“O estranho caso de espíritas que adotam o modelo materialista contra Kardec e a descoberta do campo de Higgs”, por Carlos Luiz


Por acaso você está acompanhando as últimas pesquisas científicas acerca das origens e organização do Universo? Pois nós estamos, e fazendo uma comparação direta com os conceitos espíritas codificados por Allan Kardec em meados do século XIX; portanto, já quase dois séculos depois. O que diz o comparativo? Será que o avanço cientifico suplantou o Espiritismo? Ou será que tudo se encaminha para uma convergência com a Revelação Espírita?

A propósito disso, trazemos aqui, em primeira mão, o artigo seguinte composto pelo estudioso e confrade espírita Carlos Luís, dirigente do Grupo Marcos.


O estranho caso de espíritas que adotam o modelo materialista contra Kardec e a descoberta do campo de Higgs

Carlos Luiz


“Logo que a ciência se afasta da observação material dos fatos e começa avaliar e explicar os fatos, tudo fica aberto a especulações. Cada um apresenta seu sistemazinho que quer fazer triunfar e que promove com ferocidade.”
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - Introdução, item VII (tradução e destaque nosso)


Objetivos
  • Apresentar o conceito de fluido cósmico universal na física e no Espiritismo;
  • Indicar a aceitação conceito de éter na física dos séculos XIX, XX e XXI;
  • Apresentar a descoberta científica do campo de Higgs como confirmação da existência do fluido cósmico universal;
  • Explicar o uso da hipótese de negação do éter cósmico para desmoralizar o Espiritismo;
  • Analisar as consequências da negação do éter cósmico para a Doutrina Espírita;
  • Diferenciar hipótese e verdade científica;

Resumo

Neste capítulo, você conhecerá a história da descoberta científica do Bosson ou campo de Higgs que comprova a afirmação dos Espíritos a Kardec sobre a existência do fluido cósmico universal. O Universo é composto segundo a Codificação Espírita por Deus, Espírito e Fluido (que forma a matéria). Isso é importante, pois, em nome da ciência, alguns inimigos do Espiritismo e do Magnetismo utilizaram hipóteses científicas para desmoralizar a ambos. É importante entender a diferença entre uma hipótese científica e uma verdade científica comprovada, pois pode acontecer de hipóteses científicas (ideais científicas não comprovadas) serem usadas para desacreditar o Cristo, a Doutrina Espírita ou o Magnetismo. A forma cristã de lidarmos com a mentira tão abundante em nosso mundo é aprender a serenamente diferenciar o verdadeiro do falso e, em caso de dúvida, consultar o Cristo e Kardec por meio do estudo e da prece, afastando-nos da angústia dos debates desequilibrados.


O Espiritismo e o Éter Cósmico

O que é o éter cósmico? Uma substância que ocupa o espaço em todo o universo. Essa foi a hipótese apresentada por muitos cientistas do passado, entre outros, por Isaac Newton (1642-1727), Hendrik Lorentz (1853-1928) e Henri Poincaré (1854-1912). Porém, como sempre destacamos, existem hipóteses científicas e existem descobertas científicas comprovadas.

Na época de Allan Kardec, o éter era uma hipótese muito aceita pelos cientistas. Em comunicação com os Espíritos da Codificação, o codificador obteve a confirmação dessa hipótese. A ideia do éter cósmico ou fluido universal, como veremos, tornou-se uma das ideais centrais da Codificação espírita.

Escreve Kardec em O Livro dos Espíritos:

“O universo inclui a infinidade dos mundos que vemos e aqueles que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movimentam no espaço, bem como, os fluidos que o preenchem.”
O Livro dos Espíritos, Livro Primeiro, cap. 3: Formação dos Mundos

Para entendermos como a hipótese da inexistência de um fluido universal destruiria a maior parte da Doutrina Espírita, vamos dar apenas alguns exemplos. Sem o éter cósmico, o Espiritismo estaria completamente desconfigurado, não haveria Espiritismo como o conhecemos. Teríamos uma doutrina confusa e incoerente. Por isso, os que são contrários ao Magnetismo e ao Espiritismo, utilizaram essa hipótese, apresentando-a como verdade científica, para atacar o Consolador.


