Falsa mensagem atribuída a Divaldo Franco

Conforme uma nota publicada no circular "Notícias do Movimento Espírita" desta terça, 15 de novembro, postada no Blog do Ismael (clique aqui para acessar), de responsabilidade do nosso confrade Ismael Gobbo, fica desmentida a autoria de Divaldo Franco de uma mensagem a ele atribuída, que está circulando nas redes sociais e sendo replicada em diversos sites e blogs, sob o título: "Atenção, Povo Brasileiro".

Nós da Equipe Luz Espírita já havíamos recebido uma cópia dessa mensagem várias vezes, por diversas fontes, e, analisando já nas primeiras linhas, pudemos verificar, tanto pelo estilo literário quanto pelo teor da mensagem, que dificilmente seria de autoria daquele respeitado médium.


O teor em si não é tão comprometedor, embora claramente apele para o emocional e seja desprovido de substância racional que explique a contento o grande temor (quase terror) que deixa implícito. Porém, a gravidade que notamos na circulação desta mensagem é a passividade de quem a recebe e inadvertidamente a reproduz nos seus canais via internet. Cremos mesmo que muitos dos que a compartilharam, sequer a leram, ou, ao menos, leram com atenção, o suficiente para ponderar sobre "o perigo ao qual a nação corre".

Pensamos mesmo que aqueles que compartilharam a tal mensagem o fizeram no bom intuito de contribuir na "divulgação da obra espírita". Todavia, devemos sempre ponderar sobre a qualidade do que divulgamos, justamente para que nossas ações sejam uma contribuição válida para a Doutrina Espírita, ou, no mínimo, não a deturpe. E assim dizemos recordando Allan Kardec ao se endereçar àqueles que mais prejudicialmente atentam — ainda que com boas intenções — contra o Espiritismo: "os espíritas exaltados":

Espíritas exaltados: A espécie humana seria perfeita se sempre tomasse o lado bom das coisas. O exagero é prejudicial em tudo. Em Espiritismo, inspira confiança bastante cega e frequentemente infantil em relação ao mundo invisível, e leva a aceitar-se com extrema facilidade e sem verificação aquilo cujo absurdo ou impossibilidade, a reflexão e o exame demonstrariam. Porém, o entusiasmo não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais prejudicial do que útil à causa do Espiritismo. São os menos aptos para convencer a quem quer que seja, porque — e com razão — todos desconfiam dos julgamentos deles. Assim, por causa de sua crença fácil, são iludidos por Espíritos mistificadores, como por homens que procuram explorar a sua fé. Haveria apenas meio-mal se só eles tivessem que sofrer as consequências. O pior é que, sem o quererem, dão armas aos incrédulos, que antes buscam ocasião de zombar do que se convencerem e que não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Sem dúvida que isto não é justo, nem racional; mas, como se sabe, os adversários do Espiritismo só consideram de bom quilate a razão de que desfrutam, e conhecer a fundo aquilo sobre o que pensam é o que menos cuidado lhes dá.
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec - 1ª Parte, cap. III: "Do método", item 28.

Também não estamos aqui descaracterizando a veracidade da mensagem. Ou seja, não presumimos que o teor seja falso e que o Brasil esteja "garantido" e não sofra com investidas das trevas. O que contestamos aqui é, portanto, a falsa autoria atribuída — e poderia ter sido falsamente atribuída a qualquer Espírito, médium ou escritor comum.

Eis, pois, uma boa ocasião para refletirmos sobre a nossa responsabilidade nas atividades sociais, especialmente diante das manifestações sociais mais abrangentes, como no caso da internet. A propósito, reproduzimos aqui o capítulo 13 do livro Conduta Espírita, ditada pelo Espírito André Luiz, pela psicografia de Waldo Vieira (disponível na nossa Sala de Leitura):


Na propaganda

Escudar-se na humildade constante, ao desenvolver qualquer atividade de propaganda doutrinária, evitando alarde, sensacionalismo, demonstrações publicitárias pretensiosas ou métodos de ação suscetíveis de perturbar a tranquilidade pública.

Sem orientação segura, não há propaganda produtiva.

Com critério e temperança, estender a propaganda libertadora dos postulados espíritas até ao recesso das penitenciárias e das colônias de isolamento sanitário, sem depreciar crenças ou sentimentos.

Os mais doentes requerem maior ajuda.

Incentivar o intercâmbio fraterno entre as pessoas e as organizações doutrinárias, através de cartas e publicações, livros e mensagens, visitas e certames especializados, buscando a unificação das tarefas e o esclarecimento comum.

A permuta de experiências equilibra o progresso geral.

Pelo rádio ou pela imprensa leiga, não se estender demasiadamente, a fim de não afastar o aprendiz incipiente.

A Doutrina deve ser ministrada em pequenas porções

Para não se desviar das finalidades espíritas, selecionar, com ponderação e bom senso, os meios usados na propaganda, mormente aqueles que se relacionem com atividades comerciais ou mundanas.

Torna-se inútil a elevação dos objetivos, sempre que haja rebaixamento moral nos meios.

Usar com prudência ou substituir toda expressão verbal que indique costumes, práticas, ideias políticas, sociais ou religiosas, contrárias ao pensamento espírita, quais sejam sorte, acaso, sobrenatural, milagre e outras, preferindo-se, em qualquer circunstância, o uso da terminologia doutrinária pura.

Uma palavra inadequada pode macular a bandeira mais nobre. Arredar de si qualquer ansiedade, no tocante à modificação rápida do ponto de vista dos companheiros.

A fé significa um prêmio da experiência.

Conquanto precisemos batalhar incansavelmente no esclarecimento geral, usando processos justos e honestos, não esquecer que a propaganda principal é sempre aquela desenvolvida pelos próprios atos da criatura, através da exemplificação eloquente de nossa reforma íntima, nos padrões do Evangelho.

A Doutrina Espírita prescinde do proselitismo de ocasião.

Para finalizar, pedimos a gentileza de ponderar sobre este artigo e, se o julgar adequado, favor, compartilhar.

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