quarta-feira, 17 de março de 2021

Poema "Brasil do Bem" e algumas reflexões...

Recebemos a transcrição de uma mensagem e aqui compartilhamos, para o ensejo de algumas reflexões que em seguida propomos:


BRASIL DO BEM

Defende, ó Pátria minha, a liberdade
Como o mais preciso de teus bens,
Que jamais te corrompas nos vinténs,
Em que Judas vendeu a integridade...

Como voz altiva, fala à Humanidade
De teu dever com os ideais que tens,
E nos quais inda agora te manténs,
Sendo fiel ao Bem e à Verdade...

Desfralda o teu pendão verde-amarelo
Que ao céu tremula cada vez mais belo,
De estrelas cravejado em profusão...

Reine os filhos teus num só abraço
De concórdia e de paz sem embaraço,
Mostrando que és do mundo o coração!...

Pedro de Alcântara
pelo médium Carlos Baccelli
Lar Espírita Pedro e Paulo,
15 de março de 2021, Uberaba - MG

     

Quem acompanha o movimento espírita de perto tem visto o quanto o trabalho mediúnico tem sido afetado em nossos dias por uma certa desconfiança generalizada quanto à autenticidade das mensagens que os médiuns (ou, pelo menos, os alegados médiuns) têm divulgado. E é bem séria essa crise, porque acaba por respingar na confiança até na Mediunidade — na mente daqueles em que a Doutrina Espírita não está muito bem sedimentada. Além do mais, não é de se ignorar que este mesmo movimento espírita esteja tão carregado de seitas, ideologias e, daí, preconceitos; disso decorre muitos médiuns serem quase que idolatrados e suas mensagens aceitas religiosamente, ao passo que outros sejam sumariamente condenados e suas contribuições mediúnicas desprezadas sem dó.

Fora dessas pequenices, aproveitamos o recebimento da mensagem aqui reproduzida  deixando de lado os nomes envolvidos (o médium e o Espírito comunicante) — para tecer alguns comentários.

Acima de tudo, é uma peça bem redigida, um soneto bem trabalhado, com métrica e rima perfeitas, além de substancial conteúdo, focado num tema concreto e, nela, uma ideia bem desenvolvida, com auspícios positivos; o vernáculo não é dos mais rebuscados, porém não tira o brilho do poema. Enfim, pode-se dizer poeta quem de sua autoria, que, só para referência histórica: o nome citado sugere o de Dom Pedro II (1831-1889), o último monarca do Brasil.

A perscrutação principal que desejamos propor a todos diz respeito a esse mote de um Brasil, ainda "coração do mundo": não duvidamos da ideia de a espiritualidade trabalhar com o plano de, a partir do nosso celeiro tupiniquim, formar uma base para a nova Era na Terra, adentrando aí na fase de "Regeneração"; para sermos bem francos, cremos serem autênticos os anúncios feitos nesse sentido, no século passado, depois da derrocada do movimento espírita original (na França e Europa do século XIX), quando então grandes missionários vieram renascer no Brasil para fazer ressurgir o Espiritismo; nossa dúvida é — e o que nos perturba mesmo — se esse movimento espírita brasileiro deu, ou está dando conta de tal encargo, e se os mentores espirituais que dirigem nosso orbe ainda conta esse apelo — um tanto quanto ufanista, aliás —, pois, se a Grécia não deu conta de sustentar a Filosofia, se Roma não deu conta de semear o verdadeiro Cristianismo, se o movimento espírita francês não deu conta de sustentar o Espiritismo de Kardec, então essa "Pátria do Evangelho" também está suscetível de falir em sua missão regeneradora. Nestes tempos de pandemia, por exemplo, cujo quadro nacional é talvez o mais grave do mundo, podemos dizer que, num todo, nosso povo está se regenerando a contento diante da crise corrente? Estamos a caminho de, em curto prazo, "reinarmos num só abraço, de concórdia e paz"? — Temos nossas dúvidas!

De qualquer forma, é uma mensagem inspiradora e saturada de valores nobres, tais como Liberdade, Bem e Verdade — valores esses, em absoluta concordância com os princípios espíritas.

Deixamos em aberto as análises.


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