O elemento que forma o universo

Para o Espiritismo o fluido cósmico é o elemento estruturador do universo. Quer dizer, sem ele não existiria universo material nem espiritual. Dizer que um elemento é estruturador de toda a realidade física e espiritual, de todos os mundos físicos e espirituais que existem e ter uma comprovação científica que esse elemento não existe, significa dizer que o Espiritismo deve ser reformulado. A explicação central do Espiritismo sobre a criação do universo e dos seres estaria grosseiramente equivocada. Leiamos com atenção as explicações que os Espíritos dão a Kardec sobre a função do éter cósmico.

Há então dois elementos que gerais no universo: a matéria e o espírito?
“Sim, e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. São esses três elementos o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material é preciso juntar o fluido universal que tem um papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, muito grosseira para que o espírito possa agir sobre ela. (…) O fluido universal, ou primitivo, ou elementar, é o agente utilizado pelo espírito, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de dispersão e não adquiriria jamais as propriedades que lhe dá a gravidade.”
O Livro dos Espíritos - questão 27

Segundo a compreensão da Doutrina Espírita, o Magnetismo existe porque ele é uma variação do fluido cósmico universal. Vejamos.

Esse fluido é o que chamamos com o nome de eletricidade?
“Nós dissemos que ele é suscetível de incontáveis variações; o que vocês chamam de fluido elétrico, de fluido magnético, são modificações do fluido universal, que é, se definirmos adequadamente, um tipo de matéria mais perfeita, mais sutil, e que pode ser considerada independente [da matéria mais grosseira].”
O Livro dos Espíritos - questão 27-a

Por isso, podemos dizer que se a hipótese científica da inexistência dos fluidos fosse verdadeira, a consequência seria uma desestruturação completa do Espiritismo. Observemos o que Allan Kardec escreve no livro A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo sobre o mesmo tema, fluidos:

“Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos; esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. Ao éter pertencem as forças que presidiram as metamorfoses da matéria e as leis imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas formas múltiplas — indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria, localizadas segundo as massas e diversificadas em seus modos de ação, conforme as circunstâncias e os meios — são conhecidas na Terra sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo e eletricidade ativa; os movimentos vibratórios do agente são os de: som, calor, luz etc. Em outros mundos, elas se apresentam sob outros aspectos, oferecem outras características desconhecidas neste mundo, e na imensa amplidão dos céus, um número indefinido de forças tem se desenvolvido numa escala inimaginável cuja grandeza somos tão incapazes de avaliar, como o crustáceo no fundo do oceano é incapaz de apreender a universalidade dos fenômenos terrestres.”
A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo - cap. VI, Uranografia Geral, As Leis as Forças, Item 10

Portanto, é por meio do fluido etéreo que o Espiritismo explica a formação do mundo e dos seres. Bem como, para Kardec, é que se explica a existência da gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa.


O elemento que reveste o Espírito

Há muitos outros exemplos das explicações espíritas sobre incontáveis fenômenos que tem por fundamento o éter cósmico; por exemplo, sem éter cósmico não poderia haver o perispírito, pois segundo Kardec e os Espíritos da Codificação:

De onde o Espírito tira o seu envoltório semimaterial?
Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos. Ao passar de um mundo a outro, o Espírito troca de envoltório como mudais de roupa.”
O Livro dos Espíritos - questão 94

Quer dizer, o perispírito é feito de fluido cósmico, mas se ele não existisse, como o perispírito poderia ser feito dele, ser composto de algo que não existe? Certos estudiosos parecem ter deixado o Espírito nu…

