Jainista, Hinduísta, Católico, Umbandista, etc. Mas pouquíssimos que conheci, em contraposição à humildade, leem a Doutrina com o rigor de um literato, refletem com a profundidade de um filósofo, pesquisam com o detalhismo de um detetive, comungam com a simplicidade de um monge. Na capa da versão francesa do Livro dos Espíritos está escrito pelo próprio Allan Kardec "UMA DOUTRINA ESPIRITUALISTA". Existe um mais claro e humilde convite que este?
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