O Espiritismo e os protestos atuais
Esses gritos contra as chagas sociais, enraizadas em nossa cultura, como a "impunidade", "corrupção" e "opressão social", que eu prefiro verter para grito por "justiça", "honestidade" e "humanismo", são arrotos de engasgos seculares, de um povo oprimido pelos chamados "representantes", numa tentativa oportuna (por que não aproveitar-se politicamente do evento Copa do Mundo, uma vez que este tem se aproveitado da política para seus fins?) de despertar o gigante forte.
Diante de eventos tão marcantes, que contribuição o Espiritismo pode nos dar? Será que nosso papel se resume em nos reunirmos nos centros espíritas e meramente "vibrar" para que tudo dê certo? Esperar para que os Espíritos superiores operem a transição planetária?
Eu penso que não. Nós espíritas temos muito mais a oferecer, observando os conceitos que a codificação kardequiana nos apresentou, com a contribuição ininterrupta de outros trabalhos complementares. Afinal, a Doutrina Espírita é uma filosofia para vivência prática, em casa, escolas, ruas, trabalho, etc. — sem igrejismo, com oblação inerte.
O que podemos fazer? Por, exemplo, podemos começar pela reflexão acerca do verdadeiro mal que assola as nações, o Brasil, as sociedades e a cada um em particular: o egoísmo. Ou, melhor, vislumbrarmos um cenário melhor: o desenvolvimento do humanismo, pela capacidade de sermos altruístas, de pensarmos para o além de "cada um por si" e pensarmos na coletividade.
O que podemos fazer? Por, exemplo, podemos começar pela reflexão acerca do verdadeiro mal que assola as nações, o Brasil, as sociedades e a cada um em particular: o egoísmo. Ou, melhor, vislumbrarmos um cenário melhor: o desenvolvimento do humanismo, pela capacidade de sermos altruístas, de pensarmos para o além de "cada um por si" e pensarmos na coletividade.
Nessa reflexão, devemos colocar em questão que a corrupção política começa na nossa própria cultura — de onde sai os políticos corruptos. Ora, a corrupção é uma via de mão dupla; se há o corrupto ativo (quem compra o caráter do outro), há quem venda seu caráter.
Ambas as vias -- necessidade de se vender e a usurpação dos valores -- coexistem num cenário onde impera a ignorância de não se saber dos fundamentos da natureza espiritual, pois que se vivenciássemos de fato o que os Espíritos superiores nos revelaram, por Kardec, especialmente, teríamos uma vida pessoal, uma sociedade e uma nação muito mais fraterna, firmes pela fé na justiça divina e na esperança de uma consolação na evolução das coisas.
E que fundamentos esses poderíamos aqui ressaltar? Vejamos:
- Imortalidade da alma: a Doutrina Espírita nos diz que esta realidade física não é única, mas que há um plano superior, onde a vida preexiste e sobrevive antes da passagem carnal. Assim sendo, os valores espirituais são superiores aos valores que ora se defende na Terra. Portanto, é prudente aquele que sacrifica os interesses efêmeros da vida física em favor dos valores espirituais. Se vivenciássemos isso com autenticidade, por que admitiríamos participar da corrupção -- ativa ou passiva?
- Lei de Causa e Efeito: se tudo que se passa tem uma razão inerente, da qual aquele que se diz "vítima" é cúmplice, como operar uma renovação política sem preparar-se politicamente? O espírita consciente não admite a injustiça, a corrupção e a desumanidade, pois sabe (e tem muita fé nisso) das consequências. Contrariar a consciência não é ignorância (visto que já se tem conhecimento da lei), mas sim burrice.
- Evolução: o progresso é uma lei inexorável, mas cumpre-nos adiantarmos na estrada evolutiva. Ninguém barra essa marcha, porém, somos passíveis de nos atrasarmos diante da programação para nosso orbe. Logo, como mecanismo mesmo de evolução, os retardatários precisam -- e são -- exilados para ambientes afins, para que os que se projetam para a regeneração não sejam mais tão penalizados. A transição planetária está aí e, pelas mudanças que impõem, sabemos que grande será o reboliço.
O papel primordial do Espiritismo é ser farol para a maior transformação que há neste mundo: a transformação moral de cada um de nós, cumprindo uma máxima de Jesus: "Conhecereis a verdade e ela vos libertará".
Trabalhemos o despertar do gigante que há em cada brasileiro, sul-americano e cada individualidade, como centelhas divinas. E o que é esse gigante? É aquele ser em potencial que nós temos, de sermos inteligentes, honestos, elegantes e fraternos. E para sermos assim nós precisamos mostrar nossa valentia e coragem de usarmos essas potências, para resistirmos como diante das fatalidades que a corrupção nos oferece; valentia e coragem essas que não necessitam de violência.
Hora de usarmos essas potências e não pensarmos como "bairristas" — aqueles que defendem mesquinhos interesses particulares. Já não nos cabe mais nem defender e nem violentar apaixonadamente teses, partidos políticos, futebol, religião ou qualquer outra coisa. O momento é de usarmos a consciência e ponderar os valores tendo em vista não mais as "oportunidades", mas o plano maior, que é o de evoluirmos espiritualmente.