Também, os fenômenos mediúnicos em geral, não apenas as materializações, como a Ressurreição, ficariam sem explicação, quer dizer, ficariam sem uma explicação espírita. Como poderia o Mestre ter aparecido aos discípulos após sua morte? Na verdade, a mediunidade seria impossível. Em O Livro dos Médiuns é explicado que é o perispírito, formado pelo fluido cósmico universal, que permite a compreensão de todos os fenômenos mediúnicos:

“Em razão de sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem um intermediário, quer dizer, sem um laço que o una a matéria. Esse laço, que é o que chamais de perispírito, vos dá a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material. Acredito que me expliquei com clareza suficiente para me fazer entendido.”
Os Livros dos Médiuns, 2ª parte, cap. IV: Teoria das Manifestações Físicas

Em resumo, o Espírito fica nu e impossibilitado de agir no mundo. É quase como se ele não existisse… Fica a questão: concordamos com o Allan Kardec e os Espíritos da Codificação? A frase final chama a atenção: “Acredito que me expliquei com clareza suficiente para me fazer entendido.” A explicação é clara, mas há não conseguem entender ou que não querem entender como ensina Jesus.


Reencarnação e fluido cósmico

No item ‘Ensaio teórico sobre a sensação nos Espíritos’, em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec defende a ideia de que é o perispírito que une o Espírito ao corpo; portanto, ele é indispensável à reencarnação. Ora, caso o fluido que forma o perispírito não existisse, o perispírito — feito de algo que não existe  também não poderia existir. Consequentemente, a reencarnação não existiria ou não seria um fato sem explicação espírita. Vejamos.

O perispírito é o laço que une o Espírito à matéria do corpo, ele é formado do fluido universal do ambiente; ele contém ao mesmo tempo a eletricidade, o fluido magnético e, até certo ponto, a matéria inerte. Poderíamos dizer que ele é a quintessência da matéria, é o princípio da vida orgânica, mas não da vida intelectual. O princípio da vida intelectual é o Espírito.”
O Livro dos Espíritos - questão 257

Para concluir, sem a existência do éter cósmico, todas as explicações espíritas sobre a constituição do universo material e espiritual estariam erradas ou muito incompletas: não deveria haver gravidade, eletricidade, magnetismo, perispírito, fenômenos mediúnicos, sensação nos Espíritos, reencarnação etc. Por isso, esse é um ponto tão importante, para os inimigos do Espiritismo atacarem. Isso foi feito no século XIX.


Amor, integração e fluido cósmico

Além de todas essas consequências indicadas, há algo emocionalmente cruel a ser considerado. Sem a existência do fluido universal, estaríamos isolados. Seria impossível nos relacionarmos com Deus, com o Cristo, como nosso anjo guardião e com os bons Espíritos. Pois, segundo a Revelação Espírita é o fluido universal que permite nosso contato com seres que, momentaneamente, estão invisíveis ou materialmente distantes.

Leiamos com atenção a valorização da prece pelo Codificador:

“O Espiritismo nos faz compreender como funciona a prece ao explicar como acontece a transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos aproxima-se de nós, seja quando ele a distância recebe nosso pensamento. Para entender como isso acontece, precisamos visualizar todos os seres encarnados e desencarnados mergulhados em um fluido universal que ocupa todo o espaço da mesma forma como nós estamos, aqui embaixo, estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido transforma-se de acordo com a vontade; ele transmite o pensamento da mesma forma que o ar transmite o som, mas com a diferença de que o ar ocupa um espaço limitado e o fluido expande-se ao infinito. Quando um pensamento é dirigido a alguém na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, de desencarnado para encarnado, uma corrente fluídica é estabelecida que une um ao outro, transmitindo o pensamento, da mesma forma que o ar transmite o som. A energia dessa corrente é relacionada a energia do pensamento e da vontade. É assim que a prece é ouvida pelos Espíritos independente do lugar onde estejam; é assim que os Espíritos se comunicam entre si e como eles nos comunicam suas inspirações; é assim que se estabelecem as relações a distância entre os encarnados.”
O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII: 'Pedi e Obtereis'

