quarta-feira, 6 de março de 2024

EQMs perturbadoras: relatos de quem esteve quase morto e teve más experiências espirituais

Quando se fala em EQM - Experiência de Quase-Morte, normalmente os relatos são "belos e tranquilizadores", em que os pacientes contam terem atravessado um túnel cheio de luzes coloridas, ao som de uma agradável melodia, para então se encontrar num lugar luminoso, harmonioso, onde se deparam com seres acolhedores, tais anjos; mas, há casos desagradáveis e alguns até bastante perturbadores, que inclusive deixam sequelas psicológicas preocupantes. Este é o apontamento especial publicado por uma pesquisa científica realizada pela Dr. Beatriz Carunchio, pós-doutoranda pelo Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, junto a 350 brasileiros que relataram ter passado por uma EQM. E os relatos são surpreendentes.

A reportagem desta pesquisa foi publicada no portal de notícias G1 desta quarta-feira e pode ser acessada por este link.

No Facebook a doutora mantém uma fanpage chamada Pesquisa em EQM - by Inspirati, por onde descobrimos que ela é autora de um livro a respeito de suas experiências profissionais no campo da EQM: Experiência de Quase Morte: um breve guia para profissionais da saúde.

A excepcionalidade da publicação da Dr. Beatriz Carunchio é mesmo os tipos de EQMs perturbadores, ajudando a ampliar o entendimento comum sobre os ditos casos de quase-morte, mostrando a realidade de que "nem tudo são flores", como muitos simplistas entendem o mundo espiritual, numa ingênua ilusão de que "tudo vai ficar bem na outra vida" de forma imediata e sem o devido esforço pessoal — como se as coisas se arranjassem automaticamente. O tema realmente merece uma reflexão aprofundada. Antes, porém, vejamos uma breve contextualização.


O que é uma EQM

A definição da Wikipédia é:

O termo Experiência de Quase-Morte - EQM refere-se a um conjunto de visões e sensações frequentemente associadas a situações de morte iminente, sendo as mais divulgadas a projeção da consciência (também chamada de "projeção astral", "experiência fora do corpo", "desdobramento espiritual", "emancipação da alma" etc.), a "sensação de serenidade" e a "experiência do túnel". Esses fenômenos são normalmente relatados após o indivíduo ter sido pronunciado clinicamente morto ou muito perto da morte, daí a denominação "EQM". O termo "experiência de quase morte" (em francês, "expérience de mort imminente"), foi proposto pelo psicólogo e epistemólogo francês Victor Egger em 1896 em Le moi des mourants como resultado das discussões no final século XIX entre filósofos e psicólogos, relativamente às histórias de escaladores sobre a revisão panorâmica da vida durante quedas. O interesse popular pelas EQMs se iniciou devido principalmente ao trabalho do psiquiatra e parapsicólogo norte-americano Raymond Moody em seu best seller Vida Depois da Vida (1975).

Pela janela abaixo, você pode assistir ao filme-documentário sobre o trabalho de pesquisa do Dr. Raymond Moody sobre EQM:

A exemplo do trabalho do Dr. Moody, há mundo afora inúmeras pesquisas científicas muito respeitadas, inclusive no Brasil. Recentemente, aliás, nós demos nota de uma interessante publicação envolvendo ciência e espiritualidade, intitulada Ciência da Vida após a Morte, livro assinado pelos acadêmicos Alexander Moreira de Almeida, Marianna de Abreu Costa e Humberto Coelho.

As EQMs, de fato, são uma das maiores evidências científicas da imortalidade da alma e da vida espiritual.


EQM desagradáveis e perturbadoras

Conforme a pesquisa da Dr. Beatriz Carunchio, em seu estudo com 350 pessoas do Brasil, o fenômeno das vivências desagradáveis ou perturbadores afetou 14% dos pacientes em geral e 51% dos pacientes que correram risco de morte. Ela indica que as condições que desestabilizaram o paciente podem sugerir do tipo de elemento predominante na EQM:

"Pacientes intoxicados, alcoolizados, com overdose de drogas ou mesmo sob o efeito de medicamentos com efeitos sobre o nível de consciência podem apresentar EQM com aspectos bizarros e confusos, enquanto pacientes que têm EQM após parada cardiorrespiratória apresentam, caracteristicamente, experiência fora do corpo. Já aqueles que se depararam com o risco de morte repentino, como em um acidente, apresentam marcadamente prevalência de elementos cognitivos, como revisão da história de vida, distorção temporal ou aceleração do pensamento." — Dr. Beatriz Carunchio.

São vários tipos de relatos, cada qual descrevendo particularidades interessantes. A partir disso, a psicóloga pesquisadora classifica o "nível de perturbação" em casos de EQM em três graus; ou seja, ela define 3 tipos de EQM perturbadora, conforme o nível de dor, medo e incerteza vivenciados pelos pacientes.

O relato a seguir, classificado no nível 3 (o mais grave), é de um engenheiro de 42 anos, católico, que se afogou. Após a experiência, ele desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático e distúrbios do sono:


As consequências psicológicas — mais ou menos graves — para quem passou por tal situação é basicamente associar a má experiência com a própria conduta, supondo-se ou temendo ser reputado "um mau caráter". O exemplo disso é a continuação do relato acima:

"Não gosto de contar isso porque ou acham que sou louco ou então acham que sou uma má pessoa por ter ido pra esse lugar. Eu acho que fui para o inferno. Nada nunca mais foi igual. Não tem uma noite que eu durmo bem e não tenho pesadelo com isso. Sinto uma falta de ar, me sinto vigiado pelo mal."

Por outro lado, a má experiência pode resultar deliberações positivas, como se vê pelo que consta na sequência do mencionado depoimento:

"Quando penso nisso, tenho medo e muita vergonha. Não sou uma pessoa ruim. Espero que tudo se ajeite, espero ser bom e também ser mais próximo de Deus."

Ora, conforme entendemos que nada acontece por acaso — sobretudo algo tão sério e impactante quanto uma EQM dita perturbadora —, não podemos ver de outra forma senão como uma "providência espiritual" semelhantes casos; de alguma forma, as pessoas que a vivenciam estão recebendo o benefício de um "alerta especial" e um convite a mais para um recondicionamento na vida carnal atual. É claro que não é o caso de a pessoa se perturbar e se culpar a partir da ideia de que ela seja de mau caráter, mas que sempre há o que melhorar; muitas vezes se trata de uma pessoa comum, que não faz maldades deliberadas, que segue sua vida normal, trabalhando e pagando honestamente seus impostos, alguém que seja até mesmo "uma boa pessoa". Só que talvez o seu planejamento reencarnatória tenha sido mais ousado: não basta não fazer o mal, nem ser "bonzinho"; é preciso fazer o bem, e em determinadas circunstâncias, de acordo com os seus recursos — materiais, intelectuais e morais —, há que se fazer um bem muito maior do que a pessoa tem feito.

Para fugir das consequências perturbadoras de uma má experiência de quase-morte, uma boa terapia com um profissional da Psicologia pode ser imprescindível, mas se essa terapia se fundamentar sobre o padrão materialista, aí é possível que o "alerta" e o "convite" perca seu efeito. Em todos os casos, o estudo sério e conveniente da Doutrina Espírita será extremamente positivo, porque tudo passa pela necessidade de conhecermos as responsabilidades do nosso Espírito e das oportunidades que temos em nossas vivências físicas.

A propósito, para quem ainda não conhece, nós temos um ambiente de estudos online do Espiritismo, totalmente gratuito e facilmente acessível: é a PEADE, a nossa Plataforma de Estudos Avançados da Doutrina Espírita.

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