domingo, 23 de dezembro de 2018

"Cura segundo o Espiritismo pelo exemplo de Jesus" por Marcelo Henrique


Yeshua bar Yosef, Jesus de Nazaré, ou, simplesmente, para mim, o Magrão, foi o maior médium de cura de que já se teve notícia.

A par de todas as alegorias contidas no Evangelho, e da tentativa de mitificação do personagem, atribuindo-lhe poderes paranormais ou supranormais, ele sempre fez questão de delimitar o escopo de sua atuação mediúnica. Dizia ele, aos seus diletos seguidores: "Não vos maravilheis de tudo o que faço. Vós sois deuses. Brilhe a vossa luz. Tudo aquilo que eu faço, vós também podeis fazer".

E exemplificou cotidianamente. Aqui, era a mulher hemorroísa, ali o cego de nascença, outro mais além, coxo, ou um leproso, ainda um endemonhado. A "ressurreição" do filho único da viúva e de Lázaro, seu grande amigo. Talvez, até, a orelha do centurião, decepada por Simão. Foram muitas — e surpreendentes, para aquele povo tão atrasado espiritualmente - as curas. Ditas como milagres, porque "afrontavam" o posto, o estabelecido.

Talvez, também, aí resida o grande "ciúme" de fariseus e saduceus, bem como dos sacerdotes de Caifás. E do próprio oficialato romando. Os "poderes" de Jesus eram tantos e tão proeminentes, que a sua propagação levaria, certamente, a levantes e às ameaças aos poderes — temporal, militar romano e religioso, judaico.

As curas são parte da Doutrina dos Espíritos, porque encampam uma tipologia mediúnica característica. E não se faz necessário a AUTO-AFIRMAÇÃO de serem "espíritas" os seus protagonistas ou ministrantes. A mediunidade é atributo da HUMANIDADE e nunca foi nem será patrimônio dos espiritistas. Mesmo que consideremos ser, a Doutrina de Kardec (e não os arremedos ditos como "complementares" produzidos pelos médiuns psicógrafos brasileiros) a que melhor explicita, explica e qualifica a fenomenologia mediúnica, ela está presente em todo e qualquer lugar, lembrando o adágio que teria sido dito, a séculos atrás, de que "o vento sopra onde quer".

Presente entre as civilizações da ancestralidade terrena, na forma de pajés, feiticeiros e pitons, ela atravessa as eras humanas, da barbárie à civilização e encontra terreno fértil no presente, onde, ao que parece, as mazelas corporais, psíquicas, psicológicas, afetivas e espirituais parecem alcançar níveis de ápice.

Receber, no trabalho espírita, que se baseia na fraternidade e na caridade é um desafio e tanto. Recepcionar os "sofredores" do corpo e da alma, recomendando-lhes, como fez Yeshua, para "que não mais pequem", ou seja, para a descoberta íntima, em si mesmos, da causa dos infortúnios e das dores, assim como ensinar-lhes, caso estejam dispostos e interessados, acerca das "coisas do espírito", é a tarefa grandiosa e diuturna de uma agremiação baseada em Kardec.

Ainda assim, como todos somos muito imperfeitos e apenas estagiamos junto à LUZ, que tenhamos o compromisso, como asseverou o Carpinteiro, de separar o que compete "a Deus" do que seja de Mamom. Se os recursos, os donativos, ou o dinheiro, propriamente, são necessários para as ações materiais — manter a instituição "de pé", funcionando e atendendo — que jamais vinculemos o atendimento espiritual a pagas de qualquer ordem nem subordinemos o atendimento a qualquer classificação que decorra do exame das qualificações e honrarias de que seja, o paciente, portador.

Em suma, tratar com isonomia a todo adentrante ao trabalho, para mitigar suas dores, agindo por si, com suas faculdades e na simbiose com as Inteligências Superiores que nos assistem. A equação da CURA, portanto, engloba tríplice fundamentação, metodologia e essência: 1) o merecimento do paciente (enfermo do corpo e/ou da alma); 2) a participação efetiva de um Espírito (Bom ou Superior); e, 3) a utilização da faculdade mediúnica.

Na rotina do dia-a-dia de trabalhos nas instituições espíritas, que o lema seja o Amor e que a bússola seja o Esclarecimento.
Marcelo Henrique

Um comentário:

  1. Bem escrito. Parabéns. Acrescento: do mesmo modo que desenvolvemos a medicina para o corpo físico, o fazemos para o corpo espiritual. Assim como a medicina é um serviço executados por médicos e enfermeiros para a sociedade no mundo físico, também é no mundo espiritual. O qual abriga cidades de todas as culturas e países. O espírito será atendido na sociedade e cultura que viver, que tiver acesso. Mas há outro entendimento de CURA que é aquela em que a pessoa cura a si própria, pois nossos corpos, físicos e espirituais, possuem recursos para tal. Como isto se dá tem sido estudado aqui e nas cidades espirituais. Não dominamos a Natureza, apenas um fragmento, e por isto, quando ocorre uma cura que não entendemos dizemos que foi Deus, que foi um milagre. E cada cultura, cada religião explica a Cura e Deus de uma forma. O fundamento espírita, a filosofia que o define e orienta, considera a ciência. Já a doutrina moral é outra coisa, trata-se de uma construção que opera nas consciências e objetiva a convivência fraterna. O estudo da Natureza, fisica e espiritual, é assunto da ciência. No caso da ciência espírita o objeto de estudo é o espírito e o único acesso de que dispomos é a mediunidade. Logo a mediunidade deve ser estudada cientificamente. Isto não impede que a mediunidade seja instrumento de comunicação da doutrina moral. Mas são coisas diferentes. A Natureza é amoral. A moral é nossa, construída por nós, cada sociedade e cada cultura constrói uma a cada tempo. Se uma doença dependesse da moral como se explicaria as doenças dos animais? As doenças são próprias da Natureza e nos cabe estudar a natureza, pois somos parte dela. Há um Deus Moral e há o Deus que criou o Universo e opera através das leis da Natureza. O Moral varia com as culturas. o Deus Universal é eterno e é o meu Deus!

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