Lançamento: "As edições de O Livro dos Espíritos - Volume I"
Os espíritas normalmente proclamam que o 18 de abril de 1857 é o marco inaugural do Espiritismo, ou seja, a Doutrina Espírita. A razão para a classificação desta data é bem simples: aquele foi o dia em que o codificador da doutrina, Allan Kardec, publicou a primeira edição de O Livro dos Espíritos, obra cujo propósito principal era exatamente o de fazer uma apresentação dos conceitos fundamentais da síntese kardequiana acerca do movimento que havia virado febre nos principais centros sociais sobretudo da Europa e Estados Unidos, mas também presentes em todos os continentes do globo terreno.
Data bem ajustada, não?
E quando hoje as pessoas minimamente sensatas estudam este livro, dizem consigo mesmas algo do tipo: "Que obra magistral!"
Bem, mas o que muita gente não sabe é que O Livro dos Espíritos lido atualmente é um tanto diferente daquela primeira edição, no sentido de ter sido ampliado: enquanto a edição final conta com 1019 questões, a edição lançada em 18 de abril de 1857 continha cerca de metade desse número. Tanto é que, ao publicar a sua segunda edição, revisada e ampliada (1860), Kardec anunciou:
"Na primeira edição desta obra, anunciamos uma parte suplementar. Devia compor-se de todas as questões que ali não puderam entrar, ou que circunstâncias ulteriores e novos estudos deveriam originar. Mas como todas se referem a alguma das partes já tratadas, e das quais são o desenvolvimento, sua publicação isolada não teria apresentado nenhuma continuidade. Preferimos aguardar a reimpressão do livro para incorporar todo o conjunto, e aproveitamos para dar à distribuição das matérias uma ordem muito mais metódica, suprimindo ao mesmo tempo tudo quanto tivesse duplo sentido. Esta reimpressão pode, pois, ser considerada como obra nova, embora os princípios não tenham sofrido nenhuma alteração, salvo pouquíssimas exceções, que são antes complementos e esclarecimentos do que verdadeiras modificações."Revista Espírita, março de 1860 - 'O Livro dos Espíritos, 2ª edição'
Para um bom estudioso espírita, portanto, convém fazer uma apreciação comparativa entre a edição inaugural e a edição definitiva, já que são, de certo modo, "duas composições" — conquanto mantenham a coerência com todos os fundamentos doutrinários do Espiritismo.
Saiba mais sobre O Livro dos Espíritos na Enciclopédia Espírita Online.
Uma razão bastante óbvia para fazer esse estudo comparativo é para se observar a evolução do pensamento e das ideias do autor nesses dois momentos. Ora, tudo era novo no segundo momento: ao lançar a primeira edição, por exemplo, o autor era um total desconhecido, se comparado com a fama de que desfrutava quando da publicação da edição revisada e ampliada, ao lado já do sucesso da Revista Espírita e do prestigio da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; o próprio Kardec já estava mais maduro, melhor ciente da natureza dos fenômenos mediúnicos e do manejo mesmo do movimento espírita do qual era o líder — "o Mestre", como diziam seus confrades.
Pois então, para facilitar essa empreitada, a do estudo comparativo entre a primeira edição e a versão final editada por Kardec, a equipe do site Obras de Kardec está produzindo uma série de obras com esta finalidade, sendo que pôs à disposição de todos o PDF do volume I de As Edições de O Livro dos Espíritos, correspondente à transcrição dos textos originais em francês (veja aqui) já se preparando para lançar o volume II, então com a tradução das duas versões.
- As Edições de A Gênese - vol. I (textos originais em francês)
- As Edições de A Gênese - vol. II (traduções para o português
- As Edições de O Céu e o Inferno - vol. I (textos originais em francês)
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