Na verdade, o isolamento seria para todos, encarnados e desencarnados, pois, sem o éter cósmico, nunca poderíamos nos comunicar com outros seres. A vida seria desamparo e solidão: Cristo não ouviria nossas preces; nossas dores seriam incompreensíveis para os Espíritos que nos amparam, pois eles sentem o que sentimos por meio dos fluidos; nossos chamados mais angustiosos nunca seriam ouvidos por ninguém. Nosso anjo guardião não nos ouviria jamais, bem como, nunca poderia nos intuir ou consolar. Estaríamos sós, seríamos eternamente solitários. Eis a questão: por que aceitar, dentre tantas hipóteses científicas, justamente aquela que desestruturaria a Doutrina Espírita e causaria tanta dor e perturbação a todos? Por que optar pela cegueira, quando temos à mão as luzes do Consolador?

Do ponto de vista da física, no que se trata da existência do fluido cósmico, durante séculos, estivemos no terreno das hipóteses, quer dizer, poder-se-ia afirmar: eu acho que existe um fluido cósmico ou eu acho que não existe um fluido cósmico. Do ponto de vista espírita, se confiamos nos critérios de Kardec e nas repetidas informações dos Espíritos: existe um fluido cósmico e sem ele praticamente todo o Espiritismo perderia sua racionalidade.

Os inimigos do Magnetismo e do Espiritismo, compreendendo essa realidade, ao invés de atacar frontalmente a ambos, optaram por sorrateiramente transformar a hipótese que negava o fluido cósmico em “verdade científica”. Eis um exemplo extraordinário de como atuam os falsos profetas, os fariseus que sempre atacaram o Cristo. Vamos entender o desenrolar das discussões científicas sobre esse importante assunto, para, posteriormente, entendermos como se deu o ataque a obra de Kardec.


Hipótese científica e Verdade científica

O campo de Higgs adquiriu um nome interessante nos meios não científicos: a partícula de Deus. Muitos atribuem esse nome ao fato dele o éter universal está em toda parte, permear todo o universo e ser fundamental para sua existência do cosmos. Certamente, Deus é algo muito maior do que isso, mas a comparação tem alguma relação com a verdade tal como afirma Paulo: “em Deus existimos e em Deus nos movemos”. Ensina Kardec que Deus está em todos os lugares; mas, diferente do éter cósmico, Ele tem consciência, amor e poderes muito acima de nossa compreensão.

Explica o renomado físico e escritor Frank Close, professor emérito de física Universidade de Oxford.

“Os estudantes de física são ensinados de como, no século XIX, as tentativas de encontrar um éter omnipresente, através de medições sensíveis do comportamento das ondas de luz à medida que estas eram refletidas nos espelhos e se misturavam, não encontraram nenhuma evidência de suas existências. Além disso, a ausência das provas das evidências do éter foi apresentada como um fundamento da célebre teoria da relatividade especial de Albert Einstein sobre a natureza do espaço e do tempo.”
- Frank Close, no livro Elusive: how Peter Higgs solved the mystery of mass, p. 17

Quer dizer, no início do século XX tínhamos duas hipóteses defendidas por físicos sérios, estudiosos renomados e qualificados. A da existência do éter cósmico não tinha sido provada, mas também não tinha sido negada. Alguns defendiam sua existência ou a negavam. A hipótese que dizia não existir o éter cósmico era defendida por físicos vinculados à teoria da relatividade de Albert Einstein. Curiosamente, temos a afirmação espírita da existência do fluido cósmico de um lado e a negação de sua existência por Albert Einstein de outro.

Na primeira metade do século XX, predominou a hipótese que negava a existência do éter cósmico. Entretanto, a partir de 1960, mais argumentos favoráveis à existência do éter cósmico foram elaborados. Continua Frank Close no mesmo livro.

