"Ainda Estamos aqui": o que há de possivelmente real nos recursos mediúnicos explorados no filme da Netflix
O drama romântico Ainda Estou Aqui já mal foi lançado pela Netflix (estreou na semana passada) e já é um sucesso de audiência, além de bem aclamado pela crítica. O filme explora temas comoventes como luto, autoaceitação e fé, especialmente adentrando na fenomenologia espiritual e recursos mediúnicos. No enredo principal, Tessa (Joey King) é uma jovem carregada de problemas familiares e de descrença no amor que, no entanto, acaba se enamorando por Skylar (Kyle Allen); o namoro é interrompido por um acidente automobilístico do qual o rapaz acaba falecendo; a partir de então a estória se desenrola com sucessivas manifestações físicas do Espírito, não exclusivamente à amada namorada, mas em situações diversas envolvendo outras pessoas. O que nos interesse, portanto, é conversarmos sobre as possibilidades reais dos fenômenos retratados no filme, porque — imaginamos — muita gente que o tenha assistido talvez esteja se perguntando: é possível mesmo que um Espírito provoque tais efeitos no nosso mundo material?
Vamos ver isso.
Comunicabilidade dos Espíritos
"Quem morreu morreu e não volta mais pra contar" é um ditado popular muito falso. A História da Humanidade é repleta de exemplos de manifestações espirituais, algumas das quais, aliás, deu vida a diversas religiões. Deus instituiu como uma lei natural o intercâmbio entre os irmãos desencarnados e encarnados como forma de solidariedade, experiências evolutivas e demonstração da imortalidade da alma; sem a comunicabilidade dos Espíritos, nunca saberíamos que há vida além da morte e toda a espiritualidade não passaria de uma mera invenção humana.
Portanto, sim, os "mortos" se comunicam no mundo material, porque esta é uma vontade de Deus. Isso não quer dizer que todos os defuntos vão conseguir se manifestar, porque há circunstâncias que implicam na questão, sobretudo pelo critério da utilidade da comunicação pretendida; mas é certo que o fenômeno mediúnico é uma realidade, quem nega a interação entre homens e Espíritos o faz por ignorância, por não conhecerem o fenômeno, ou o negam por uma ideia sistemática, por puro preconceito mesmo. Todavia, quem não estiver convencido da veracidade do animismo e da mediunidade, pode e — principalmente se tiver verdadeiro interesse pela verdade — fatalmente descobrirá essa realidade mediante estudo e experimentação bem dirigida. O Espiritismo, a propósito, é a melhor escola para essa descoberta.
Perispírito: a chave dos fenômenos
Muitos questionam a possibilidade de um Espírito se manifestar no nosso mundo material e provocar efeitos físicos, como por exemplo mover objetos, já que eles não têm mais corpo material nem mãos para "pegar" e "empurrar" as coisas da nossa dimensão, e por isso alguns até riem de um relato desse tipo. Mas a chave para esta questão é bem simples e se chama perispírito.
Podemos imaginar que o nosso corpo de carne e osso não passe de uma camada física de que o Espírito se reveste para nascer e viver em nesta dimensão terrena, e que a morte representa o ato desse Espírito se despir dessa roupa carnal (daí porque se diz "desencarnar"). Com efeito, retirada essa camada, o Espírito preserva um corpo espiritual que em Espiritismo chamamos de perispírito; esse corpo espiritual é, de alguma forma, um corpo também material (Allan Kardec às vezes falava em uma forma "semimaterial"), só que de uma dimensão que nossos sentidos comuns não alcançam: não vemos, não escutamos nem tateamos. Entretanto, em condições especiais, certos Espíritos podem manipular essa material perispiritual e torná-la perceptível para algumas pessoas — os médiuns — através de uma combinação mental, tal como acontece numa rede telefones celulares, que se ligam por uma frequência comum (o sinal da operadora). Nesse caso, o Espírito pode transmitir mensagens que podem ser convertidas no cérebro receptor do médium em diversos formatos (como as mídias que o aparelho celular decodifica e transforma em texto, áudio, imagem, vídeo etc.) fazendo com o que um encarnado possa ouvir o que o Espirito queira dizer, assim como pode ver a imagem que o desencarnado projeto, e ainda pode tocá-lo e sentir as mesmas sensações do desencarnado. E isso sem contar num tipo extraordinário de manifestação que é o da materialização, em que o Espírito faz do médium uma espécie de impressora 3D retirando dele um fluido (espécie de gás) — comumente chamado de ectoplasma — que se condensa e forma um objeto material que todos podem ver, tocar, fotografar, porque é de fato uma coisa, um corpo material.
