Temos recebido muitas mensagens acerca da postagem contendo o artigo "Detestar o Espiritismo: Marx contra Kardec" (veja aqui), algumas dessas mensagens são elogiosas, outras nem tanto, algumas inclusive com um teor até ofensivo, contra o portal Luz Espírita e contra o articulista Carlos Luiz, que assinou aquela postagem e em quem reafirmamos nossa confiança. Dentre as críticas levantadas por alguns, a principal é a de que tanto o Portal quando o autor do artigo estariam fazendo politicagem, inclinados à apologia ao segmento do conservadorismo de direita, em franca oposição à esquerda. Outros, criticaram a nossa postagem sob a alegação que estamos contaminando a doutrina com um assunto que não lhe pertence, pois que não devemos misturar Espiritismo com Política. Sobre todas essas questões, oferecemos aqui a nossa explicação, contando com a bondade dos confrades para que leiam com atenção e espírito de isenção, porque enquanto motivados mais pela paixão (ainda mais do tipo de rancor) do que pela razão, é difícil um bom entendimento sobre as coisas.
Atual dicotomia políticaVivemos tempos de acirrada dicotomia, um espírito de divisão e adversidade sob traços de uma batalha fatal entre o bem e o mal, cada qual colocando suas ideologias no primeiro time (o time do bem) e quanto ao outro, o diferente, o inimigo, aquele que não compartilha das mesmas ideias, colocando-o no outro lado (o do mal) — o que julgamos de uma infantilidade impressionante; qualquer principiante em Política sabe que definições como direita e esquerda e outros rótulos não passam de joguetes do reino da politicagem para arrebanhar fanáticos e estabelecer dissenções de interesses somente para os que são cegos pelo poder. Em suma, segundo o espírito cristão adotado pela Doutrina Espírita, somos todos irmãos e de igual valor para Deus, que é o único acima de tudo e de todos.
Sobre a relação entre Espiritismo e Política — que nós pensamos não apenas ser cabível, mas também absolutamente necessária e urgente — convidamos nossos leitores a observarem nosso posicionamento, explicitamente expressos em outros artigos, tais como: O Espiritismo e os protestos atuais, "Eleições 2018: uma opinião espírita" por Ery Lopes, "Espíritas na Política" em uma nova polêmica e "O espírita e a política" por Rogério Miguez. Diremos aqui apenas que a vida em sociedade é uma lei natural, que a Política é indispensável para a organização dessa vida social e que todos nós somos agentes políticos e cada qual tem, ao lado dos seus direitos de cidadão, suas obrigações no exercício de sua cidadania sob pena de omissão. Isso não implicar em efetivamente tomarmos partido, mas formarmos nossa consciência politica fundamentada nos valores espirituais (e não pensando tão somente nas urgências materiais).
Em suma, antes de definirmos a posição partidária, nossas opiniões sobre as questões políticas e o destino do nosso voto, devemos estabelecer os valores ético-morais e então submeter as opções políticas a esses valores — sem a fantasia de acreditar que, dado o nível evolutivo de nossa gente, haja um partido ou candidato que represente esses valores.
Nosso posicionamento político
Não temos paixão política por nenhum partido ou personalidade política, não somos nem de direita nem de esquerda: somos espíritas e tomamos para nós os valores espirituais em acordo com os ensinamentos da doutrina e com a nossa consciência.
Tomamos Deus como a causa primária, a referência para tudo em nossa vida, o que difere frontalmente de qualquer ideologia e comportamento baseados no materialismo, ateísmo e na urgência do bem-estar físico em detrimento dos compromissos espirituais (como é recorrente do positivismo, do marxismo e da dita corrente esquerdista), da mesma forma como difere completamente da hipocrisia de tomar o nome de Deus como bandeira politiqueira (como é recorrente da dita corrente direitista, conservadora).
Adotamos o espírito da fraternidade universal, que Jesus trouxe de maneira tão sublime, em oposição às ideologias separatistas, que rotulam pessoas e as colocam sob lados opostos, seja pela sua condição social, cultural, etc. Somos todos Espíritos, cada qual encarnados em certas condições para representar determinados papeis, quer por expiação, quer por prova, quer por missão, sendo esses papéis bastante voláteis.
Guiamo-nos pelo valor da vida e pelo respeito à dignidade humana, o que não coaduna com ideias do tipo justiça com as próprias mãos, tortura, pena de morte — bandeiras típicas dos que se dizem conservadores, direitistas — assim como não coaduna com a eutanásia e aborto (salvo na condição de iminente risco de vida à gestante) — campanhas dos ditos esquerdistas, progressistas e afins.
Somos a favor da liberdade de expressão e do questionamento racional. Porém, somos absolutamente contrários à ofensa pessoal e ainda mais contrários à violência, qualquer que seja o pretexto.
Acreditamos no princípio da honestidade e da justiça como fundamentos essenciais para a gestão da coisa pública, sem privilégio para ninguém.