“No entanto, em 1964, Higgs [físico ganhador do Nobel em 2013] e os outros teóricos encontraram uma brecha nos argumentos que tinham rejeitado o éter e, de fato, ressuscitaram-no sob a forma do que ficou conhecido como o campo de Higgs.”
Elusive: how Peter Higgs solved the mystery of mass, p. 17

A discussão sobre qual das hipóteses seria a verdadeira ficou no campo das reflexões teóricas, como hipóteses, até o ano 2012. Nesse ano, a hipótese da existência do éter cósmico pode ser finalmente testada graças a construção do laboratório do CERN (Conselho Europeu de Pesquisas Nucleares), o maior acelerador de partículas do mundo. A construção do Grande Colisor de Hádrons (LHC) custou mais de R$ 15 bilhões de reais. Após um debate que envolveu os mais brilhantes nomes da física dos séculos XIX, XX e XXI, pode-se testa a hipótese da existência do fluido universal. Resultado? O fluido universal é uma realidade, um fato científico. Ele existe.

Assim é definido o campo de Higgs:

“Da mesma forma que o peixe necessita da água, as partículas precisam do campo de Higgs [éter cósmico] para ter massa e estrutura.”
Elusive: how Peter Higgs solved the mystery of mass, p. 17

Lembremos a definição espírita do fluido que diz: o fluido cósmico gera a gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa. Em 2103, Peter Higgs e François Englert ganharam o prêmio Nobel de física, pois sua contribuição teórica provou-se verdadeira: o éter cósmico foi rebatizado, em homenagem a Peter Higgs, de campo ou Bósson de Higgs. Portanto, podemos afirmar: Allan Kardec e os Espíritos da Codificação estavam certos. Einstein errado.


Ataque infeliz

Antes de abordarmos o exemplo de ataque ao Magnetismo e ao Espiritismo foi necessário apresentar todas as informações acima para nos situarmos o contexto histórico de nossa reflexão.

Além do Marxismo, o Positivismo era também ferrenho inimigo do Espiritismo. Ambos atuaram ativamente para desacreditar e banir o Magnetismo e o Espiritismo. Emile Littré, por exemplo, um dos famosos representantes do Positivismo na França, conhecido por suas ideias materialistas segundo Kardec, atuou de forma direta para o banimento do Magnetismo da Academia de Ciências francesa. Espantosamente, atuou como hoje atuam hoje muitas instituições espíritas no Brasil. Vejamos.

O Magnetismo era amplamente conhecido e utilizado na época de Kardec, tanto para pesquisas sobre a natureza humana — mediunidade e sonambulismo, por exemplo  como para cura de doenças e para realização de cirurgias sem dor. Naturalmente, havia os que se opunham a ele. Afinal, os fenômenos magnéticos indicavam a existência da alma, do Espírito encarnado; revelava realidades dificilmente explicáveis pelos que lutam por amesquinhar o ser humano.

Nesse contexto, o médico escocês James Braid, contrário ao Magnetismo, decide investigar os fenômenos magnéticos para desmoralizá-los “cientificamente”. Após investigar, dar-se conta que é impossível simplesmente negá-los. Os fenômenos magnéticos como o sonambulismo, as diversas curas são muito objetivos para serem simplesmente negados. Não podendo negar os fatos, Braid ataca a explicação dos fatos. Assemelham-se aos inimigos do Cristo que, não podendo negar suas curas, diziam que ele curava em nome de Belzebu, do diabo. Obviamente, Braid usou a linguagem adequada a sua época. Disse, os fenômenos existem, mas são apenas “sugestões psicológicas” (nome usado, como belzebu, para tirar a seriedade dos fenômenos). Veja o que o médico escocês escreve em sua obra, em 1843:

“Afirmei que considerava que os experimentos comprovavam plenamente minha teoria e expressei minha total convicção de que os fenômenos do mesmerismo [Magnetismo] deveriam ser explicados pelo princípio de um distúrbio do estado dos centros cérebro-espinhais e dos sistemas circulatório, respiratório e muscular, induzido, como expliquei, por um olhar fixo, repouso absoluto do corpo, atenção fixa e respiração suprimida, concomitante com essa fixidez de atenção. Que tudo isso dependia da condição física e psíquica do paciente, decorrente das causas mencionadas, e não da volição ou dos passes do operador, que lançava um fluido magnético ou colocava em atividade algum meio fluido universal místico.”
- Braid, James. Neurypnology or Advanced Hypnosis, tradução nossa, destaque nosso.

