"A morte é muito sofrida? O que vai acontecer comigo quando eu estiver morrendo?" por Regis Mesquita


Recebemos o artigo a seguir, assinado por Régis Mesquita, responsável pelo blog Nascer Várias Vezes, e pensamos ser de interesse geral as reflexões oferecidas, pois se trata de um tema dos mais relevantes para todos nós: a morte. Aqui, especificamente, o pensador disserta sobre detalhes do momento da passagem da vida carnal para a vida espiritual e, daí por diante, da readaptação do Espírito que retorna ao seu habitat natural, desencarnado, mas possivelmente ainda muito condicionado ao psiquismo da rotina material.

Para a análise de todos:


A morte é muito sofrida? O que vai acontecer comigo quando eu estiver morrendo?
por Regis Mesquita

Há muito cuidado com o nascimento e há muito cuidado com todo o processo do morrer, que pode durar anos. O espírito que desencarna não fica abandonado. Ao contrário, há amparo e orientação; cabe ao espírito aproveitar ou não a oportunidade do amparo.

A morte é conhecida do espírito, mas desconhecida do corpo e da mente. Este desconhecimento é a maior fonte de medo e insegurança frente ao retorno ao plano espiritual. Quando a pessoa morre há o renascimento para o plano espiritual.

As pessoas se perguntam: é muito sofrida esta passagem que chamamos de morte?

A resposta é: normalmente não é sofrida. É um momento intenso, forte e protegido. Porém, existe uma variação muito grande de experiências do morrer. Existe desde o espírito que não tem consciência do desencarne até o espírito que se desliga da vida material terrena com serenidade e dela se afasta. As diferentes condições do pós-morte dependem de alguns fatores, os principais são citados a seguir:

a) o momento e a forma pela qual a morte ocorre.

b) do que foi cultivado (crenças, valores, sentimentos, etc.) durante os anos da encarnação.

c) da cultura em que a pessoa viveu sua encarnação.

Para grande parte da população a morte é uma transição forte, porém suave. Abaixo reproduzo uma prova desta suavidade (retirada do livro Nascer Várias Vezes, pag. 201):

“Raymond Moody, pesquisou as experiências de quase morte (EQM) e publicou os resultados em seu livro Vida Depois da Vida. Ele pesquisou pacientes que passaram pela situação ultrarradical de morte iminente. Os relatos dos pacientes, em sua maioria, não têm nada de assustador. O que essas pessoas costumam relatar é: sentimento de paz interior, sensação de flutuar acima do seu corpo físico, visão de 360 graus, ampliação de vários sentidos, sensação de viajar através de um túnel intensamente iluminado."


Como é o momento da morte?

No geral, a morte não é ruim. Para vários é um momento muito difícil antes, durante e após a morte. Para todos é sempre intensa e protegida. A mente entra em estado alterado de consciência, o que facilita a passagem de um “lado para o outro”. É comum o espírito que volta ao plano espiritual sentir que está iniciando uma nova fase de vida. Outros ficam confusos, perdidos, delirando uma realidade inexistente. Como tudo na vida, o resultado depende em grande parte do que foi cultivado durante os dias vividos na face da Terra.

Observe: muitas vezes os parentes pensam que a pessoa em estado terminal está sofrendo. Porém, muitas e muitas vezes quem sofre é quem fica, pois quem está partindo está em paz. É muito comum a pessoa próxima à morte estar “se desligando” e a família sofrendo. De novo, a morte é intensa e é uma tarefa difícil. Mas, também é protegida e repleta de descobertas e insights.

“A morte é uma experiência radical demais para ser comparada com a vida cotidiana. Vou compará-la a uma situação radical de sobrevivência: uma mulher nadou no escuro sabendo que os outros membros da sua família talvez estivessem mortos. Em meio ao pânico e sentindo a morte muito próxima, uma 'estranha tranquilidade' se apossou dela. Ela pouco sentia o corpo, apenas nadava, tranquila. Ela sentiu paz, uma paz profunda. Ela se desligou da realidade, era um vazio, uma completa falta de sentido. Ela não sabe como conseguiu sobreviver.”

“Já ouvi este mesmo tipo de relato de muitos pacientes ao descreverem suas mortes em outras encarnações. Em meio ao pânico, medo e tensão aparece a paz, o distanciamento, o desligamento e a entrega. Estudos feitos com homens bomba, cujas bombas falharam e eles foram presos, descrevem as mesmas sensações. Eles iam para o suicídio sem medo, sentiam leveza e paz. Estavam em estado alterado de consciência.” 

Este estado alterado de consciência, esta paz que acompanha milhões de pessoas (mas não todo mundo) nos seus momentos finais de vida, é pouco valorizado pelos familiares. Todavia, é muito importante respeitar seu familiar quando a paz vier; jamais confunda paz com desistência de lutar. A luta agora é outra: é retornar, da melhor forma possível, à vida espiritual.


Depois da morte vem o pós-morte.
A readaptação ao plano espiritual:

Passada a morte em si, vem a abertura para a nova realidade, o pós-morte. Boa parte dos espíritos passam por este momento de readaptação com suavidade. Para alguns espíritos que não se entregam, não desligam ou que trazem acúmulos de negatividades, o pós-morte pode ser terrível. O sofrimento desses espíritos pode durar séculos. Todavia, da mesma forma que há cuidado com o nascimento, há muito cuidado com o espírito que desencarna. Definitivamente, não somos abandonados. Nem os piores espíritos são abandonados. Eles terão que evoluir, terão que superar provas, terão que pagar os seus débitos, mas terão apoio e amparo. Se forem espertos mudarão suas escolhas e aceitarão a ajuda. Caso não façam isso estarão prolongando o próprio sofrimento.

Ou seja, para morrer em paz e se readaptar com tranquilidade no plano espiritual é importante desenvolver desapego, se preparar para este momento cultivando qualidades nobres e se entregar para esta mudança, quando chegar o momento.


Dicas para o processo do morrer ser mais suave:

1) comece a cultivar agora o desapego.

2) responda aos desafios da vida com paz interior – desenvolva sabedoria. (A morte bem vivida envolve aceitação e adaptação. Assim também deve ser sua vida.)

3) tenha uma vida útil. (Para o espírito “dói muito” na readaptação no plano espiritual a percepção de que teve uma vida pouco útil. As dificuldades de readaptação aumentam muito, principalmente porque quem não é útil está sempre fortalecendo algum defeito. Por exemplo, a pessoa que não ajuda a si e ao próximo constantemente está reforçando a preguiça.)

4) Não considere nem a morte e nem a doença como derrota ou motivo de vergonha. São momentos desafiadores que fortalecem quem os enfrenta com sabedoria e serenidade.

5) Procure ler e estudar bons livros que expliquem o sentido da reencarnação do espírito.

6) Ajude e apoie uma ou mais pessoas no seu processo de adoecimento e morte. (Com as famílias menores e maior expectativa de vida, as pessoas estão vivendo sem ter contato direto com a morte. Tudo o que é muito distante e desconhecido torna-se fonte de medo e insegurança.)

Estas são algumas dicas do que você pode fazer a partir de hoje para tornar mais suave seu desencarne futuro.

Toda a sabedoria que você acumular te ajudará na encarnação atual, no plano espiritual e nas próximas encarnações. Te ajudará inclusive no momento em que você estiver renascendo para o plano espiritual, o momento da morte.

Não tenha medo da morte. Tenha medo de não aproveitar esta vida para desenvolver qualidades e sabedorias.

Regis Mesquita

Fonte: Blog Nascer Várias Vezes


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