"Como parei de fuma", depoimento de um espírita

Recebemos uma mensagem de um confrade, de quem diremos apenas o primeiro nome: Luiz, que segue nossas publicações e também é um assíduo audiente do Programa Evangelho no Lar Online, que (mais informações aqui), contendo nesta mensagem um depoimento de superação (vencer o tabagismo), exatamente após ouvir numa edição do referido programa, quando foi comentado sobre a necessidade de superarmos os vícios.

Sendo o vício do cigarro ainda tão comum em nossa geração e tão dificilmente enfrentado, julgamos por bem compartilhar essa experiência, narrada por nosso correspondente com final feliz para ele e também para seu pai, a fim, quem sabe, de servir de incentivo e até inspiração para aqueles que sofram com esse tipo de viciação, posto que é sabido por todos dos malefícios que o tabaco faz com o organismo físico, e acrescentamos: também danoso ao perispírito (o corpo espiritual).

Segue a narração do nosso confrade:


Como Parei de Fumar

Minha história como fumante é igual ou semelhante a milhares de outras que se pode encontrar por aí, em qualquer lugar: comecei a fumar na adolescência, escondido dos pais, como gesto afirmativo para fazer parte de um grupo. Daí a virar um hábito e depois um vício foi um pulo. Fumei e muito (dois maços por dia) até os trinta e poucos anos. Para ser mais exato parei aos 31, em 1987 (não lembro dia e mês, e isto não é importante).

Como todo bom fumante, tentei parar várias vezes, sempre afirmando que poderia parar quando quisesse. Essas tentativas, que variavam entre alguns poucos dias até vários meses de abstinência, sempre terminavam em frustração e volta envergonhada: fumava escondido no começo e assumidamente dependente depois, embora sempre afirmando que fumava porque gostava e não porque era dependente. Em todas as vezes, apenas uma razão é que me fazia voltar a fumar: sempre continuava sentindo vontade de fumar. Esta vontade nunca desaparecia e, no final, qualquer desculpa era a motivação para apenas um cigarrinho, que logo depois eram dois, três e ... pronto! Voltava com força total. Uma dica para aqueles que estão ainda tentando parar: evitem o álcool. É impressionante! Acaba com qualquer força de vontade e torna praticamente irresistível a volta ao vício.

Mas em 1987 aconteceu algo diferente e, para mim, fez com que eu parasse de fumar em definitivo. É uma experiência pessoal e ninguém precisa acreditar. Talvez não venha a funcionar com mais ninguém, mas aconteceu e (já que muitos gostam de métodos e provas científicas) consegui reproduzir a experiência com meu pai que fumava o dobro que eu e há muito mais tempo.

Como já disse, eu fumava muito (dois maços, em média, por dia) e como todo bom fumante, eu não tinha o menor respeito pelos não fumantes ao redor. Fumava em qualquer lugar, sempre que me dava vontade. Nesta época eu trabalhava em uma multinacional europeia no Brasil, na área de informática. Naquela empresa, naquela época, eu era das poucas pessoas que fumava. Todo mundo reclamava e eu pouco me importava com isto.

Um dia virei chefe de uma área e, obviamente, continuei fumando. A diferença, é que pararam de reclamar. Aí, quando percebi, fiquei muito incomodado. Não tinha saída, precisava parar de fumar na empresa. Eu sabia que não conseguiria, pela quantidade de cigarros que fumava e grau de dependência que tinha. Como fazer?

Bom, nesta mesma época, eu frequentava a Federação Espírita do Estado de São Paulo, FEESP, na Bela Vista bairro central de São Paulo, fazendo já há alguns anos, uma série de cursos por lá. Adianto que acredito no espiritismo de Alan Kardec, considero-me espírita, mas não frequento centros espíritas (hoje frequento, mas à época deste texto, não frequentava). Achei que era a hora de pedir ajuda. Adianto também que na FEESP e no espiritismo em geral, apesar das recomendações contra o cigarro, álcool e drogas (o início do livro Nosso Lar, de André Luiz, é um muito bom exemplo), não há cursos ou instruções sobre como parar com estes vícios.

