18 de abril: aniversário do marco inaugural da Doutrina Espírita


Há exatos 161 anos, portanto, em 18 de abril de 1857, as luzes do Espiritismo, sistematizado na Doutrina Espírita, eram lançadas oficialmente através de um compêndio intitulado O Livro dos Espíritos assinado por um até então desconhecido autor: Allan Kardec, publicado e apresentado ao público na galeria do Palais Royal, o mais importante centro de discussão sócio-político de Paris, França.

Palais Royal (Paris, França)
O LIVRO DOS ESPÍRITOSPalco de históricos acontecimentos, em meio aos seus clássicos cafés sociais, aquele palácio então deu vez a exposição de uma obra que revolucionaria aquela geração, sendo o marco de uma Nova Era para a Humanidade, pois que trazia o sumo da mais extraordinária novidade do Século XIX: os fenômenos espirituais, que deram partida ao movimento que ficou registrado como Espiritualismo Moderno — conforme se lê em Arthur Conan Doyle.


As manifestações dos Espíritos eram abundantes, tanto naquela França quanto em todas as partes do Mundo. Porém, delas, basicamente, só serviam os curiosos, os místicos e os interesseiros. As pessoas consideradas sérias temiam envolver-se com tais ocorrências — seja pelo terror que a Igreja fazia, em oposição às manifestações, seja pela banalidade com que comumente se tratava seus efeitos. O que se via  de comum era o jogo de perguntas e adivinhações junto aos Espíritos nos espetáculos rotulados de Mesas Girantes.


Sessão de Mesa Girante com a médium Linda Gazzera
Apesar dessa frivolidade, aos olhos de todos, inegavelmente, no fundo havia sim um elemento interessante nos fenômenos extrafísicos, faltando apenas alguém que, com seriedade, tomasse a dianteira e ousasse perscrutá-los — desafiando o clero e o choque de reputação. Esse pesquisador pioneiro e destemido então foi Allan Kardec.


Allan Kardec
Doravante O Livro dos Espíritos, homens nobres da política, dos quarteis, das academias de ciências e, enfim, de toda a sociedade parisiense, passaram a examinar com mais atenção o que a espiritualidade vinha bradar aos terrenos, que estavam então mergulhados num profundo materialismo — seja por descrédito às crenças (especialmente em virtude dos abusos cometidos pela opressão religiosa da Igreja Católica e pelo assustador fanatismo dos reformistas protestantes), seja em virtude da ilusão de um bem-estar humano a partir da Revolução Industrial e das novas doutrinas filosóficas inauguradas com o Iluminismo.

A Doutrina dos Espíritos trazia soluções simples e racionais para as grandes questões filosóficas que intrigavam a Humanidade desde os clássicos gregos. Sua mensagem de ética e de moral, resgatando a Boa Nova do Cristo, tocou os corações dos pensadores vanguardistas, aqueles realmente inclinados à reflexão intimista e ao bem comum. Seus conceitos referentes às capacidades e ao exercício da mediunidade especialmente vieram como salva-guardas para os médiuns e seus entes queridos — ambos aflitos pelo desconhecimento das faculdades e, principalmente, pelas consequências dos efeitos das manifestações, que na maioria dos casos, eram involuntários da parte dos sensitivos. O Espiritismo vinha explicar e regular o ofício seguro dos médiuns, livrando-os da acusação de loucura, demência, satanismo e charlatanismo.

Embora o trabalho tenha sido inspirado e administrado pela espiritualidade, deve-se a Allan Kardec os créditos da codificação do ensino dos Espíritos. Com sua esplêndida capacidade pedagógica, ele copilou de forma metódica os elementos básicos da nova Revelação, de maneira que prática e ao mesmo tempo consistente, permitindo que todos se beneficiem das propostas da Nova Era, sem permitir contradições que afetem a engenhosidade do sistema, garantindo que finalmente se possa ver nas leis da natureza divina os princípios de sabedoria, justiça e bondade — ao contrário do que as religiões e seitas plantaram da figura de Deus.

É bem verdade também — e infelizmente — que houve oposição: não por conceito ou razão filosófica, mas por sistema, por interesses variados. Conforme fora prenunciado, uma grande investida foi lançada contra o Espiritismo e, especialmente em decorrência de duas grandes guerras mundiais — sem contar a sorrateira Guerra Fria —, a França e, por conseguinte, a Europa inteira praticamente arremessou a Revelação Espírita às fileiras do misticismo.




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Cabe a nós, espíritas, a cada novo 18 de abril hastear a bandeira de nossa venerável Doutrina e propagar a iluminação que o Espiritismo derrama à Terra. Portanto, mobilizemos em massa os conceitos kardecistas nas mídias, nas praças, nas ruas e, acima de tudo, em nossas consciências.

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