"O Anjo Guardião do Brasil: Ismael e a missão dos espíritas", por Carlos Luiz

Recebemos de nosso confrade Carlos Luiz (diretor do Grupo Marcos e um dos colaboradores da nossa plataforma de estudos online PEADE) mais uma excelente contribuição para nossas reflexões: um artigo interessantíssimo sobre um tema ainda um tanto controverso no meio espírita, mas cujos fundamentos são, infelizmente, muito negligenciados por grande parte de todos, inclusive pelos que palpitam entre uma versão e outra da polêmica, isto porque há os que ainda põem em dúvida a existência de um anjo protetor de uma nação, os que sequer pesquisaram sobre a identidade histórica de Ismael (dito o anjo guardião do Brasil) e sobre o contexto de sua apresentação como tal protetor.

Diante de tudo isso, convidamos a todos a apreciarem o seguinte artigo:


O Anjo Guardião do Brasil: Ismael e a missão dos espíritas
por Carlos Luiz

As aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações, têm seus Espíritos protetores especiais?
“Sim, pois essas aglomerações são individualidades coletivas que marcham para um objetivo comum e que precisam de uma direção superior.”

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - questão 519

Como vimos, para a Codificação Espírita, por Allan Kardec, existe o anjo guardião das coletividades. O Brasil, portanto, tem um anjo da guarda, um Espírito superior que o guia e protege. Desde o século XIX, com a chegada do Espiritismo no mundo e no Brasil, temos notícia, através de diversos médiuns, sobre o protetor da nação brasileira. Qual o papel dessa entidade? É o de nos guiar, para que cumpramos nossa parte no plano divino — que é administrado no mundo pelo Cristo.

Da mesma forma que os espíritas, que seguem as orientações de Kardec, têm uma relação próxima com seus anjos guardiões; uma nação espírita — ou, pelo menos, os espíritas que fazem parte de uma tal nação — podem e devem relacionar-se com o Espírito que os guia para que ajam com consciência das finalidades superiores que devem contribuir para que se realizem.

Afinal, quem é o guia espiritual do Brasil e qual a missão central de nosso povo, segundo suas palavras? Estas são questões por demais importantes para serem ignoradas.

Três são os critérios básicos de Kardec para identificarmos as revelações espirituais: 1) a variedade das fontes ou a multiplicidade dos ensinamentos dos Espíritos; 2) a qualidade da mensagem; 3) a relação do conteúdo da mensagem com a realidade, quer dizer, as informações e afirmações devem ser coerentes com as noções da ciência, com os fatos históricos, com a lógica e o bom senso. 

As informações que iremos apresentar passam por esses três critérios tranquilamente. Desde pelo menos 1873, o Espírito Ismael comunica-se no movimento espírita brasileiro como o mentor Espiritual de nossa nação, por meio de diversos médiuns como, por exemplo, Frederico Júnior (um dos melhores médiuns espíritas da nossa História) e nosso estimado Francisco Cândido Xavier, que dispensa apresentação. Além disso, diversos Espíritos superiores — dentre eles, os que dirigem as atividades do Grupo Marcos — confirmam essa informação. (Ver curso Anjo Guardião). A qualidade das mensagens desse Espírito, em particular aquelas recebidas pelo médium e sonâmbulo Frederico Júnior estão no nível das melhores mensagens recebidas por Allan Kardec.

Elas possuem qualidades literárias, intertextualidade bíblica e o uso de conceitos e símbolos cristãos que evidenciam uma poderosa capacidade de expressão e uma compreensão superior da vida. Em outro momento analisamos a mensagem “A Grande Lição”, recebida em 12 de abril de 1906 (Veja aqui).

Também registramos dois diálogos mediúnicos, realizados nos anos de 2017 e 2019, no qual refletimos sobre a relação de Ismael com o movimento espírita e sobre as origens espirituais de nossa nação (Veja aqui).

Hoje, apresentaremos uma mensagem de 1873, recebido no Rio de Janeiro, no Grupo Confúcio, momento em que inexistia qualquer estrutura organizacional nacional do movimento espírita, divulgada pelo historiador espírita Canuto Abreu, um dos responsáveis pelo regaste e pela manutenção dos mais importantes documentos históricos de Allan Kardec, é a mais relevante mensagem de orientação espiritual para nossa nação que tenho conhecimento.

Pensamos que a análise, ainda que limitada, dessa mensagem, evidenciará sua grandeza. Ismael é um Espírito da mais elevada ordem, profundamente vinculado à Primeira, à Segunda e à Terceira Revelação.