Observe o termo fluido universal místico. Dr. Braid não poderia ter dito éter cósmico ou fluido cósmico que, inclusive, a física defendia a existência? O objetivo parece ser mais desmoralizar do que buscar a verdade. Após a publicação do livro Hipinose avançada, no qual nega a existência do fluido universal, outro médico, Dr. Carpenter, publica um artigo sobre o livro do Dr. Braid na Enciclopédia de Anatomia e Fisiologia de Tood. Em seguida, Emile Littré, o renomado positivista francês, publica o artigo do Dr. Carpenter no Manual de Fisiologia de J. Mueller. Após todas essas publicações, o hipnotismo é aceito pela Academia de Ciência da França, em 1860 da qual o Sr. Littré era membro ilustre, para combater o Magnetismo. O hipnotismo é o magnetismo sem fluido, uma “mera sugestão”. Assim se desacreditou o Magnetismo. Este é o ponto mais importante de nossa reflexão: um Magnetismo sem fluido universal e um Espiritismo sem fluido universal nunca sobreviverão, pois ficam impossibilitados de terem uma explicação racional.

Quereis destruir o Magnetismo e o Espiritismo em nome da ciência ou de uma causa “nobre”? Fazei assim: negai as práticas magnéticas; dificultai as experiências mediúnicas; desestimulai as reuniões mediúnicas de orientação espiritual aos dirigentes. Eis as desculpas que precisais: não há fluido, tudo é sugestão; os Espíritos fazem tudo; a mediunidade é perigosa; os encarnados devem decidir tudo sozinhos. Assim, conseguireis esvaziar o Magnetismo e o Espiritismo ao redor de ti. Será uma vitória para os inimigos do Bem.

As sementes destrutivas desse sutil ataque ao Magnetismo e ao Espiritismo deram seus frutos no século XX, o qual assistiu o crescente desprestígio do Magnetismo e do Espiritismo no mundo. Obviamente, se os homens tornam-se incapazes de reconhecer o funcionamento do Magnetismo que lida principalmente com as relações fluídicos entre encarnados e desencarnados, torna-se impossível aceitar seriamente o Espiritismo. A consequência é evidente: Magnetismo e Espiritismo foram banidos da sociedade francesa e da Europa durante o século XX e hoje são considerados crenças obscuras pela maioria das pessoas desse imenso continente.

Certamente, foi ataque tão sutil e “técnico”. Mas, o Cristo certamente nos alertou sobre esse tipo de ataque aos nos indicar o cuidado com o fermento dos fariseus, pois o questionamento de um detalhe tão discreto, como uma pequena porção de fermento, levou o Magnetismo e o Espiritismo serem reduzidos a mero “condicionamento psicológico”. Reconheçamos: o ataque foi bem-sucedido. Fica a questão: poderia ele se repetir no Brasil, na Pátria do Evangelho? Poderia idêntica estratégia ser utilizada para sutilmente gerar desprezo e desatenção em relação a presença do Consolador entre o povo que tem por missão exemplificar o Evangelho purificado dos erros da intolerância e do espírito de seita à Humanidade?

Poderia acontecer que o Magnetismo, o sonambulismo e a mediunidade tão familiares a Allan Kardec, a Léon Denis, a Eurípedes Barsanulfo, a Yvonne do Amaral e a tantos outros tornarem-se práticas incomuns ou mesmo desconhecidas pelos espíritas brasileiros? Essa seria uma medida de distanciamento nosso em relação as práticas de Allan Kardec. Tenhamos cuidado. Jesus foi morto por uma mera tecnicalidade interpretativa, o Mestre afirmara ser o Rei de um reino que não ainda não era desse mundo, a partir disso, fundamentou-se a ridícula acusação de que ele queria disputar com César. Crucificaram-no.

