A religião dos futuros deputados federais e os sete cavalheiros espíritas
Em uma séria de matérias recentes, o G1 - Portal de Notícias da Globo retratou estatísticas sobre o perfil e comportamento dos deputados federais eleitos para o próximo mandato (2019-203), e, dentro dessa série, uma reportagem mostra o levantamento quanto a religião praticada ou definida por cada membro da futura composição da câmara, o que nos motiva uma reflexão.
Eis a seguir o quadro com o apurado da pesquisa, lembrando que a Câmara é formada por 513 representantes:
A reflexão que propomos é exatamente sobre a relevância de uma pesquisa como essa e, evidentemente, sobre os efeitos concretos das preferências religiosas dos excelentíssimos deputados eleitos, com um enfoque especial sobre possíveis cenários com um percentual mais favorável para o número de espíritas dentre aqueles que vão legislar e cuidar da fiscalização do Governo pelos próximos quatro anos.
Poderíamos pensar que não passa mera especulação ou curiosidade banal sabermos sobre o pensamento religioso dos políticos, uma vez que, pelo comodismo cultural, as pessoas muitas vezes se declaram desta ou daquela fé sem muita noção e responsabilidade de assumir um epíteto de "cristão" ou "ecumênica", mesmo dentre pessoas qualificadas como são — ou deveria ser — aquelas que ocuparão assentos tão importantes numa nação tão grande quanto o Brasil. Além disso, o fato de se dizer "desta religião" não gabarita o declarante a ser um fiel cumpridor dos preceitos morais da fé que declara. Muitos dos nomes sondados são de deputados reeleitos, os quais a população mais politizada já conhece bem, inclusive de escândalos de corrupção — prática essa que não encontra suporta em nenhuma denominação religiosa séria.
Contudo, é importante anotar que, se a grande maioria dos membros da Câmara são um tanto alheios à religião, alguns são ferozmente apegados às suas ideologias religiosas e até mesmo fizeram carreira política exatamente com o amparo desse quesito, e, uma vez eleitos, eles agem partidariamente para atuar em defesa do que eles julgam por interesses da fé. Desses, é saliente a chamada "bancada evangélica", sendo uma preocupação corriqueira dela o alargamento de privilégios da sua categoria, como bem sabemos — o que não deixa de ser um apelo sectarista e até com prejuízo para o todo. Isto é característico de um pensamento de que haja "povos eleitos", "gente santa" ("aqueles que professam a minha fé"), o que implica dizer que os demais ("os que não são da minha religião") sejam excluídos dos mesmos benefícios, uma vez que são uma espécie de "hereges".
É mesmo uma pena que a mentalidade política do nosso povo seja tão estreita e os "representantes do povo — todo o povo brasileiro" sejam algumas vezes tão mesquinhos.
E quais as relações desses números com o Espiritismo?
Bom, a primeira coisa que nos toca é ver o baixíssimo número de "espíritas" na referida composição: 7 deputados federais eleitos se declararam espíritas, o que representa 1,36% da casa — um pouco menos do percentual apontados pelo Censo 2010, que é de aproximadamente 2% de toda a população brasileira.
Como a reportagem não descrimina os declarantes — aliás, esta era uma das condições da pesquisa, justamente para não constranger nenhum entrevistado a assumir uma posição religiosa — nós desconhecemos quem sejam esses sete espíritas. Também não podemos sondar se por "espirita" eles consideraram apenas os ditos "espíritas kardecistas" ou se ajuntaram as chamadas crenças afins à prática da mediunidade, o que envolveria possivelmente aderentes à umbanda, candomblé etc.
Mesmo imaginando esses sete deputados como "autênticos e bons espíritas", como diria Kardec, ainda assim somos forçados a reconhecer que sua força será mínima na Câmara, onde os números fazem muita diferença, ainda que o poder de persuasão destes sete cavalheiros sejam extraordinárias e consiga arrebanhar outras colegas para uma mesma linha de pensamento quando das deliberações que o novo Congresso fará nos próximos anos.
E que diferença faz o percentual de espíritas na política?
Da mesma forma como já o fizemos em tantas oportunidades neste canal, defendemos que a Política é um campo essencial no qual os bons espíritas devem atuar cada vez com mais proatividade no intuito de promover as transformações da sociedade em vista dos planos espirituais de acelerar a evolução da Humanidade. E muito nos espanta que alguns pensadores espíritas consideram que o Espiritismo nada tem a ver com o campo político.
Partindo do nosso ponto de vista, um maior percentual de representantes políticos conscientes das responsabilidades espirituais — que a Doutrina Espírita inexoravelmente imprime nos seus adeptos — possibilitaria na elevação da qualidade das decisões da Câmara. Por menos sensível que seja um iniciado no Espiritismo, este é, de alguma forma, um iniciado nos conceitos espirituais no que consideramos as Leis Naturais, e por mais fraco que seja moralmente, o é menos fraco a partir de estar ciente dessas leis. Além disso, a quantidade também induz a qualidade. Portanto, quanto mais espíritas elegermos, maior a probabilidade de dentre estes certificarmos bons espíritas com um mandato político. E bons espíritas implica diretamente em bons políticos, para todo o povo, sem partidarismos, sem sectarismo.
Nossa posição não quer dizer que fazemos apologia a todo e qualquer candidato que se diga "espírita", e ainda menos aqueles que nisso veriam um filão a ser explorado, um trampolim para fazer carreira política. Estes, ao contrário, repudiamos veementemente — especialmente porque seria um péssimo exemplo para a imagem do Espiritismo e acabaria por inibir e frear o avanço dos espíritas na política. Todavia, pessoalmente, reconhecendo num candidato um espírita de longa data, de clara postura quanto às deliberações mais sérias, em acordo com os preceitos elevados da espiritualidade, este se credencia a um voto de confiança, mais do que um outro candidato qualquer que desconheça esses anseios de que eu compartilho.
Nossa prece é que esses sete cavalheiros sejam e atuam nos seus mandatos como bons espíritas e lancem sementes para que outros tantos confrades ingressem e tenham êxito na Política, em favor do bem comum.
Não sei se estou exagerando em que neste blog está dizendo que estes sete espiritas são exemplo de boa conduta?
ResponderExcluirIndependente de qual religião ou doutrina a pessoa segue o que realmente conta são suas condutas perante ele e aos outros.
Absolutamente, não é o que dissemos, até porque os desconhecemos, inclusive em razão de os nomes não terem sido revelados (aliás, condição proposta pela pesquisa feita pelo G1); o que dissemos é, em tom de prece, inclusive, que esperamos que sejam bons espíritas, bons políticos e representem bem os valores espirituais em seus votos no Congresso, que é o que se espera de todos os congressistas, mas destes, ditos espíritas, cobramos mais, pela responsabilidade que o conhecimento da doutrina lhes imputa, sejam lá quem forem. Esperamos que tenhamos esclarecido tudo. Muita luz para você e abraço de toda equipe Luz Espírita.
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