O incrível caso dos médiuns polígrafos

A principal obra de Allan Kardec sobre mediunidade é O Livro dos Médiuns, publicado originalmente em 1861. Neste livro, o codificador espírita conceitua esta faculdade natural humana, exemplifica seus processos e classifica os tipos de médiuns; nesta listagem, ele dá destaque à psicografia (a escrita por influência espiritual) e dentre os médiuns psicógrafos ele define a classe dos médiuns polígrafos, sobre os quais falaremos aqui, apontando casos concretos que são incríveis demonstrações da atuação dos Espíritos em nossa mundo.

No capítulo XVI da 2ª parte de O Livro dos Médiuns, item 191, listando as variedades dos médiuns escreventes, Kardec define a classe em questão:

Médiuns polígrafos: aqueles cuja caligrafia muda conforme o Espírito tinha em vida. O primeiro caso é bem comum; o segundo, o da identidade da caligrafia, é mais raro.

Pois bem, o caso em destaque é o de quando o médium psicografa uma mensagem com uma escrita (caligrafia) bem peculiar ou bem parecida com a letra que o Espírito tinha quando encarnado; isso pode acontecer com todo o conteúdo da mensagem ou com a assinatura final.

Mais detalhes sobre isso podem ser encontrados no tópico 'Mudança de caligrafia', no capítulo XVII: Formação dos Médiuns, item 219 do livro mencionado. Essa especialidade também é citada no capítulo XXIV: Identidade dos Espíritos, já que este é um dos mais fortes indícios da autenticidade da psicografia e reconhecimento do escritor espiritual.

Há incontáveis registros de fatos desse gênero, dos quais nós destacaremos os ocorridos com dois grandes médiuns brasileiros, começando por Zilda Gama, a psicógrafa pioneira, tomando o depoimento dela própria, conforme publicado na sua obra Diário dos Invisíveis.

Conheça melhor a vida e a obra de Zilda Gama.

No comecinho do século XX, quando o Espiritismo ainda estava ingatinhando no Brasil, a médium mineira (ainda sem conhecimento aprofundado sobre a Doutrina Espírita e mesmo sobre suas faculdades mediúnicas) começou a receber mensagens de um veneráviel personagem da espiritualidade: Allan Kardec. Quando se inteirou da importância do comunicante, ela naturalmente ficou muito impressionada; sua surpresa foi ainda maior quando pôde finalmente ter uma comprovação de que não estava sendo enganada pela sua "imaginação": é que em dado momento ela encontrou numa determinada publicação a reprodução da assinatura de seu "amigo espiritual" que, comparada à assinatura que havia recebido pela sua psicografia, não permitia equívoco quanto à semelhança da caligrafia.

Assinatura de Allan Kardec

Tivesse ela visto essa assinatura antes de psicografar, certamente seria possível lhe atribuir uma cópia não intensional, mas reproduzida por seu "subconsciente"; entretanto, este não foi o caso: a psicografia assinada veio antes que ela conhecesse a letra do codificador do Espiritismo.

A segunda menção também é de um personagem mineiro; Chico Xavier.

Conheça mais sobre Chico Xavier.

A mais extraordinária "antena paranormal" que a humanidade moderna já conheceu era também um médium polígrafo; das milhares "cartas consoladoras" que escreveu, muitas traziam o cunho característico da escrita do falecido, ou pelo menos a sua assinatura, de modo a ser perfeitamente comparada com qualquer documento. Já foram feitos, inclusive, exames grafológicos que atestam a similaridade necessária para identificar o autor espiritual da mensagem recebida psicograficamente.

O artigo ‘A veracidade das cartas de chico xavier, segundo estudo’ do site Aventura na História destaca essa especialidade em Chico Xavier:

"A imagem de Chico é notoriamente associada aos recebimentos espirituais e transcrições, marcados por sua mão esquerda, cobrindo o rosto ao se apoiar na testa, e a mão direita pela escrita rápida, muitas vezes respeitando a caligrafia, conhecimento ortográfico e vícios de linguagens das pessoas falecidas a quem representava na escrita."

O estudo apontado pelo artigo supramencionado foi realizado pelo Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), traçando uma linha de estudos sobre os fatos colocados nas cartas de Chico Xavier e concluindo, em 2014, que o material relatado era verídico. Os pesquisadores envolvidos foram: Alexandre Caroli Rocha, Denise Paraná, Elizabeth Schmitt Freire, Francisco Lotufo Neto e Alexander Moreira-Almeida, todos no mínimo com formação PhD. A pesquisa foi publicada numa revista científica e está disponível para consulta no site Science Direct, sob o título "Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier’s Letters", ou seja, numa tradução livre: "Investigando a adequação e a precisão da suposta escrita mediúnica: um estudo de caso das cartas de Chico Xavier", cuja conclusão, claramente favorável, foi a seguinte:

"Os resultados da nossa investigação sugerem que as cartas de Xavier transmitiam informações acuradas e precisas e que explicações normais para isso (ou seja, fraude, acaso, vazamento de informações e leitura fria) são muito remotamente plausíveis. Este estudo parece produzir suporte empírico para teorias não reducionistas da mente. Certamente, mais pesquisas sobre fenômenos mediúnicos são necessárias, e recomendamos que mais pesquisas sobre outras cartas psicografadas por Xavier sejam realizadas para expandir."

É claro que o reconhecimento da caligrafia não é uma "prova absoluta" da mediunidade; mas é mais uma forte indicação da sua positividade. Por outro lado, nada prova contra a sua realidade.

Como se sabe, a grafologia é uma disciplina que estuda a escrita manual por meio de diversas técnicas com a finalidade de autenticar a "firma pessoal" (assinatura manuscrita) formalmente utilizada, por exemplo, nos cartórios de registros. Obviamente que não é impossível que alguém imite a letra alheia; contudo, é preciso que o "imitador" pelo menos esteja bem familiarizado com o modo de escrita da pessoa imitada – tarefa nada fácil para Chico, que psicografou milhares de cartas, de pessoas "anônimas" e de convivência muito distante de Pedro Leopoldo ou Uberaba (cidades onde o médium residiu). O mesmo vale para o caso da assinatura de Kardec via Zilda Gama.

E assim tem acontecido com tantos médiuns desconhecidos da mídia nacional, mas que realizam a poligrafia normalmente.

Enfim, eis os sinais da espiritualidade, concedidos por Deus, para que a humanidade se atente para a nossa natureza espiritual; mas, como dizia Jesus, é preciso "olhos para ver".

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