Mídia: "Médiuns acusados de abusos sexuais - um alerta para o Movimento Espírita"


Acusações de exploração sexual envolvendo o médium João de Deus ganha repercussão de escândalo nacional após denúncia de, até agora, doze testemunhas. Apesar de não ser "espírita", no sentido estrito do termo, o trabalho de tratamento espiritual realizado pelo médium goiano — que tem reconhecimento internacional — desperta especulações diversas que costumam ser usadas intencionalmente pelos antipáticos ao Espiritismo para deturpar a imagem da nossa doutrina, e acende um sinal de alerta para um cuidado especial que as casas espíritas devem ter ao oferecer serviços ao público.

Ontem, no programa Conversa com Bial da Rede Globo, doze mulheres deram declarações estarrecedoras contra João de Deus acusando-o sobre abusos sexuais, detalhando as formas diversas do médium aproveitar-se das sessões de supostos tratamentos espirituais para curas físicas para então atentar contra o pudor das suas "pacientes".

Veja aqui a reportagem do G1 sobre as acusações.

A matéria da Globo também dá conta de uma nota vinda da "assessoria de imprensa" da Casa D. Inácio de Loyola, em Abadiânia de Goiás (onde João de Deus presta seus serviços mediúnicos publicamente) negando veementemente todas as acusações e salientando que há 44 anos o médium vem servindo à causa sem qualquer vestígio de "prática imprópria em seus atendimentos".

Médium João de Deus

Supostos abusos sexuais em centro espírita

Não faz muito tempo outro conjunto de denúncias semelhantes ganhou notoriedade nacional, daquela vez, em um centro — dito  espírita: o caso foi em Curitiba, capital do Paraná, contra o presidente da instituição e suposto médium Maury Rodrigues da Cruz. Mais de sessenta testemunhas de acusação — incluindo adolescentes — relataram que foram molestadas em sessões de "troca de energias".

Veja aqui a reportagem do programa Fantástico.

Maury Rodrigues da Cruz

Maury também repudia as denúncias e acusa um grupo que, segundo ele, estaria interessado em desmoralizá-lo publicamente e então afastá-lo do comando da instituição para que esse mesmo grupo assumisse a direção da Sociedade Brasileira de Estudos Espiritas, que, além do centro espírita, administra mais uma creche e uma faculdade.


Alerta geral

Centros espíritas costumam receber abertamente um público regular (os chamados frequentadores da casa) e outros "pacientes" que vêm esporadicamente em busca de serviços do tipo "limpeza espiritual" ou "cura", de enfermidades, muitas vezes, desenganados pelos médicos. Para tanto, há uma certa banalização da aplicação do "passe espírita", inspirado nos tratamentos do Magnetismo Animal de Mesmer. Têm-se aí, habitualmente, uma espécie de clínica espiritual, envolvendo então dois segmentos: 1) os pacientes; e 2) os "trabalhadores da casa".

E aí surge a primeira questão básica: os tais "trabalhadores" são todos bem preparados para o tal "serviço espiritual"? Para começar, em sendo uma instituição espírita, eles são "bons espíritas"? São todos conhecedores da codificação espírita?

A discussão pode ser alargada ainda mais: esses "serviços espirituais" são mesmo autênticos? E, mesmo considerando a autenticidade mediúnica, eles são bem aplicados e úteis ao "paciente" e à causa espírita?

Para tais questões, a propósito, um livro que recomendamos é Terapia Espírita, de Louis Neilmoris, cujo eBook está disponível em nossa Sala de Leitura.

Não ousamos emitir um julgamento sobre os casos específicos aqui expostos — pois isto é tarefa da justiça civil, bem como a esta já foram encaminhados os devidos processos, certos também de que, acima das instâncias terrenas, há ainda a infalível justiça divina. Todavia, convém nos atentarmos à possibilidade real desses tipos de abusos em instituições espíritas, pelo que, é preciso que os dirigentes se atentem com todo o cuidado possível em prevenir que isso ocorra, porque, fora os danos pessoais aos que estivem diretamente envolvidos com essas abomináveis fraquezas morais, igualmente a imagem do Movimento Espírita fica arranhada com tais escândalos.