Sem modelos a seguir, decidi parar (muito importante tomar a decisão), sabia que devia (muito importante ter a motivação), mas também sabia, pelas minhas experiências anteriores, que acabaria voltando se algo diferente não acontecesse.

Com esta preocupação, parei o cigarro sem contar para ninguém e comecei os terríveis três primeiros dias da abstinência que são de uma tortura só: você não consegue pensar direito, não consegue sequer focar corretamente a visão ou ouvir direito, mas é importante não se isolar. Se você voltar a fumar você sentirá fraco perante os demais, e isto funciona como mais um fator de motivação. Ao contrário, se você se isolar, fica mais fácil desistir. Como eu já havia passado por isto antes sabia que a partir do quarto dia as coisas seriam mais fáceis.

O negócio era aguentar e resistir. Para aumentar a pressão, eu tomava café normalmente. O pior momento era o cigarro depois do café, depois das refeições. Mas fiquei firme. O problema, eu sabia, viria depois. Como manter a decisão de parar se a vontade de fumar persistisse? Sabia que só pela vontade, mais cedo ou mais tarde, por um motivo qualquer, acabaria voltando. Foi aí que a ajuda entrou.

Nestes três dias, aproveitei todos os momentos que pude e orei pedindo ajuda. Faria a minha parte, mas precisava de ajuda para resolver a questão de vez. E fui atendido!

Simplesmente isto: em três dias eu perdi a vontade de fumar e, mais que isto, o cigarro passou a me incomodar. Nunca mais fumei, exceto como fumante passivo, mas reclamando muito. Depois de algumas semanas fiz até o teste decisivo: tomei algumas cervejas com alguns amigos fumantes e, em relação ao cigarro, só senti o incômodo da fumaça alheia.

Cheguei a comentar o caso na FEESP, mas me olharam com desconfiança e deixei para lá. Minha esposa, na época, hoje não mais, acompanhou e testemunhou o caso. Todavia, para ela o modelo não serviu. Mas precisava testar o modelo e o fiz com meu pai (hoje já falecido, vítima de enfisema pulmonar causado pelo cigarro).

Como havia dito, meu pai fumava o dobro que eu e há muito mais tempo. Mas tinha a vantagem de ser espírita (diferente de mim, ele era médium vidente e frequentava centros espíritas). Um dia, na casa dele, quando ele acendeu um cigarro, comecei a falar com ele, num discurso espírita sobre o cigarro e como ele teria que responder por isto mais tarde. Ele fez que não ouviu e continuou fumando. O assunto acabou por aí.

No dia seguinte, recebi uma ligação de meu pai dizendo que quando tinha ido deitar e estava acendendo o último cigarro do dia, uma entidade que sempre o acompanhava surgiu e pediu que ele pensasse um pouquinho no que eu havia dito. De imediato, meu pai jogou fora os cigarros e, usando o método que eu havia explicado, nunca mais fumou. Também com ele depois de alguns poucos dias desapareceu a vontade de fumar. Sinceramente, o caso de meu pai foi mais impressionante que o meu.

Como disse antes, é uma experiência pessoal e ninguém precisa acreditar. Aliás, nem a FEESP acreditou, mas garanto que funcionou pelo menos para mim e meu pai.

Luiz.


Comentários

  1. História que deve ser respeitada e talvez até, para os estudiosos da DE, ser estudadaa/analisada. Uma humilde opinião de um espírita, há pouco mais de 1 ano!
    Tenho um parente próximo também fumante que há anos diz que vai parar e não consegue. Problema é que de longe não pratica nenhuma atividade espiritual. Se estiver aberto a conhecer estes 2 exemplos, até penso em conversar com ele.

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