"Nossa Nova Caminhada" - livro com psicografias de jovens vítimas da Tragédia da Boate Kiss


Há quase quatro anos a cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi palco de uma tragédia que comoveu o Brasil inteiro. No triste episódio em questão, 242 pessoas — jovens, em geral — morreram vítimas de um incêndio ocorrido numa casa de show: a Boate Kiss (veja a matéria aqui).

A Tragédia de Santa Maria, como ficou conhecido aquele episódio, foi recentemente relembrada em decorrência de um outro suplício coletivo: a queda do avião com o time da Chapecoense (veja aqui a matéria), o que reacende o interesse popular em obter mais informações sobre desencarnações coletivas — o que acaba favorecendo a que muitas famílias se abram para a Doutrina Espírita, cumprindo assim exatamente um dos grandes propósitos de uma tragédia: alertar as pessoas sobre as questões espirituais, uma vez que a bonança ou mesmo a trivialidade de uma vida as acomodam e retardam seu desenvolvimento espiritual.

Mas, o que queremos evocar neste artigo é a repercussão de uma iniciativa que  tiveram alguns pais daqueles jovens vitimados na boate Kiss, quando eles se juntaram e lançaram um livro com uma coletânea de cartas póstumas de seus filhos, psicografadas por quatro médiuns.



O livro "Nossa Nova Caminhada" foi lançado próximo do segundo aniversário da tragédia: novembro de 2014. Ele foi assinado por Lidiana Beteza e traz no seu frontispício a inscrição "Psicografias de sete jovens que desencarnaram na Boate Kiss em janeiro de 2013 em Santa Maria, Rio Grande do Sul".


As psicografias foram feitas entre junho de 2013 e agosto de 2014, em centros espíritas registrados na Federação Espírita Brasileira. Os médiuns que receberam as psicografias publicadas no livro são Luiz Cláudio Sousa, da Casa Fraterna Francisco de Assis, Carlos A. Baccelli, do Lar Espírita Pedro e Paulo, Alaor Borges Júnior, do Lar Espírita Irmã Valquíria, todos de Uberaba (MG), e Nilton César Stuqui, do Centro Joanna De Angelis, de Passo Fundo.


A TV Mundo Maior também deu cobertura ao lançamento do livro, trazendo uma análise sobre tragédias coletivas e o caso de Santa Maria.



Eis Alguns trechos das cartas compartilhadas na obra "Nossa Nova Caminhada":


"Estou melhorando e só a saudade é que me maltrata tanto."
"Agradeço todas as homenagens que nos fizeram, mas acredito que de momento estamos precisando de muitas orações. E peço a todos os brasileiros que orem por nós...".

Daniela Betega Ahmad


"Pai e mãe, estimaria vê-los distantes de quaisquer protestos que não me trarão de volta. Vamos lembrar que os responsáveis também têm famílias e não tiveram qualquer intenção quanto à tragédia acontecida. Pensemos no fato como uma fatalidade e hoje já começamos a entender um pouco em sentido mais profundo, do que nos ocorreu do ponto de vista da lei de causa e efeito."
"Em vidas que se foram, mamãe e papai, não raro, nos transformamos em incendiários e não foram poucos os filhos que, em nossas atitudes de violência apartamos dos braços carinhosos de seus genitores."
"Realmente ninguém deve ser considerado culpado pelo que nos sucedeu. Que o episódio naquela casa de espetáculos, em Santa Maria, simplesmente nos sirva de advertência para que sejamos cuidadosos, sobretudo, no respeito que nos cabe devotar aos nossos semelhantes."

Guilherme Pontes Gonçalves


"Aos nossos familiares e amigos, retornem a Santa Maria, levando a certeza de que a vida não termina com a morte. Nós não nos sacrificamos em vão, porque a partir do que sucedeu no último 27 de janeiro as nossas autoridades passaram a ficar mais atentas, zelando para que tragédias semelhantes não continuem ceifando tantas existências promissoras."
Stefani Posser Simeoni


"Mãe e pai, estamos todos vivos, e isto é o que basta. Eu sei que até parece que minha atitude de agora, possa suscitar um possível ato de covardia, mas não é verdade, mãe, estamos precisando mudar os ares de Santa Maria, carecemos de modificar as vibrações de nossa cidade, procurando orar mais uns pelos outros, inclusive pelos infelizes irmãos proprietários da boate, que também têm suas famílias, que não desconheço têm sofrido ameaças e agressões de todos os tipos de criaturas de ânimos mais destemperados."
Leonardo Schopf Vendruscolo

"Mãe e pai, eu e meu irmão tudo fizemos para tentar preservar a nossa vida, mas o tumulto, a gritaria, o desespero, se responsabilizou por tudo que já sabemos."
"Agradecemos, eu e meu irmão, as fotos espalhadas na casa; e na carteira e na bolsa da senhora. Saibam que não nos perderam. Tivemos que ir ali pensem assim, daqui a pouco nós voltamos."

Marcelo de Freitas Salla Filho, irmão de Pedro de Freitas Salla Filho, que também morreu na tragédia da boate Kiss


Mariângela Pontes Gonçalves, mãe de Guilherme, sustenta que há detalhes nas cartas psicografadas que somente o filho poderia saber. Por isso, ela não tem dúvidas quanto à veracidade das mensagens.

"São muitos detalhes íntimos, detalhes de dentro de casa. Tem coisas que não teria como o médium saber, já que lá só se diz o nome da pessoa. Isso nos dá uma certeza absoluta de que elas são verdadeiras"  ela afirma.

“Não se preocupem. Em sua maioria, estamos todos bem”, está escrito em uma das cartas do menino. "Isso nos trouxe um conforto, uma paz no coração. Única coisa que a gente quer saber é se nossos filhos estão bem, aqui ou lá"  completa Mariângela.

Para adquirir o livro, acesse aqui a página O Livreiro.



Comentários

  1. Meu sonho receber cartas dos meus pais e entequeridos próximos saber como estão.

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    1. Como eu queria saber de meus filhos tbm...para uma mãe não há coisa melhor em saber como os filhos estão... creio que um dia vamos ser merecedores de acalentar meu coração só assim terei paz

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