Allan Kardec bem que advertiu os espíritas, exemplarmente nas edições da Revista Espírita, quanto a necessidade de não darmos aos "inimigos do Espiritismo" motivos para más críticas, porque estes antipáticos à nossa causa sabem muito bem se apropriar desses escândalos para espalhar o joio sobre o trigo e atravancar o progresso da espiritualização da humanidade.

Prevalece a máxima do Cristo:

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação;
o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca."
(Mateus, 14:38)

Comentários

  1. "O Espiritismo é uma ciência que trata da origem, natureza e destino dos espíritos e da nossa relação com eles". Infelizmente, estamos esquecendo todas as recomendações de Allan Kardec no trato com as atividades e práticas espiritas. Estamos, equivocadamente, trocando a meta essencial da casa Espírita que é a educação e reequilíbrio do espírito imortal perante as leis divinas, pela fascinação transitória do corpo. Nessa esteira, arrastamos todas as possibilidades de erros advindos das obsessões, desvios doutrinarios, desvio de missão da casa espirita, mistificações etc. O preço a pagar pelo movimento espirita, ja tão cheio de dificuldades em virtude da desunião, será alto, mas que sirva pelo menos para refletirmos sobre a verdadeira missao do espiritismo.

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  2. Eu acredito que seja uma armadilha de
    Pessoas que não são espíritas com o intuito de desmoralizar a doutrina espírita perante a sociedade mundial.
    Essas pessoas não são espíritas.
    O Brasil é celeiro da doutrina espírita. Peço para a POLÍCIA CIVIL E
    FEDERAL investigar essas mulheres e deportar do País para suas cidades de origem seja qual forem. Às brasileiras
    Que estiverem mentindo dá uma pena máxima para nunca mais ocorrer no Brasil esse episódio.
    Para mim é montagem de outra religião.
    Senhor Presidente da República desejo que vossa excelência mande investigar
    Essas mulheres para botar a limpo a acusação EM tópico.
    Luz e Paz
    PAZ profunda fraternal
    Gratidão

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  3. A doutrina espírita é formada pela crença no cristianismo mas definida por sua filosofia. O espiritismo ou movimento espírita é formado por pessoas que se entendem espíritas ou simpatizam com o espiritismo, mas não necessariamente pessoas que conhecem a filosofia espírita e a moral cristã por ela orientada. Portanto é natural que encontremos no meio denominado espírita pessoas que procedam de forma indigna. Isto acontece em todos os movimentos e religiões. Cabe ao espíritas, exclusivamente, o zelo pelas condutas dos centros espíritas. Cada centro espírita é uma sociedade civil independente e alguns podem ter pessoas indignas em suas diretorias e entre os médiuns e servidores da casa. Fundamental é divulgar o que é o espiritismo, sua filosofia, a fé que confronta a razão face a face. Se isto for feito continuadamente provavelmente teremos menos seguidores, mas ficaremos com aqueles que estudam e compreendem a doutrina, sua filosofia e suas práticas. Afastaremos os fantasiosos, os milagreiros, as águas fluidificadas, as cromoterapias e toda sorte de fantasias inventadas para chamar a atenção e atrair pessoas. O trabalho do espírita é atrair as pessoas através da fé raciocinada.

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  4. Concordo com sua colocação, Daniel. A disciplina é o maior repelente àqueles que ainda não estão preparados para servir.

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  5. Vejo também outro aspecto relevante: a responsabilidade dos voluntários em qualquer empreendimento, espírita ou não. Nesse caso, se confirmada as denúncias, a influência desse médium foi tão controladora que por mais de 40 anos centenas, ou milhares de trabalhadores que com ele trabalhara nada perceberam de estranho?

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