Os protestos desses dias, portanto, têm grande causas pelo que se processarem e podem — a exemplo da redução do preço das tarifas de transporte coletivo — alcançar substanciais êxitos imediatos. Contudo, além disso, podemos colocar em conta que outras aquisições maiores podem ser colhidas desses movimentos. Por outro lado, os excessos e desvirtuamentos podem ser causa de terríveis efeitos, pelo que, é bom conservarmos a prudência. Daí, concluímos que também estamos diante de uma oportunidade de aprendermos protestar pacificamente, pois que pacifismo difere e muito de passividade.
Levantemos, pois, a bandeira das causas sociais, com racionalidade. Brademos e façamos valer a força popular contra o poder político opressor de hoje, mas especialmente coloquemos à frente a flâmula de nossas potencialidades espirituais a serem cultivadas.
Que o movimento espírita dê sua contribuição na reflexão política sim, sem oportunismos de um idealismo partidário; não é o caso de idealizarmos políticos espíritas, mas que os espíritas também sejam políticos — não no rótulo, mas no cumprimento dos deveres, sejam como políticos, eleitores, juízes. Nada de "partido espírita", mas de partidos humanizados, comprometidos com o bem comum.
Que o Espiritismo seja proveitoso para o despertar das consciências políticas, norteando-nos para o melhor meio de promovermos a justiça e a probidade na administração pública, e igualmente para erradicar a praga da corrupção social e moral em cada um.
Se racionalmente se pondera ser absurda, por exemplo, a mordomia financeira dos políticos, protestemos, nas ruas, de caras pintadas, entoando canções inspiradoras — por exemplo "PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES" —, entretanto, façamos a revolução moral íntima, mirando nossas potencialidades espirituais, analisando nossas imperfeições e esforçando-nos para nos aperfeiçoarmos dia a dia.
Com instrução e caridade nós faremos valer a revolução — social e moral. E qual doutrina senão o Espiritismo pode melhor nos nortear nesses objetivos?
Ery Lopes
Músico, palestrante espírita e membro do Conselho Administrativo Luz Espírita.
erylopes10@gmail.com
Hora de usarmos essas potências e não pensarmos como "bairristas" — aqueles que defendem mesquinhos interesses particulares. Já não nos cabe mais nem defender e nem violentar apaixonadamente teses, partidos políticos, futebol, religião ou qualquer outra coisa. O momento é de usarmos a consciência e ponderar os valores tendo em vista não mais as "oportunidades", mas o plano maior, que é o de evoluirmos espiritualmente.
Os protestos desses dias, portanto, têm grande causas pelo que se processarem e podem — a exemplo da redução do preço das tarifas de transporte coletivo — alcançar substanciais êxitos imediatos. Contudo, além disso, podemos colocar em conta que outras aquisições maiores podem ser colhidas desses movimentos. Por outro lado, os excessos e desvirtuamentos podem ser causa de terríveis efeitos, pelo que, é bom conservarmos a prudência. Daí, concluímos que também estamos diante de uma oportunidade de aprendermos protestar pacificamente, pois que pacifismo difere e muito de passividade.
Levantemos, pois, a bandeira das causas sociais, com racionalidade. Brademos e façamos valer a força popular contra o poder político opressor de hoje, mas especialmente coloquemos à frente a flâmula de nossas potencialidades espirituais a serem cultivadas.
Que o movimento espírita dê sua contribuição na reflexão política sim, sem oportunismos de um idealismo partidário; não é o caso de idealizarmos políticos espíritas, mas que os espíritas também sejam políticos — não no rótulo, mas no cumprimento dos deveres, sejam como políticos, eleitores, juízes. Nada de "partido espírita", mas de partidos humanizados, comprometidos com o bem comum.
Que o Espiritismo seja proveitoso para o despertar das consciências políticas, norteando-nos para o melhor meio de promovermos a justiça e a probidade na administração pública, e igualmente para erradicar a praga da corrupção social e moral em cada um.
Se racionalmente se pondera ser absurda, por exemplo, a mordomia financeira dos políticos, protestemos, nas ruas, de caras pintadas, entoando canções inspiradoras — por exemplo "PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES" —, entretanto, façamos a revolução moral íntima, mirando nossas potencialidades espirituais, analisando nossas imperfeições e esforçando-nos para nos aperfeiçoarmos dia a dia.
Com instrução e caridade nós faremos valer a revolução — social e moral. E qual doutrina senão o Espiritismo pode melhor nos nortear nesses objetivos?
Ery Lopes
Músico, palestrante espírita e membro do Conselho Administrativo Luz Espírita.
erylopes10@gmail.com
Ery Lopes,
ResponderExcluirUma bela reflexão sobre a atualidade das manifestações correntes pelas ruas do Brasil. Um texto excelente e de uma profundidade adequada ao posicionamento do Espírita, frente à convicção do Espírita e o seu direito de atuar politicamente, sem partidarismos rancorosos e coerente com o desejo da evolução do País, ao tempo em que promovida, também, a evolução moral e ética de cada brasileiro.
Obrigado pelo seu texto,muito instrutivo.
Euleir Eller
www.espiritagraçasadeus.blogspot.com
Inspirador parabens pelo texto.
ResponderExcluirInspirador e patriota parabens grande divulgador.
ResponderExcluirExcelente crônica que possamos nos inspirar e fazermos a nossa parte e que Deus em sua infinita Bondade e Justiça nos abençoe Sempre.
ResponderExcluir