"Retorno da vida corpórea à vida espiritual" por Geziel Andrade
PRINCIPAIS LIÇÕES CONTIDAS EM “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, SEGUNDA PARTE, CAPÍTULO III: RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL
Geziel Andrade1 – A ALMA APÓS A MORTE
No instante da morte do corpo material, a alma retorna ao mundo dos Espíritos, de onde havia saído temporariamente para progredir em termos intelectuais e morais.
Assim, a alma conserva a sua individualidade após a morte e jamais a perde.
Com a perda do corpo material, a alma constata a sua individualidade pela manutenção de seu corpo fluídico, chamado de perispírito, que é formado com elementos sutis da atmosfera do planeta e tem a mesma aparência da sua última encarnação.
Ao deixar a vida material, em decorrência da morte, a alma leva consigo a lembrança dos acontecimentos e dos atos praticados, experimentando o desejo de ir para um mundo melhor.
Após ter entrado no mundo espiritual, essa lembrança que leva da sua vida corpórea é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego bom ou mal que deu à sua jornada terrena.
Quanto mais elevada e pura for a alma, menos se prende às coisas materiais que deixou na Terra e mais rapidamente compreende a futilidade delas.
As comunicações que os Espíritos podem manter com os homens, através de médiuns, atestam a imortalidade, a sobrevivência e a individualidade da alma após a perda do seu envoltório corporal.
Essas comunicações dos Espíritos revelam sua inteligência, suas qualidades próprias, a consciência do eu e uma vontade distinta.
Efetivamente, os Espíritos são seres individuais e distintos porque são bons ou maus, sábios ou ignorantes, felizes ou desgraçados. Assim, apresentam-se aos homens alegres ou tristes, levianos ou sérios, etc.
Os Espíritos dão ainda aos homens provas de sua individualidade quando:
• Revelam sua identidade através de sinais incontestáveis;
• Recordam detalhes pessoais relativos à sua vida terrena, os quais podem ser constatados;
• E manifestam-se tais quais foram, quando de suas aparições.
Portanto, a vida do Espírito é eterna. Já a sua vida corpórea é transitória.
A morte apenas promove a volta da alma à vida eterna.
2 – SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO MATERIAL
A morte do corpo material não causa sofrimento para a alma que vê chegar ao fim o seu exílio na vida corpórea.
A morte promove o desprendimento da alma do seu corpo transitório, pois rompe os liames que a retinham na vida material.
Mas, esse desprendimento ocorre gradualmente. Então, o Espírito vai se desprendendo pouco a pouco, à medida que os liames se soltam.
Dessa forma, para a alma, a morte é apenas a destruição do corpo material. Ela se separa do corpo com a cessação da vida orgânica; mas leva consigo o seu perispírito que a ligava ao corpo e que se soltou.
A lentidão com que se processa o desprendimento da alma do seu corpo material é variável segundo cada indivíduo.
Para a alma que praticou o bem e as virtudes na vida material, o processo de libertação é bastante rápido, podendo ocorrer mesmo na agonia, com o corpo material mantendo apenas a vida orgânica.
Já para a alma que se prendeu às coisas materiais e à sensualidade, o desprendimento é mais demorado, podendo durar, às vezes, alguns dias, semanas e até mesmo meses.
Esse desprendimento lento é devido à afinidade criada entre o perispírito e o corpo material, em razão da preponderância que a alma deu às coisas materiais.
Dessa forma, quanto mais a alma estiver identificada com as coisas materiais, mais sofrerá para se separar do corpo material.
No caso específico de morte por suicídio, esse desprendimento é, geralmente, bastante complicado.
Quando o Espírito que fez o mal durante a vida terrena se vê no mundo dos Espíritos, sente-se envergonhado de o haver feito.
Já para a alma que cultivou as atividades intelectuais e morais e que manteve os pensamentos elevados, o desprendimento começa mesmo durante a sua vida corpórea, a ponto de ser quase instantâneo.
Essa alma, quando sente que os liames que a prendem ao corpo material estão se desprendendo, emprega seus esforços para apressar a sua libertação.
Uma vez parcialmente separada da vida material, consegue antever o seu futuro e gozar por antecipação do estado de Espírito.
E a alma do homem justo se sente aliviada por não recear na nova fase da vida nenhum olhar perquiridor.
Uma vez no mundo dos Espíritos, a alma reencontra as pessoas que conheceu na vida material e que morreram antes dela, segundo a afeição que reciprocamente mantiveram.
Quase sempre, os Espíritos amigos vêm recebê-la na sua volta ao mundo dos Espíritos e a ajudam a se libertar das faixas da matéria.
A alma que retorna à vida espiritual reencontra muitos amigos que tinha perdido de vista durante a sua passagem pela vida material. Vê também os Espíritos que se encontram na vida espiritual e pode ainda visitar os Espíritos que se encontram encarnados.
Cada tipo de morte do corpo material causa um impacto diferente no momento do desprendimento da alma.
Na morte violenta, o perispírito estando fortemente ligado ao corpo material e as forças vitais estando bastante ativas, os liames que unem o envoltório material ao perispírito são mais tenazes e o desprendimento completo torna-se mais lento.
3 – PERTURBAÇÃO ESPÍRITA
Em seguida à morte do corpo material, a alma, geralmente, não tem consciência imediata de si mesma. Ela fica perturbada por algum tempo.
Mas, a duração dessa perturbação depende da elevação moral da alma.
