Violência: Vandalismo no túmulo de Chico Xavier
No último final de semana, tivemos a triste notícia de que, mais uma vez, o túmulo de Chico Xavier foi violentado (veja aqui a reportagem do TV Integração, afiliada da Globo em Minas Gerais).
Desta vez, o vidro que protege o busto do médium espírita foi atingindo e ficou trincado, evidenciando que fora fortemente alvejado. O estrago só não foi maior por se tratar de um vidro blindado — portanto, de grande resistência. No local, foram encontrados tijolos, que possivelmente foram usados para o ato. A primeira suspeita para a motivação do atentado é a intolerância religiosa, mas não há qualquer sinal de autoria do crime.
Túmulo de Chico Xavier (Foto: Eurípedes Higino/Arquivo Pessoal) |
O corpo de Chico foi sepultado no cemitério São João Batista, em Uberaba, Minas Gerais. É uma catacumba simples, contendo um busto em bronze envolvido por uma caixa de vidro. O mesmo já foi alvo de outros atentados. Em 2015, vândalos também tentaram romper essa mesma proteção vítrea (veja aqui).
O cemitério não possui câmeras de monitoração de segurança e conta apenas com dois vigilantes noturnos. O diretor do departamento de cemitérios em Uberaba, Carlindo Ferreira, afirmou que a própria direção se ofereceu para trocar o vidro vandalizado. "A manutenção de túmulos não é obrigação da Prefeitura, é da família. Mas em consideração a tudo que Chico Xavier representa para Uberaba, a direção do cemitério vai providenciar a troca do vidro que protege o busto do médium, mas isso só pode ser feito assim que o filho dele liberar a chave. Aquilo que foi danificado, na próxima segunda-feira (2 de outubro) vai ser reposto".
Eurípedes Higino, filho adotivo de Chico Xavier, (Foto: Reprodução/TV Integração) |
Sobre registrar boletim de ocorrência denunciando o ato, o filho adotivo do médium, Eurípedes Higino, disse que preferiu não acionar a Polícia Militar. "Não adianta. Da outra vez aconteceu a mesma coisa e não resolveram nada. A sujeira em volta do túmulo também é triste de ver. A melhor coisa por agora foi pedir voz à imprensa", acrescentou.
Já sobre a declaração de Eurípedes Higino em relação o não acionamento da Polícia Militar, o comandante da 67º Batalhão da Polícia Militar (6ºBPM) de Uberaba — área responsável pelo policiamento na região do Cemitério São João Batista — o tenente-coronel Waldemir José de Freitas se posicionou sobre o assunto: "Todos os fatos de algum delito que requer alguma intervenção de segurança pública imediata, com o acionamento da polícia, nós vamos até o local, fazemos o registro da ocorrência. Agora, a frequência disso, em até especial nesta situação, é caso de investigação da polícia judiciária. Ele não queixou de falta de segurança, ele questionou o fato de não ter sido dado sequência a uma ação anterior. Até porque a segurança de cemitério é de competência do Município", justificou o policial.
Interpretando o atentado
É claro que Chico Xavier não está ali, e tampouco seu Espírito — cuja nobreza ficou evidenciada por sua biografia rica em caridade — sente fisicamente os golpes desferidos contra o túmulo de seus despojos carnais. Desta maneira, devemos ponderar com racionalidade sobre a real importância de um túmulo.
Para a lei civil esse tipo e vandalismo é um crime em função da consideração legal que se tem ao cadáver. Na frieza jurídica, os restos mortais de uma pessoa é o próprio indivíduo — mesmo depois do seu falecimento. E embora os estragos não tenham alcançado diretamente os despojos físicos de Chico Xavier, houve uma violação à sua, digamos, morada (porque, pela lei, ali jaz o cidadão Chico Xavier). No mínimo, está configurado um dano patrimonial, que é passível de ser cobrado criminalmente.
Melhor do que qualquer um, nós espíritas temos como saber que não há mais nada ali do nosso querido irmão e confrade. Contudo, seu túmulo, como o de qualquer falecido, é um monumento, um sinal respeitável de sua vida e obra. Uma visita que se faça a tal monumento não é exatamente uma visita à pessoa, materialmente falando, mas um programa turístico histórico válido, como quando se visita qualquer outro local histórico ligado à referida biografia. Não se está, com isso, "visitando um defunto", mas seguindo rastros históricos de uma personalidade que nos é cara, assim como se visita o túmulo de Allan Kardec (aliás, uma visita muito interessante já pela sua arquitetura: um dólmen no estilo druida), assim como se visita o ponto do Central Park em Nova Iorque onde John Lennon foi assassinado, como se visita as câmaras de Auschwitz usadas pelos nazistas, como se visita a gruta de Fátima onde supostamente se deu a aparição de Maria, etc. Esse tipo de visitação é, sem dúvida, muito válido, porque ajuda, inclusive, a preserva a memória dos feitos pessoais e eventos históricos.
Se foi um vandalismo do tipo qualificado como intolerância religiosa, é de se lamentar ainda mais, pois essa motivação reflete uma distorção de caráter e de comportamento doutrinário. Independentemente disso, cumpre-nos um papel sincero de compreensão e caridade para com esses ativistas da violência, sob qualquer que seja o pretexto, sem absolutamente lhes devolver qualquer sentimento negativo.
Vibremos por uma conscientização geral e, em especial, lancemos nossas preces para a promoção de um espírito de paz e não violência.
Até quando irão ganhar dinheiro com o cadáver do Chico?
ResponderExcluirEsse "monumento" nem deveria existir. Duvido muito da origem desse "atentado".
Que eu bem saiba, não se cobra dinheiro para entrar em cemitérios. Se há alguém insatisfeito em que o túmulo, repositório de restos mortais de uma personalidade espírita que ali não está mais, mas cujo monumento é em respeito a um ícone do espiritismo, esteja ai, este alguém teria que ter a nossa pena, pois é notadamente um espírito sem luz, que merece a nossa misericórdia por ser assim tão intolerante e necessita de muitas orações para que saiba compreender e tolerante ser.
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