Mais sobre ectoplasma na Enciclopédia Espírita Online.
Através do perispírito, podemos então dizer que os desencarnados têm mais do que mãos ainda mais dinâmicas do que as nossas mãos carnais e, com isso, eles podem manipular as coisas do nosso mundo — e até com mais recursos do que nós encarnados.
Tipos de manifestações
No filme Ainda Estou Aqui o rapaz desencarnado se manifesta à namorada de diversas formas. Vejamos algumas delas.
Em outro momento da trama, a moça chega a ver o Espírito, faculdade essa que chamamos de mediunidade de clarividência, ou simplesmente vidência. Novamente aqui, o médium não vê com os olhos, mas a imagem espiritual se formula em sua mente conforme é transmitida pelo Espírito comunicante.
Também no mencionado romance se vê o desencarnado provocando alguns dos chamados fenômenos de efeitos físicos, em que o agente espiritual manipular objetos materiais, como por exemplo, fazer um telefone tocar. — Isso também seria possível? — Sim, conforme experimentos já registrados em pesquisas conhecidas como Transcomunicação Instrumental - TCI, em que os seres do além conseguem interferir nas ondas eletromagnéticas de aparelhos audiovisuais (rádio, televisão, telefone etc.) e ali deixar um recado que será interpretado pelos aparelhos receptores.
Saiba mais sobre TCI - Transcomunicação Instrumental.
Em dado momento do longa-metragem Skylar se "apossa" da mão de Tessa, enquanto ela está se submetendo a uma prova de vestibular, e a faz traçar rabiscos no papel do gabarito. Isso é um caso clássico de psicografia, em que o Espírito grafa sua comunicação através da mão do médium. Esta, aliás, é a modalidade de mediunidade que acabou se tornando mais prática e útil para a Doutrina Espírita porque é pela qual temos recebido contribuições doutrinárias das mais importantes, por exemplo a obra mediúnica de Chico Xavier.
Vale lembrar também uma faculdade especial de escrita, chamada de pneumatografia, em que um Espírito materializa uma representação gráfica (texto ou desenho) diretamente produzida por ação espiritual, sem o auxílio efetivo do médium — como no caso da psicografia. Pela pneumatografia, a mensagem escrita (num papel, na parede, numa superfície qualquer) surge extraordinariamente, sendo a tinta materializada pelo agente invisível.
E tem muito mais, como a sessão experimental em que Tessa e sua amiga usam um tipo de tabuleiro ouija evocando Skylar a ditar uma mensagem; tem experimentos de fotografia espiritual em que o rapaz impressiona o processo de revelação do papel fotográfico e deixa ali sua imagem e assim por diante.
É claro que o filme apela em alguns momentos, por exemplo, quando o jovem falecido toma o comanda do carro que estava sendo dirigido por uma amiga da sua namorada. Não que seja absolutamente impossível, mas a coisa não é tão fácil assim. Compreensível, pois se trata de um filme, não de um documentário ou uma videoaula de Espiritismo. De qualquer modo, não deixa de instigar a curiosidade para, quem sabe, atrair estes curiosos ao interesse de conhecer melhor os recursos anímicos e mediúnicos.
Dica: assista ao filme com familiares e amigos e depois conversem com eles sobre o que pensam das possibilidades de manifestação dos Espíritos e procure — com jeitinho — expor o que o Espiritismo ensina sobre esses recursos mediúnicos.
E para saber mais e melhor sobre mediunidade e manifestações de Espíritos, recomendamos fortemente O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, disponível na nossa Sala de Leitura.
Link para o filme Ainda Estou Aqui na Netflix.
Excelente abordagem
ResponderExcluirBela reportagem, esclarecedora, porém, como foi dito é Filme, devemos realmente analisar e estudar os fenômenos apresentados com cautela.
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