Quando ela já se depurou e se desprendeu das coisas materiais durante a sua vida corpórea, reconhece-se quase imediatamente. A perturbação que se segue à morte do corpo material nada tem de penosa para a alma do homem de bem que mantém a sua consciência pura.
Por outro lado, a alma do homem que se prendeu às coisas materiais e não manteve a consciência pura conserva por muito mais tempo a impressão da matéria.
Dessa forma, a alma que compreende antecipadamente as realidades da vida espiritual experimenta menor perturbação com a morte do corpo material e entende mais depressa a sua nova posição; mas são a prática do bem e a pureza de consciência que reduzem a duração dessa perturbação decorrente da morte.
Portanto, toda alma que deixa o seu corpo material em decorrência da morte precisa de algum tempo para se reconhecer na vida espiritual. Tanto a lucidez das ideias, quanto a memória do passado voltam à medida que a influência da matéria vai se extinguindo.
Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc, a alma tem maior dificuldade em aceitar e reconhecer que o seu corpo material morreu. Ela mantém a ilusão de que continua na vida corporal.
Somente depois do completo desprendimento do Espírito, reconhece o seu novo estado; compreende que não mais faz parte do mundo dos vivos; continua a pensar, a ver e a escutar; e se percebe num corpo sutil semelhante ao que deixou na Terra.
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CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DESTE ARTIGO
O Espiritismo faz uma clara distinção entre o universo material, no qual a alma entra com o nascimento do seu corpo transitório obtido pela lei da reprodução, e o universo espiritual, no qual foi criada por Deus e para o qual retorna com a morte após ter cumprido a sua jornada evolutiva.
Assim, o Espiritismo mostra que o homem não é apenas um corpo material perecível. É formado também pela alma imortal, que detém todas as faculdades intelectuais e morais em permanente processo de desenvolvimento; e pelo perispírito, que é o seu corpo espiritual, que inclusive a permite unir-se ao seu envoltório corporal durante a sua vida terrena.
Com os princípios do Espiritismo, aprendemos a:
• Fazer um bom uso da vontade e do livre-arbítrio na vida corporal para cumprir adequadamente a programação evolutiva;
• Progredir escolhendo as atividades intelectuais e morais nobres que garantem a ascensão na hierarquia espiritual, que é a verdadeira;
• Suportar com coragem, resignação, esperança e confiança em Deus as missões, provas, tribulações e sofrimentos da vida terrena, pois são experiências que educam e aprimoram a alma imortal;
• Praticar as virtudes e o bem em observância às Leis de Deus para o indispensável crescimento moral;
• Ter desapego das coisas materiais e da sensualidade para evitar os condicionamentos e as influências nefastas da matéria e não comprometer a evolução da alma;
• Manter os sentimentos e pensamentos elevados para melhorar o mundo íntimo e manter as atitudes, condutas e ações elevadas;
• Ter a preocupação de registrar na memória apenas bons atos praticados conscientemente com a realização das boas obras;
• E conservar a consciência pura pelo cumprimento honesto e responsável dos deveres morais e pela prática da justiça, do amor e da caridade.
Com isso, atingimos o verdadeiro objetivo da vida material; alcançamos o rápido desprendimento da alma do corpo material, independentemente do que possa causar a sua morte; passamos de modo breve pela perturbação que se segue à morte, sendo apenas um sono leve com um despertar feliz; obtemos a libertação, a volta da lucidez e o reconhecimento na vida espiritual sob o amparo dos Espíritos bons, amigos e familiares; e experimentamos de modo sereno, alegre e feliz a continuidade da vida da alma após o seu retorno ao mundo espiritual, mantendo atividades nobres.
Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, deu ao Espiritismo as bases cristãs que permitem ao homem conquistar o progresso religioso e moral e os méritos que lhe garantem desfrutar das bem-aventuranças na continuidade da vida da sua alma no reino dos céus.
E no livro “O Céu e o Inferno”, detalhou os aspectos do retorno da alma à vida espiritual, demonstrando:
• A situação dos Espíritos de todas as classes na hierarquia espiritual;
• Como o perispírito desempenha o papel de agente da justiça divina ao permitir com que cada alma receba de forma justa na vida espiritual segundo as suas próprias obras terrenas;
• Como a perturbação que se segue à morte do corpo material varia bastante, dependendo do grau de evolução moral e espiritual de cada alma que desencarna;
• A enorme variedade de ocorrências que as almas experimentam em função de seus méritos ou vícios, classificando os Espíritos como felizes, de condição mediana, sofredores, suicidas, criminosos arrependidos e endurecidos no mal;
• As fases que a alma enfrenta com o despertar na vida espiritual, após a perturbação, passando pela: visão do próprio corpo material inerte; reencontro com os amigos e familiares já falecidos; revisão de todos os fatos que marcaram a sua jornada na vida corporal; constatação da forma humana e aparência da última encarnação no perispírito; melhoria das percepções; satisfação decorrente do cumprimento dos deveres morais; arrependimento e sofrimentos decorrentes da prática do mal; entendimento das expiações sofridas na vida terrena em função dos erros cometidos em vidas passadas; e aceitação das atividades incessantes que precisam ser mantidas na vida eterna.
Dessa forma, temos todos os mistérios da vida da alma após a morte do corpo material desvendados, com base nas revelações concordes feitas pelos próprios Espíritos, através de diferentes médiuns.
Publicado no Blog Artigos sobre Espiritismo e gentilmente cedido pelo autor ao nosso blog.
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