Assim inicia Ismael:

"O Brasil tem a missão de cristianizar. É a Terra da Promissão. A Terra de todos. A Terra da fraternidade. A Terra de Jesus. A Terra do Evangelho. Não foi por acaso que tomou o nome de Vera Cruz, de Santa Cruz. Não foi por casualidade que recebeu desde o berço, o leite da religião cristã. Não foi sem significação que a viram os primeiros navegadores debaixo do Cruzeiro do Sul."

O conjunto de informações que esse Espírito apresenta é impressionante. Primeiro, afirma, em 1873, que o Brasil é a Terra da Promissão, naturalmente, esse conceito é um tema dos mais relevantes da Bíblia. Moisés quando sai do Egito, por exemplo, está em busca da Terra da Promissão. Antes dele, Abraão deixa sua família e seus bens para, por ordem de Deus, ir em busca da Terra prometida. Aqui temos, também, um elemento de identificação que se repetirá mais de dez mensagens que analisamos: Ismael é o nome do primeiro filho de Abraão e o Espírito apresenta-se com conhecimento aprofundado dessa tradição e com um capacidade superior de utilizar os símbolos bíblicos que o vincula ao grande patriarca hebreu. Enquanto seu irmão Isaac foi o herdeiro da tradição judaica, por ordem do mais Alto, Ismael ficou, aparentemente marginalizado. Contudo, a Bíblia registra um interessante orientação dada a seu pai Abraão (grifos nossos):

E quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis que o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.
Gênese, 17:20.

Voltemos à afirmação de Ismael sobre a missão do Brasil como Terra da Promissão. Em 1883, dez anos após a comunicação mediúnica de Ismael, Dom Bosco (santo católico conhecido por sua vida de abnegação, dedicação à evangelização e por seus dons proféticos), em experiência registrada pelo padre Lemoyne e revisada por ele mesmo, é trazido em espírito para visitar o Brasil e, ao chegar no centro de nosso país, lhe é dito:

"Aqui aparecerá a Terra da Promissão da qual fruirá leite e mel."

The Biographical Memoirs of Saint John Bosco, volume XVI, p. 309.

Outro elemento digno de destaque é a compreensão — hoje, historicamente inegável — que a motivação maior dos descobridores do Brasil era religiosa. Pedro Álvares Cabral era cavaleiro da ordem do Cristo, e o primeiro ato administrativo no Brasil foi uma celebração cristã. Buscavam aqui os portugueses — como comprova vasta literatura, inclusive de historiadores não religiosos — o Paraíso perdido e não uma mera feitoria. Muitos pensaram tê-lo encontrado no Brasil. A proposta de Ismael é a de que este Paraíso de fato foi encontrado, ou melhor, encontrou-se o local para a sua construção. Continua Ismael.

Na Era Nova e próxima, abrigará um povo diferente pelos costumes cristãos. Cumpre ao que ouve os arautos do Espaço, que convocam os homens de boa vontade para o preparo da Nova Era, reconhecer em Jesus o chefe espiritual. Com o Evangelho explicado à luz do Espiritismo, a moral de Jesus, semeada pelos jesuítas e alimentada pelos católicos, atingirá a sua finalidade, que é rejuvenescer os homens velhos, que aqui nascerão ou para aqui virão de todos os pontos do Globo, cansados de lutas fratricidas e sedentos de confraternidade.

Em pesquisa realizada em 26 países, pelo respeitado instituto IPSOS, para o ano de 2023 (veja aqui), o Brasil se sobressai como um dos países mais religiosos do mundo em praticamente todos os itens. Por exemplo, enquanto o exterior possui apenas 61% das pessoas que afirma acreditar em Deus, nós, brasileiros, somos 89%. Haveremos, ainda, de aumentar o número do que, pelo menos, reconhecem o Criador.

A religiosidade do brasileiro é menos formalista e mais aberta, por exemplo, o Brasil é o país no qual 76% da população ora, também, fora das igrejas. Somos o segundo no mundo com esse comportamento, a África do Sul tem 78%. Inquestionavelmente, podemos dizer: somos um país profundamente religioso e profundamente cristão, embora ainda tenhamos uma longa caminhada para cumprirmos nossa missão. 

O terceiro elemento desse trecho é a afirmação: aqui nascerão ou para aqui virão de todos os pontos do Globo, cansados de lutas fratricidas e sedentos de confraternidade. Atualmente, no cenário geopolítico internacional o Brasil é considerado como região de refúgio, em caso de conflitos que poderiam inviabilizar a vida no hemisfério norte, dado nossas características naturais e sociais.