Lembremos, também, que pouco antes da morte na Cruz, o Mestre fez uma promessa, uma profecia: enviaria outro Consolador que jamais nos abandonaria. A promessa foi cumprida, o Consolador está entre nós. Cabe-nos, hoje, não o abandonar nas mãos dos atuais fariseus que possuem muitos representantes no mundo, inclusive, no movimento do Consolador.


Metodologia

O objetivo desse texto, além de informar, é apresentar o modelo de ação daqueles que combatem o Magnetismo e o Espiritismo. Para isso, utilizamos um dos inúmeros exemplos de como o Magnetismo e o Espiritismo foram classificados de doutrinas que tinha por fundamento um mera “sugestão psicológica”, assim, tiveram barrada a entrada no meio acadêmico e descredibilizado socialmente ante aos olhos dos incautos que acreditam mais nos homens do que em Deus.

Como pesquisar um tema como esse? Como estamos lidando com um tema científico é indispensável pesquisar, ler, assistir inúmeros cientistas falando sobre o assunto, no caso, o éter cósmico ou campo de Higgs. O critério em buscar fontes confiáveis é essencial para o sucesso de nossa pesquisa. É preciso além de investigar diferentes fontes, observar atentamente os cientistas e escritores consultados, ver seus currículos e realizações nas áreas em que são especialistas. Além disso, pode-se consultar divulgadores da ciência que sejam qualificados e tenham um trabalho consistente, de preferência, de algumas décadas. Não devemos privilegiar iniciantes ou aventureiros como referência. No caso de nossa pesquisa, além das pesquisas em geral, conseguimos um livro escrito por respeitável cientista — professor de física emérito do Oxford no qual ele entrevista o cientista que elaborou a teoria do campo de Higgs, Peter Higgs. Isso nos dá confiança em nossas fontes.

Outro aspecto é o estudo da história da ciência. Para conhecer os acontecimentos que envolverem a Academia de Francesa à época de Kardec consultamos tanto as referências feitas pelo Codificador aos acontecimentos estudados, bem como, estudiosos da história do Magnetismo. No caso da pesquisa na obra de Kardec, buscamos com as palavras-chaves, além do que lembrávamos de nossas leituras, sobre o que fora escrito do assunto. Usamos palavras de pesquisa, no site https://kardecpedia.com/ como Magnetismo, Sonambulismo, Academia, Littré (que sabíamos ser o continuador de Augusto Comte, fundador do positivismo e poderoso opositor do Magnetismo e do Espiritismo na França).

Além dessa pesquisa, foi muito útil uma entrevista com Adam Crabtree que havíamos assistido alguns anos atrás. Da entrevista, encontramos a indicação do livro De Mesmer a Freud no qual é citado o Dr. Braid, também citado por Kardec na Revista Espírita. Em seguida, conseguimos obter o livro escrito pelo Dr. James Braid, Hipnotismo Avançado. Nossa pesquisa, em grande parte, foi realizada em inglês. Idioma indispensável para que deseja realizar estudos aprofundados em quaisquer áreas do conhecimento. Ele nos dá acesso a um conjunto de pesquisas muito mais vasto do que outras línguas, embora cada idioma tenha seu valor, o inglês é a língua indicada para quem busca uma segunda língua.


Referências bibliográficas

CLOSE, Frank. Elusive: how Peter Higgs solved the mystery of mass. New York: Basic Books, 2022.

ÉTER CÓSMICO. https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_do_%C3%A9ter . Acesso em: 25 de agosto de 2023.

BRAID, James. Neurypnology or Advanced Hypnosis. Transform Destiny. Edição do Kindle.



The Phenomenology of Mesmerism with Adam Crabtree. https://www.youtube.com/watch?v=WF8jvntb838&t=273s

Histórias e experimentos com hipnotismo e magnetismo. Discussão sobre definições e sobre a lembrança após a experiencia sonambúlica.

The Evolution of Psychodynamic Theory with Adam Crabtree. 


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