Projeto Cartas de Kardec: divulgação de mais um manuscrito restaurado


Como já é sabido, a Luz Espírita apoia o projeto Cartas de Kardec (saiba mais) e acredita que esse material venha a contribuir sensivelmente para o aprofundamento — e até poderíamos dizer "reformulação" — do estudo doutrinário espírita, posto que em nosso movimento ainda circulam muitas controvérsias. E, por conta disso, trazemos aqui mais uma peça recuperada do acervo do Dr. Canuto Abreu disponibilizada pela equipe responsável pelo projeto.

Trata-se de uma comunicação de Allan Kardec endereçada ao senhor Pâtier, narrando um pouco sobre a chegada do primeiro exemplar de O Livro dos Espíritos e como foram conduzidas as pesquisas que levaram a concepção do livro.

Confira:

Fotocópia da carta original de Kardec

Folha 1

Folha 2

Transcrição datilografada do texto original

Tradução para o português

Os aspectos mais interessantes que vemos nessa carta são:
  1. Kardec enfatiza que a autoria da Doutrina Espírita pertence aos Espíritos missionários, que ele reconhece como seus professores. Portanto, o codificador não a credita a si mesmo;
  2. Temos aqui um personagem novo para a historiografia do Espiritismo: o Sr. Pâtier, de quem ainda não temos informações, senão que se refere a uma pessoa de "nobre caráter", como assinalou Kardec, e que, com sua "abalizada opinião", influenciou positivamente o professor Rivail no começo das pesquisas espíritas — o que nos inspira a pesquisar mais.
  3. A propósito, precisamos nos certificar se o Sr. Pâtier não é o mesmo Sr. Fortier, o magnetizador que aparece em Obras Póstumas (2ª parte, "A minha primeira iniciação ao Espiritismo"), na transcrição atribuída ao codificador dizendo "Foi em 1854 que pela primeira vez ouvi falar das mesas girantes. Certo dia, encontrei o magnetizador, Senhor Fortier, a quem eu conhecia desde muito tempo". Considerando que Obras Póstumas — obviamente, publicado após a desencarnação de Kardec — foi editado por terceiros, ou mais precisamente por Pierre-Gaëtan Leymarie, e que seu conteúdo desde há muito tem levantado suspeitas (veja nosso artigo "Kardec fraudado em Obras Póstumas"), é possível ter havido erro nesta grafia, ainda mais que "Pâtier" e "Fortier" não são assim tão diferentes. E para não ficarmos na suposição de que talvez o erro gráfico tivesse sido de qualquer tradução brasileira, temos que o livro original em francês oferecido pela Biblioteca Nacional da França (Galica) grafa exatamente "Fortier" (veja aqui o ebook Œuvres Posthumes) Então, averiguemos isso!
Louvamos, portanto, essa oportunidade histórica de resgatarmos parte dos arquivos de Kardec, que são patrimônio do Espiritismo ou, melhor avaliando, patrimônio da Humanidade.

Compartilhe e apoio você também esse projeto.

Feal: Fundação Espírita André Luiz

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