E qual é a tarefa dos espíritas em relação à missão do Brasil? A resposta de Ismael, mais uma vez, deixa-nos ver a grandeza espiritual de nosso anjo guardião:

"A missão dos espíritas no Brasil é divulgar o Evangelho em espírito e verdade. Os que quiserem bem cumprir o dever, a que se obrigaram antes de nascer, deverão, pois, reunir-se debaixo deste pálio trinitário: Deus, Cristo e Caridade. Onde estiver esta bandeira, aí estarei eu, Ismael."

Primeiro destacamos que Ismael não tem qualquer resquício de partidarismo religioso, é um Espírito que, em nome do Cristo, cuida de uma nação com diversas concepções cristãs. Por isso, diz: os espíritas capazes de entender o lema do Cristo, expresso por Kardec, "Fora da Caridade não há salvação", podem e devem divulgar o Evangelho a todos, pois melhor do que ninguém estão aptos a compreender a grandeza de Jesus e não cair nas armadilhas das trevas, que geram discussões sobre pontos de importância menor que distanciam os imprudentes do Mestre.

Em seguida vemos a criação de um lema elevadíssimo: Deus, Cristo e Caridade. Um lema que contempla não apenas a essência do Espiritismo, mas, também, a de todas as denominações cristãs. Ismael não se manifesta com o partidarismo típico da inferioridade humana, apresenta um roteiro tão elevado que impede as pessoas que buscam seriamente o Cristo de criarem disputas ante fraternas a partir dele. Afinal, quem, em sã consciência, seria contrário a Deus, ao Cristo ou à Caridade?


Referências

ABREU, Canuto. Bezerra de menezes: Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil desde o ano de 1895. São Paulo: Luz Espírita, 2017.

Bíblia Sagrada. Nostrum Editora, 2014. Tradução de Almeida, João Ferreira. Edição do Kindle.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Brasília: FEB. Edição do Kindle.

BORGATELLO, Diego & b, MENDL, Michael (org). The Biographical Memoirs of Saint John Bosco, volume XVI, NEW ROCHELLE, NEW YORK: Salesian Society, 1995.

"Tem o Brasil um anjo guardião?" no site do Grupo Marcos.


Nossos comentários

Convergimos nossos pensamentos com o articulista aqui evocado: não temos dúvidas de que para o equilíbrio da obra divina tudo está sob uma bela, sábia e justa organização espiritual, e em tudo há hierarquia e ordem. Nestas condições, fica evidente a justeza da revelação espírita de que há Espíritos protetores em todas as agremiações, cuja elevação corresponde à grandeza dos propósitos das instituições. Um exemplo clássico é a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas — o centro espírita fundado por Allan Kardec em 1858 — cujo Espírito protetor era São Luís (rei da França no séc. XIII e canonizado pela Igreja Católica como santo padroeiro daquele país).

Ora, estando a nação brasileira destinada a cumprir uma importante tarefa nesse conjunto cósmico, é de se deduzir que seu anjo guardião seja de uma saliente envergadura espiritual, para que possa conduzir bem a missão desta terra abençoada. Pela qualidade das mensagens de Ismael e pelo testemunho daqueles que o confirmam, não temos razão para duvidar de que este seja o anjo guardião deste país — conquanto nós não defendemos esta nomeação sagradamente e nem descartamos absolutamente a possibilidade de equívoco aqui, e então estaremos prontos a reconhecê-lo, desde que se apresentem as devidas evidências.


Ufanismo religiosista brasileiro?

Há quem veja um ufanismo religiosista brasileiro nas revelações de que o Brasil tenha sido escolhido pela espiritualidade para ser o farol evangélico para a Nova Era. Pode até haver isso mesmo da parte de alguns descuidados, mas não vale para todos.

Ufanismo é o "orgulho exacerbado" por alguma coisa e muito em particular pelo país em que se nasce: um patriotismo exagerado, que beira ao menosprezo pelas outras nações, que se encaminha para a xenofobia, que é o sentimento que transita entre a desconfiança, o temor e a antipatia pelo estrangeiro. Que há ufanistas e xenofóbicos no Brasil, certamente há, mas em geral num percentual irrisório; a nossa tradição é a de acolhimento, o que é vistoso por todo o canto de nosso país. Aqui se convivem relativamente bem brancos, pretos, amarelos e outras cores mais.

