O trabalho "A ciência não mata Deus" de Marcelo Gleiser vence o Prêmio Templeton 2019
O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser foi notificado ontem (9 de janeiro) que é o vencedor do Prêmio Templeton 2021, sendo ele o primeiro latino-americano a alcançar este feito. A sua ideia central é: "A ciência não mata Deus", um apelo claro à humildade intelectual e sensato reconhecimento de que o desconhecido abunda o Universo, cabendo a todos um esforço para um diálogo produtivo entre ciência e espiritualidade.
Veja o vídeo oficial da fundação:
O Prêmio Templeton foi criado em 1972 e é mantido pelo Instituto John Templeton (site oficial), como o objetivo de "servir como um catalisador filantrópico para descobertas relacionadas às questões mais profundas que a humanidade enfrenta". Sir John Marks Templeton (1912-2008) foi um investidor, banqueiro, gerente de fundos e filantropo britânico nascido nos Estados Unidos. É lembrado como um dos maiores filantropos da História, tendo distribuído mais de 1 bilhão de dólares para causas de caridade. Embora fosse membro da igreja presbiteriana, Templeton ignorava os dogmas e destinou parte de sua fortuna para apoiar pesquisas científicas acerca da realidade espiritual, disse ele em entrevista à revista Financial Intelligence Report, três anos antes de seu falecimento: "Estamos tentando persuadir as pessoas de que nenhum ser humano ainda compreendeu 1% do que pode ser conhecido sobre as realidades espirituais. Portanto, estamos incentivando as pessoas a começarem a usar os mesmos métodos da ciência que têm sido tão produtivos em outras áreas, a fim de descobrir realidades espirituais." Assim é que o Instituto que carrega seu nome acaba de premiar o nosso conterrâneo físico e astrônomo. Saiba mais sobre John Templeton na clicando aqui (em inglês).
O carioca Marcelo Gleiser tem 60 anos e há decadas vive atualmente nos Estados Unidos, onde ensina física e astronomia no Dartmouth College, em Hanover, New Hampshire. Ele já teve mais de 100 artigos revisados e publicados até o momento e pesquisas sobre o comportamento de campos quânticos e partículas elementares e a formação inicial do universo, a dinâmica das transições de fase, a astrobiologia e as novas medidas fundamentais de entropia e complexidade baseadas em teoria da informação.
Como agnóstico, ele entende ser inacessível o entendimento sobre as questões metafísicas, defendidas pelas religiões (por exemplo: a existência de Deus, a imortalidade da alma, o sentido da vida etc.) por serem questões que escapam ao método empírico convencional da ciência para uma comprovação cabal. Até por isso razão disso, seu trabalho se destaca por demonstrar que ciência e religião não são inimigas. "A compreensão e a exploração científica não é apenas sobre a parte material do mundo. Minha missão é trazer para a ciência e para os interessados na ciência esse apego ao mistério. Fazer o público entender que ciência é apenas mais uma maneira de entendermos quem somos", disse Gleiser no vídeo que anuncia o prêmio.
Em 2016, com o apoio da fundação John Templeton, o brasileiro fundou o ICE (Instituto de Engajamento à Interdisciplinariedade) em Dartmouth, com a ideia de promover o diálogo construtivo entre as ciências naturais e humanas, seja na esfera pública ou acadêmicas. Gleise afirma: "O ateísmo é inconsistente com o método científico. Devemos ter a humildade para aceitar que estamos cercados de mistério."
Glieser se tornou muito popular no Brasil em 2006 depois do lançamento da série de vídeos "Poeira das Estrelas", apresentada pela Rede Globo no programa Fantástico (veja aqui).
Sua voz, bastante respeitada pela comunidade científica, é um alento à sensatez em meio a um mar de arrogância e frieza de homens letrados que não enxergam muito além de suas pretensões materiais. Desta forma, parabenizamos nosso compatriota e vibramos para que seu trabalho frutifique cada vez mais.
Ele vai receber 1,1 milhão de libras esterlinas, o equivalente a R$ 5,5 milhões. A cerimônia de premiação será dia 29 de maio, em Nova Iorque. Em edições anteriores, a fundação já premiou outras 48 pessoas, dentre as quais Madre Teresa (1973), Dalai Lama (2012) e o Arcebispo Desmond Tutu (2013).
A iniciativa do Instituto John Templeton não é isolada. No mês passado, tivemos a satisfação de anunciar aqui o concurso promovido pelo BICS - Bigelow Institute for Consciousness Studies (Instituto Bigelow para Estudos da Consciência, criado e patrocinado pelo magnata americano Robert Thomas. Bigelow) que consagrou entre os premiados o trabalho do trio de pesquisadores brasileiros Alexandre Caroli, Raphael Fernandes Casseb e Marina Weiler, que desenvolveram um ensaio sobre a obra psicográfica de Chico Xavier (saiba mais aqui).
São iniciativas como essas, da John Templaton Foundation e do BICS, que nos enchem ainda mais de esperanças no sentido de que nossa gente desperte para os valores espirituais. Que venham mais filantropos, que venham mais pesquisas e que esses trabalhos inspirem mais e mais a humanidade a olhar para Deus e a espiritualidade.
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