Então, como indivíduos e cidadãos, cada qual da Fraternidade Luz Espírita tem o livre direito de procurar um partido ou candidato que mais se aproxime com esses valores, mas a ninguém aqui é permitido fazer apologia desse ou daquele partido ou político ou, em nome da Luz Espírita, fazer campanha para qualquer chapa política.
A explícita rejeição ao comunismo marxista e doutrina afins demonstrada neste artigo de Carlos Luiz e em outros que publicamos não diz respeito diretamente à questão política ou econômica; não estamos tratando se o sistema econômico a ser adotado deva ser capitalismo, socialismo, comunismo ou qualquer outro; a rejeição se dá por conta da cultura materialista intrínseca nessa linha doutrinária, baseada em Karl Marx e simpatizantes. Em Marx, a questão é puramente material e o elemento espiritual é a pura alienação; sua doutrina naturalmente exclui Deus, mundo espiritual, Espiritismo e tudo quanto for espiritual; sua preocupação é o agora e já, pelo que vale todos os sacrifícios — inclusive a guerra e o extermínio dos "inimigos da revolução". A educação (verdadeira deseducação) dessa cultura (que, conforme a cartilha marxista, precisa ser imposta ao mundo mesmo à força) impõe a exclusão da espiritualidade e a urgência das necessidades revolucionárias. É, enfim, a semeadura do materialismo tanto alertado por Allan Kardec como o grande inimigo do progresso da humanidade. O verdadeiro bem-estar do homem e o progresso do nosso mundo não se dará pela riqueza material (inclusive, nada mais tentador e perigoso para o Espírito do que a bonança material) mas pela sua espiritualização, sua aproximação a Deus e a solidariedade para com todos os semelhantes, pois que quando estes valores estiverem norteando nossa sociedade, ela progredirá — seja qual for a forma de Estado, o sistema de governo, o sistema econômico.
Não acreditamos em nenhuma revolução senão aquela completamente condizente com o preceito máximo da nossa doutrina: caridade. A propósito disto, confiamos na sabedoria, bondade e justiça divina e estamos convictos que todas as mazelas pelas quais passa nosso mundo nada mais são do que instrumentos para o nosso crescimento espiritual, convidando-nos a um paulatino aprimoramento intelectual e moral.
Lembremo-nos que o Espiritismo veio inaugurar a aurora da Nova Era, de regeneração do nosso planeta, e que os tempos são chegados para a separação do joio e do trigo; e ainda: que os discípulos de Jesus — o diretor planetário, que dirige esse processo de renovação — serão reconhecidos pela capacidade amar; que nós, espíritas, "os trabalhadores da última hora" na fala de Kardec, e falando mais especificamente dos espíritas de hoje, para nós, "os trabalhadores do último minuto", fica o convite desafiador de seguir o Cristo, com testemunho vívido em tudo o que fazemos.
Em nome de toda a Fraternidade Luz Espírita,
Ery Lopes
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExatamente. A Fraternidade Universal passa, invariavelmente, pelo exercício do convívio social e pelas ações e escolhas junto à sociedade, o que ajudará a gravar em nossos espíritos o verdadeiro caráter da Fraternidade, do respeito e amor ao próximo. O Espiritismo alcança todos os campos da vida, pois é uma filosofia, uma doutrina que tem como fim alçar os Homens a um novo patamar evolutivo. Não vejo como não enxergar a política como parte desse todo. Além disso, antes de Conservadores, liberais, progressistas, de Direita ou Esquerda, antes mesmo de Espíritas, somos ESPÍRITOS imortais cujo o Destino é Deus indiferentemente dos títulos ou posicionamentos que adotamos ao longa da jornada evolutiva. Do mais, bastaria a reflexão honesta para perceber que esse grupo de confrades nunca arrogaram para si o título de DONOS da Verdade ou de todo o conhecimento, antes posicionados como amigos sinceros, BUSCANDO o conhecimento da verdade, estudando, meditando e compartilhando suas impressões e descobertas, sempre sobre os ombros de estudiosos que dedicarám a vida aos temas abordados, espíritas ou não e, sobre tudo, respaldados em Kardec e na Espiritualidade Superior. Bastaria notar que, em cada tema, cada artigo, vídeo, Live ou outra publicação qualquer, não há o determinismo ou imposição do pensamento (salvo quando contrária a Lei de Deus) mas sempre o convite a reflexão e ao estudo. É triste saber de tantos ataques a um trabalho sincero, como o que os irmãos realizam, contudo sabemos que isso não só faz parte do trabalho, como prova nossa vontade, pois são o martelo e a bigorna que forjam nosso Espírito, também é um indicativo de que estão no caminho certo, pois quando os detratores do Cristo ou aqueles que amam o mundo e aquilo que ele oferece, atacam quem buscar elevar-se e elevar os demais, é porque o esforço está dando frutos.
ResponderExcluirPeço à Deus e aos bons Espíritos continuem vos abençoando. Assim como há detratores há quem se alimenta dos frutos que produzem.
Um forte abraço