Religiosismo de nossa parte? Sim, para um bom bocado de gente, mas não para todos, tampouco para os mais bem instruídos na Doutrina Espírita de Allan Kardec, que é explicitamente definida como "a obra do Cristo", a revivescência do  Cristianismo  o verdadeiro Cristianismo.

Ora, assim como outrora a espiritualidade estrategicamente concentrou esforços especiais em determinados pontos da Terra a fim de semear o progresso geral de todos os povos, ela bem pode definir novas etapas pedagógicas para a espiritualização de toda a humanidade privilegiando atividades num ou noutro lugar. A civilização Egípcia, a Filosofia na Grécia Antiga, o profetismo judaico, o Império Romano e a  Codificação do Espiritismo concentrada na França de Allan Kardec foram elaborações dos mentores espirituais da Terra — e não acontecimentos fortuitos. Portanto, não é de se estranhar que, com a derrocada do movimento espiritualista moderno na Europa, os missionários do Cristo se voltem para um terreno mais fértil.

E o que torna nosso chão mais fértil? É exatamente um ar mais espiritualista, mais religioso, que muitos podem tachar de "religiosismo" — que é uma visão pejorativa de religiosidade. O desprezo pela religião e pela prática religiosa (religiosidade) é algo próprio dos materialistas, que são justamente os antagônicos do Espiritismo. Logo, essa crítica é um contrassenso ao verdadeiro caráter espírita. Para os que ainda têm alguma dúvida sobre o caráter religioso natural no Espiritismo, recomendamos a palestra seguinte:

É bem verdade a religiosidade do nosso povo está longe da perfeição; há muito misticismo, superstição e exploração da fé alheia por nossas bandas. Todavia, onde mais o Espiritismo frutificou? Que povo civilizado, educado e inteligente pôde acolher a Revelação Espírita melhor do que o Brasil? Nem a América do Norte, nem a França ou qualquer outro país europeu conseguiu manter a chama da codificação kardecista. Mesmo que aos trancos e barrancos, é o povo tupiniquim que ainda mantém o Consolador ativo, e as pequenas células espíritas que respingam no exterior com certa notoriedade não são mais do que desdobramentos do arado brasileiro.

Não à toa, o Espírito Humberto de Campos assim definiu o cenário de nosso torrão, ante os planos da espiritualidade, numa mensagem de 7 de setembro de 1935, transmitida pela mediunidade do inesquecível Chico Xavier:

"E o Brasil, ainda que com sacrifícios ingentes, vem colaborando na disseminação da mensagem da imortalidade e da esperança."

Crônicas de Além-Túmulo, (Humberto de Campos) Chico Xavier

Mas, para todos os fins, devemos sempre lembrar que a nossa verdadeira pátria é a pátria espiritual, que a nossa verdadeira nacionalidade é a da fraternidade universal — ou, num termo mais atual: fraternidade multiversal. Desta feita, não convém nos apegarmos exatamente ao local geográfico, mas também nada justifica qualquer aversão à ideia de uma concentração estratégica.



A missão espiritual do Brasil

Não hesitamos em dar fé das revelações sobre a missão espiritual do Brasil e, por conseguinte, de todos nós que aqui estamos, e de outros tantos que para cá virão. Por outro lado, devemos estar bem cientes de que esta missão não traz em si nada de privilégio, mas de obrigações. Ser o "coração do mundo" e a "pátria do Evangelho" não significa ser um lugar perfeito, mas um lugar de aperfeiçoamento, cujo desenvolvimento não pode ser medido pela prosperidade material, mas pelo progresso espiritual. E pelo estágio evolutivo do nosso mundo, um lugar exemplar não é exatamente onde tudo esteja fisicamente em ordem, mas onde o trabalho flui, onde os valores morais possam se desenvolver, porque a obra ainda está em curso, e por vezes a calmaria arrasta as pessoas ao comodismo, à frieza e ao materialismo.

Além disso, faz bem sabermos que uma missão é dada como planejamento de uma meta a ser atingida cujo sucesso é circunstancial, dependente dos esforços dos envolvidos. A Grécia Antiga não conservou as virtudes da Filosofia da qual foi berço, os judeus não sustentaram a contento a aliança sagrada com Javé, a Igreja Romana deturpou a mensagem cristã, a França de Allan Kardec esqueceu-se do Espiritismo... O sucesso da missão espiritual das terras brasileiras não está garantido, e mais este fracasso não ficará sem consequências. Cuidemos para que o trabalho não venha a ruir de tudo.


