Cristãos e entidades diversas contra filme que brinca com um "Jesus gay" e "Deus mentiroso"


A polêmica deste Natal, em curso no Brasil, é a produção audiovisual Especial de Natal: A primeira tentação de Cristo produzido pela companhia Porta dos Fundos e disponibilizada pelo canal de streaming Netflix. Por causa desse filme, tanto a provedora como a produtora estão sendo alvos de uma campanha movida por diversas frentes cristãs (veja aqui) e até da parte de entidade islâmica (veja aqui), em prol de ações como boicote e até ação judicial para censura deste "especial de Natal" que retrata um "Jesus gay".

Sobre a peça em si nem preciso conhecer mais do que mostra o seu trailer para estarmos certos de que se trata de uma coisa nojenta e sem graça nenhum, senão para os libertinos e "ateístas praticantes", que não se fartam de zombar da crença alheia, contra aqueles que não compartilham da crença de que a matéria é a causa de tudo (materialismo puro).

A todos está assegurado o direito de não crer, de achar que religião e qualquer temática espiritualista seja uma bobagem; mas daí a "brincar" com a religiosidade alheia é outra coisa, isso extrapola a fronteira do direito pessoal porque passa a ser uma ofensa ao outro, que tem as mesmas prerrogativas. E, sem dúvida, a pretexto de uma "arte", da "comédia", ninguém tem o direito de brincar com a fé de outrem.

Quanto às campanhas levantadas, entretanto, fazemos uma ressalva, mirando na eficiência desse tipo de ação. Ora, a solução mais prática pensamos ser ignorarmos o filme: se nenhum cristão, simpatizante ou pessoa sensata deixar de assisti-lo — dado o percentual majoritário de nossa gente é de cristãos — então a audiência será pífia e menos rentável será tal produção. Ocorre que campanhas como essas só fazem gerar ainda mais publicidade ao filme que, se — insistimos — fosse ignorado pelos cristãos, passaria quase que desapercebido. Já com a polêmica instalada, a produção ganha mais notoriedade e, consequentemente, mais audiência.

E o pior de tudo é que, no afã de "defender a honra do Cristo", certos cristãos disseminam ódio e animosidade contra os produtores e apoiadores de obras desse gênero. Daí, o mal exemplo desses cristãos tornam-se "armas" argumentativas exatamente contra o Cristianismo.

Ora, se o filme tem potencial para ser ofensivo à pessoa do Cristo e a Deus — como de fato tem — mas o próprio Cristo e o próprio Deus assim permite que ele seja lançado, não deve ser os cristãos os agentes diretos da necessária justiça: a Providência Divina sabe muito bem cuidar dessa irreverência sem carecer que nós peguemos nas pedras para atirar contra essas pessoas que, seja por dinheiro, por fama ou por ideologia, estão na condição de praticar esses "pecados". Não têm eles o direito de se lambuzarem no lamaçal das perversões? Por que não aproveitarmos a oportunidade para aprendermos com o próprio Cristo a lição e prova do escárnio popular? Não passou Jesus pessoalmente pela trilha da humilhação? E o que fez ele? — "Perdoai-lhes, ó Pai, eles não sabem o que fazem!"

Resignação, cristãos! Esta é a hora deles, festa maligna, mas que tem prazo de validade. Esses "gênios" estão gastando o que eles precisam gastar de suas perversidades íntimas para exatamente esgotar o mal que acumulam em si, que parece ser preciso para que, enfim, um dia, no hora da verdade, possam submeter suas consciências ao crivo da razão para medirem e pesarem seus próprios atos e se convencerem de que todo o sucesso que alcançaram com suas obras perversas não passam de ilusão e, finalmente, encontrem algo mais sublime para produzir. Não nos esqueçamos de que todos estes infames são nossos irmãos, irmãos de Jesus também.

Ainda mais que  perdoem nossa insistência  a estratégia de lutar contra mostra-se ineficaz. Kardec sempre recomendou ignorarmos o que for negativo, cuja força se enfraquece por si mesma com o passar do tempo, desde que não sejam combatidas; enquanto que, pelo exemplo mesmo das campanhas contra o Espiritismo, o combate torna-se material de propagando muito eficiente. A propósito, o roteirista do filme em questão esnobou as críticas postando numa rede social: "A divulgação tá pesadíssima, né, menina?" (veja aqui).

A solução passa inexoravelmente pela educação moral, pelo estímulo às belas artes. Se as pessoas ditas cristãs estivessem de fato mergulhadas numa atmosfera de coisas positivas, tudo isso passaria desapercebido ou sem causar maior dano. Se nos educássemos a preencher nosso cotidiano de mídias belas, instrutivas e puras, e se abraçássemos essas bonanças com fervor, certamente estaríamos semeando o antídoto natural para as baixarias como essas peças criadas por canais como Porta dos Fundos.

Ora, por que devo me importar com as "porcarias" que passam nas televisões, as "porcarias" de músicas que tocam nas rádios? Basta que eu próprio me sintonize com as infinitas mídias benéficas disponíveis hoje por todos os canais. Simplesmente eu decido assistir a tal canal ou ouvir tal rádio, ou até mesmo me desligar de tudo isso e criar minha própria estação. Há tantos bons filmes, há tantos bons documentários, há tantos bons livros, há tantas boas músicas... Está tudo ao nosso alcance.

Não joguemos pérolas aos porcos: não nos importemos com os que estão de olhos e ouvidos tapados; eduquemo-nos e eduquemos nossos filhos para coisas superiores e a audiência do mal retrocederá.

Recordemos que estamos num processo de fechamento de Era e é preciso certa liberdade, ainda que para a libertinagem, a fim de que todos sejamos provados. Faz parte do plano! Tem que ser assim, para que se revele realmente quem somos, na prosperidade e calmaria ou na tormenta.

Por outro lado, louvamos a boa intenção de todos os que sinceramente estão se lançando em campanhas em prol de providências contra essa peça nojenta, e também vibramos para que essas ações alcancem bom êxito.

E para aqueles que acreditam válida a iniciativa, aqui está o link com o abaixo assinado virtual "Pelo impedimento do filme de Natal da Netflix e porta dos fundos, por ofender gravemente os cristãos".


Para conhecimento de todos: a deputada federal Chris Tonietto (PSL-RJ) apresentou o pedido de requerimento n° 3196/2019 para que a Câmara emita nota de repúdio contra a Netflix pela razão aqui exposta, pois, segundo ela, a produção contém "ostensivo vilipêndio e escárnio da fé cristã". (Veja aqui).

Recomendamos também a leitura do artigo "Netflix e o grupelho Porta dos fundos achincalham o Cristo e os cristãos" de nosso caro confrade Jorge Hesen (veja aqui), que defende o boicote à plataforma de streaming.

Comentários

  1. Por tudo isso hoje não vejo mais TV..e procuro ver ler somente oque edifica meu espírito..confesso estou cansada de tantas coisas erradas de vários lados..tantos os que se dizem Cristãos como os que querem desvalorizar Cristo..

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  2. O simples comentário de como Jesus agiria nesta situação, demonstra o quando devemos evitar revoltas ou atos impróprios. A verdade sempre prevalece, não é a afirmativa que Jesus é Gay ou que Deus é mentiroso que vai diminuir minha fé, ou acreditar no que estão divulgando. Ignorar é a melhor opção do caso realmente, filtrar nossas programações e atitudes.

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