A morte do Papa Francisco em uma reflexão espírita



Faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, Papa Francisco, o sumo pontífice da Igreja Católica. Nascido na Argentina, 
Jorge Bergoglio fez história por ser o primeiro sul-americano a ocupar o posto mais alto do catolicismo, sendo o papa de número 266, pela contagem oficial do Vaticano. Vítima de uma insuficiência cardíaca, que ocasionou um AVC - Acidente Vascular Cerebral, ocorrida esta manhã, em sua residência oficial, na Cidade do Vaticano. Seu estado de saúde já era precário há dias, agravada por uma forte pneumonia, e seu iminente passamento era cogitado, apesar de uma ligeira melhora no quadro clínico, a ponto de permitir que ele até fizesse uma breve aparição pública ontem, durante a festa da Páscoa. Sua morte comove o mundo e mobiliza notas de pesar vindas das maiores autoridades do planeta.

Aqui, expressaremos a nossa reflexão a respeito, partindo de uma ótica espírita sobre as repercussões deste acontecimento que, até certo ponto, exerce uma influência sobre o cenário mundial, haja vista a representatividade da instituição católica, mesmo para os não católicos. Obviamente que o poder papal não é mais nem um sombra do que já foi num passado não muito distante, quando ele tronava e destrona reis, desenhava e redesenhava o mapa geopolítico do mundo; ainda assim, é uma voz internacional, que arrebanha fieis no mundo inteiro.

Em nossa análise, consideramos dois aspectos distintos do evento, cuja divisão facilita uma melhor concatenação de ideias: a pessoa do papa falecido e os rumos da igreja romana.



O Papa Bergoglio

Bergoglio nem queria ser papa, mas chegou lá, quebrando barreiras e preconceitos; adotou o nome "Francisco" inspirado no exemplo de simplicidade daquele Chico de Assis — o que para muitos foi um ato de provocação.

Sua bandeira como sumo pontífice foi o da caridade, com atenção especial para os mais pobres. Desde sua eleição, criou-se uma enorme expectativa com relação a uma leva de reformas para a igreja com a finalidade de torná-la mais "acessível", tal como há muito tem sido cobrado pela ala dita "progressista" dentro do catolicismo, além dos apelos externos. Aliás, é curioso como muitos movimentos "não católicos" têm opinado sobre como o catolicismo deve ser conduzido.

Nesse sentido, o Papa Francisco foi um tanto contraditório: fez alguns acenos para as reformas, apavorando a ala conservadora da igreja, ao mesmo tempo que por vezes engrossou a fala acariciando os mais ortodoxos — frustrando os mais ansiosos pelas tais "modernidades".

Em suma, podemos dizer que ele foi um papa genérico: acenou para todos na tentativa de agradar gregos e troianos, mas, concretamente, não realizou nada substancial. Recebeu pacifistas e guerrilheiros, mas não parou nenhuma guerra; foi anfitrião de socialistas e capitalistas, mas não encerrou nenhuma ditadura nem alterou o preço das ações das bolsas de valores. No campo da fé, deixou sua pregação de caridade e fraternidade, mas conseguiu mobilizar nenhuma ação efetiva para diminuir as desigualdades sociais nem unir os povos; falou em tom de ecumenismo, mas não fez sua instituição avançar um palmo em torno de um propósito comum que possa representar consideravelmente um ganho no plano da evangelização cristã: seu clero continua tão assentado numa liturgia mística quanto antes.

Todavia, não se pode colocar tudo isso na conta de Bergoglio, pois ele é só mais um papa, e seria injusto considerá-lo um fracassado. O que se passa é que, de fato, a igreja católica hoje está tão burocratizada que o papel do papado é quase figurativo. E de certa maneira, isso nem é mau; imagina que loucura não poderia ser se um homem só tivesse a prerrogativa de tirar ou acrescentar um pilar em um edifício sustentado por tradições de quase dois milênios!

Diante disso, se o idealista Bergoglio não logrou êxito em face daquilo que tinha sonhado ao longo dos seus 88 anos, também não há de carregar para o Além qualquer grande decepção: ele foi o que um papa pode ser, se bem que, somente pelo fato de ter sido um papa, ele certamente foi mais longe do que esperava.

Agora, aquele que foi o Papa Francisco, merecedor de todo nosso carinho, é um irmão nosso na espiritualidade, onde reaprenderá as leis naturais divinas, tão ofuscadas pelo catecismo católico; pela sua natureza de espírito, não esperamos outra coisa senão um oferecimento pessoal à vista de reencarnar e fazer mais e melhor. E ele há de ter essa chance, e nós vibramos para que assim seja.


Os rumos da igreja católica

Como espíritas, nada temos a ver com os negócios internos da Igreja Católica Apostólica Romana; porém, as circunstâncias dos rumos tomados pelo Vaticano também nos afetam até um tanto, como afetam todos os segmentos da nossa sociedade; além disso, estamos todos enlaçados por um único propósito: a bandeira do Cristianismo e da espiritualização da Terra. Por essa ótica, nossas vibrações se endereçam para um progresso verdadeiro do catecismo católico: não o dos apelos modernistas dos interesseiros particulares, mas o progresso verdadeiro dos valores espirituais que o Cristo Jesus veio ensinar e que, infelizmente, o clero católico transformou em rituais sacramentais primitivos, substituindo por práticas externas o que deveria ser um ato comportamental.

É por isso que, nesse contexto, dizemos que o Papa Francisco foi só mais um papa, desconectado com a espiritualidade, negligente com a mediunidade, a Terceira Revelação que ensejou o advento do Espiritismo, alheio aos recursos que os Espíritos poderiam estender a toda a estrutura que tem o catolicismo.


Vista do Vaticano

Contudo, dado o quadro atual, praticamente estático, enraizado num sistema primitivo e místico, enrustido em tradições antiquadas, esperar por melhorias é quase uma utopia; talvez por isso, nem mesmo os instrutores espirituais da humanidade se esforçam em romper essa rocha, para não desperdiçar esforços.

Então, provavelmente o próximo papa será também só mais um papa, e a igreja católica continuará mais ou menos sendo o que é, rica e bonita em suas fachadas, mas cada vez mais obsoleta num mundo tão dinâmico como o nosso, cada vez mais devorado pelo materialismo — mas só até os tempos preditos pelo Cristo e seus profetas, porque a transição planetária é um fato, como anunciado pelo Apocalipse e ratificado pelo Espiritismo. E aí, virá o tempo para a implantação do Reino de Deus sobre a Terra.

Como disse o Messias: quem tiver ouvidos que ouça!


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