Quem é o anjo Ismael

Definido por Allan Kardec como "A Terceira Revelação", o Espiritismo tem naturalmente uma profunda ligação com a tradição judaico-cristã, que por sua vez tem raízes bíblicas — que, fora suas excentricidades, carrega consigo as mais fortes marcas do trabalho da espiritualidade em prol da nossa humanidade. Não por acaso encontramos à frente da obra da Codificação do Espiritismo nomes  de protagonistas bíblicos e de estudiosos dessa referida cultura. Sendo assim, nada de nos espantarmos em reconhecermos o anjo guardião do Brasil como um dos personagens da Bíblia.

Ismael e sua mãe Agar no deserto, pintura de Karel Dujardin.

Sobre Ismael, recomendamos o vídeo a seguir, que faz parte do curso "AG- Anjo Guardiã" da nossa plataforma de estudos online PEADE:

Veja também sobre Ismael na Wikipédia.


A questão FEB

Apesar de todas as evidências, há em grande parte do nosso movimento espírita uma negação tanto da missão espiritual do Brasil, quanto da instituição do Espírito Ismael como o guia espiritual nacional. Essa negação é acirrada principalmente por conta da "questão FEB", que sintetizaremos assim:

Na nascente do movimento espírita no Brasil, os nossos confrades se dividiram em dois segmentos básicos: os "cientificistas" e os "místicos", sendo cada uma dessas definições dada pelo grupo oposto, claro, em tom ofensivo. De um lado, um grupo que pretendia restringir  ou pelo menos priorizar — o estudo e a prática da doutrina no aspecto científico e filosófico, então acusando o outro grupo de místicos por conta de verem neles um exagerado apelo religioso; do lado oposto, via-se que o principal preocupação do Espiritismo deveria ser o lado moral, reconhecendo-o como o resgate do Cristianismo autêntico, e estes acusavam os confrades do outro grupo de cientificistas por verem neles uma exagerada preocupação com o lado técnico dos fenômenos e certo desprezo com a questão religiosa.

Em suma, essa briga foi muito prejudicial para todos. Vez ou outra surgiam de ambos os lados tentativas de conciliação. A que mais surtiu efeito foi a que resultou na criação de um entidade representativa nacional, fundada como Federação Espírita Brasileira - FEB, para a qual tanto se doou o venerando pacificador Dr. Bezerra de Menezes. Mas ficaram os resquícios daquela briga histórica e um desentendimento grave em torno da "questão Roustaing" (saiba mais aqui): a elite febiana permaneceu roustainguista e, por conta disso, os que não aceitavam essa doutrina estranha como parte do Espiritismo alimentaram uma rejeição à FEB. Dai, muitos "antifebianos" colocaram no mesmo bojo Roustaing, a religiosidade natural do Espiritismo, a revelação de Ismael e da missão especial do Brasil para a espiritualização do mundo. Só que aqui nós vemos um erro crasso de anacronismo, quando algumas pessoas supõem que teria sido a FEB quem criou a ideia do anjo Ismael e da Pátria do Evangelho: estas revelações precedem a fundação da FEB e, como bem escreveu Carlos Luiz no artigo acima, são validadas até mesmo fora do movimento espírita institucionalizado no Brasil.


Para uma atividade mais positiva

Pensando positivamente, devemos nos esforçar para um entendimento geral a fim de contribuir com os projetos da espiritualidade, pois não basta ter uma ideia, ter um guia espiritual e toda a comunidade de Espíritos trabalhando por nós se nós mesmos não contribuirmos com a obra — até porque esta obra é exatamente para nós.


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Ao tratar do ofício dos anjos guardiões em O Livro dos Espíritos, especialmente a partir da questão 489, a Codificação do Espiritismo nos deixa claro que a ação efetiva dos protetores do Além dependem da cota de nossas obrigações, e que quanto mais nos associamos a eles, mais nos tornamos íntimos e melhores serão as realizações. O mesmo livro trata também das consequências da ingratidão para aqueles que desprezam os cuidados do seu tutor espiritual.

À visto disso, podemos perguntar: como o nosso movimento espírita atual pode colaborar melhor com os planos de Ismael e de Jesus?

De nossa parte, pensamos que, primeiramente, estudando e fortalecendo nosso entusiasmo na seara do Cristo; depois, divulgando esta doutrina de luz, que é o Espiritismo, entre aqueles cujo coração e mente estejam abertos para crescer espiritualmente.

Contamos com a colaboração de todos.


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